O mercado de jogos não para de crescer no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo. Apenas no Estado, já são mais de 50 empresas no setor. Publicada em 2020, a Pesquisa Game Brasil apontou que mais de 70% dos brasileiros são adeptos a jogos eletrônicos. Neste mesmo ritmo, o mercado aquecido vem inspirando atualizações também na área acadêmica – e a Especialização em Desenvolvimento de Jogos Digitais da PUCRS apresenta os reflexos desse movimento em sala de aula.
Com dez anos de construção de conhecimento, o curso passou por mudanças significativas que o tornaram ainda mais aderente aos diferentes públicos que buscam se aperfeiçoar na área. De acordo com um dos dois coordenadores do curso, o professor André Pase, a especialização conta com grandes diferenciais: a abordagem em duas linhas conectadas – Programação e Design; a receptividade para alunos e alunas de áreas e perfis diferentes; a parceria com a Aquiris, empresa especialista em criação de jogos; e a bolsa-auxílio para os melhores estudantes. Esta é uma das marcas da proposta da Universidade, desenvolvida de maneira multidisciplinar pela Escola Politécnica e Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos.
“O curso permite que alunos e alunas com diferentes bagagens cursem as disciplinas escolhendo uma das duas ênfases em alguns momentos, mas também trabalhando coletivamente em outros saberes. Assim, conseguimos provocar na sala de aula o que ocorre no mercado de trabalho, times de diversos saberes trabalhando em conjunto”, explica o coordenador.
O curso é dividido em duas ênfases, sendo que uma é dedicada a explorar os aspectos da programação, com disciplinas sobre o universo 2D e 3D, por exemplo. Enquanto a outra explora aspectos da modelagem de personagens e narrativas.
A ênfase de Programação é voltada para profissionais formados em cursos de Computação, como Ciência da Computação, Engenharia de Computação, Engenharia de Software ou Sistemas de Informação. São quatro disciplinas sobre os tópicos essenciais da área para o desenvolvimento de jogos digitais: programação de jogos 2D e 3D, técnicas de Inteligência Artificial e a utilização de redes de computadores para jogos multiplayer.
Já a ênfase de Design é voltada para profissionais formados em cursos de Comunicação Social, Tecnologia em Produção Audiovisual, Design Gráfico e Letras. Aqui, é possível explorar técnicas essenciais da indústria como modelagem e animação, além da produção de roteiros e design de conteúdo para jogos digitais.
Tanto no início como no final do curso foram inseridas disciplinas que conectam todos os saberes. Além disso, há disciplinas com temáticas de gerenciamento de equipes e empreendedorismo, e o desenvolvimento de um projeto no final do curso – no momento de maior maturidade do estudante. O objetivo é estimular os alunos e alunas a pesarem a carreira já com uma bagagem densa de conhecimento sobre a área.
“O estudante deve optar pela ênfase que faz mais sentido para ele, mas pode cursar as disciplinas da outra ênfase sem custo adicional. Desta forma é possível aprimorar uma área ou também buscar o conhecimento de outra ao mesmo tempo”, pontua Pase.
As possibilidades de atuação na área de desenvolvimento de jogos digitais são bem variadas e também estão em crescimento. Segundo o professor André Pase, a área registrou expansão inclusive na pandemia, com demanda permanente por jogos novos e criativos. Ele explica que, além da possibilidade de montar o próprio estúdio e distribuir sua produção globalmente pelas lojas digitais, outras áreas demandam cada vez mais o egresso da área.
“Pensando localmente conectado com o mundo, a Associação de Desenvolvedores de Jogos do Rio Grande do Sul (ADJogos) é um hub importante para a integração de empresas e constantemente indica como as empresas do Estado precisam de profissionais qualificados. Ainda nesse aspecto, o programa GameRS colocou o assunto na pauta do desenvolvimento econômico local, mas com uma atuação reconhecida em outros espaços”, recomenda.
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O professor também alerta para a relevância do profissional de jogos para o desenvolvimento dos metaversos, espaços em 3D imersivos online construídos a partir de softwares desenvolvidos para a produção de jogos. Estas mesmas ferramentas também são usadas cada vez mais para produzir cenários digitais para o mercado audiovisual.
Já que a expansão do universo gamer é uma realidade, é importante identificar que crescem também as demandas do público. Crianças e idosos, por exemplo, estão se aproximando cada vez dos jogos digitais e, por isso, o curso de especialização da PUCRS oferta o conteúdo necessário para preparar os profissionais para um cenário diverso e bastante exigente.
“O jogador de Atari de ontem é o avô de hoje que quer uma diversão digital, mas que seja acessível e direta. No outro lado do espectro, as crianças cada vez mais são expostas aos aparelhos com jogos que desenvolvem suas capacidades. Neste caso o desafio é encontrar um formato que seja atrativo, mas que também deixe claro para os pais o que está acontecendo dentro do mundo virtual.”
O professor explica que as particularidades e perfis de cada público são discutidas em sala de aula com o objetivo de entender e conhecer o usuário do outro lado da tela. “Interpretar estes dados no processo criativo é um diferencial importante”, afirma.