Inscer, microcefalia, Zika, ufal, ressonância magnética, avaliação neuropsicológica e polissonografia

Família alagoana foi atendida no InsCer
Foto: Bruno Todeschini

Muitas famílias passam por dificuldades para tratar bebês com microcefalia no Brasil. Mas, no caso da Alexia Annelycia Amaral, 20 anos, mãe de Henri, quando soube do projeto Zika firmado entre o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul – PUCRS (InsCer) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, veio a esperança. Juntamente com o seu marido Carlos Eugênio Bezerra, 23 anos, o casal se deslocou de Maceió a Porto Alegre para realizar este tratamento em seu filho. A mãe considera o projeto inovador e acredita que fará uma grande diferença para bebês com estão na mesma situação. “Estou aguardando com ansiedade os resultados desses exames. Sei que vai mudar bastante saber quais as áreas do cérebro estão mais ativas. Estou muito feliz”, diz.

Assim como Henri, 50 bebês virão de Alagoas para serem avaliados em um protocolo de pesquisa que inclui ressonância magnética de altíssimo campo, avaliação neuropsicológica e polissonografia, coordenado por um time multidisciplinar no Instituto. Os resultados servirão de base para tratamentos futuros em Alagoas e em todo o Brasil, com transferência de tecnologia e conhecimento. A pesquisa se iniciou na última quarta-feira (8 de novembro), e segue por mais dois anos com o financiamento de R$ 2,7 milhões oriundos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Após os primeiros exames, o neuropediatra do InsCer, Felipe Kalil ressalta que, à medida em que houver o desenvolvimento da criança associado aos resultados, os pesquisadores poderão ajudar na reabilitação neurológica desses pacientes. “Assim, eles serão corretamente estimulados para em um futuro próximo falar e caminhar, por exemplo”, comenta.

Inscer, microcefalia, Zika, ufal, ressonância magnética, avaliação neuropsicológica e polissonografia

Exame de ressonância magnética
Foto: Camila Cunha/PUCRS

Integrante da pesquisa, o neurorradiologista do InsCer, Ricardo Soder afirma que são realizados principalmente exames de ressonância magnética estrutural e funcional nos bebês. Os objetivos principais são de contribuir na construção do conhecimento e entendimento da microcefalia congênita associada ao Zika e de desenvolver um conjunto de atividades e processos de tecnologia da informação para solidificar a rede Nordeste-Sul. “A ideia é ajudar a entender essa infecção dos recém-nascidos, acompanhando essas crianças com exames avançados para, quem sabe, encontrarmos uma maneira de evitar essas sequelas”, analisa.

Uma das coordenadoras deste projeto, a pesquisadora Graciane Radaelli afirma que, como integrante de um centro de referência no país, a contribuição entre as instituições é bastante importante. “Os resultados publicados permitirão termos mais certezas sobre terapias e tratamentos”, relata. A intenção do projeto é criar um Centro de Alta Tecnologia em Alagoas (através da formação de recursos humanos, transferência de tecnologia e compartilhamento de equipamentos), com o intuito de melhor atender estas crianças dentro de um projeto de grande dimensão social.

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Médicos deram atenção especial ao bebê
Foto: Bruno Todeschini

Com o projeto em andamento e todas as etapas cumpridas, a família retornou nesta quinta-feira (9 de novembro) a Maceió. Alexia leva na bagagem a esperança renovada e revela os sonhos que têm para o filho. “O meu grande sonho é que ele consiga o máximo que ele puder. Se o máximo dele for sentar, ou for interagir com a gente, eu ficarei muito feliz e esse vai ser meu grande sonho. Estou fazendo meu máximo e quero ver ele bem”, diz a mãe.

 

Momento do diagnóstico

Em 18 de fevereiro de 2016, Alexia deu entrada no Hospital Regional de Arapiraca (AL) para dar à luz ao primeiro filho. Na hora do parto, ouviu o choro de Henri pela primeira vez e, ansiosa, aguardava para pegar o bebê nos braços quando percebeu uma movimentação diferente no bloco cirúrgico. Depois de uma gravidez tranquila, sem qualquer sintoma do Zika vírus, com todos os exames pré-natais em dia, a jovem viu o médico confirmar a outro algo sobre o recém-nascido. Enquanto esperava, os médicos mediam o perímetro cefálico e pesavam o bebê. Depois disso, Alexia viu o filho pela primeira vez. O pediatra conversou com ela e, quando ouviu o diagnóstico de microcefalia, uma síndrome que já atingiu quase 3 mil bebês no Brasil, lembra que se sentiu no chão. “Não era a questão de gostar ou não dele, mas a gente sonha muitas coisas para o nosso filho. Quando isso aconteceu, me perguntei: como vai ser minha vida? Como vou cuidar dele?”, lembra.

A jovem estudante de odontologia afirma que sentiu medo de não poder suprir as necessidades da criança, mas com o tempo percebeu que, ao adquirir experiência, a situação não era uma sentença e sim um desafio. “Aprendi a ter paciência, a esperar o tempo dele”, enfatiza. Atualmente, o bebê está sendo acompanhado em Alagoas com tratamento no Instituto Pestalozzi e a mãe mantém contato direto com as mães de outras crianças com microcefalia.

 

Conscientização no Instagram

Henri possui uma conta no Instagram com mais de 100 mil seguidores. Por meio do canal, Alexia conta detalhes da rotina do bebê e interage com muitas outras mães todos os dias.

Convênio PUCRS, Feevale e FK Biotec

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

A PUCRS, a universidade Feevale e a FK Biotec, empresa instalada no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), formalizaram nesta quinta-feira, 2 de junho, parceria para aprofundar pesquisas sobre o mosquito Aedes Aegypti e os diferentes tipos de vírus que podem ser transmitidos por ele. Estiveram presentes os reitores da PUCRS e da Universidade Feevale, Joaquim Clotet e Inajara Vargas Ramos, respectivamente; a pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Universidade, Carla Bonan; o diretor do Grupo FK Biotec e professor da PUCRS, Fernando Kreutz; e o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado, Renato de Oliveira.

“Este é o resultado da sinergia entre duas grandes universidades e a empresa FK, trabalhando para o bem-estar e pela saúde da população”, ressaltou Clotet. Inajara apontou que as universidades têm o papel de buscar soluções e respostas às demandas da sociedade. “Essa é uma grande oportunidade para trazer as respostas que a população espera em termos de saúde pública”.

Em março, a FK Biotec, que também tem unidade no Feevale TechPark, já havia anunciado parceria com o Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs), com a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (BahiaFarma), e com o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) para o desenvolvimento de um teste rápido para diagnóstico do Zika vírus, Dengue e Chikungunya. Recentemente, a empresa também lançou o Biovech, primeiro larvicida biológico contra o mosquito transmissor dos vírus Zika, Dengue e Chikungunya, já disponível para os consumidores.

 

Com a palavra, os especialistas:

 

Fernando Kreutz, diretor da FK Biotec e professor da PUCRS

“O mundo vive um problema que teve seu epicentro no Brasil: o ZiKa Vírus. Além dos impactos imediatos da doença, não sabemos ainda que outras repercussões teremos sobre gerações pela frente. Nosso desafio é transformar a ciência em inovação, em produto e em soluções para a sociedade. E temos um país carente de soluções. Somente quando transformarmos ciência em produto, é que ajudaremos a combater problemas graves como este. A exemplo de outros países, temos que nos transformar em protagonistas, criando produtos que ajudem realmente a nossa sociedade, agregando tecnologia aos nossos processos.”

 

Carla Bonan, pró-reitora de pesquisa, inovação e desenvolvimento da PUCRS

“Estamos vivendo quase uma epidemia de casos de dengue e de zika, com impacto significativo na nossa saúde pública. Fomentar a pesquisa científica e tecnológica, envolvendo empresas em busca dessas questões, expressam o papel das Universidades no século 21. Além disso, a possibilidade de desenvolver parcerias com essa características é fundamental para a formação dos nossos estudantes, que passam a ter essa visão inovadora.”

 

Renato de Oliveira, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

“Além dos avanços possíveis com essa parceria, temos que destacar hoje a figura do empreendedor, representada por Kreutz. Figura rara entre nós. O cientista empreendedor sabe enfrentar descrenças e situações que certamente fariam com que muitos pesquisadores puros desistissem de escrever, ou que fariam empreendedores sem lastro na ciência mudarem de ramo. Significa uma conquista de visão no meio acadêmico que temos que fomentar. Essa é a sociedade que funciona e a qual o Estado brasileiro vai ter que se adaptar, superando as instituições políticas. Também é muito significativo que esteja sendo celebrado no âmbito de duas universidades realmente tecnológicas, que funcionam como uma guarda avançada da ciência e da tecnologia no ambiente da inovação. Isso é o que nos falta no Brasil. Formatos de articulações institucionais, transformando ciência em produto, não são incentivadas pelos instrumentos que regulam a nossa vida acadêmica. Espero que a crise que vivemos nos estimule também a revisar a relação entre a universidade e o ambiente produtivo.”

 

Ana Lígia Bender, diretora da Faculdade de Farmácia da PUCRS

“A união das diferentes competências é um passo importante para transformação dessa realidade. Certamente, no contexto, o grupo formado terá condições não somente de ação propositiva no que se refere a sistemas  diagnósticos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes, mas também em outros processos envolvidos na questão. A PUCRS, no período de 2013 a 2015, depositou 12 patentes relacionadas a questões diagnósticas e terapêuticas. Com infraestrutura  e pesquisadores  reconhecidos internacionalmente, podemos colaborar em todos os objetos constitutivos do Consórcio, em especial  no desenvolvimento e validação de  testes de base imunotecnológica (produção de antígenos recombinantes, anticorpos mono e policlonais para uso em imunoensaios) e desenvolvimento de repelentes.”

Aedes aegypti

Aedes aegypti
Foto: Muhammad Mahdi Karim/commons.wikimedia.org

A Faculdade de Farmácia da PUCRS e o Instituto de Pesquisas Biomédicas (IPB) promovem neste sábado, dia 19 de março, o curso de extensão Zika Vírus, Chikunguya e Dengue: Atualizações no Diagnóstico e na Patologia. A aula trabalhará os conceitos básicos de virologia, técnicas utilizadas para o diagnóstico clínico de infecções virais, além de informar sobre o combate as doenças. As inscrições estão abertas até sexta-feira, 18 de março, e podem ser feitas no site www.pucrs.br/educacaocontinuada.

A programação inclui um histórico dos vírus da Dengue, da Chikunguya e da Zika, incluindo suas características gerais e patologias. O encontro, voltado a alunos de graduação e pós-graduação interessados no tema, será das 9h às 12h30min e das 14h às 17h30min no IPB, no 2º andar do Hospital São Lucas (avenida Ipiranga, 6690 – Porto Alegre). Informações adicionais pelo telefone (51) 3320-3727 ou pelo e-mail [email protected].