Cultura

Eduardo Wotzik transforma o Teatro da PUCRS em sala de aula interpretando Hannah Arendt 

A peça trouxe ideias, vivências e uma homenagem a uma das maiores pensadoras do século XX 

quarta-feira, 16 de abril | 2025
Eduardo Wotzik interpreta Hannah Arendt. / Foto: Luiza Rabello

“Nossas catástrofes são essencialmente humanas”, lembra Eduardo Wotzik ao interpretar a filósofa Hannah Arendt em uma aula magna que levou estudantes e professores ao Teatro da PUCRS, na terça-feira, 15 de abril. O espetáculo Hannah Arendt – Uma Aula Magna é dirigido e escrito pelo ator que quis abordar os principais conceitos e estudos desenvolvidos pela escritora, como a banalidade do mal. Wotzik também relembra as reflexões de Arendt ao assistir o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann: “quando eu o vi, não encontrei um monstro, mas sim um homem”. 

Homenageando os professores e a trajetória da pensadora, o espetáculo trouxe à atualidade as reflexões de Hannah Arendt feitas a respeito de sua época histórica, mostrando como essas reflexões estão mais atuais que nunca. Temáticas como a disseminação de fake news nas redes sociais, os desastres de Brumadinho e Mariana e as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 são referenciadas no texto do espetáculo.  

Autores como Walter Benjamin e Aristóteles integraram a pesquisa para o espetáculo, que também aborda a controversa relação que Arendt teve com o filósofo e seu professor na época, Martin Heidegger, “Ele compactuando e eu fugindo do nazismo”, recorda. A analista de relações comunitárias da Rede Communitas PUCRS Ana Daniel, prestigiou a peça e ressaltou a importância da filósofa para os estudantes da Universidade. 

“A aula de hoje foi simplesmente inspiradora! Hannah nos mostrou o quanto é essencial permanecermos atentos e conscientes. Ao nos tornarmos pessoas, seres humanos completos, também nos tornamos seres políticos — e não pude deixar de pensar no movimento estudantil, em nossos alunos, mentes críticas em ação, revolucionários.”  

Para o criador do espetáculo, levar Hannah Arendt e suas ideias para os palcos reforça o teatro como um espaço poético, da ficção, capaz de ser um dos espaços de reflexão do mundo contemporâneo. Com isso, também, celebra a figura do professor e todos aqueles que dedicam suas vidas a educação de si e do próximo. 

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