Livro Manual de Internação Psiquiátrica

Obra conta com textos de diferentes especialistas e é a primeira publicação brasileira sobre o assunto/Foto: divulgação

No dia 13 de maio foi lançado o livro Manual de Internação Psiquiátricaque reúne textos de diversos especialistas que compõem Serviço de Psiquiatria da PUCRS, em atividade há mais de 40 anos. Os autores principais foram Lucas Spanemberg e Marco Pachecoambos professores da Escola de Medicina da PUCRS, além de duas alunas da especialização em Psiquiatria da Universidade (Alícia Souza de Andrade e Kyuana Azeredo de Lima). Como coautores colaboraram professores e médicos vinculados à PUCRS, bem como a outros hospitais e universidades.  

Até a publicação dessa obra, não havia nenhuma outra nacional exclusivamente voltada para o cenário de internação psiquiátricaAssim, o livro intenciona cobrir uma lacuna e oferecer a especialistas em saúde mental, professores, alunos de graduação da área da saúde, residentes em saúde mental e psiquiatria, um compilado de conteúdos voltado a capacitar e esclarecer sobre patologias, situações e circunstâncias relacionadas à internação psiquiátrica. O livro se propõe a ser um guia prático, tendo como objetivo se tornar referência literária sobre o estado de arte da internação psiquiátrica, atualizando a literatura pertinente nas suas diversas seções. 

A internação psiquiátrica é o local onde frequentemente situações dramáticas e graves encontram uma oportunidade de mudança de trajetória e correção de rumos. É também um ambiente único, diferente dos cenários de atenção primária e ambulatórios especializados, onde o próprio ambiente é uma variável fundamental. Por isso, pensar esse ambiente e as práticas que o regem torna-se algo fundamental aos médicos psiquiatras, para que esses possibilitem o melhor tratamento a seus pacientes.  

Onde o Manual pode ser encontrado? 

O livro físico pode ser adquirido no site da editora Manole, por meio da qual a publicação foi realizada, além disso, o formato Kindle está disponível para compra na Amazon 

As mudanças na área  

A internação psiquiátrica no Brasil começou a mudar na década de 1940, com a médica Nise Silveira, que atuou no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro. Até o momento, as técnicas empregadas nos pacientes eram agressivas e a eles eram atribuídas funções como limpar a unidade em que estavam internados. Silveira se opôs a tratamentos como eletrochoques, insulinoterapia e lobotomia e criou ateliês de pintura para que os pacientes pudessem realizar suas manifestações artísticas, algo que pode ser vantajoso no tratamento psiquiátrico.  

Na década de 1970 iniciou-se, efetivamente, o Movimento da Reforma Psiquiátrica no País e há 34 anos aconteceu a primeira Conferência Nacional de Saúde Mental no Brasil, no dia 18 de maio, atualmente considerado o Dia Nacional da Luta AntimanicomialEsses esforços não foram em vão, seu resultado veio no ano de 2001, quando o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, sancionou a lei Paulo Delgado (Lei 10.216 de 2001), conhecida como lei da reforma psiquiátrica. 

O período posterior ao sancionamento da lei foi marcado pela redução dos manicômios e hospícios no País, visando encontrar formas de assistência em liberdade, com ambientes substitutivos aos manicomiais, e defendendo os direitos dos pacientes. Também foi essa lei que criou os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) no Sistema Único de Saúde (SUS)tornando o acesso a tratamentos maior e mais democrático 

Atualmente, a internação psiquiátrica tem como objetivo ser um ambiente humanizado, que respeita os direitos dos internados e não os discrimina em nenhum aspectoDessa forma, torna-se extremamente necessário um manual que oriente essas práticas e possibilite a atualização dos psiquiatras quanto às mudanças ocorridas na áreaAlém disso, a pandemia causada pelo coronavírus e o consequente isolamento social, afetaram a saúde mental da população, conforme demonstrado pela pesquisa Covid-19 e Saúde Mental, realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), tornando evidente a necessidade da ação de psiquiatras, que devem ter subsídios para orientar suas condutas profissionais. Para tornar o manual ainda mais atualizado, os autores da publicação trouxeram informações referentes à internação psiquiátrica durante a pandemia de Covid-19. 

Ainda mais conectados: novas formas de consumir conteúdo ganham espaço

Foto: Pexels

Estudo, trabalho, contato com a família e amigos, entretenimento e notícias. Durante a pandemia provocada pela Covid-19, essas foram situações que se tornaram cada vez mais digitais em toda a sociedade. Em um contexto de distanciamento social, estar conectado passou a ser um dos principais recursos para realizar as atividades do dia a dia.  

Entre os jovens, um dos públicos mais presentes nas redes sociais e na internet, a pandemia modificou hábitos de consumo de conteúdo. É o que aponta uma pesquisa realizada por estudantes da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos, que investigou o comportamento de pessoas de 16 a 34 anos que residem em de Porto Alegre e na região metropolitana. 

“O consumo de conteúdo, atualmente, ocupa uma parte fundamental no cotidiano das pessoas, especialmente as da faixa etária estudada no projeto, e as mudanças que temos passado em relação a isso são notórias, destaca o professor Ilton Teitelbaum, que orientou a pesquisa. 

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A aluna Rita Karasek, uma das responsáveis pelo estudo, ressalta que a investigação contribui para informar sobre as mudanças de forma simultânea à pandemia. “Estamos passando por um momento inédito e histórico para todos e por isso, ainda escasso de pesquisas. A partir dos dados, também podemos entender quais conteúdos estão sendo mais consumidos e como o isolamento está afetando outros pontos, como a saúde mental dos entrevistados. 

Mais conectados, porém seletivos 

De acordo com a pesquisa, mais de 68% dos jovens permanecem conectados de quatro a 12 horas por diae 12% dos entrevistados afirmaram passar mais de 12 horas na internet diariamente. As redes sociais são responsáveis por boa parte desse tempo. Em 2020, o Brasil saltou para a segunda posição ent

Ainda mais conectados: novas formas de consumir conteúdo ganham espaço

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re os países com a população que mais acessa esses sites e aplicativos, com média de 3h34min por dia. 

Utilizar a internet para mais finalidades durante a pandemia também contribuiu para o maior consumo de conteúdos digitais. Dados do estudo realizado pela Famecos destacaram que cerca de 71% dos jovens se consideram heavy users, ou seja, usuários muito ativos. Porém, 63% dos entrevistados apontam que gostariam de consumir conteúdo com menor frequência no contexto pós-pandemia. 

A perspectiva, no entanto, é de um aumento constante, com cada vez mais pessoas consumindo uma variedade maior de conteúdos digitais em diferentes formatos. Apesar dessa estimativa de crescimento, o estudo ressalta que produtores e marcas devem pensar estrategicamente no conteúdo que oferecem, pois a tendência é de um público cada vez mais crítico e seletivo. 

“O digital permite escolha. E os algoritmos permitem direcionamento e customização. Isso significa que cada pessoa pode consumir o que deseja e o que gosta, na hora que melhor lhe pareça, onde se sinta mais confortável. Esse é o lado bom. O lado ruim é que isso reforça o comportamento em ilhas, o que forma bolhas e afasta cada vez mais as pessoas do convívio com o contraditório. A não ser que elas desejem e busquem saber o que acontece no mundo dos que pensam diferente delas”, comenta Teitelbaum.    

Domínio do conteúdo audiovisual  

Outra tendência apresentada pela pesquisa é o crescimento no consumo de vídeos, principalmente os de menor duração. O estudo demonstrou que no período de distanciamento social, os vídeos rápidos são o formato de conteúdo mais consumido por quase 45% dos jovens. 

Segundo Teitelbaum, os vídeos rápidos tiveram crescimento durante a pandemia principalmente por serem uma alternativa à tensão do momento. “Uma das maiores realidades da pandemia chama-se TikTok. Ele cresceu justamente por ser ‘democrático’ e servir como um conteúdo mais leve, muito oportuno em um momento de tensão coletiva, analisa.   

Séries, filmes e vídeos também são destaque entre os conteúdos que os entrevistados desejam manter ou aumentar o hábito de consumo após a pandemia. Para atender a essa demanda, o público espera que haja um crescimento da oferta desse tipo de conteúdo entre as opções do mercado. 

Um levantamento realizado durante o estudo apontou que em 2020 o uso da televisão para consumir streaming teve aumento de 33%. A Netflix se destaca dentre as plataformas com maior ascensão, com cerca de 16 milhões novos usuários.  

Multiplicação de lives 

Ainda mais conectados: novas formas de consumir conteúdo ganham espaço

Foto: Pexels

Desde o início das medidas de distanciamento social, as lives se multiplicaram como uma alternativa de entretenimento ao vivo. O formato passou a ser um dos principais recursos para que artistas, marcas e produtores de conteúdo mantivessem o contato com o público de forma síncrona. As buscas por conteúdo ao vivo tiveram expansão de mais de 4.900% desde março de 2020. 

A interatividade entre produtores de conteúdo e o público é apontada como um aspecto importante para mais de 90% dos jovens. Os entrevistados acreditam que a construção de uma relação é um diferencial para o sucesso e aproximadamente 54% dos jovens afirmaram que interagem com produtores. 

Saúde mental impacta no consumo 

Uma das razões apontadas pelo estudo para o desejo de consumir menos conteúdo é a preocupação com a saúde mental. Entre os entrevistados, 90% dos jovens afirmaram que a pandemia afetou de alguma forma seu bem-estar emocional e mental 

Apesar do crescimento no consumo de notícias com aumento de 42% nos acessos a sites de informação –, a tendência do público jovem é consumir esse tipo de conteúdo de forma mais superficial e com menor probabilidade de pagar para receber essas informações. 

Entenda mais sobre o estudo 

A pesquisa O Universo do Consumo de Conteúdo contou com pesquisa de dados, etapa qualitativa e etapa quantitativa com mais de 200 respostas. Os dados da etapa quantitativa foram coletados de forma online, por meio de questionário, entre os dias 3 e 18 de novembro de 2020. 

Coordenado pelo professor Ilton Teitelbaum, o estudo foi realizado pelos estudantes Lucas Mucke, Marina Gonçalves, Miguel Bilhar, Nicolas Lima, Patryc Pinto e Rita Karasek. O relatório da pesquisa pode ser conferido neste link. 

Professor Ângelo Brandelli Costa

Divulgação PUCRS

O professor Ângelo Brandelli Costa, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, foi o único líder emergente escolhido no Brasil, tendo sido indicado pela Sociedade Brasileira de Psicologia, para o Global Psychology Leadershipum projeto da American Psychological Association (APA). A iniciativa reúne líderes emergentes de diversos países a fim de promover o papel da psicologia na abordagem de questões globais críticas, como mudança climática e acesso à saúde, para criar projetos que devem ser apresentados no congresso final do instituto, e definir uma agenda para a psicologia até 2025 

Brandelli conta que foi muito interessante os temas escolhidos terem sido esses, visto que já realiza diversas pesquisas sobre o acesso à saúde, estudando os grupos vulneráveis da sociedade e os malefícios que a dificuldade de acesso pode causar. Para ele, essa iniciativa é diferente do que normalmente costuma fazer, já que ao invés de ensino e pesquisa, a ideia é pensar em como constituir uma liderança em nível local que dialogue com o nível global. 

Já sobre o contato com psicólogos de outros países, o docente afirma: “a pesquisa em psicologia no Brasil historicamente se fechou muito em si mesma, os estudos eram publicados quase todos em português, há cerca de dez anos, apenas, esse cenário vem mudando e acho que conectar a psicologia do Brasil com outras partes do mundo e vice-versa é um movimento super importante porque ajuda a divulgar o que está sendo produzido aqui ao mesmo tempo em que são levadas em consideração iniciativas de outros países”, explica. 

Essa é a primeira vez em que o projeto é realizado. “É a iniciativa mais enfática da APA pensando em outras partes do mundo”, conta o professor. Em relação à expectativa com o projeto, considera ser uma honra poder representar o Brasil, trazendo visibilidade à pesquisa nacional 

Conheça o professor 

Ângelo Brandelli Costa é graduado em Psicologia pela UFRGS, especialista em Psicologia Social e em Psicologia em Saúde (CFP), mestre em Psicologia Social e Institucional (PPGPSI/UFRGS) e doutor em Psicologia (PPGPSICO/UFRGS). Também foi consultor de diversas agências das Nações Unidas nos temas de saúde e população LGBT+. Atualmente é professor dos programas de pós-graduação em Psicologia, Ciências Sociais e Ciências Médicas e coordena o grupo de pesquisa sobre preconceito, vulnerabilidade e processos psicossociais da PUCRS.  

Guia educacional ajuda a lidar com a saúde mental de adolescentes e jovens A educação tem papel fundamental na formação das pessoas, tanto em aspectos técnicos, quanto emocionais, psicológicos e mentais. O guia Saúde mental de adolescentes e jovens em contextos educativos: relações de cuidado humano foi pensado e projetado buscando coerência com o que propõe. O objetivo é apresentar um olhar informativo e interventivo, dedicado ao cuidado com a vida de adolescentes e jovens que possam se sentir impactados e impactadas pelo contexto contemporâneo.  

A saúde mental ainda é um tema tabu para grande parte da sociedade. Saber lidar com situações de transtornos depressivos, ansiedade e adoecimento mental é um desafio. O guia apresenta uma construção didático-pedagógica para que pessoas das áreas da educação ou que atuam com adolescentes e jovens, em diferentes realidades, possam somar esforços em redes de apoio e de cuidado. 

Leia também: Pesquisa analisa impacto traumático da Covid-19 na população brasileira

Sobre a construção do guia 

“Essa publicação surge a partir das pesquisas e ações realizadas com jovens. A análise do fenômeno social, somada às proposições de gestores e colaboradores dos empreendimentos maristas, evidenciavam que a contribuição de um subsídio com tom informativo e empático ofereceria mais segurança na tomada de decisões às pessoas que atuam em contextos juvenis”, explica a coordenadora do Observatório Juventudes, Patrícia Teixeira  

A elaboração do material foi feita por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da psiquiatria, psicologia, psicopedagogia e pedagogia. A organização geral do documento foi realizada pelo Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista, com o apoio de profissionais da Assessoria de Proteção à Criança e ao Adolescente, Gerência Educacional dos Colégios da Rede Marista  e Núcleo de Apoio Psicossocial da PUCRS.   

Cuidados em tempos de isolamento social    

O guia está dividido em cinco eixos temáticos que abordam propostas de forma informativa e interventiva. O eixo número quatro apresenta reflexões sobre como a pandemia está impactando na saúde mental.   

Em uma situação de crise, as pessoas reagem de formas diferentes. Algumas se sentirão sobrecarregadas, confusas, desorientadas, amedrontadas, ansiosas, anestesiadas ou insensíveis. Entre os aspectos apresentados pelo guia, a proposta é que, como sociedade, seja possível olhar para as novas gerações, criando redes de apoio, entendendo a condição humana e buscando a empatia, a solidariedade e a compaixão para o cuidado com a saúde mental.   

Leia também: Cuidados com a saúde mental em tempos de isolamento social

Setembro amarelo  

Máscaras personalizadas reforçam a campanha de valorização da vida

Máscaras personalizadas reforçam a campanha de valorização da vida

Além do lançamento do guia, a Rede Marista também apoia outras iniciativas relacionadas a valorização da vida, em especial no mês de setembro, quando diferentes iniciativas são realizadas como uma forma de prevenir o suicídio. Entre as principais ações, estão: o apoio a campanha do Centro de Valorização da Vida (CVV) com a divulgação dos canais de contato da instituição em nossos espaços de missão. 

Como uma forma de trazer uma mensagem de reflexão sobre essa temática, o episódio 98 do Minuto Farol de Esperança apresenta aspectos importantes sobre saúde mental relacionando corpo, mente e espírito. Confira o áudio aqui.   

Na Ilha Grande dos Marinheiros, as educandas e animadoras da Pastoral Juvenil Marista (PJM) do Centro Social Marista Aparecida das Águas conversaram com os colegas sobre a campanha Setembro Amarelo, durante a entrega de cestas básicas realizada na Escola Marista Tia Jussara. As educandas Tainá Popioleki e Mônica Brasil distribuíram máscaras personalizadas e a violeta marista, que mudou de cor este mês buscando sensibilizar a comunidade para a valorização da vida. 

Além disso, a instituição também promove, ao longo do mês, webinars e podcasts para tratar da temática com os colaboradores maristas. 

Quero saber mais 

Se houver interesse em formações sobre o assunto entre em contato com o Observatório Juventudes PUCRS/Rede Marista pelo e-mail: [email protected].

5 dicas: como lidar com as armadilhas da mente - Em momentos de crise, como uma pandemia, a inquietação, o estresse e o medo são fatores comuns, mas trabalhar o autoconhecimento pode ajudar

Foto: Renan Lima/Pexels

No passado a humanidade enfrentou outras situações desafiadores causadas por doenças como Peste Negra e a Gripe Espanhola. Porém, a pandemia da Covid-19 tomou proporções nunca vistas antes no Brasil e no mundo, não somente na área da saúde, mas também economicamente, socialmente e psicologicamente, despertando diversos gatilhos emocionais em muitas pessoas. 

Pensando nisso, o grupo PsiCOVIDa criou uma cartilha para ajudar a identificar e minimizar as consequências de duas das principais armadilhas da mente nesse período: subestimar riscos e tentar controlar o incontrolável. Confira algumas dicas: 

1. Perceba que o medo e a ansiedade são emoções bastante comuns e razoáveis neste contexto: ou seja, o mundo está diante de um perigo invisível, porém real. E, por vezes, letal. Temer este perigo é sinal de que você está dimensionando a realidade do problema e os riscos existentes.

2. Quando não há medo, esta pode ser a primeira armadilha da mente: é a lógica do “não dá nada”, sabe? Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Não é pra tanto”, “Quanta histeria” ou “Que exagero”. Contudo, antes de julgarmos quem adere à tal lógica, é preciso entender que ela está ligada a um mecanismo de defesa do ser humano: a negação. Ele age como um elemento de manutenção da “zona de conforto”.  

3. A brincadeira sadia, o bom humor e o autocuidado podem ser importantes aliados para ajudar a aliviar um pouco a tensão: com compromisso e amor, frequentemente relembre que cada gesto de cuidado é vital e demonstra importante compromisso com a saúde, além de representar um ato de amor para consigo e com quem você gosta. 

4. Nenhum extremo é positivo, nem a ausência de medo, nem o medo excessivo: como essas reações emocionais são, em geral, padrões automatizados, é preciso esforço para conseguir perceber qual a sua maneira de lidar. Se a maioria dos seus pensamentos são negativos, suas emoções e reações refletirão isso. É a consciência que possibilita educar a mente. 

5. De sentido às dificuldades: encontrar sentido  em situações desafiadoras leva as pessoas a valorizar mais o presente e a vida. Por outro lado, não dar o devido valor ao que acontece hoje frequentemente gera sofrimento psicológico. 

Então, o que fazer neste cenário? 

Segundo o grupo PsiCOVIDa, diante de uma situação de estresse ou medo, faça duas perguntas: “Há algo útil, que eu possa fazer agora diante disso?” e “O que eu poderia fazer agora que me aproximaria das coisas mais importantes para mim, para a minha família, para as pessoas que amo, para a minha comunidade, para o meu país, ou para o mundo?”. Estas duas simples perguntas ajudam a trazer a mente para o que é possível ser feito no momento presente, sempre na direção da saúde, do amor próprio e do respeito aos demais. 

Leia também: 5 dicas: práticas para quem quer começar a meditar

Sobre o PsiCOVIDa 

Arte: PsiCOVIDaEm um contexto de mudança de rotina, distanciamento físico, excesso de notícias e consequências econômicas e sociais, é comum que surjam sentimentos como emoções negativas, medo, tristeza, raiva, solidão, estresse e ansiedade. Pensando nessa realidade, pesquisadores e estudantes de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS e da PUC-Campinas se uniram com o objetivo de ajudar as pessoas a lidarem com esse desconforto emocional, dando origem à Força-Tarefa PsiCOVIDa. 

Apoio discente

Estudantes que necessitam de apoio podem contar remotamente com a equipe multidisciplinar do Centro. Foto: Kristina Tripkovic | Unsplash

Dificuldades de aprendizagem; atendimento e acompanhamento às pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e com necessidades educacionais específicas; acolhimento aos estudantes que buscam orientações sobre cuidados com a saúde mental e seus impactos no processo de formação pessoal, acadêmica e profissional. Essas são as necessidades psicossociais atendidas pelo Centro de Apoio Discente da PUCRS e que, durante o período de suspensão das aulas presenciais, seguem sendo realizadas de forma remota. 

Sabemos que este é um período delicado, de muitas inseguranças e incertezas, mas nossas equipes estão disponíveis e preparadas para acolher e auxiliar os nossos estudantes para um enfrentamento saudável nesse contexto de isolamento, privação e de situações de estresse que são geradoras de diversos sintomas.”, afirma a coordenadora do Centro e professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Vanessa Manfredini

Confira como estão operando os núcleos

Núcleo de Apoio à Educação Inclusiva 
Os estudantes que necessitam de orientações e acompanhamento podem contatar diretamente a equipe de atendimento educacional especializada e o psicopedagogo do núcleo pelo e-mail [email protected].

Núcleo de Apoio à Aprendizagem 
Foram criadas áreas virtuais no Moodle, onde todos os alunos das monitorias, assim com os próprios monitores, estão inseridos. Cada monitor fará atendimento semanal através de fóruns, encontros na ferramenta Zoom, além de postagens complementes para auxiliar nos estudos. Esse atendimento está sendo feito por professores e bolsistas, inicialmente para alunos matriculados nas disciplinas de Matemática, Estatística, Física, Química, Letras e Desenho. Para mais informações sobre as disciplinas que possuem monitoria online, acesse a página do núcleo ou entre em contato pelo e-mail [email protected] .

Núcleo de Apoio Psicossocial 
O acolhimento aos estudantes que buscam orientações sobre cuidados com a saúde mental e os impactos nos processos de ensino e aprendizagem está sendo feito por profissionais da Psicologia, com apoio de uma equipe multidisciplinar pelo e-mail [email protected] e pelos telefones abaixo, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h. 
(51) 98300.3778 (Carla Villwock) 
(51) 98334.6418 (Ângela Pratini Seger)

Hábitos podem ajudar na saúde mental em tempos de crise - Incertezas e falta de perspectiva para o futuro são fatores que geram angústia e ansiedade

Foto: THE 5TH |via Unsplash

Períodos de crises globais, como a causada pelo coronavírus (Covid-19), costumam instaurar uma tensão coletiva na população. As sensações de ansiedade, incerteza e medo do futuro são pontos que precisam ser foco de atenção, segundo especialistas. Parte disso está relacionado com a quantidade e a qualidade das informações às quais as pessoas são expostas diariamente, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A epidemia de SARS-CoV, síndrome respiratória aguda que surgiu em 2010, desencadeou sintomas de estresse pós-traumático em 29% das pessoas, enquanto 31% tiveram depressão por causa do período de quarentena. As informações são da The Lancet, umas das publicações científicas mais antigas e conhecidas da área de medicina.

Saiba mais: 5 dicas: como checar informações na internet

Mudanças na rotina causadas pelo isolamento social também podem ser fatores de desconforto para quem não está acostumado a trabalhar em home office e fazer atividades remotas. Wagner Machado, professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUCRS e coordenador do Grupo Avaliação em bem-estar e saúde mental; e Juliana Niederauer Weide, mestranda em Psicologia Clínica, trouxeram sugestões de como manter a saúde mental durante esse período de adaptações:

Saiba mais: uso controlado de smartphones pode gerar bem-estar mental 

Mobilização e solidariedade

Pensando no tema, instituições gaúchas uniram suas forças, criando uma forma de levar pessoas que necessitam de auxílio psicológico para conversar, de forma gratuita, com profissionais capacitados. O objetivo é ajudar a população a lidar com assuntos como medo, desamparo, solidão, angústia e outros sentimentos que podem aparecer em meio à epidemia do coronavírus. O telefone é (51) 3224-3340.

De acordo com o presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, José Carlos Calich, já há cerca de 500 voluntários cadastrados. Entre eles, profissionais da PUCRS, da UFRGS, da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e de outras instituições parceiras.

André Luiz da Silva, professor da Escola de Medicina e monge zen budista, também resolveu ajudar as pessoas nesse período. Ele respondeu mais de 100 dúvidas sobre o coronavírus por aplicativos de mensagens, gratuitamente.

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Boas-vindas no Campus/ Foto: Bruno Todeschini

Bem-estar e a regulação emocional podem estar relacionados com a utilização de smartphones de forma controlada. É o que mostra o trabalho inédito da mestranda Amanda Borges Fortes, do Programa de Pós Graduação em Psicologia da PUCRS. “Quanto tempo as pessoas ficam usando os aparelhos não necessariamente é prejudicial para a saúde mental, mas sim os diferentes tipos de uso”, explica.

Amanda conta que a ideia de pesquisar sobre o assunto veio da sua participação no grupo de estudos Relações interpessoais e violência: contextos clínicos, sociais, educativos e virtuais (Rivi), coordenado pela sua orientadora, a professora e pesquisadora do curso de Psicologia, Carolina Lisboa. “Geralmente os artigos publicados na área têm um viés negativo sobre o uso dos smartphones. A mídia acaba por reproduzir esse discurso e demonizam os aparelhos. A realidade é que a maioria de nós precisa deles no cotidiano”, destaca a mestranda.

O problema não são os smartphones

Para Carolina, o discurso de que “hoje em dia as pessoas não se relacionam mais” ou “todo mundo se expõe em excesso”, não é sempre verdadeiro. “É bom que as pessoas tenham a liberdade de usar seus celulares e a Amanda teve ética e dedicação para demonstrar isso”, conta. A orientadora reforça que o modelo teórico construído não diz que o uso do smartphone e das tecnologias é inofensivo, mas que, ao analisar o contexto, a maior influência vem da parte emocional das pessoas.

O fácil acesso aos smartphones são alguns dos fatores que influenciam esse fator. No Brasil, são mais de 230 milhões de aparelhos em uso, mais de um por habitante, segundo a pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV), no início de 2019. No mesmo ano, o País chegaria a ter 420 milhões de dispositivos ativos.

Recentemente alguns sistemas operacionais disponibilizaram uma função que permitem aos usuários monitorarem quanto tempo eles mexem no celular. Amanda conta que aquelas pessoas que não tinham utilizado a ferramenta ainda, ao estimarem o quanto utilizavam o celular, colocavam menos tempo do que elas realmente praticavam. “Elas se surpreendiam quando olhavam os dados verdadeiros, o que mostra como a percepção é falha”, acrescenta.

Nem todo mundo é feliz nas redes sociais

Uso controlado de smartphones pode gerar bem-estar mental - Pesquisa inédita de mestranda em Psicologia aborda o papel dos aparelhos na regulação emocional

Crédito: Arquivo pessoal/ Amanda Borges

“A verdade é que não existe um viés positivo e um negativo, existe o uso consciente e com cuidado”, diz Amanda. Especialista em terapias cognitivo-comportamentais, ela conta que recebe relatos frequentes em seu consultório sobre a utilização excessiva da tecnologia ou pelos motivos errados. “Quase todos descrevem que se sentem mal ao verem muitas publicações felizes nas redes sociais, como se todo mundo fosse assim o tempo inteiro”.

Os tipos de uso considerados prejudiciais são aqueles em que passa o tempo e a pessoa além de não perceber, também deixa de fazer coisas importantes. É preciso ter cuidado para que o uso não seja uma forma de lidar com emoções negativas.

Nem sempre é necessário estar conectado

Hoje o celular nos oferece diversas funções, inclusive trabalhar. “É um recurso que ajuda muito, mas mesmo assim é necessário saber diferenciar quando é um momento de trabalho e quando não é. Se não, o indivíduo pode desenvolver hábitos disfuncionais para a sua vida, porque não se pode ficar trabalhando 24 horas, todos os dias” explica Amanda.

Segundo ela, a grande sacada é fazer um uso controlado. Para seus pacientes ela orienta sempre que se façam três perguntas: “por quê?”, “para quê?” e “precisa ser agora?” antes de utilizarem o celular.

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Gabriela Techio / Foto: Gustavo Acker

Com a intenção de pensar sobre a saúde mental nos diversos âmbitos da vida, a campanha Janeiro Branco atua na prevenção ao adoecimento emocional. O projeto propõe a reflexão sobre autoconhecimento, relacionamentos, comportamentos e trabalho.

Para a psicóloga e consultora do PUCRS Carreiras Gabriela Techio, a campanha favorece a conscientização sobre a saúde pessoal e a sensibilização do olhar para o outro. “Muitas vezes esquecemos de pensar em nossa saúde mental, além de ser uma área marcada pelo preconceito em nossa sociedade. Trazer esse tema como pauta ajuda as pessoas a se conscientizarem da importância de olhar para aspectos de ordem psicológica, para si mesmo, mas também para aqueles que estão ao seu redor”, destaca.

Na Universidade, o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) oferece apoio e orientação psicológica e pedagógica. Com equipe interdisciplinar, o CAP também auxilia no enfrentamento das dificuldades que possam afetar o processo de ensino-aprendizagem e apoia na busca de soluções para essas questões. “O jovem que aposta em seu autoconhecimento e busca manter uma rede de apoio ativa, podendo perceber seu potencial e suas dificuldades, consegue se organizar de maneira mais saudável com as responsabilidades, tanto acadêmicas quanto profissionais”, afirma Gabriela.

Janeiro Branco também é oportunidade de pensar sobre o trabalho

Setores como o trabalho e a vida pessoal estão diretamente ligados, gerando uma relação circular que precisa ser pensada em conjunto para redução do impacto na saúde mental. “Devemos estar atentos às práticas e ao contexto de trabalho ao mesmo tempo em que devemos considerar o estilo de vida, as condições de saúde, os interesses, as motivações, bem como as dificuldades dos indivíduos que podem afetar a rotina”, destaca a consultora do PUCRS Carreiras.

A psicóloga ainda explica que as rápidas mudanças vividas nas últimas décadas alteraram a forma de trabalho e podem estar relacionadas ao crescimento de doenças como a Síndrome de Burnout. “Quando o mercado de trabalho se torna mais complexo e imprevisível, ele altera as formas de trabalho, exigindo que o trabalhador atenda muitas demandas em pouco tempo e assuma responsabilidades que geram sobrecarga. Imersas em uma rotina com estresse constante as pessoas adoecem”, frisa.

Para auxiliar na promoção da saúde mental no ambiente profissional, Gabriela Techio listou algumas dicas. Confira:

Sobre o PUCRS Carreiras

Na Universidade, o PUCRS Carreiras é um espaço que promove consultorias e capacitações de forma constante, buscando estimular que alunos e alumni PUCRS desenvolvam as competências técnicas e emocionais requeridas pelo mercado de trabalho.

O Carreiras também realiza palestras e workshops com o objetivo de proporcionar dicas e orientações práticas sobre diferentes temáticas, auxiliando na construção da identidade profissional e no desenvolvimento da empregabilidade.

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haitianos, aula de português

Foto: Camila Cunha

                                                                                                                            família italiana, Ana Rech, 1904

Família italiana em Ana Rech, em 1904/Foto: Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami

Migrações: perspectivas histórico-conceituais e análise de fenômenos contemporâneos, dentro do tema Mundo em movimento: indivíduos e sociedade, é uma das pesquisas que integra o Projeto Institucional de Internacionalização – PUCRS PrInt, proposta da PUCRS selecionada em edital do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), da Capes. A Universidade foi uma das 36 instituições contempladas. Reúne pesquisadores de História, Filosofia, Educação, Teologia e Psicologia, em parceria com universidades do exterior, para, além de um passeio pelas questões históricas do fenômeno da mobilidade humana, apontar aspectos transculturais, de identidade e saúde mental resultantes da situação de migrante ou refugiado que se assemelham em diferentes períodos. Com a duração de quatro anos, a iniciativa pretende fomentar uma rede de acadêmicos europeus e americanos dedicados a esses estudos.

“As migrações são um local de observação privilegiado para perceber as mudanças da sociedade contemporânea, do funcionamento das redes sociais às atribuições do direito de cidadania, da integração dos jovens ao nascimento de um novo empreendedorismo”, avalia o professor da Escola de Humanidades Antonio de Ruggiero, coordenador do projeto. Saiba mais na reportagem completa da Revista PUCRS.

Novas chamadas

O PUCRS-PrInt está com novas chamadas abertas para diferentes modalidades de bolsas, do Brasil para o exterior e do exterior para o Brasil. São destinadas a professores e alunos vinculados aos Programas de Pós-Graduação da PUCRS ou professores e pesquisadores vinculados a instituições estrangeiras. Confira aqui.

Internationalization at Home

O PUCRS PrInt promove, no dia 7 de maio, o workshop Internationalization at Home – I@H: Perspectives for Undergraduate Studies, com a professora visitante Sue Robson, da Newcastle University. A docente estará na PUCRS por meio do Projeto Institucional de Internacionalização PUCRS-PrInt e discutirá a internacionalização em casa, teorias e práticas.