No mês que marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conheça escritoras que compartilham suas histórias, lutas e conhecimentos por meio da literatura
quinta-feira, 25 de julho | 2024No mês que marca o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conheça escritoras que compartilham suas histórias, lutas e conhecimentos por meio da literatura
Em 2020, Conceição Evaristo participou de um episódio da série Ato Criativo, promovido pela PUCRS Cultura. / Foto: Divulgação
Em um país como o Brasil, onde a maioria da população é negra (56 %, segundo o IBGE) e as desigualdades sociais, raciais e de gênero são gritantes. Esse contraste também pode ser percebido na literatura, onde obras de escritoras negras tendem a sofrer os efeitos do embranquecimento e apagamento histórico. Mudar esse cenário está nas mãos de todos e todas, e um dos caminhos para combater o preconceito é conhecer mulheres negras e o trabalho produzido por elas.
Relembrar suas histórias e conquistas, mas também reconhecer os desafios que seguem enfrentando é essencial – e a literatura é um campo muito rico nesse sentido. Pensando nisso, e como uma forma de celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), separamos algumas dicas de livros de escritoras negras que estão disponíveis na Biblioteca da PUCRS. Confira!
A obra traz a história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada pela violência e pela escravidão. Um defeito de cor está inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro, e é narrado de uma maneira na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens.
O livro, lançado originalmente em 2006, venceu o Prêmio Casa de las Américas e foi considerado pela folha como um dos 200 livros mais importantes para entender a história do Brasil. Em 2024, o livro foi tema do samba enredo da Portela, e devido a homenagem na Sapucaí, a obra alçou o posto dos mais vendidos no Brasil.
Nesse importante romance memorialista da literatura contemporânea brasileira, a autora traduz, a partir de seus muitos personagens, a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria; dos que a cada dia têm a vida por um fio. Sem perder o lirismo e a delicadeza, a autora discute, como poucos, questões profundas da sociedade brasileira.
Conceição Evaristo é escritora e participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra do Brasil. Nascida em Belo Horizonte, ganhou prêmios como o Jabuti de Literatura de 2015, na categoria Contos e Crônicas; e Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais de 2018 pelo conjunto de sua obra. Em 2020, Conceição participou de um episódio da série Ato Criativo, promovido pela PUCRS Cultura. A gravação está disponível no YouTube:
O livro tem origem no diário da autora, à época catadora de papel e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. A obra apresenta um relato feito a partir do olhar sensível e realista da escritora, contando o que viu, viveu e sentiu nos anos em que viveu naquela comunidade.
O livro foi o primeiro de Carolina Maria de Jesus, publicado em 1960. A obra foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. A autora, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, ainda publicou mais dois livros e, após sua morte, em 1977, outras seis obras póstumas foram lançadas.
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O livro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em onze capítulos curtos, a autora apresenta caminhos de reflexão para quem deseja aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Para a escritora, a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Djamila Ribeiro é filósofa, pesquisadora e uma importante voz brasileira no combate ao racismo e ao feminicídio. Já recebeu premiações como o Cidadão SP em Direitos Humanos e Dandara dos Palmares, além de ter sido a primeira brasileira a receber o BET Awards, maior prêmio da comunidade negra estadunidense. Djamila também está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo de 40 anos, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A autora integra alguns cursos da Pós-Graduação PUCRS Online.
Considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, a obra traz a história de Tancredo e Úrsula, dois jovens puros e altruístas. Com a vida marcada por perdas e decepções familiares, eles se apaixonam tão logo o destino os aproxima, mas se deparam com um empecilho para concretizar seu amor. Lançado em 1859, o romance também inaugura a literatura afro-brasileira e retrata homens autoritários e cruéis, mostrando atos inimagináveis de mando patriarcal e senhorial em um sistema que não lhes impõe limites.
A data faz menção ao dia 25 de julho de 1992, quando grupos femininos negros de 32 países da América Latina e do Caribe se reuniram na República Dominicana com o objetivo de denunciar opressões e debater soluções na luta contra o racismo e o sexismo. O encontro ficou marcado na história e foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e da Diáspora.
No Brasil, 25 de julho também é marcado pelo Dia Nacional de Tereza Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola no século 18 e exemplo de luta e resistência contra a escravização e a opressão.