Para debater os efeitos da exposição à crescente violência urbana, a PUCRS promove o Congresso Internacional Violência Urbana e Trauma em Países em Desenvolvimento – Pesquisa Básica, Intervenções Clínicas e Saúde Pública, nos dias 30 de junho e 1º de julho, no teatro do prédio 40. O evento é realizado em parceria com a International Society for Traumatic Stress Studies (ISTSS) e terá a presença de especialistas internacionais, como Ulrich Schnyder, da Suíça; Maureen Alwood e Marcelo Korc, dos EUA; Daniel Mosca, da Argentina; e Carolina Salgado, do Chile.
Os indivíduos que passam por situações traumáticas podem desenvolver uma série de reações que, com o tempo, se configuram em transtornos mentais. Dentre elas está o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). “Ainda que comum, é pouco conhecido. Muitas vezes, o paciente não sabe que tem e, assim, não consegue estabelecer um nexo causal entre a situação de violência vivida e as reações que sente mesmo anos depois”, explica o coordenador de Programas Stricto Sensu, da Pró-Reitoria Acadêmica, e professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Escola de Humanidades, Christian Haag Kristensen.
No TEPT, a primeira escolha de tratamento é a psicoterapia. “A terapia cognitivo-comportamental focada no trauma é a mais eficiente. Dependendo da resposta pode-se associar farmacoterapia”, comenta Kristensen. Segundo ele, a medida que melhor se conhece a genética das pessoas, talvez seja possível criar abordagens personalizadas.
Schnyder, que é também coordenador do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia, da Universidade Hospital Zurique, fala sobre intervenções terapêuticas mais eficazes, perspectivas e tratamentos combinados.
– Quais as intervenções terapêuticas mais eficazes hoje para transtornos relacionados a trauma?
A terapia cognitivo-comportamental focada no trauma (TCC-FT) constitui o tratamento mais eficaz para o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Em relação à medicação, os inibidores seletivos de recaptação da serotonina são efetivos. No entanto, são muito inferiores à terapia cognitivo-comportamental focada no trauma.
– Quais as perspectivas atuais e futuras para tratamentos combinados entre drogas que auxiliam na extinção da memória traumática e drogas que ajudem no processo de nova aprendizagem na psicoterapia?
Várias dessas drogas foram testadas nos últimos 20 anos: cortisol, beta bloqueadores, d-cicloserina, oxitocina e outros. Parece haver um certo valor na combinação de compostos psicoativos com psicoterapia. Um dos problemas com o estudo dessas drogas é que a indústria está muito mais interessada em novos medicamentos que prometem grandes benefícios financeiros.
– Além de tratamentos combinados, caminhamos para tratamentos personalizados, que levam em consideração a fisiologia e genética da pessoa?
Pesquisas nessa linha estão em fase inicial. Não teremos tratamentos verdadeiramente personalizados nesse sentido no futuro próximo. Porém, qualquer bom psicoterapeuta irá ajustar seus procedimentos terapêuticos de acordo com a situação específica do paciente e de suas necessidades.