Devido ao esgotamento das jazidas de mineração de areia do rio Jacuí, o lago Guaíba tem sido apresentado como alternativa para a mineração de areia para a construção civil, o que pode representar em mais uma fonte de impacto para o manancial de água que beira a cidade de Porto Alegre. Em função de estudos já desenvolvidos pela PUCRS, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) contratou a Universidade para a elaboração de um laudo sobre os potenciais impactos da atividade de mineração de areia sobre a fauna aquática do Guaíba. Esse levantamento está sendo conduzido pelo Instituto do Meio Ambiente da PUCRS (IMA), que irá colaborar com o licenciamento ambiental conduzido pela Fepam.
Por ter uma importância estratégica para a sociedade gaúcha, desde 2012, a PUCRS vem desenvolvendo estudos no lago. A iniciativa começou com um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi dividido em dois subprojetos independentes. O primeiro, intitulado Diagnóstico da pesca da tainha e do bagre-marinho na região límnica da Laguna dos Patos, resultou em uma tese de doutorado e artigo publicado no Journal of Fish Biology. O segundo subprojeto, denominado Modelagem do padrão de ocupação de habitat de espécies dominantes da ictiofauna do Lago Guaíba, objetivou o estudo de padrões temporais e espaciais de ocupação de hábitat de espécies dominantes da fauna de peixes.Durante dois anos foram realizadas 59 amostragens contemplando os diferentes hábitats do Guaíba, como pontos de conexão com rios e arroios, assim como toda a superfície do lago. Os dados oportunizaram a elaboração de duas teses de doutorado e um artigo publicado recentemente na revista Frontiers in Marine Biology.
A partir destes estudos, um laudo, que será apresentado em forma de livro impresso e eletrônico, deverá estar pronto até o final de 2019. “O lago Guaíba é de grande importância por sua rica biodiversidade e pelos vários tipos de hábitats compreendidos em sua extensão. Devido ao conjunto de impactos impostos ao lago e o aumento dos centros urbanos às margens deste ambiente, é imprescindível a caracterização do perfil atual deste ecossistema para a aplicação de medidas eficazes de conservação”, comenta o diretor do IMA, Nelson Fontoura.
O lago Guaíba se constitui como o principal manancial de abastecimento da capital gaúcha. Mesmo assim, recebe uma carga poluidora de várias naturezas, incluindo esgotos domésticos in natura, efluentes industriais e contaminação decorrente de atividades agrícolas.