A diversidade tem um papel fundamental no aumento da produtividade das empresas. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Identidades do Brasil, entre 2010 e 2019, houve um aumento da produtividade nas organizações decorrente do crescimento da diversidade de gênero e étnico-racial. O tema vem ganhando força nas organizações e, de acordo com o levantamento realizado pela Pesquisa Benchmarking: Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2022 e Tendências para 2023, 81% das empresas entrevistadas destinam recursos para ações de diversidade e inclusão. Em 2020, apenas 67% delas reservavam capital para realizar essas atividades.
Mas o que é ser uma empresa diversa? Para Pietra Gomes, advogada trabalhista com atuação em diversidade e inclusão, quando há pessoas em todos os níveis da organização com diferentes formações, gêneros, raças, experiências e visões de mundo a riqueza da diversidade está na possibilidade de resolução de problemas e na condução de tarefas com diversidade de ideias e percepções.
Embora os termos pareçam semelhantes, é preciso entender que diversidade e inclusão não são a mesma coisa. Inclusive, uma depende da outra, como explica Pietra:
“Diversidade está ligada à representação demográfica de diferentes tipos de profissionais. Já a inclusão é a garantia de oportunidade, desenvolvimento e ascensão profissional dentro da empresa para todos/as”, pontua.
A advogada ainda cita o artigo da Harvard Business Review Diversity Doesn’t Stick Without Inclusion, que fala justamente que a diversidade não se sustenta sem inclusão:
“A inclusão é o agir da diversidade. Uma empresa somente será inclusiva se houver o comprometimento de mudança da cultura organizacional com a construção de um espaço de escuta, diálogo e compreensão”.
A necessidade da construção de um mercado de trabalho mais inclusivo e diverso já é prevista em lei. Conforme a Lei de Cotas, empresas com mais de 100 funcionários precisam obrigatoriamente ter entre 2% e 5% do seu quadro com vagas para Pessoas com Deficiência e Reabilitadas. No entanto, nem sempre ocorre de estes/estas profissionais serem incluídos plenamente no ambiente de trabalho.
A advogada destaca dois pontos fundamentais para a concretização da inclusão: a construção de ambientes com acessibilidade para acolher melhor e a importância de evitar que a deficiência seja o ponto de partida para determinar funções e atividades, não se tornando uma barreira para oportunidades de ascensão profissional.
Outro fator determinante para a permanência de funcionários/as são ações corporativas que gerem sentimento de pertencimento à cultura da empresa. De acordo com Pietra, há algumas iniciativas que administradores/as e o setor de Recursos Humanos podem tomar para tornar o ambiente corporativo mais diverso e inclusivo:
“O ponto de partida é a mudança na cultura organizacional a fim de que todos/as os funcionários/as, começando pelos cargos de gestão, entendam esta diretriz diversa e inclusiva. Para além disso, devem ser promovidos constantemente treinamentos, workshops e palestras.”
Para contribuir com esse movimento, a Escola de Negócios da PUCRS ofertará em outubro o curso Diversidade e Inclusão na Prática das Organizações, que já está com inscrições abertas. A certificação, que contará com Pietra como ministrante convidada, é coordenada por Ionara Rech, professora da Escola. Ela conta que o que a inspirou a criar o curso foi a intrínseca ligação da Escola de Negócios com as temáticas relacionadas à gestão organizacional e a necessidade do mercado em entender e aplicar os conceitos:
“É preciso pensar também em como considerar a diversidade e como fazer a inclusão de diferentes pessoas dentro de uma organização. Já estamos tratando o tema em outros contextos dentro da graduação, da pós-graduação e agora estamos oferecendo um curso de extensão para tratar desses assuntos. Eles são de extrema importância para fazer a gestão das empresas e para tornar a própria convivência dentro das organizações mais igual e mais justa”, ressalta.
A professora ainda explica que quem fizer o curso aprenderá a contextualizar e identificar situações de diversidade e inclusão, além de receber um preparo para desenvolver projetos de inclusão dentro de sua organização. “O curso tem um aspecto de contextualização e de entendimento dos temas, mas também conta com um lado prático de como fazer a construção de um projeto de diversidade e inclusão nas organizações”, acrescenta.
A certificação será oferecida na modalidade presencial e as aulas acontecem entre os dias 16 e 17 de outubro, na Escola de Negócios (prédio 50, sala 1115), às 19h30. As inscrições podem ser feitas pelo site da Educação Continuada (Educon).