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Principais implicações negativas da pandemia em adultos incluem o aumento de sintomas de fadiga / Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Refletir sobre os impactos da pandemia de Covid-19 na sociedade e a repercussão dessas transformações nos próximos anos é o objetivo da série Vida pós-pandemia. Na última semana, pesquisadores da Universidade lançaram um olhar sobre as implicações da crise sanitária na comunicação e nos negócios. Agora, o foco do debate é a digitalização da saúde pública e a importância da saúde mental da população. Confira! 

Saúde pública cada vez mais digital 

Na medicina, a pandemia acentuou as tensões entre o profissionalismo médico e o bem-estar dos profissionais da saúde. Para os professores Alexandre Padoin e Thiago Viola, da Escola de Medicina, o contexto atípico impôs demandas fundamentais e obrigatórias em sistemas de saúde já sobrecarregados (sobretudo com falta de recursos materiais, de insumos e de mão-de-obra), testou médicos e profissionais de saúde até os limites da competência profissional e causou um impacto considerável na saúde e bem-estar físico e mental de cada um. 

Frente às medidas de distanciamento, uma série de especialidades precisaram se adaptar rapidamente à telemedicina (atendimento médico online). A modalidade expandiu o desenvolvimento tecnológico de comunicação, diagnóstico e tratamento dos pacientes, possibilitando, inclusive, que o ensino da medicina e o treinamento de profissionais ocorressem a distância.  

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“Para o futuro há uma necessidade de combinação de trabalho em equipe aprimorado, redução de encargos administrativos, preparação otimizada organizacional e cada vez mais ênfase no desenvolvimento científico e tecnológico”, aponta Alexandre Padoin. 

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Embora desconfortáveis, o medo e a insegurança ajudam as pessoas a estarem alerta para o risco que permanece / Foto: Pexels

Para além do tempo recorde no desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro, os pesquisadores também salientam o avanço dos algoritmos de inteligência artificial, capazes de identificar e rastrear a disseminação do novo coronavírus, predizendo locais geográficos de alto risco. Nesse sentido, segundo Thiago Viola, “o futuro da saúde pública tende a se tornar cada vez mais digital, incluindo o alinhamento de estratégias internacionais para a regulamentação, avaliação e uso de tecnologias digitais para fortalecer a gestão de crises futuras”.  

Sobre os impactos da Covid-19 na saúde da população, os professores destacam que as principais implicações negativas em adultos incluem o aumento de sintomas de fadiga crônica, sofrimento psicológico, problemas de sono, sintomas de depressão e ansiedade. É importante considerar também que pesquisas apontam que os fatores de risco para os sintomas acima são “ser do sexo feminino, apresentar preocupações com a família, medo de infecção, contato próximo com a Covid-19, sentimento de luto e/ou ter sofrido algum impacto socioeconômico familiar, como perda de emprego. 

Em relação ao comportamento da sociedade sobre a saúde pública, os pesquisadores Alexandre e Thiago afirmam que alguns laboratórios de pesquisa já estão mapeando o que foi mais efetivo em termos de cuidados sanitários, visando a futura prevenção.  

“A construção de sociedades resilientes deve incluir a mudança comportamental de toda a população, bem como a redução das desigualdades socioeconômicas. A incorporação de comportamentos nas sociedades requer mudanças nos ambientes físicos e sociais, como a promoção de locais de trabalho seguros e normas sobre condutas de higiene. Estes espaços precisam ser sustentados pela ativação da comunidade, regulamentação da organização e legislação nacional”, ressaltam. 

Tempo para curar 

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A pandemia acentuou as tensões entre o profissionalismo / Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Manoela Ziebell de Oliveira, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, afirma que diante da realidade de outros países já é esperada a necessidade de um período de adaptação no retorno às atividades presenciais. Para ela “algumas pessoas voltarão com medo e com mais dificuldade de interação. Por isso, precisaremos nos adaptar assim como no início da pandemia, quando adotamos as medidas de isolamento”. 

Sobre os impactos da pandemia na saúde mental da população, a professora destaca uma série de efeitos. O medo da contaminação, a ansiedade com relação ao desempenho nos múltiplos papéis que as pessoas tiveram que conciliar (como trabalhar, cuidar de casa, auxiliar os filhos com ensino remoto, entre outros), o aumento nos níveis de depressão e ansiedade, além do aumento da violência doméstica e suas consequências, são alguns deles. Além disso, aumentaram as incertezas relacionadas ao futuro – seja no âmbito profissional, econômico ou de saúde – especialmente entre as pessoas que se encontravam em situações mais vulneráveis antes da pandemia.  

Mesmo entre pessoas percebidas como saudáveis, observaram-se sintomas de definhamento (sensação de estagnação, vazio, abatimento) após tantos meses de isolamento. Para driblar medos e inseguranças, Manoela alerta para a importância de manter os cuidados como o uso de máscara e de álcool em gel, e evitar as aglomerações. 

“Uma dica também é a prática de mindfulness (exercício de atenção plena no momento presente), para aqueles com dificuldade de concentração ou ansiedade. Também será preciso renegociar limites e tarefas do dia a dia conforme uma maior presencialidade vai sendo inserida na rotina. Além disso, é muito importante buscar ajuda quando a ansiedade ou sentimentos negativos se tornam muito fortes”, completa.  

Embora desconfortáveis, o medo e a insegurança ajudam as pessoas a estarem alerta para o risco que permanece. Buscar conforto e diálogo com pessoas próximas e queridas pode ajudar a lidar com os sentimentos negativos; e manter os níveis de atenção e dedicação na realização das tarefas pode contribuir com a sensação de êxito e autonomia.  

Essas ações não irão eliminar o medo, mas certamente serão úteis para a adaptação durante o retorno das atividades presenciais. “Ainda temos um caminho a ser percorrido e cada um tem um importante papel de manter os cuidados e proteger a si e aos demais”, finaliza. 

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Cartilha do Nupsi desmistifica e conscientiza sobre a saúde da população trans

Foto: Anna Shvets/Pexels

A violência é uma das principais barreiras para pessoas trans no Brasil: o País é o que mais mata a população T em todo o mundo. O dado é reflexo de contextos históricos, culturais e sociais que ainda carregam muitos preconceitos e estigmas em relação ao tema. Pensando nisso, o Núcleo de Psicologia Social e Institucional da PUCRS (Nupsi) lançou uma cartilha especial sobre a Saúde da população trans, divulgada hoje, 21 de janeiro, o Dia Nacional da Visibilidade Trans. O material foi elaborado em parceria com a ONG Igualdade RS e o Ambulatório T do Centro de Saúde Modelo da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. 

O objetivo da cartilha é orientar e atualizar a comunidade em geral, trazendo conhecimentos relacionados a questões identitárias, de sexualidade e de gênero, sobretudo ao que se refere à transexualidade e à travestilidade. “Este material foi elaborado para contribuir com o exercício político do acesso à saúde, de maneira integral e igualitária“, explica Gabriela Baptista Silva, psicóloga do SAPP que coordenou a publicação, em conjunto com Marcelly Malta, presidenta da ONG Igualdade RS. 

Entre os principais assuntos abordados na cartilha estão: saúde mental, identidade de gênero, orientação sexual, processo transexualizador, acesso tanto ao mercado de trabalho quanto à saúde e políticas públicas. 

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Como as reivindicações avançaram historicamente 

A transexualidade foi referida pelas primeiras vezes na década de 50 como o “fenômeno transexual”, sendo classificada desde então como uma doença, e incluída em 1980 na Classificação Internacional de Doenças (CID), e como psicopatia no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação de Psiquiatria Norte-Americana. 

Afirmação de gênero afeta a saúde mental de pessoas trans e não-binárias - Pesquisa inédita mostra que fator está ligado à melhora da ansiedade, da depressão, do orgulho e da positividade

Foto: Priscilla Du Preez/Unsplash

Em 2013, “transtorno de gênero” passou a ser considerado como “disforia de gênero“, na 5ª versão do DSM. E, apenas em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou esta classificação da lista de doenças mentais. Atualmente, é tratada como uma condição relativa à saúde sexual (incongruência de gênero), na 11ª versão da CID (CID-11). 

“A despatologização das identidades trans e as mudanças na CID e DSM não desobrigam o governo a cumprir com essas políticas públicas ou custear procedimentos realizados pelo SUS, uma vez que saúde integral também significa pensar no bem-estar e inserção social dos indivíduos”, destaca Marcelly. 

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O pior País para a população T 

A pauta da transexualidade ainda precisa avançar muito em relação ao acesso a direitos e políticas públicas de combate à violência e crimes de ódio. Em 2020, foram registrados 175 casos de pessoas trans assassinadas no Brasil, o maior número já registrado, sendo 41% maior do que no ano anterior, segundo o dossiê elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e divulgado hoje, 29, Dia Nacional da Visibilidade Trans.

4º Seminário Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio

Grande público presente no seminário
Foto: Bruno Todeschini

Promover um profundo diálogo a respeito do suicídio, suas causas e estratégias de prevenção, abordando-o como uma questão de saúde pública. É o que foi proposto no 4º Seminário Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, sediado na PUCRS e promovido pelo Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Rio Grande do Sul e pelo Programa de Assessoramento e Defesa e Garantia da Assistência Social da União Brasileira de Educação e Assistência da PUCRS (UBEA). O evento, ocorrido na última quarta-feira, dia 5 de setembro, no Salão de Atos, reuniu mais 1,5 mil pessoas, entre funcionários públicos, da saúde, educação, acadêmicos, pesquisadores e público em geral, que buscavam compreender melhor essa realidade e capacitar-se para atuar na prevenção, intervenção e no cuidado de casos de suicídio.

No Rio Grande do Sul, estado brasileiro com a maior taxa de ocorrências, por ano, são 11 casos para cada 100 mil habitantes, o dobro dos registros nacionais. “Hoje, procura-se intensificar a informação e a conversa, para ajudar as pessoas que estão no caminho do suicídio e para que se desenvolvam cuidados com os potenciais suicidas e suas famílias. Assim contornar a situação e minimizar a dimensão dessa tragédia para a espécie humana”, afirmou o secretário Estadual de Saúde, Francisco Zancan Paz.

4º Seminário Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio

Cheila Marina de Lima
Foto: Bruno Todeschini

Participou também da solenidade, a secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Maria Helena Sartori. A representante do Estado destacou a importância de abordar o tema de forma intersetorial, como se propõe o seminário, envolvendo as famílias, instituições de ensino, órgãos de saúde, a sociedade e cada um, dentro de seus setores, para que tenham a capacidade de identificar sintomas, orientar e atuar na prevenção. Maria Helena apontou algumas ações que vem sendo realizadas pelo Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e outras iniciativas públicas, como as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipaves), que vem atuando dentro das escolas estaduais e municipais.

Representando a Universidade, o professor da Escola de Humanidades e responsável pela Representação Estudantil vinculada à Pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), Francisco Kern, falou sobre a importância da acolhida daqueles em situação de risco e de crise, do respeito e da empatia. “Sentimento de compaixão é muito importante, não por pena, mas por compreendermos a condição humano do outro como condição de vida que precisa ser potencializada”, afirmou.

4º Seminário Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio

Marilise Fraga de Souza
Foto: Bruno Todeschini

Em seguida, os painéis foram abertos com a palestra Prevenção do Suicídio: Uma questão de saúde pública, apresentado por Cheila Marina de Lima, enfermeira e consultora do Ministério da Saúde, Marilise Fraga de Souza, vice-coordenadora do Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio da Secretaria Estadual da Saúde,  e Giovanni Salum Junior, médico e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os profissionais apresentaram à plateia, além de dados e estudos, as principais formas de prevenção e intervenção sendo realizadas pelos órgãos e iniciativas públicas, demonstrando o papel de cada setor no combate dessa questão de saúde pública.  “Para enfrentarmos, precisamos de conhecimento, de evidência, de fatos, parcerias e compromisso. Só juntos vamos conseguir mudar essa realidade”, reiterou.

Centro de Atenção Psicossocial (CAP)

A Universidade oferece, através do Centro de Atenção Psicossocial (CAP), atendimento e acompanhamento gratuito para alunos, professores, gestores e colegiados que necessitam de auxílio no enfrentamento de dificuldades que possam afetar o processo de ensino-aprendizagem e de apoio na busca de soluções para essas questões. O CAP é um espaço de escuta, onde são realizados aconselhamentos por uma equipe interdisciplinar de professores da PUCRS com larga experiência docente e profissional. Além disso, possui parceria com o Ambulatório de Psicoterapia Analítica do Hospital São Lucas (AMPA), para o qual faz encaminhamentos quando observada necessidade de atendimento psicoterápico ou psiquiátrico.

O Centro, localizado na sala 803 do prédio 40, 8º andar, está aberto para atendimento de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 21h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3320-3703 ou pelo e-mail [email protected].