Tuberculose, exame

Dia Mundial de Combate à Tuberculose visa ressaltar a necessidade de investir esforços para combater a epidemia global da doença / Foto: iStock

No dia 24 de março de 1882, o médico alemão Robert Koch anunciou a descoberta do agente causador da tuberculose, permitindo que pesquisadores e profissionais de saúde pudessem diagnosticar e encontrar a cura para a doença. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a data como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, com o objetivo de salientar as consequências econômicas e sociais, assim como ressaltar a necessidade de investir esforços para combater a epidemia global da doença.

Na PUCRS, o Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida (ECSV), sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB), tem desenvolvido pesquisas que visam contribuir com o conjunto de fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose. O instituto é coordenado pelo professor e pesquisador Luiz Augusto Basso, dos Programas de Pós-Graduação (PPG) em Biologia Celular e Molecular e em Medicina e Ciências da Saúde da PUCRS.

O docente explica que as preocupações da OMS em relação à tuberculose são voltadas aos investimentos urgentes em recursos, suporte, cuidado e informação na luta contra à doença. Basso alerta que no contexto da pandemia de Covid-19 os esforços pelo fim da tuberculose foram comprometidos e, por conta disso, as ações devem ser retomadas urgentemente.

De acordo com a OMS, os serviços essenciais de atendimento aos pacientes com tuberculose precisam ser mantidos para assegurar que os ganhos obtidos no passado não sejam ainda mais revertidos. Além disso, a Organização ressalta que é necessário enfrentar as disparidades de acesso aos serviços de saúde para assegurar que o tratamento seja acessível a todos aqueles que necessitarem e que todos os indivíduos, comunidades, empresas e governos desempenham papeis essenciais nessa luta.

Dados sobre a tuberculose

A tuberculose (TB) é principalmente causada pelo Mycobacterium tuberculosis e afeta principalmente os pulmões. A doença é transmitida por gotículas carregadas pelo ar quando uma pessoa com a doença tossir, espirrar ou cuspir. A inalação de poucos bacilos é suficiente para infectar um ser humano. De acordo com a OMS, a tuberculose é uma das principais causas de problemas de saúde, uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo e a principal causa de morte por um único agente infeccioso, classificação que fica acima de HIV ou AIDS.

Dados sobre a doença alertam que um quarto da população mundial está infectada com o M. tuberculosis, o principal agente causador da tuberculose em humanos. Globalmente, 9,9 milhões de pessoas ficaram doentes da tuberculose e cerca de 1,5 milhão morreram devido a esta doença, em 2020. No Brasil, que possui uma população por volta de 211 milhões de pessoas, o número de novos casos de tuberculose é de 96 mil e total de mortes é de quase oito mil.

Iniciativas do CPBMF e INCT-TB

O CPBMF, sede do INCT-TB, além do coordenador, é constituído pelos professores Pablo Machado e Cristiano Valim Bizarro da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Os pesquisadores do CPBMF desenvolvem estudos que visam contribuir com o conjunto de fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose.

Utilizando estratégias baseadas em alvos moleculares oriundos de rotas bioquímicas essenciais para viabilidade do bacilo ou otimizando estruturalmente compostos químicos a partir de dados de triagens fenotípicas, o grupo tem obtido moléculas promissoras. Os pesquisadores contam que com os artigos científicos e formação de recursos humanos especializados, essas pesquisas desenvolvidas têm acelerado o ritmo de pedidos de proteção intelectual da instituição.

A potência de algumas das estruturas desenvolvidas pelo CPBMF excede em mais de 100 vezes a capacidade de inibição de fármacos como a isoniazida, utilizada como primeira linha de tratamento da tuberculose. Os resultados deste trabalho têm gerado a expectativa de que as pesquisas desenvolvidas na PUCRS possam se traduzir em inovações terapêuticas para o tratamento desse problema de saúde pública global.

“Esses estudos deverão propiciar um melhor entendimento da biologia do M. tuberculosis nos vários contextos fisiológicos do hospedeiro humano e, consequentemente, descortinar novas ferramentas para o combate da tuberculose”, finalizam os pesquisadores.

24 de março marca o Dia Mundial de Combate à Tuberculose

Foto: Pavel Danilyuk/Pexels

Instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1982, o dia 24 de março é conhecido como o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Estima-se que cerca de uma a cada quatro pessoas no planeta esteja infectada com o Mycobacterium tuberculosis (MTB), o principal agente causador da doença em humanos. Além de ser transmissível, é uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo e a que mais mata por um único agente infeccioso. 

Felizmente, o século 21 tem sido frutífero no quesito de inovação para o tratamento da tuberculose (TB). Após um longo período sem novas alternativas terapêuticas no mercado, a última década testemunhou a aprovação de três fármacos: Bedaquilina (2012), Delamanid (2014) e Pretomanid (2019), novos medicamentos para o tratamento de variantes resistentes da TB. No entanto, a capacidade adaptativa das microbactérias demonstra que alternativas terapêuticas devem continuar sendo prioridade na agenda global de saúde. 

Os dados de resultados de tratamentos mais recentes mostram uma taxa internacional de sucesso de 57% em tratamentos. Além disso, cerca de 85% das pessoas que desenvolvem tuberculose podem ser tratadas com sucesso, seguindo um regime de medicamentos por alguns meses. 

Tuberculose e Covid-19

Segundo o diretor geral OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a pandemia ocasionada pelo SARS-CoV-2 ameaça desfazer os ganhos obtidos nos últimos anos no combate à tuberculose. Dados coletados em países com elevados números de casos da doença mostram quedas acentuadas nas notificações de novos casos em 2020.  

A modelagem da OMS sugere que, só em 2020, uma diminuição de 50% na detecção de casos de TB poderia resultar em 400 mil mortes adicionais em apenas três meses. Em resposta, a OMS está trabalhando para apoiar os países na manutenção da continuidade dos serviços essenciais de saúde, inclusive para tuberculose. 

A campanha de combate deste ano, promovida pela organização, tem como tema O tempo está passando, onde pede mais comprometimento das lideranças governamentais e da iniciativa privada por meio de ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e incentivo à pesquisa para erradicar a doença até 2030. 

Ações do INCT-TB 

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Foto: Gilson Oliveira

Desde 2008 a PUCRS sedia o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB) junto ao Centro de Pesquisas em Biologia Molecular (CPBMF) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. O INCT-TB tem desenvolvido pesquisas que visam contribuir com o conjunto de fármacos utilizados para o tratamento da tuberculose.  

Utilizando estratégias baseadas em alvos moleculares oriundos de rotas bioquímicas essenciais para viabilidade do bacilo ou otimizando estruturalmente compostos químicos a partir de dados de triagens fenotípicas, o grupo tem obtido moléculas promissoras. “Mais que artigos científicos e formação de recursos humanos especializados, essas pesquisas desenvolvidas têm acelerado o ritmo de pedidos de proteção intelectual da instituição”, comenta Pablo Machado, pesquisador no INCT-TB.  

Desde 2019, a PUCRS vem solicitando anualmente pelo menos um pedido de depósito de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) descrevendo moléculas com elevada capacidade de inibir o crescimento do bacilo e, a maior parte dessas, com mecanismos de ação elucidados. “A potência de algumas das estruturas desenvolvidas pelo CPBMF excede em mais de 100 vezes a capacidade de inibição de fármacos como a isoniazida, utilizada como primeira linha de tratamento da tuberculose. Tais resultados têm gerado a expectativa de que as pesquisas desenvolvidas na PUCRS possam se traduzir em inovações terapêuticas para o tratamento”, completa o pesquisador.

Nesta terça-feira, dia 17 de novembro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Tuberculose. A data tem como objetivo conscientizar por meio de ações de mobilização, conscientização, sensibilização e prevenção da doença, considerada um problema de saúde pública.

Com a pandemia do novo coronavírus, em março, quando foi comemorada a data a nível mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu às autoridades que não descuidem do tratamento das vítimas dessa doença, que têm risco aumentado. “A Covid-19 está destacando quão vulneráveis as pessoas com doenças pulmonares e sistemas imunológicos debilitados podem ser”, disse o Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

E um importante aliado na luta contra a tuberculose está sediado, desde 2008, no Centro de Pesquisas em Biologia Molecular da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, no Parque Tecnológico e Científico da PUCRS (Tecnopuc): trata-se do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB).

Coordenado pelo professor Luiz Augusto Basso, o instituto vem desenvolvendo pesquisas de excelência, com cooperação de centros de pesquisa de diversas partes do mundo. Vinculado aos Programas de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular e Medicina e Ciências da Saúde, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e professores desenvolvem estudos com o objetivo de encontrar soluções para a doença.

Formado por cerca de 40 pesquisadores de 22 centros de pesquisa distribuídos em nove estados brasileiros, o INCT-TB tem o objetivo de consolidar o desenvolvimento de fármacos e vacinas para tuberculose no Brasil, bem como desenvolver e validar um diagnóstico rápido e confiável para a detecção da doença. Por ser infecciosa e transmissível, a tuberculose atinge cerca de 8,8 milhões de pessoas, provocando 1,1 milhão de mortes por ano no mundo.

Pesquisa e produção científica

Segundo Basso, “o INCT-TB tem um importante papel na coordenação de esforços no Brasil para o desenvolvimento de agentes quimioterápicos para o tratamento de cepas de M. tuberculosis sensíveis e resistentes aos fármacos atualmente utilizados no tratamento”. O instituto também atua no desenvolvimento de uma vacina de maior eficácia na prevenção e no desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico para rápida detecção do agente causador da TB.

Entre as principais conquistas do INCT-TB, está a vasta produção científica desenvolvida, com artigos publicados em periódicos de alto impacto, e pedidos de proteção de propriedade intelectual. Ao todo, foram publicados mais de 120 artigos produzidos pelos pesquisadores do INCT-TB nos últimos três anos, além de sete capítulos de livros.

Também é importante destacar que estratégias experimentais modernas são corriqueiramente introduzidas nos laboratórios do INCT-TB, possibilitando o avanço da pesquisa científica no País, assim como a formação de profissionais em ciência de nível internacional. Atualmente, mais de 100 pesquisadores e pesquisadoras de diversos níveis realizam estudos vinculados ao INCT-TB na PUCRS. Desde 2017, o Instituto contribuiu com a formação de mais de 230 profissionais entre mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos, pesquisadores de Iniciação Científica e estudantes de graduação ou lato sensu.

Entre 2017 e 2020, foram destinados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose R$ 7.086.822,40 através das agências de fomento à pesquisa científica (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – Fapergs).

Em abril deste ano, diante da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), a Fapergs autorizou a utilização de recursos financeiros destinados ao INCT-TB para a adaptação do laboratório NB3 do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional para possibilitar o cultivo simultâneo do Mycobacterium tuberculosis e SARS-CoV-2. Entre as implicações práticas destas adaptações estão o fornecimento de material genético para ser utilizado como controle positivo em técnicas de diagnóstico da Covid-19.

Leia também: Covid-19: Hospital São Lucas e Tecnopuc apoiarão o desenvolvimento de testes

Prevenção é fundamental no combate à tuberculose

Entre os sintomas da tuberculose, estão emagrecimento, fadiga, febre baixa no final do dia, suor à noite e tosse com expectoração. Podem também existir gânglios no pescoço. A prevenção deve ser feita através da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) para garantir a proteção de crianças contra formas graves da doença, como TB meníngea ou infecção disseminada. No entanto, a vacinação contra cepas sensíveis ou resistentes de M. tuberculosis não é eficaz na prevenção da TB pulmonar em adultos e apresenta limitada proteção em alguns países, como, por exemplo, na Índia. Essa vacina deve ser dada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até quatro anos, 11 meses e 29 dias.

Outra maneira de prevenir a doença é a avaliação de contatos de pessoas com tuberculose, que permite identificar a infecção latente pelo M. tuberculosis, o que possibilita prevenir o desenvolvimento de tuberculose ativa. Em outras situações específicas, pessoas que são diagnosticadas com a infecção latente da tuberculose também têm indicação de receber tratamento para prevenir o adoecimento. Neste caso, é necessário procurar uma unidade de saúde para avaliação.

Descoberta

O bacilo causador da tuberculose foi descoberto em 1882 pelo médico Robert Koch. Este foi um grande passo na luta pelo controle e pela eliminação da doença que, na época, vitimou grande parcela da população mundial. No Brasil, são 50 milhões de infectados e uma média anual de aproximadamente 100 mil casos novos e 6 mil óbitos pela enfermidade. Cada paciente pulmonar bacilífero (BK+), se não tratado, pode infectar em média 10 a 15 pessoas por ano.

Sobre os INCTs

No Rio Grande do Sul, existem nove INCTs, sendo que a PUCRS sedia dois deles: o INCT-TB e o INCT Forense. O INCT Forense é coordenado pelo professor Roberto Esser dos Reis. Os institutos têm como objetivo agregar, de forma articulada, os melhores grupos de pesquisa na fronteira da ciência e em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do País, estimulando o desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica de ponta.

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Foto: Bruno Todeschini

O Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde tem excelência internacional atestada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) desde a avaliação trienal de 2004-2006. Com um corpo docente qualificado e interdisciplinar, o programa se destaca pela realização de projetos de pesquisa diversificados, propiciando o intercâmbio de conhecimentos no meio científico e a aplicação dos avanços da pesquisa básica e clínica com caráter inovador em benefício da comunidade. O corpo discente é formado não apenas por médicos. Recebe até mesmo engenheiros que trabalham com o sistema de imagens médicas ou professores interessados em novas tecnologias aplicadas à saúde. As inscrições para o doutorado vão até 22 de junho.

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Foto: Bruno Todeschini

“O nosso grande diferencial é a infraestrutura da Universidade em termos de equipamentos”, sublinha o coordenador, Alexandre Padoin, citando o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer-RS), que conta, por exemplo, com PET Scan (tomografia por emissão de pósitrons) para pesquisa com animais de pequeno porte, “o que poucos lugares têm”. Parcerias com centros internacionais também permitem que sejam feitos projetos com outras tecnologias.

O Pós em Medicina e Ciências da Saúde presta consultorias a programas mais recentes, o que é muito valorizado pela Capes. Algumas das instituições que contam com esse apoio são UFRGS, Unisinos, Uniritter, Unipampa, Furg, USP, UFBA, Unesp, Inca e UFRJ.

Integração com a graduação

Todos os professores do Programa incluem alunos de graduação em suas pesquisas, além dos mestrandos e doutorandos. Uma das formas de estimular que se dediquem à investigação científica desde cedo é o programa MD PHD da Capes. Na primeira vez que participou do edital, em 2008, a PUCRS integrou quatro estudantes de Medicina ao doutorado, mediante concurso interno. Três terminaram com êxito seus trabalhos e realizaram doutorado sanduíche no exterior, sendo que Marta Hentschke recebeu o Prêmio Capes de Tese em 2015. Outros seis acadêmicos ingressaram no MD PHD desde então.

Centro busca novas terapias contra tuberculose

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Foto: Gilson Oliveira

Um dos exemplos da excelência da pesquisa realizada pelo Pós em Medicina e Ciências da Saúde e também em Biologia Celular e Molecular é o trabalho do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional (CPBMF), que sedia o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose. No local, são buscados novos compostos menos tóxicos e mais eficientes contra a doença, que ainda tem números alarmantes. São 2 bilhões de infectados. Em 2016, houve 10,4 milhões de novos casos e 1,3 milhão de óbitos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 69.569 pessoas foram diagnosticadas em 2017 e 4.426 morreram em 2016, segundo o Ministério da Saúde. A taxa de abandono do tratamento chega a 10% no País, duas vezes além da meta da OMS.

O coordenador, Luiz Augusto Basso, diz que o CPBMF tenta acompanhar o que os melhores laboratórios do mundo fazem. Encurtar o tempo de medicação (hoje são seis meses) e eliminar as cepas resistentes são dois dos desafios. Para isso, o INCT é dividido em três partes: diagnóstico, agentes quimioterápicos e proteoma/vacinas. A PUCRS se envolve nos dois últimos. A maioria dos experimentos é feita no centro, localizado no Parque Científico e Tecnológico da Universidade (Tecnopuc).

São selecionados compostos com potencial de atividade contra a tuberculose. Das centenas de sintetizados, sobram alguns que podem funcionar e passarão para as novas etapas. E não há garantia de que terão efeito nos modelos in vivo. Os esforços da equipe incluem abordagens racional e fenotípica para identificação de compostos químicos promissores a serem utilizados no tratamento.

Análises de toxicidade e segurança dessas substâncias são realizadas em linhagens de células eucarióticas, no zebra fish, em roedores e não roedores. Essa etapa ajuda a prever o comportamento dos compostos nos sistemas mais complexos. Em paralelo aos estudos, há a tentativa de identificação do alvo desse possível novo fármaco – no hospedeiro ou na micobactéria. Nos últimos três anos, pesquisadores foram para os EUA e Inglaterra aprender novas estratégias que foram implantadas no CPBMF.

Além de Basso, professor permanente dos Programas de Pós em Medicina e em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM), atuam no local os professores Cristiano Valim Bizarro, da Escola de Ciências, que coordena o PPGBMC, e Pablo Machado, da Escola de Ciências da Saúde, responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Farmacêutica. Hoje, o CPBMF tem sete bolsistas de pós-doutorado, da Medicina e da Biologia Molecular, seis doutorandos, seis mestrandos, além de cinco alunos de iniciação científica. De formações variadas, envolvem-se da pesquisa básica à aplicada.

SAIBA MAIS
Inscrições até 22 de junho
Valor da bolsa integral Capes/CNPq
Mestrado: R$ 1.500

Doutorado: R$ 2.200

Mestres e doutores diplomados pelo Programa desde 1994
Mestres: 468

Doutores: 242

Professores titulados (doutores e pós-doutores)
30 professores (24 permanentes e 6 colaboradores) – mais de 50% têm pós-doutorado no exterior
Professores bolsistas de produtividade do CNPq
17 bolsistas docentes (68% do total) – 3 são nível 1A (o máximo)
Alunos de fora do Estado
Alunos vindos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais
Alunos de fora do País
Alunos do México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia
Alunos em estágio pós-doutoral
14, sendo 5 bolsistas do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) e 1 bolsista do Prêmio de Tese, ambos da Capes.
Bolsas de estudo
CNPq (mestrado e doutorado)

Proex/Capes – parcial e integral (mestrado e doutorado)

Foto: Gilson Oliveira/PUCRS

Foto: Gilson Oliveira/PUCRS

O conteúdo de um artigo produzido pelos pesquisadores do Centro de Pesquisas em Biologia Molecular e Funcional da PUCRS (CPBMF) e seus colaboradores foi destacado pela American Chemical Society (ACS) como “outstanding work” (trabalho excelente, em tradução livre). Com o título 2-(Quinolin-4-yloxy)acetamides Are Active against Drug-Susceptible and Drug-Resistant Mycobacterium tuberculosis Strains, o paper, publicado no periódico ACS Medicinal Chemistry Letters, foi destaque na seção Biological e Medicinal Chemistry do site da ACS. O trabalho descreve o planejamento e síntese de compostos candidatos a fármacos para o tratamento da tuberculose. De acordo com o professor Pablo Machado, da Faculdade de Farmácia e um dos autores do texto, “esse destaque atesta, por parte de uma importante e influente sociedade científica, a qualidade da pesquisa desenvolvida em nossa Universidade”.

O artigo apresenta compostos potentes capazes de inibir o crescimento do Mycobacterium tuberculosis (principal agente causador da tuberculose em humanos). As estruturas sintetizadas são ativas contra cepas sensíveis e resistentes à isoniazida (fármaco de primeira linha utilizado clinicamente para o tratamento da tuberculose). Além disso, as moléculas demonstraram atividade contra o bacilo (Mycobacterium tuberculosis) em um modelo de infecção em macrófagos. Finalmente, a permeabilidade adequada, moderadas taxas de metabolização in vitro, ausência de sinais de cardiotoxicidade e a inibição reduzida de algumas enzimas do sistema microssomal hepático indicam que esses compostos são candidatos para o desenvolvimento de um fármaco novo para o tratamento da tuberculose.

De acordo com o professor Pablo, “o fato de as moléculas não afetarem a atividade das enzimas mais importantes do sistema microssomal P-450 demonstra que os compostos apresentam baixa possibilidade de interação com medicamentos antirretrovirais (tratamento da AIDS). Lembrando que a coinfecção tuberculose-AIDS tem sido descrita como um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o tratamento existente carece de alternativas terapêuticas mais seguras”, ressalta.

A pesquisa é desenvolvida por professores, estagiários de pós-doutorado, alunos de pós-graduação e bolsistas de iniciação científica. A American Chemical Society é considerada uma entidade que possui grande influência no meio científico, e publica alguns dos periódicos científicos de maior fator de impacto no mundo. Embora o CPBMF possua vários artigos publicados nos periódicos da ACS, essa foi a primeira vez que a sociedade destacou um trabalho do grupo como “excelente”.

Congresso de Química

Esta semana, pesquisadores do CPBMF estarão em São Paulo para o 46º Congresso Mundial de Química, promovido pela União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC), que acontece pela primeira vez em um país da América Latina. O evento, entre os dias 7 e 13 de julho, é organizado pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e conta com o patrocínio da American Chemical Society.

INCT em Tuberculose

O CPBMF faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB), que teve renovação no ano de 2016. Os esforços do INCT-TB estão centrados no desenvolvimento de fármacos, vacinas e novos métodos diagnósticos para tuberculose no Brasil. Desde 2008, a sede do INCT-TB está localizada no CPBMF, no Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), prédio 92A.O INCT-TB é formado por cerca de 40 pesquisadores de 22 centros de pesquisa, distribuídos em nove estados brasileiros.

Foto Aérea do Campus

Foto: Arquivo – Ascom/PUCRS

A PUCRS teve dois novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia reconhecidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ciências Forenses, sob a coordenação de Roberto Esser dos Reis; e o Instituto Nacional de Saúde Respiratória Pediátrica (INSaRP), sob o comando do médico e professor Renato Tetelbom Stein. Outro Instituto, o INCT em Tuberculose, coordenado pelo professor e pesquisador Diógenes Santos, teve sua renovação aprovada.

Segundo a pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, Carla Bonan, as novas aprovações permitem a formação de redes de cooperação científica interinstitucional de caráter nacional e internacional, a fim de desenvolver atividades de pesquisa em áreas na fronteira do conhecimento, buscando soluções para questões nacionais. “A aprovação de três propostas de INCTs, coordenados pela PUCRS, expressa a excelência e o reconhecimento nacional e internacional da pesquisa desenvolvida na Universidade. O resultado se deve ao protagonismo dos nossos grupos de pesquisa em temas com impacto para a nossa sociedade, bem como a qualificação e dedicação de nossos pesquisadores”, garante.

Criado a partir de experiências com pesquisas forenses realizadas há anos com as polícias federal e civil, o Instituto de Ciências Forenses trabalhará aspectos técnicos relacionados à produção, análise e interpretação de provas materiais, tão necessários aos profissionais envolvidos em todas as etapas da Justiça e da Segurança Pública. “E é grande a demanda de pesquisa que atenda às particularidades da criminalidade nacional”, explica a coordenadora, professora da Faculdade de Biociências Clarice Alho. Estão incluídas as áreas de Genética, Química e Toxicologia, Perícia Ambiental, Informática e Ciências Criminais.

O INSaRP está relacionado ao Centro Infant da PUCRS, criado em 2012, e aborda a pesquisa científica em nível internacional na área de doenças respiratórias infantis. Estuda, ainda, alternativas de prevenção primária de inúmeras doenças infecciosas e crônicas que acometem crianças e têm impacto até a vida adulta. O grupo de pesquisadores e médicos também atende crianças com doenças respiratórias no Hospital São Lucas.

No INCT em Tuberculose a proposta é continuar desenvolvendo fármacos e vacinas para tuberculose no Brasil, com o intuito de validar um diagnóstico rápido e confiável para a detecção de Mycobacterium tuberculosis sensível e resistente a fármacos. Localizado no prédio 92, no Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc), ele é formado por cerca de 40 pesquisadores de 22 centros de pesquisa, distribuídos em nove estados brasileiros.