Com ingressos esgotados, apresentação aconteceu no Salão de Atos
sexta-feira, 04 de outubro | 2024A celebração aconteceu no dia 3 de outubro, no Salão de Atos da Universidade. / Foto: Giordano Toldo
“Quem está aqui?”, pergunta Tony Ramos. “Quem não está aqui?”, questiona Denise Fraga. Essas perguntas abrem a peça O que só sabemos juntos, espetáculo que lotou o Salão de Atos da PUCRS, nesta quinta-feira (3). A apresentação fez parte da cerimônia de entrega do Mérito Cultural a Tony Ramos, artista com mais de 60 anos de carreira e 144 personagens em passagens pelo teatro, televisão e cinema.
A honraria, que está na sétima edição, simboliza o reconhecimento da PUCRS a uma personalidade do meio artístico. Com discurso emocionante, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, descreveu a importância da carreira de Tony Ramos para a cultura brasileira e destacou o seu talento, dedicação e versatilidade.
“Desde os seus primeiros papéis, ainda jovem, até os personagens mais complexos e icônicos de sua trajetória, Tony, você toca com sua humanidade e com sua capacidade de viver tantas vidas e emoções. Essa sua verdade nos aquece o coração e de algum modo faz parte de nossas vidas”, disse.
Ao receber a honraria, Tony não escondeu a emoção, deixando nítida a felicidade em estar ali. “Para mim, a maior emoção é receber essa homenagem com a roupa do meu ofício e em um tablado, este lugar que nós, atores, sempre sonhamos em estar. Estou muito feliz e emocionado”, declarou.
O espetáculo começou antes de começar: Tony e Denise transitam entre o público, enquanto as pessoas buscam seus lugares no teatro. Eles conversam, escutam histórias e olham atentamente nos olhos de cada um. Quando os artistas sobem ao palco, percebemos que essas histórias se tornaram parte do roteiro.
O que só sabemos juntos se propõe a ser uma experiência singular, autêntica e genuína, algo criado em conjunto entre os dois artistas e a plateia. Uma peça que mistura memórias e sonhos, conquistas e expectativas, experiências reais e todas aquelas que ficaram apenas na imaginação. Enquanto Tony e Denise contam uma história, somos convidados a criarmos as nossas.
O sentimento de angústia se espalha pela plateia durante as passagens mais densas, em cenas sobre crise climática e feminicídio. O texto também é certeiro ao escancarar o desgaste das relações e os impactos do “ouvir sem escutar” e do “olhar sem ver”. São as questões sociais e interpessoais levantadas pela peça que nos revelam aquilo que podemos aprender juntos, ampliando nossos olhares e nos solidarizando na escuta.
A sinergia dos dois atores é encantadora. Em uma dinâmica que une dança, música e muita interação com o público, a dupla de atores entrega um verdadeiro show de atuação, desencadeando risos, lágrimas, dúvidas e a certeza de que vale sair de casa (ou do seu lugar preferido) para valorizar a arte.
“Talvez uma das mais marcantes características de nosso homenageado seja sua fidelidade a si mesmo, aos seus valores, o que lhe permite ter atitudes diante da vida, para além dos palcos e das telas, que nos inspiram, como seu senso de justiça, ética e generosidade. A sua humildade, Tony, faz com que você se mantenha muito próximo de nós, sua plateia, sua gente”, ressaltou Ir. Evilázio.
O que só sabemos juntos se pretende um espetáculo-festa-despertador, uma mola propulsora que tira o espectador da apatia, de sua tela e o convoca a experimentar, no aqui e agora, emoções, ações e, principalmente, entender que todos dependemos uns dos outros tanto durante a peça, como na vida.
Denise e Tony são dois dos mais célebres e reconhecidos atores do Brasil: ambos são conhecidos por sua consciência cidadã e sua necessidade de dialogarem com temas urgentes da vida, do país e do mundo. Junto aos dois atores, sobem ao palco uma banda de cinco artistas mulheres (Ana Rodrigues, Clara Bastos, Priscila Brigante, Vanessa Larissa e Taís Cavalcanti), sob a direção de Luiz Villaça.️ Angela Russo e Luiz Dinarte, do coletivo Para Todos, fizeram a interpretação em libras.
O Mérito Cultural PUCRS integra o Estatuto e Regimento Geral da Universidade e está inserido nas diversas ações que buscam transformar a instituição em um polo cultural. A pessoa homenageada é alguém que tenha transformado a sua vida artística numa trajetória de defesa da cultura enquanto instrumento de humanização e educação.
Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Lima Duarte, Alcione, Alceu Valença e Martinho da Vila receberam a homenagem nos anos anteriores.