O Brasil é o país com a maior incidência de raios em todo o planeta, chegando a cerca de 50 milhões por ano. Essas descargas elétricas podem ter até 30 mil amperes, mil vezes mais do um chuveiro elétrico. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ocorrem, em média, 111 mortes e cerca de 500 pessoas são vitimadas no país por ano por acidentes desta natureza. Entre 20 e 30% das pessoas atingidas morrem, a maioria por parada cardíaca e respiratória. Aproximadamente 70% dos sobreviventes sofrem uma série de sequelas psicológicas e orgânicas. Para evitar estes casos e diminuir o número de vítimas é necessário tomar cuidados durante chuvas e tempestades, principalmente na primavera e verão, período de maior incidência do fenômeno. O coordenador do Laboratório de Eficiência Energética (LABEE) da Faculdade de Engenharia da PUCRS, Odilon Francisco Pavón Duarte, dá algumas dicas sobre o assunto. Confira:
É perigoso permanecer na beira da praia ou na piscina em dias de chuva?
Sim. A pessoa poderá receber uma descarga elétrica direta no seu corpo, podendo levá-la a óbito. Vale lembrar que em superfícies lisas como piscinas, rio ou mar, a cabeça do banhista é o ponto mais alto na área, atraindo com facilidade os raios.
Quem toma banho de chuva em dias com incidência de raios está correndo perigo?
Sim. Principalmente em uma área descampada e fora do alcance dos para-raios. Deve-se ter em mente que o raio sempre procura o caminho de menor “resistência” entre a nuvem e a terra. Os pontos altos e pontiagudos favorecem o estabelecimento desse “caminho”. Logo, nesse cenário, o indivíduo poderá receber uma descarga elétrica.
O que as pessoas devem evitar fazer em dias de tempestades? Quais cuidados devem tomar?
Se a pessoa estiver ao ar livre no caso de tempestades acompanhadas de descargas atmosféricas, deve procurar um abrigo seguro, longe de árvores e estruturas metálicas. Caso esteja dirigindo, pare em local elevado, por ser livre de inundações, mas longe de árvores, redes elétricas e rios.
Há a possibilidade de um raio atingir eletrodomésticos dentro de uma casa de madeira ou material? Devemos retirar aparelhos eletrodomésticos da tomada em dias de maior incidência de raios?
Durante as tempestades elétricas, com a incidência de raios, é prudente que as pessoas tirem todos os aparelhos domésticos da tomada, uma vez que, caso aconteça uma descarga elétrica nas linhas de distribuição, a energia dessa pode ser transmitida para os equipamentos.
O que pode ser feito para obter total certeza de que se está protegido dentro da própria casa? E na rua?
Para uma maior proteção em casa, aconselha-se a instalação de pára-raios no alto de casas e edifícios a fim de evitar risco de destruição e incêndios. Porém, estes elementos não garantem, sozinhos, a proteção de eletrodomésticos e equipamentos elétricos, já que os picos de tensão são provocados, principalmente, por raios ocorridos em locais distantes e conduzidos pela rede elétrica (por exemplo) até o interior das edificações.
Para atenuar este tipo de descarga elétrica, que não é protegida pelos pára-raios externos, recomenda-se a retirada das tomadas de todos os equipamentos e, se possível, o emprego de varistores (dispositivos que protegem equipamentos eletroeletrônicos em residências, escritórios, indústrias, hospitais, fazendas e em qualquer lugar que receba energia elétrica).
Também é importante evitar o contato com qualquer objeto que possua estrutura metálica, como fogões, geladeiras, torneiras, canos; afastar-se das tomadas e evitar utilizar o telefone convencional; desligar os fios da antena externa dos aparelhos.
A melhor opção na rua é abrigar-se em construções e veículos. Entretanto, se não houver um abrigo por perto, é necessário procurar um local baixo para abrigo, evitando ficar no alto de colinas e em campos abertos. Também é preciso ficar longe de árvores ou qualquer outra estrutura alta, bem como de cercas e fios de energia elétrica.
Como socorrer uma pessoa que for atingida por uma descarga elétrica?
As vítimas de raios precisam de urgente socorro médico, especialmente utilizando técnicas de reanimação cardiorrespiratória (sabe-se que a maioria das mortes de pessoas atingidas por descargas atmosféricas é causada por parada cardíaca e respiratória). Após este procedimento de reanimação, deve-se verificar (em um hospital especializado) a extensão das queimaduras (principalmente internas), pois a corrente elétrica do raio pode causar essa anomalia e, outros danos a diversas partes do corpo.