O Programa PalavrAtiva de Estimulação Linguístico-Cognitiva para Adultos e Pessoas Idosas tem o objetivo de promover a estimulação do processamento, da compreensão e da produção da linguagem como forma de ampliar as reservas cognitivas e a capacidade de lidarmos com possíveis danos associados ao processo natural de envelhecimento. O projeto é liderado pela professora e pesquisadora da Escola de Humanidades e do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) Lilian Hübner, líder do Grupo de Estudos em Neuropsicolinguística (GENP) da PUCRS/CNPq.
“Em um cenário com um crescente envelhecimento da população brasileira e mundial, torna-se necessário direcionar a atenção a essa parcela da população. As pessoas querem envelhecer com qualidade e o perfil do adulto idoso tem mudado bastante. Trata-se de um público que busca a qualidade de vida, que tem preocupação em se manter ativo físico e mentalmente”, destaca Lilian.
Estudos mostram que os hábitos de leitura e de escrita podem reduzir o impacto da baixa escolaridade e do avanço da idade na cognição. De acordo com a pesquisadora, a estimulação aumenta as reservas cognitivas e pode adiar o aparecimento de sintomas de declínio cognitivo. “Por isso, o investimento em prevenção, como o aplicado em atividades de estimulação, é muito menos elevado do que o custo público com aposentadorias ou com cuidados com pacientes”, adiciona. “A estimulação linguístico-cognitiva deveria ser pensada como uma estratégia de políticas públicas, como uma intervenção preventiva na saúde mental e emocional da pessoa idosa”. Isso é ainda mais estratégico em países onde a maior parcela da população idosa tem baixa escolaridade. Sabe-se que o risco para a incidência de demências, tanto no Brasil quanto no contexto mundial, é maior nas parcelas da população de mais idade e menos escolaridade.
O projeto é desenvolvido em parceria com as professoras Erica dos Santos Rodrigues, da PUC-Rio, Maria Teresa Carthery-Gourlart, da UFABC e da Universidade de Hong Kong, Karine Marcotte, da Universidade de Montreal e pelos pesquisadores da PUCRS e Inscer Lucas Schilling, Danielle Irigoyen da Costa e Sabine Possa Marroni. Conta ainda com a colaboração de Débora Conforto da Coordenadoria de Disciplinas Online da Graduação Presencial e de Jorge Horácio Nicolas Audy e seus alunos do curso de Computação e de Felipe Foliatti da Fundatec.
O programa tem um caráter de prevenção por meio de atividades linguísticas que promovem a interação com diferentes tipos de memória, funções executivas e atenção, engajando o participante em tarefas desafiadoras. Além das atividades de estimulação, o programa oferece aos participantes palestras e bate-papos com especialistas em diferentes áreas de interesse, abordando temas como memória, mindfulness, qualidade do sono, dentre outros. A participação no projeto é uma oportunidade para que os participantes idosos retomem o contato com a leitura e com a escrita, num ambiente de estímulos variados, ricos e desafiadores, com atividades desenvolvidas em grupos e individualmente, preparadas por uma equipe multidisciplinar de professores e de alunos matriculados nos programas de pós-graduação e graduação em Letras e de Psicologia da PUCRS.
A prática da leitura, da escrita, de atividades linguísticas que estimulem o vocabulário, a reflexão sobre estruturas da língua, o raciocínio linguístico, a produção oral, a clareza e velocidade na comunicação escrita e oral, dentre outras atividades de cunho linguístico, auxiliam a manter a mente ativa e a interagir de forma eficiente na convivência diária no meio familiar e social.
Os dados preliminares da pesquisa de estimulação desenvolvida entre a PUCRS, PUC-Rio e UFABC, em âmbito nacional, durante 15 dias de forma online durante a pandemia apontaram benefícios cognitivos e de bem-estar importantes. “Agora, com uma intervenção mais longa e incluindo neuroimagem, procuraremos contribuir de forma pioneira para a pesquisa sobre o efeito da estimulação linguístico-cognitiva como intervenção na cognição, na estrutura e na circuitaria cerebral e no bem-estar do participante, na busca de evidências para a manutenção e o aprimoramento da qualidade de vida da população idosa brasileira”, comenta Lilian.
Além destas atividades, o grupo de pesquisa está desenvolvendo uma adaptação do programa a um aplicativo, voltado ao público adulto e idoso. O usuário será levado a estimular sua cognição enquanto embarca com a mascote do programa por uma viagem pelos diferentes Estados do Brasil e suas principais cidades, conhecendo lendas, curiosidades e costumes das regiões brasileiras.
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