Veja como foi a experiência de alunos e alunas da Universidade no exterior
sexta-feira, 21 de fevereiro | 2025A internacionalização é um dos pilares da PUCRS, e é através de parcerias com universidades no exterior que estudantes do curso de Medicina da PUCRS podem realizar estágios em hospitais ao redor do mundo. Durante as férias acadêmicas ou mesmo ao longo do internato, alunos e alunas têm a chance de vivenciar a realidade de sistemas de saúde em diferentes países, ampliando seus conhecimentos profissionais e experiências culturais.
Essas parcerias proporcionam experiências fundamentais para a formação de médicos com uma visão ampla e atualizada das práticas médicas, permitindo que se adaptem a contextos diversos e desenvolvam habilidades essenciais para a profissão. O aluno do sexto ano da Escola de Medicina da PUCRS Rodrigo Chultz escolheu o Hospital Central de Maputo (HCM), em Moçambique, para realizar o estágio.
“O excelente vínculo entre a PUCRS e o HCM e a possibilidade de aprendizado em um contexto diversificado foram essenciais na minha escolha. Moçambique, com sua rica diversidade cultural e desafios únicos no setor da saúde, oferece uma oportunidade excepcional para entender como os sistemas de saúde funcionam em um contexto de recursos limitados”, explica.
Já para o estudante Miguel Ângelo Uflacker, a escolha pelo Centre for Addiction and Mental Health, no Canadá, foi pautada pela receptividade do país com estudantes internacionais, e pela instituição ser a maior referência de atendimento a demanda de saúde mental do Canadá.
“Em todos os setores que estive presente, diversos profissionais com quem convivi eram de outros países, o que enriqueceu ainda mais meu estágio, visto que todos traziam uma bagagem diferente de vida e atuação profissional,” compartilha Miguel Ângelo, que está no quarto ao do curso de Medicina.
Um dos maiores desafios dos estudantes que vivem a expectativa de fazer estágio internacional versa sobre a adaptação ao novo ambiente acadêmico e cultural. Para Rodrigo, todo início em um ambiente novo é desafiador e exige uma adaptação gradual. Por isso, ele aconselha os estudantes que sonham com essa oportunidade:
“Pesquise sobre a cultura, os costumes, as normas sociais do país para o qual você está indo. E esteja disposto a aprender, não apenas academicamente, mas também sobre diferentes formas de viver, pensar e se comportar”.
Laura Saraiva, que cursa o quarto ano de Medicina na PUCRS, realizou seu estágio no Jackson Memorial Hospital em Miami nos Estados Unidos, teve uma adaptação tranquila. A estudante acredita que essa tranquilidade vem do fato de que ela teve a oportunidade de receber orientações da universidade ainda na preparação para a viagem.
“Também fomos recebidos com um dia de orientações junto com os outros estudantes. Tudo isso fez com que a adaptação fosse tranquila, mas não posso dizer que não houve desafios”, conta Laura.
As experiências no exterior são excelentes oportunidades para que os estudantes analisem a perspectiva de cuidado com os pacientes em outros lugares do mundo. Para Miguel, acompanhar pessoas privadas de liberdade que estavam sofrendo com transtornos mentais durante o estágio foi uma experiência marcante: “Entrar em contato com o tratamento desses pacientes reforçou ainda mais a minha convicção de que todos merecem tratamento digno e uma segunda chance. Quem tiver condições e a oportunidade de viver isso, viva, porque muda nossa visão da medicina e do mundo”.
Quando questionado sobre como a experiência internacional mudou sua perspectiva sobre o cuidado com o paciente, Rodrigo relata que a linguagem, os valores e as crenças culturais moldam como os pacientes percebem a doença e os tratamentos.
“Um bom profissional de saúde precisa ser sensível a essas percepções ao discutir diagnósticos ou opções de tratamento. A escuta ativa e o respeito pela cultura local são essenciais”, destaca Rodrigo.
A PUCRS também recebe estudantes de outras instituições de ensino superior internacionais, assim eles conseguem ter contato com o sistema de saúde brasileiro. Esse é o caso das estudantes Andrea Gongora Nava (Insituto Monterrey, México), Carolin Annika Reif e Jana Tertel, alunas do último ano do curso de medicina na Universidade de Ulm, na Alemanha.
Para as estudantes da Ulm, fazer a escolha pelo Brasil e pela Escola de Medicina da PUCRS foi muito fácil, pois queriam poder passar mais tempo no Brasil e melhorar o idioma: “Minha mãe é brasileira, com 18 anos se mudou para a Alemanha e eu nasci na Alemanha. Mas já fiz um estágio de férias em Santa Catarina. Também queria melhorar o meu português e já tinha essa vontade de ficar mais tempo no Brasil”, conta Jana.
Para Carolin, o idioma foi um desafio nos primeiros dias de estágio, atuando na ala de Cirurgia do Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, onde esta fazendo parte do internato:
“Eu vim com boas habilidades do português, mas do Portugal, então eu precisei de um pouco de tempo para me habituar ao sotaque brasileiro. Foi bem diferente no início, mas depois de duas semanas já me habituei, acho que foi rápido. Agora não tenho mais dificuldades”.
Os sistemas de saúde do Brasil e da Alemanha tem suas diferenças e Jana notou que aqui o SUS é um sistema único e todo mundo tem esse acesso, mas que ele às vezes demora e nem todos os remédios estão disponíveis.
“Lá na Alemanha nosso sistema é bem diferente, mas também acho que todo mundo tem acesso, porque eles têm que pagar um plano de saúde e se você não consegue pagar, o governo ajuda. Então, nessa parte, todos têm acesso”.
Carolin diz que o bom é que há bastante práticas de prevenção no Brasil (diferente da Alemanha), mas faz uma ressalva que o nosso sistema ainda carece de uma boa comunicação. “Eu acho que nos ambulatórios faltam informações e muitas vezes é difícil conseguir. Os médicos têm que ligar para conseguir as informações, mas muitas vezes eles não têm esse tempo”, destaca.
Tanto Carolin quanto Jana destacam que os professores e médicos sempre estão dispostos para ajudar e contribuir para enriquecer a experiência de estágio.
“Não tem mais palavras, quase em todas as áreas acho que vai ter um impacto grande na minha vida, e também porque aprendemos muito aqui no hospital, porque todos os médicos são tão simpáticos e explicaram muito, e acho que vai servir também para minha vida profissional. Acho que nunca vou esquecer tudo que fiz aqui”, diz Carolin.
A experiência foi tão enriquecedora que Jana já pensa em voltar ao Brasil: “Até estou pensando em fazer uma parte da residência aqui porque eu acho que aqui você aprende melhor a coisa prática, aprende a ser criativo, a tentar mais”, afirma.
Para auxiliar os estudantes que desejam participar desses programas internacionais, a Escola de Medicina conta com um Núcleo de Internacionalização, especializado em orientar e dar suporte aos alunos. O núcleo oferece informações sobre os diversos programas de estágio disponíveis, além de esclarecer todas as dúvidas sobre como participar desses intercâmbios.