Uma luta histórica, a busca das mulheres pelo acesso a direitos civis, condições igualitárias de trabalho e representatividade política permanece sendo uma pauta atual. Definido como o Dia Internacional da Igualdade Feminina, 26 de agosto é uma data que reforça a necessidade de debate e de ações efetivas para o alcance da equidade nas mais diferentes esferas da sociedade.
Um dos âmbitos em que há maiores desigualdades de gênero, o mercado de trabalho ainda reflete a tardia inserção feminina. No Brasil, apenas há 58 anos as mulheres conquistaram o pleno direito, perante as leis brasileiras, de exercer uma profissão. A vitória, em 1962, ocorreu com a revogação do inciso VII do Artigo 242 do Código Civil brasileiro de 1916 – em que o trabalho feminino estava sujeito à autorização do marido.
“Estudos apontam que apesar das conquistas observadas nas últimas décadas, tanto em termos de direitos políticos quanto da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, desigualdades de gênero ainda persistem em vários aspectos da vida social, sendo o econômico talvez um dos mais visíveis. Dentro desse contexto, estão fenômenos como as diferenças salariais entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções; a segregação sexual no mercado de trabalho; a inserção feminina em empregos mais precários; bem como a sobrecarga nos trabalhos domésticos”, destaca a professora Patrícia Grossi, docente da Escola de Humanidades e pesquisadora na área de violência de gênero e políticas públicas.
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De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), elaborada no primeiro trimestre deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres correspondem a maior parte da população fora da força de trabalho (formal ou informal), sendo 64,5% das pessoas.
Por outro lado, 92% das mulheres realizam os afazeres domésticos do domicílio – a taxa masculina é de apenas 78,5%. “Um dos caminhos para superar a invisibilidade desse tipo de trabalho é mostrar o tempo gasto com as atividades domésticas, (como cozinhar, lavar roupas, limpar a casa, cuidar de crianças e idosos) e o quanto esses afazeres contribuem para a economia”, comenta Patrícia. A professora também destaca que um estudo realizado entre 2001 e 2010 no Brasil contabilizou o valor do trabalho doméstico. “A pesquisa apontou que esses afazeres correspondem a aproximadamente 12,76% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2004, por exemplo, representaram mais de 225 bilhões de reais. Desse total, 82% (cerca de R$ 185 bilhões) foram gerados pelas atividades desempenhadas por mulheres”, evidencia.
No entanto, segundo a PNAD Contínua, o rendimento médio mensal feminino é 21,3% menor. De acordo com levantamentos divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mesmo quando as mulheres são donas do próprio negócio elas recebem 22% a menos do que os homens.
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Na PUCRS e no Hospital São Lucas (HSL), ao todo, cerca de 52% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. “A Universidade vem trabalhando na busca pela equidade através de grupos de estudos, disciplinas sobre relações de gênero no âmbito da graduação e pós-graduação, cines-debates, workshops, participação no Comitê Impulsionador Gaúcho da Campanha He for She, promovida pela ONU Mulheres”, ressalta a professora Patrícia.
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