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A logoterapia interpreta o ser humano e a vontade de sentido / Foto: Pixabay

Lembranças e vontades. Simples atos, como abraçar, ter contato familiar, praticar um esporte coletivo, confraternizar com amigos, viajar a destinos desconhecidos. Muitos são os desejos compartilhados pelas pessoas, principalmente nas redes sociais, diante da quarentena provocada pela Covid-19. Essa falta de liberdade, em razão do isolamento social, tem afetado a saúde mental da população, gerando ansiedade e depressão. Muitas reflexões têm sido realizadas neste período crítico, e uma abordagem psicoterapêutica se propõe a analisar o sentido da vida: a logoterapia.

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Segundo o professor da Escola de Humanidades da PUCRS, Luciano Marques de Jesus, a logoterapia, fundada pelo neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl, é também conhecida como a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia. O médico ficou mundialmente conhecido depois de descrever a sua experiência dramática em quatro campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, em seu best-seller internacional Em Busca de Sentido. “Frankl preconiza que a chave interpretativa do ser humano é a vontade de sentido, diferentemente da vontade de prazer de Sigmund Freud (Psicanálise) e da vontade de poder de Alfred Adler (Psicologia Individual)”, comenta o docente da PUCRS.

Autor do livro Qual é o sentido?: reflexões sobre o sentido da vida a partir de Viktor Frankl, da editora Edipucrs, o professor da Universidade aborda a pandemia e a logoterapia.

Viktor Frankl passou por vários campos de concentração, experimentando o que de pior a humanidade foi capaz de produzir. Nessa experiência, constatou que as perspectivas freudiana e adleriana se mostraram insuficientes. O que caracteriza o ser humano é a sua vontade de descobrir um sentido na vida. Encontramos sentido sempre pela realização de valores. Valores criadores ou criativos, por exemplo, o que fazemos pelo mundo, como o nosso trabalho ou uma ação de voluntariado. Valores vivenciais ou experienciais, aquilo que recebemos do mundo: a amizade, o amor, a arte ou a música. Também valores atitudinais, que é a nossa atitude diante do sofrimento inevitável; não podendo modificar a realidade que nos circunda, está nas nossas mãos mudar a nós mesmos.

Em logoterapia, temos a tríade: Liberdade da Vontade, Vontade de Sentido e Sentido da Vida. Para Frankl, o ser humano é incondicionalmente livre, é o ser que constrói a câmara de gás e também o que entra na câmara de gás, de cabeça erguida, com um Pai Nosso ou um Shemá Israel nos lábios.

A questão da busca e da descoberta do sentido da vida é uma tarefa personalíssima e indelegável, compete a cada ser humano e varia de pessoa para pessoa e em cada momento da vida.

O momento no qual vivemos nos desafia, a cada dia, descobrir um novo sentido. Podemos ajudar o mundo e fazer nossa parte ficando em casa e, quando não conseguimos mudar a realidade externa, podemos mudar a nós mesmos.

Ansiedade e depressão no Brasil

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. Já em relação à depressão, são 5,8% da  sociedade brasileira -, taxa acima da média global, que é de 4,4%. Essa porcentagem significa que quase 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença.

Mais sobre o professor

Um dos maiores especialistas do Brasil em Viktor Frankl e logoterapia. Filósofo, professor e palestrante, Luciano Marques de Jesus atua principalmente nos seguintes temas: Introdução à Filosofia, Ética e Cidadania, Antropologia Filosófica, Descartes e Filosofia Moderna, Viktor Frankl, Logoterapia e Sentido da Vida. É autor do livro A questão de Deus na Filosofia de Descartes.

O professor também faz parte do quadro docente de seis pós-graduações do PUCRS Online:

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obras da Edipucrs

Editora publica, em média, 65 obras anualmente
Fotos: Camila Cunha

A obra Qual é o sentido? Reflexões sobre o sentido da vida a partir de Viktor Frankl, de Luciano Marques de Jesus, professor da Escola de Humanidades, marca a estreia de um novo conceito editorial da Edipucrs. O lançamento ocorre no dia 8 de maio, às 17h30min, no átrio do prédio 9 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). Integrando a programação da 12ª Semana do Livro da PUCRS, o evento é gratuito e aberto ao público, e terá uma palestra sobre o tema do livro, seguida de sessão de autógrafos.

Entre os dias 7 a 11 de maio, em uma tenda montada ao lado do prédio 8, os livros da Edipucrs serão vendidos com 35% de desconto, os de outras editoras terão 10% de abatimento e haverá balaios com obras a R$ 19,90. O atendimento ocorre das 9h às 21h30min.

O novo conceito

A Editora lançará publicações mais leves, em linguagem simples, com temas atuais e de interesse geral da sociedade. “No formato pocket, com cerca de 100 páginas, os livros não vão incluir notas de rodapé nem trarão bibliografias, mas referências para quem quiser se aprofundar no assunto”, explica o editor-chefe da Edipucrs, Luciano Aronne de Abreu. Os autores são professores, mestrandos e doutorandos, não excluindo a participação de estudantes de graduação. “A iniciativa visa estimular a produção dos alunos e aumentar a inserção social do que é publicado”, complementa. Teses e dissertações, assim como obras de cunho técnico e acadêmico, continuarão saindo pela Edipucrs. O novo conceito editorial poderá abrigar um conteúdo desse tipo, desde que adaptado a um público amplo.

Essa é uma das novidades da editora, que completa 30 anos no dia 9 de novembro. Surgiu no contexto de expansão dos cursos de pós-graduação para difundir a pesquisa realizada na Instituição. Mesmo sem cunho comercial, seu desafio hoje é chegar não apenas a um grupo especializado. “Reafirmamos o perfil de lançar obras de todas as áreas e com qualidade, agregando duas concepções: o conhecimento deve circular além do âmbito técnico-científico e a editora deve ser sustentável”, explica o editor-chefe.

Mesa-redonda sobre a Lava jato

Como parte da programação da 12º Semana do Livro, também será realizada a mesa-redonda Lava Jato entre jornalistas e juristas, no dia 10 de maio, às 19h30min, no auditório da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. Participam os professores Felipe Cardoso Moreira de Oliveira (Escola de Direito), Beatriz Dornelles e Jacques Wainberg (Famecos). Os dois últimos são organizadores, respectivamente, dos livros Lava Jato nos Porões do Jaburu – A gravação de Joesley e Temer como notícia de primeira página e Comunicação política e emoções coletivas: Lula e os procuradores, ambos lançados pela Edipucrs, que terão sessão de autógrafos às 21h.