Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, estação de tratamento de água, concreto, argamassa,lodo,areia

Foto: Bruno Todeschini/Ascom

O Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Engenharia Civil, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, realiza pesquisa com resíduos gerados no processo de tratamento de água potável. O lodo de estação de tratamento de água (ETA) pode ser empregado em concretos e argamassas. O material, coletado na Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), é queimado em temperatura elevada em laboratório e fica como uma espécie de areia.

Atualmente, o grupo utiliza teor de 2,5%, 5%, 7,5% e 10% de ETA em substituição à areia no molde de concretos e argamassas para realização de ensaios. A proposta é reduzir o uso do agregado miúdo natural na construção civil, já que a areia está entre as substâncias minerais mais consumidas no mundo e vem sendo extraída em velocidade superior à capacidade de renovação. Leia a reportagem completa na Revista PUCRS nº 184.

Voluntariado, Centro de Pastoral e Solidariedade, Hospital São Lucas, ala infantil

Fotos: Bruno Todeschini

Estão abertas as inscrições para o Programa de Voluntariado Marista na PUCRS, promovido pelo Centro de Pastoral e Solidariedade. Elas devem ser realizadas através deste link, até o dia 1 de setembro. Podem participar alunos, professores, técnicos administrativos e diplomados da PUCRS. No dia 9 do mesmo mês, ocorre o encontro de apresentação do Voluntariado. Na ocasião, serão apresentadas as instituições onde os voluntários podem atuar, a documentação necessária e o processo do voluntariado no geral. A ida ao encontro é obrigatória para quem quer consolidar a participação no programa. Neste semestre, ele ocorre na sala 601 do prédio 40 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), das 14h às 16h15min.

Dentre as novidades desta edição do programa estão a Comissão do Voluntariado, o novo processo de inscrição, encontros de Trocas de Experiências, microexperiências de voluntariado e o voluntariado grupal. O trabalho voluntário também conta como atividade complementar. Os certificados são emitidos a partir da prestação de 40 horas.

Cultura da solidariedade

Voluntariado, Centro de Pastoral e Solidariedade, Jorge Marcos dos Santos Leite

Jorge Marcos dos Santos Leite

Quem participa do Programa de Voluntariado Marista não espera nada em troca, mas encontra diversas recompensas ao longo do caminho. Seja auxiliando em oficinas, prestando atendimento médico ou simplesmente ouvindo histórias, os voluntários passam por experiências únicas ao doarem um pouco de tempo em benefício de outras pessoas. “Eles adquirem aprendizados significativos ao aliarem a teoria à prática, além de contribuírem para uma sociedade mais justa”, afirma Jaquelini Debastiani, agente de pastoral responsável pelo programa.

Jorge Marcos dos Santos Leite tem 40 anos. Há quatro, trabalha como vigilante da Universidade. Em maio deste ano, resolveu ingressar no Programa de Voluntariado da PUCRS. Sua missão é animar – para isso, ele criou Timtim, personagem inspirado em Charles Chaplin. O motivo da escolha foi simples: alegrar sem precisar falar. Uma vez por semana, o vigilante aproveita sua folga do trabalho para visitar o Hospital São Lucas e apresentar seu personagem aos pequenos pacientes.

Conheça esta e outras histórias, bem como as novidades desta edição do programa, na matéria Cultura da solidariedade, presente na edição 184 da Revista PUCRS.

Revista PUCRS com versão mobile

Foto: Eduarda Pereira

A Revista PUCRS está com novo site, responsivo, facilitando a leitura por smartphones e outros dispositivos. Agora é possível compartilhar as reportagens e fazer buscas por palavras-chave.

Com design atrativo, a página mantém a identidade visual da publicação impressa. As edições anteriores podem ser consultadas no mesmo endereço.

 

 

Aprender não tem idade

Revista PUCRS, alunos com mais de 50 anos

Foto: Camila Cunha

A reportagem de capa da edição 184 (julho/setembro) traz como tema Aprender não tem idade, mostrando histórias de alunos com mais de 50 anos que voltaram à Universidade e apostam no aprendizado contínuo. Seja pela busca de recolocação ou de uma nova carreira, para realizar o sonho de conquistar um diploma de graduação, pela nova fase de vida depois da aposentadoria ou pelo simples fato de ter mais tempo com os filhos alçando os próprios voos, o número de estudantes com esse perfil vem aumentando com o passar dos anos.

Ter alunos com mais experiência traz enriquecimento para a sala de aula. Já viveram muitas coisas, sabem os desafios do mercado, da vida e da sociedade. A reportagem completa você acessa aqui.

E mais

Outros destaques da revista são uma pesquisa mostrando os efeitos da violência no cérebro adolescente, entrevista com especialistas sobre um mercado em constante transformação e depoimentos de voluntários que contribuem para uma sociedade mais acolhedora. Boa leitura!

 

 

Revista PUCRS - Cuidado

Foto: Bruno Todeschini

Uma pesquisa desenvolvida pelo professor da Escola de Humanidades Luís Evandro Hinrichsen aponta exigências éticas para exercício do cuidado e mostra que esta atitude, da qual todos dependem para existir, corresponde à essência da pessoa. “O cuidado implica intencionalidade, em estar presente de fato, ser atento e acolhedor. Reúne todas as características do ser humano”, afirma Hinrichsen. O estudo foi desenvolvido durante seu mestrado em Teologia e teve como base teórica a antropologia de Heidegger, que aponta para a filosofia de cuidado, além da experiência de São Francisco de Assis presente nos textos do século 13.

O exercício do cuidado requer simetria, proporcionando ao outro a capacidade de cuidar de si, e pressupõe exigências éticas no seu exercício. Cuidado é proximidade, comunicação verbal e não-verbal, promoção da autonomia do outro, reconhecimento desse como pessoa, gestos e atitudes. “Somos dotados de sensibilidade, de inteligência. É uma atitude a ser desenvolvida. Temos que aprender, numa comunidade cada vez mais global e planetária, a transitarmos da violência para a cultura de paz. Isso supõe um passo para além da própria tolerância, na direção da solidariedade”, diz Hinrichsen.

Em todas as profissões, o cuidado deve estar presente, unindo formação cidadã, técnica e humana. Para Hinrichsen, o momento atual é de fragmentação do conhecimento e de cultivo exagerado de si próprio, o que leva à necessidade de descobrir o outro, reconhecê-lo como pessoa e como portador de direitos inalienáveis. “Nessa direção, o cuidado se liga à educação, à formação ética e com responsabilidade”, explica.

Na formação universitária, é preciso atenção interdisciplinar e formação para o cuidado. “Na academia, quem deve explicitar isso é a ética, que tem o compromisso de ser transversal, permear todos os cursos”, salienta professor orientador, Frei Luiz Carlos Susin. Muitas vezes, não é exercido de forma consciente porque as pessoas não estão preparadas. “Nos formamos tecnicamente e descuidamos da nossa formação humana integral. O cuidado como atitude deveria ser orientador de qualquer ação pedagógica, estar presente em todos os currículos, ao menos implicitamente”, ressalta Hinrichsen.

Leia reportagem completa na Revista PUCRS.

Ana Maria Serrano, Portugal, educação inclusiva

A psicóloga e professora do Instituto de Educação da Universidade do Minho (Portugal), Ana Maria Serrano, fará a conferência de abertura do 1º Seminário Luso-Brasileiro de Educação Inclusiva: o ensino e a aprendizagem em discussão, que será realizado nos dias 3, 4 e 5 de maio, no prédio 40 da PUCRS.

Referência em Portugal pelo trabalho com intervenção precoce, beneficiando crianças de zero a seis anos com necessidades educativas especiais (NEE), a psicóloga Ana Maria Serrano acredita que elas e suas famílias não precisam se preparar para a inclusão, porque, naturalmente e por direito, são parte do sistema. Porém, as instituições e os programas educativos devem buscar atender às necessidades da escola para todos. “Um dos grandes desafios é a tensão entre a escola de excelência proclamada hoje, que muitas vezes cria discrepâncias e desigualdades, e a participação de todos, reclamada pela escola inclusiva”, destaca a professora.

O país europeu conta com equipes locais de intervenção, que executam medidas de apoio nas áreas de educação, saúde e assistência social para prevenir o agravamento de problemas dos pequenos, além de reforçar as competências familiares, para que, de forma mais autônoma, os pais possam lidar com a situação.

Interessados podem acessar a entrevista completa com a psicóloga, publicada na edição 183 da Revista PUCRS.

Capa Revista 183Começa a circular hoje a nova edição da Revista PUCRS. Nos destaques de capa, a reportagem sobre pesquisas e novos tratamentos contra o câncer, o lançamento do Tecna, o mais avançado estúdio de cinema e TV do País e a inauguração do Centro de Estudos Alemães e Europeus, o primeiro do Hemisfério Sul.

A publicação conta ainda como o hormônio do amor agora é uma esperança no combate ao crack, apresenta o Método Exponencial, usado em sala de aula para que alunos ajudem empresas a resolver problemas, e acompanha as aulas de Português para imigrantes e refugiados ministradas por voluntários da Universidade.

A edição completa está disponível no site www.pucrs.br/revista. Também pode ser acessada pelo aplicativo Revista PUCRS, para iOS e Android.

O novo Reitor da PUCRS, Evilázio Teixeira, assumiu o cargo nesta sexta-feira, 9 de dezembro, no Centro de Eventos da Universidade, prédio 41 do Campus. Na mesma ocasião, o diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer/RS), Jaderson Costa da Costa, assumiu como Vice-Reitor. Teixeira concedeu uma entrevista para a Revista PUCRS, quando falou sobre sua vocação, seu jeito amoroso, inquieto e disciplinado, a missão de servir à Igreja e à Universidade e o desafio de manter o legado de Marcelino Champagnat, fundador do Instituto Marista, baseado no espírito de família e na simplicidade. “Gosto muito de uma expressão: ‘A PUCRS é a nossa casa’. Isso implica que temos uma causa comum e podemos fazer a diferença”, afirmou, ao estimular o maior engajamento da comunidade universitária. “Nós temos que retomar e fortalecer, cada vez mais, num mundo plural e aberto, a nossa identidade”.

Nascido em Vacaria (RS) em uma família de 11 filhos, Ir. Evilázio tem três bacharelados (Teologia, Filosofia e Direito), duas licenciaturas, dois mestrados e dois doutorados (um em Teologia e outro em Filosofia, feitos na Itália), além de cursos de gestão universitária, com estágio no Canadá e, mais recentemente, de Liderança e Negócios na Universidade de Georgetown (Washington, EUA). Sobre seu perfil na administração, adianta que trabalhará com muito diálogo e empenho.

Está na PUCRS há duas décadas. Sua atuação como diretor do Centro de Pastoral e Solidariedade ficou marcada pelo dinamismo. Foi vice-reitor nos 12 anos de gestão do Ir. Joaquim Clotet, quando coordenou o planejamento estratégico e a reorganização administrativa. Acompanhe as apostas do novo reitor para o futuro da Instituição.

Evilázio Teixeira

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

Qual o legado do reitor Clotet?

Trabalhei com o Ir. Joaquim Clotet ao longo desses 12 anos. Partilhamos uma missão em comum, dentro do Instituto Marista. Ele nos deixa um grande legado. Em sua gestão, a PUCRS deu um salto qualitativo importante. Grandes personalidades nas áreas da ciência, da política, do meio empresarial e de outros tantos setores vêm aqui e saem impressionadas com a Instituição. O reitor projeta a PUCRS para o mundo e o traz para a Universidade. Outra dimensão é o empreendedorismo e a inovação. Em 2004, quando ele colocou isso como prioridade, levou um tempo para a comunidade se dar conta do que isso significava. Também se preocupou com a excelência, de modo especial, na pesquisa – que cresceu muito. A Universidade se coloca entre as primeiras no ranking nacional e está muito bem na América Latina e no mundo.

 

Como inspirar mais alunos e professores a assumirem atitudes empreendedoras? Como fazer com que a sociedade se beneficie do que é produzido na PUCRS?

Trabalhamos com o binário empreendedorismo e inovação. Empreendedorismo é o processo de transformar sonho em realidade e desenvolvimento. Sobre inovação, um grande inovador chamado Thomas Edison diz que é 1% inspiração e 99% transpiração. Uma cultura de inovação tem que ser de disciplina e de trabalho. Entendo que estamos prontos para dar esse salto. O grande desafio para a Universidade do século 21 será a empregabilidade. O profissional do futuro não tem que buscar emprego, deve criar mais empregos, dentro dessa perspectiva de desenvolvimento e melhoria da sociedade. Empreendedorismo e inovação precisam obrigatoriamente fazer parte da nossa pauta.

 

Quais suas prioridades?

A primeira é dar continuidade a projetos em andamento do planejamento estratégico – 2016-2022 e terminar de implementar e consolidar a reformulação acadêmica da estrutura organizacional do modelo de gestão e governança. Precisamos avançar e buscar a excelência em todas as nossas ações. A outra questão importante no patamar a que chegamos e neste mundo globalizado é a internacionalização. Também se faz importante a inovação e o desenvolvimento, que é o nosso posicionamento estratégico para os próximos anos. O conhecimento deve ter incidência na sociedade. Para fazer tudo isso, é preciso integridade e solidez econômico-financeira.

 

Como está a PUCRS hoje?

Dentro do cenário que vivemos no Brasil e no segmento comunitário e confessional, está bem, merecendo alguns pontos de atenção. Aumentou significativamente o número de Instituições de Ensino Superior, e o poder aquisitivo das pessoas diminuiu, dificultando o acesso. Temos de ser espartanos em termos de gastos. Precisamos fazer os ajustes necessários e isso exige uma corresponsabilidade de todos. Não conheço um reitor que não tenha essa preocupação. A integridade econômico-financeira ajudará a garantir não só investimentos necessários, mas também um ambiente saudável.

 

Qual a outra prioridade?

É a questão dos valores, da alma e da missão da Instituição. Nossa visão de mundo se inspira na tradição humanista cristã. Aqui entram a inspiração primeira do fundador Marcelino Champagnat, que originou o carisma marista, visando a um compromisso com a formação integral e cidadã. Valores como o amor ao trabalho, sentimento de pertencimento e, obviamente, uma proposta que não apenas ofereça uma formação técnica e profissional, mas também sentido de vida e comprometimento na construção de um mundo melhor, querem ser o diferencial da Universidade. A missão é inegociável. Nesse sentido, a da PUCRS é clara: “Fundamentada nos direitos humanos e nos princípios do cristianismo e na tradição educativa marista, tem por missão produzir e difundir conhecimento e promover a formação humana e profissional, orientada pela qualidade e pela relevância, visando ao desenvolvimento de uma sociedade justa e fraterna”. A missão deve ser a nossa carta magna e nossa cláusula pétrea.

 

O processo de reorganização administrativa está se concretizando com a criação das Escolas. Como essa fusão de cursos e estruturas poderá se refletir em interdisciplinaridade?

Esse trabalho tem a ver com um estudo de cenários em relação ao mundo e por onde estão indo as melhores universidades. A grande pergunta que estava por trás: o que podemos fazer para garantir a perpetuidade da Instituição e consolidar a sua excelência? Ao longo de três anos, nos demos conta de que a verdadeira reorganização da PUCRS não é simplesmente ligada à administração, mas acadêmica, trabalhando por área de conhecimento e proporcionando uma formação mais completa ao estudante. O futuro aponta para uma interdisciplinaridade efetiva em todas as áreas do conhecimento. As Escolas vão contribuir muito para isso. Aí tem um elemento novo: estão se constituindo os percursos formativos. O aluno vai poder transitar nas diversas Escolas, cursar disciplinas, e não é só interdisciplinaridade ad intra, dentro da Escola, tem que ser ad extra, fora da Escola.

 

Quais reflexos essas mudanças terão na gestão?

As Escolas terão mais autonomia, mas com responsabilidade. Hoje temos uma centralização na Reitoria e nas Pró-Reitorias. Haverá uma caminhada de descentralização, mas com acompanhamento assistido, capacitando as Escolas.

 

O que significa, neste momento da Rede Marista, a escolha de um leigo como vice-reitor?

A PUCRS teve um leigo como reitor, nos seus primórdios. Para a Rede Marista, é algo não só normal, mas desejável e necessário. A maioria dos diretores de Colégios Maristas, por exemplo, são leigos. O Instituto está em 81 países, tem 3.500 irmãos, com faixa etária relativamente avançada, e 72 mil leigos na Instituição, que atendem 654 mil crianças e jovens. Nos últimos anos, consideramos que irmãos e leigos estão a serviço da missão. A vinda do Dr. Jaderson Costa da Costa vem colaborar com o que o Instituto Marista trabalha há anos. Penso que podemos aprender muito com os leigos e vice-versa. O Instituto está se renovando. Maristas de Champagnat, Irmãos e Leigos partilham e vivem o carisma.

 

O professor Jaderson Costa da Costa vem da área científica. Que frutos a PUCRS poderá colher tendo uma liderança reconhecida nesse campo?

Além de vir da área científica, é um grande gestor. Basta ver o quanto mostrou ser empreendedor e inovador, com o Instituto do Cérebro. Conhece a Universidade. Comunga dos valores institucionais. Tem esse comprometimento e um elemento que vai nos ajudar muito: o grande complexo pujante que é a área da saúde.

 

O Ir. Norberto Rauch disse que o cargo requer renúncias. O que deixará de fazer ao ser empossado reitor?

Eu não digo o cargo, mas a missão de ser reitor e a própria vida exigem renúncias. Elas fazem parte da condição humana. A grande renúncia é a do tempo pessoal. É preciso generosidade no que se refere à administração do tempo, estando para e pelas pessoas, a serviço da missão.

 

Qual é o seu projeto de vida?

É fazer o que minha Instituição me pede como um serviço e missão. Eu gostaria, por exemplo, depois, de me dedicar exclusivamente à leitura, ao cultivo pessoal e espiritual, a palestras e a algum trabalho voluntário.

 

E a docência?

Sempre gostei muito. Uma das motivações para ser irmão foi justamente porque me identifiquei como professor.

 

Desde quando o senhor não dá mais aulas?

Aula formal desde que assumi aqui. Dou palestras e trabalho com grupos.

 

Que legado o senhor quer deixar?

É uma pergunta complexa e profunda. Gostaria que meu trabalho fosse um serviço à Igreja e à Instituição. Meu dever é garantir que a PUCRS cumpra sua missão. Diante das diversas situações, busco o discernimento. Na minha meditação, peço que Deus me dê proteção e me ilumine. É importante que as pessoas tenham comigo uma relação de diálogo e confiança. Eu me inspiro em Jesus de Nazaré e seu modo de fazer liderança: uma mistura de firmeza e ternura, proximidade e justiça. O modo como Ele se relacionava com as pessoas e agia sempre foi inspirador.

 

Como o senhor se define?

Eu sempre perguntava para minha mãe como eu era quando criança. “Tu sempre foste amoroso e inquieto.” É verdade. Ao longo dessa vivência de 50 anos, eu agregaria mais dois elementos. Sou exigente comigo e com as pessoas, mas procuro ser justo. Tenho que aprender a ser mais paciente; já cresci, porém o caminho ainda é longo.

O novo Vice-Reitor da PUCRS, Jaderson Costa da Costa, assumiu o cargo nesta sexta-feira, 9 de dezembro, no Centro de Eventos da Universidade, prédio 41 do Campus. Costa atua como diretor do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer/RS). O neurologista concedeu uma entrevista para a Revista PUCRS, que você pode conferir na íntegra abaixo.

Suas leituras evidenciam um homem eclético e com múltiplas atividades. Duas obras sobre universidade dão conta do novo desafio como Vice-Reitor da PUCRS. Diário de uma torcedora, escrito por uma paciente com lesão cerebral, evidencia as relações que não quer perder. Devidamente catalogados, numa estante no gabinete do pesquisador com reconhecimento internacional, estão livros de neurociências. Essa experiência ele leva para a gestão, trabalhando como um médico e cientista: a partir de evidências.

Nascido em Rio Grande (RS) há 68 anos, está na PUCRS desde 1973. A ligação com os maristas começou com o pai, contador, que estudou no Colégio São Francisco e chegou a ser aluno do Ir. José Otão e do Ir. Roque Maria. A mãe era professora. Com a vinda da família para Porto Alegre, o menino foi para o Colégio Rosário. Quase o trocou pela escola pública, mas permaneceu estudando com uma bolsa parcial que ganhou dos irmãos por ser ótimo aluno. Fez Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde participou de pesquisas científicas desde os primeiros anos.

Na PUCRS, ajudou o professor Roberto Guerra Santiago a iniciar a disciplina de Neurologia na Faculdade de Medicina quando ainda era residente na área. Na época não havia tomografia computadorizada, muito menos ressonância magnética. Dependia-se muito de uma clínica apurada. “Tive uma sólida formação com os melhores recursos de então”.

Em 1978, foi para a Universidade de Harvard (EUA) continuar seus estudos e teve contato com os mais renomados cientistas. “Fui fazer um lanche num bar do campus e um senhor falou comigo. Quando olhei seu nome, vi que era o de uma síndrome. Não sabia se conversava com ele ou se comia. Comecei a entender que os grandes cientistas são pessoas comuns, não semideuses. Era possível fazer isso no Brasil”.

Diz que chegou à gestão por acaso. A partir da década de 1980, chefiou o Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas, levando a área a destaque nacional e internacional. Depois foi o primeiro diretor do Instituto de Pesquisas Biomédicas. E, desde 2012, lidera o InsCer, que ajudou a criar e viabilizar. Esperava concluir a consolidação do Instituto e buscar outros desafios, quando foi convidado para assumir o novo cargo.

Jaderson Costa da Costa

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

A que fatores o senhor atribui a sua escolha como Vice-Reitor?

Para mim, era inimaginável, pelo que tinha estabelecido como trajetória. Estava muito claro que eu deveria completar o Instituto do Cérebro. O convite foi de muita sensibilidade. Meu diálogo com o provincial deve ter durado mais de uma hora. Fiquei surpreso. Entraram no entendimento minha trajetória e a íntima ligação com a irmandade – desde meu pai, passando por mim, meus filhos, que estudaram aqui, e agora meus netos, que estão no Rosário. O InsCer hoje é um case de sucesso na pesquisa, no ensino e na gestão. Esses foram pré-requisitos. Entendo também como um convite à área da saúde. É um grande desafio.

 

Como o primeiro leigo depois de muitos anos na gestão da PUCRS (o reitor empossado em 1948 foi o professor Armando Câmara), qual será a sua contribuição?

Não é muito diferente da que daria um irmão marista. Ao encarar como uma missão, os olhares não mudam muito. Talvez a maior contribuição é por conhecer bem a saúde. Eu posso ajudar, ao aglutinar pessoas, a repensar áreas e preparar a Universidade para novos desafios. Vou contribuir na interlocução e na busca de políticas baseado em evidências científicas sem perder de vista a humanização de todas as áreas.

 

Qual papel o senhor desempenhará?

Quando se faz uma proposta, é preciso ter elementos para decidir, o que reduz o erro e o achismo. As evidências reforçam as decisões. Ter indicadores e levar em conta a literatura evitam que reinventemos a roda e possibilitam a adaptação à nossa situação. Devemos lembrar que tudo deve ser centrado na pessoa. Não se pode pensar em tecnologia e ciência que não tenha esse viés. No InsCer, por exemplo, as pesquisas buscam soluções para as doenças dos pacientes. Estamos interessados na cura.

 

O senhor cuidará de projetos relacionados à sua área de origem?

Serei vice-reitor de todas as áreas, embora tenha conhecimento maior da saúde. Não acho que deva levar esse traje para a Reitoria. Está dentro das minhas qualidades que pode ajudar a compor. Não devemos entender a reformulação na área da saúde, com as dificuldades que passa, porque determinadas pessoas são melhores ou piores, mas por necessidade de reorganização do sistema de governança e gestão. Precisamos repensar esses aspectos, buscando maior agilidade à tomada de decisão e com processos de avaliação e controle atuais.

 

O que isso visa a melhorar?

Temos uma grande área, formada por algumas ilhas por vezes isoladas. Precisamos transformá-la num arquipélago ou num continente. Temos o InsCer, o Centro Clínico, o Hospital São Lucas, o Instituto de Pesquisas Biomédicas, o Instituto de Geriatria e Gerontologia, a Escola de Medicina, a Faculdade de Enfermagem, Fisioterapia e Nutrição. Na visão de unidade, é fundamental a interação com outras áreas, como educação, direito, humanidades, linguística, física, engenharias, química e as de natureza tecnológica. Temos a maior obra social da Rede Marista, que é o Hospital, por onde passam 19 mil pessoas por dia, e precisa de um olhar especial. Lida com pacientes muitas vezes em estado crítico e tem uma grande demanda de consultas em seus ambulatórios. É o que mais sofre, em termos de recursos financeiros destinados à saúde.

 

Como o senhor vê a PUCRS hoje?

A Universidade se transformou e, na gestão Clotet, teve um salto de qualidade no processo de internacionalização. Começou a ser reconhecida por todas as parcerias internacionais firmadas e por grandes eventos com a participação de pesquisadores de diversos países. A PUCRS hoje tem uma estrutura complexa, altamente diferenciada e busca novos desafios.

 

O que faz como lazer?

Leio. Estou lendo sobre universidade empreendedora, sobre gestão, Sapiens, de Yuval Harari, e A Saúde no Brasil em 2021. Quando entro na Amazon e mostram meus possíveis interesses, aparece de tudo. Não conseguiram ainda definir o meu perfil.

 

De que tipo de música o senhor gosta?

Se pegar o iTunes, tem de tudo. Gosto de ópera, música clássica, mas não sempre. Depende do momento. Em situações descontraídas, com amigos e família, ouço música popular. Sendo boa música, gosto.

 

Um filme.

Gosto de cinema mais cult. Cito O Ovo da Serpente e Das Weisse Band, que nos remetem à origem do mal, ao pré-nazismo. Mas também aprecio os filmes atuais, principalmente de ficção científica.

 

O senhor acredita em Deus?

Sim. Falo em espiritualidade, hoje uma das dimensões do bem-estar, segundo a Organização Mundial da Saúde. Quando você trata de paciente, isso está presente sempre. Aquele é um momento mágico. O cuidar é a síntese da espiritualidade.

Nesta terça-feira, 10 de novembro, a Revista PUCRS lança seu aplicativo para smartphones e tablets, disponível para instalação gratuita para Android (Play Store) e iOS (App Store). Uma vantagem é que o app também pode ser acessado pelo aplicativo da Universidade. Para os alunos que têm a ferramenta, é só abrir o novo ícone. O mesmo vale para professores, técnicos administrativos e funcionários do Tecnopuc.

Ao instalar o app Revista PUCRS no dispositivo móvel, o leitor ainda pode pesquisar o acervo da publicação desde o ano 2000. Todas essas edições, no entanto, não ocupam o armazenamento do dispositivo móvel. “O acesso aberto é considerado pela PUCRS condição necessária à democratização da informação”, afirma a editora executiva da publicação, jornalista Magda Achutti.

Matérias aprofundadas sobre pesquisas, saúde, ambiente, tecnologia, inovação, entrevistas e pessoas que fazem a Universidade serão acessadas diretamente no celular ou tablet. E ainda há uma área de notícias com atualizações entre uma edição e outra, que tem intervalo bimestral.

Ao lançar mão da nova ferramenta, a PUCRS faz a diferença na forma de se comunicar desenvolvendo uma estratégia, por meio de sua Revista, que engloba nova modalidade de transmitir informação multimídia e conhecimento, sem deixar de lado a sua versão impressa. O app permite ainda atingir milhões de usuários que ultrapassam os muros da Universidade.

Com 37 anos de circulação, periodicamente a Revista PUCRS está de cara nova. Agora, desafia-se a mudar para levar informação qualificada com impacto em larga escala. Um dos principais propósitos da publicação é traduzir a linguagem acadêmica, científica, para a jornalística. Qualquer pessoa pode ter acesso ao saber produzido na Universidade.

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