O pesquisador e professor de Jornalismo da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS (Famecos) Juremir Machado da Silva recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Paul Valéry Montpellier III na França. Emocionado, Juremir diz que essa foi a maior honraria que ele já ganhou e que nunca pensou que receberia uma homenagem desse porte: “Valoriza uma vida dedicada ao conhecimento, às ciências humanas e à educação. Na minha trajetória, ser jornalista e ser professor se complementam. Não me vejo sem uma dessas faces”.
O título de Doutor Honoris Causa ou ‘Por causa da Honra’, em Latim, é concedido a pessoas que possuem grande influência em sua área de atuação. Para efetivamente receber o título é preciso aprovação de muitas pessoas e instituições. Por esse motivo, Juremir recebe com muita alegria a titulação. Ao longo deste ano, ele deve ir até a França para receber o reconhecimento presencialmente.
“Quando colegas decidem fazer tamanha homenagem, o coração da gente sente algo forte. Um doutor Honoris Causa passa por proposta de alguém, com aprovação em várias instâncias: conselho departamento de uma escola, conselho universitário, reitoria e, na França, pelo Ministério das Relações Exteriores. Um longo e minucioso caminho. Em resumo, confesso, estou emocionado”, pontua Juremir.
A universidade francesa mantém um convênio com o Programa de Pós-graduação em Comunicação da PUCRS (PPGCOM/PUCRS) há mais de 20 anos, e através da iniciativa, o professor de Jornalismo da Famecos já atuou presencialmente como professor convidado em 2007 e 2017, e desde 2020 atua de forma remota na universidade. “A Universidade Paul Valéry, Montpellier III faz parte do Capes-Print, importante mecanismo de intercâmbio de pesquisa. Agora, temos cinco doutorandos em Montpellier e uma colega, Cristiane Freitas, como professor visitante.
A relação entre a universidade francesa e a gaúcha segue em 2023. Em abril, o professor e pesquisador francês de sociologia Philippe Joron vem à Porto Alegre para uma palestra. A Universidade Paul Valéry e o PPGCOM/PUCRS também trabalham juntos na pesquisa Rede Jornalismo, Imaginário e Memória (JIM).
Receber o título de Honoris Causa é uma alegria também para a Universidade. Para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS Carlos Eduardo Lobo e Silva, a conquista é motivo de comemoração. “A PUCRS recebe a notícia de mais este merecido reconhecimento internacional à excelência do seu corpo docente com muita alegria e orgulho. A trajetória do professor Juremir Machado é um exemplo da excelência acadêmica que impacta a sociedade e transforma vidas para melhor. Prêmios desta grandeza reafirmam a força não apenas da nossa pesquisa, mas também do nosso ensino em todos os níveis”, ressalta.
Além do vínculo com a universidade francesa, o PPGCOM da PUCRS também mantém relações com instituições de Portugal, Estados Unidos, entre outros países. Para Rosângela Florczak, professora, pesquisadora e decana da Famecos, relações com universidades internacionais ajudam a construir pesquisas de grande impacto na área da Comunicação e quem mais ganha são os estudantes e pesquisadores.
“Ter pesquisadores reconhecidos no cenário internacional é sempre relevante para uma instituição séria e comprometida com a produção de conhecimento na área, como é a Famecos. No caso do professor Juremir Machado, esse privilégio ganha contornos especiais porque suas práticas se diferenciam e estabelecem novos parâmetros para a pesquisa. E não são apenas parâmetros técnicos e metodológicos, mas sim, uma referência de atitudes humanas e de cuidado com a área e com as pessoas”, comemora.
Natural de Santana do Livramento (RS), Juremir Machado da Silva é graduado em História e Jornalismo pela PUCRS, além de possuir doutorado e pós-doutorado em Sociologia pela Sorbonne (Paris V). Trabalhou como correspondente internacional na França para o jornal Zero Hora, além de comandar durante dez anos o programa Esfera Pública na Rádio Gaúcha. Durante 20 anos foi colunista do Correio do Povo e também foi coordenador editorial por oito anos no Caderno de Sábado, suplemento cultural do jornal Correio do Povo. Atualmente Juremir é colunista do Matinal Jornalismo.
Como escritor, Juremir publicou mais de 40 livros entre os quais “Getúlio” (Record, 2004), “Solo” (Record, 2008) “História regional da infâmia: o destino dos negros farrapos e outras iniquidades brasileiras” (L&PM, 2010), “Brizola e as vozes da Legalidade: política e imaginário na era do rádio”, “Jango: a vida e a morte no exílio” (L&PM, 2013), “Raízes do conservadorismo brasileira: a abolição na imprensa e no imaginário social” (Civilização Brasileira, 2017). Em 2022, publicou: ”Quase (toda) poesia” e “Machado de Assis: o cronista das classes ociosas: jornalismo, artes, trabalho e escravidão”, ambos pela Sulina.
Também publicou também dois livros de entrevistas – “O pensamento do fim do século” (L&PM, 1993) e “Visões de uma certa Europa”, (Edipucrs, 1998) – com intelectuais e artistas como Umberto Eco, Jürgen Habermas, Astor Piazzolla e Mario Vargas Llosa
Na França, publicou “Le Brésil, pays du présent (Desclée de Brouwer, 1999), “Les technologies de l’imaginaire (La Table Ronde, 2008) e “Avec Michel Houellebecq en Patagonie (CNRS, 2011. En poche, 2014). Edição francesa digital: “La Société médiote (Non lieu, 2016).
Recebeu o prêmio da Bienal do Livro de Brasília por “Jango” e da Associação Paulista de Críticos de Arte, por “Raízes do conservadorismo brasileiro”. Já foi indicado ao Prêmio Jabuti, com “Jango” (2014), finalista com “Um escritor no fim do mundo” (Record, 2012).
Juremir traduziu mais de 20 obras do francês para o português, entre os quais “Extensão do domínio da luta” e “Partículas elementares”, de Michel Houellebecq, tendo introduzido obra do romancista francês no Brasil. Traduziu quatro dos seis volumes da principal obra do grande pensador franês Edgar Morin, “O método” (Sulina). Também traduziu obras de escritores como Alain Robbe-Grillet e Claude Simon, assim como 84 poemas escolhidos de “As flores do mal”, de Charles Baudelaire.
Atualmente é professor titular da PUCRS e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Como pesquisador, estuda o imaginário e também faz parte do Grupo de Pesquisa “Grupo de Tecnologias do Imaginário”. O jornalista também faz parte do conselho editorial da revista Sociétés, criada por Michel Maffesoli, e editada pela Universidade de Montpellier III, uma das mais importantes publicações sobre imaginário no mundo.
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