Em uma época em que são recorrentes fatos envolvendo o terrorismo e a intolerância religiosa, o Programa de Pós-Graduação em Teologia da PUCRS promove um evento voltado ao diálogo. Na manhã desta quarta-feira, 5 de abril, o Rabino Guershon Kwasniewski, líder religioso da Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência (Sibra) esteve na Universidade conversando com alunos do curso de Teologia sobre a Páscoa Judaica, chamada de Pêssach (Ceia Pascal), que será celebrada na próxima semana.
Segundo o professor do curso de Teologia e Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, Leomar Antônio Brustolin, o encontro simboliza mais uma ação na busca de um caminho de paz entre as religiões. “Todos nós temos um discurso de Paz, e ele é necessário. Mas só o discurso não basta. É preciso também mostrar práticas”. Segundo Brustolin, ações como essas não eliminam as diferenças, mas superam as distâncias. “Não estamos querendo um sincretismo, mas não precisamos estar distantes porque temos perspectivas diferentes”, define. O professor explica que essa aproximação começou em 1986, quando o Papa João Paulo II visitou pela primeira vez a Sinagoga de Roma. Na época, ele declarou: “Os Judeus são os nossos irmãos mais velhos”. Tanto Bento XVI quanto o Papa Francisco também caminharam neste sentido, buscando concretizar os ensinamentos da Nostra Aetate, a declaração do Concílio Vaticano II que sugere o diálogo fraterno com os judeus.
Durante a palestra, o líder judaico destacou questões relacionadas a origem, princípios e teorias da religião e da páscoa judaica. Em conversa com a reportagem, antes do encontro com os alunos, ressaltou pontos relativos a intolerância nos dias atuais. “ O grande problema é que o homem do século 21 está falando com armas no lugar de palavras”, argumenta. Segundo ele, o que as religiões estão buscando é dialogar, pois a palavra pode ser uma arma muito mais forte que as próprias armas de guerra. “A palavra da paz, do entendimento, e gestos concretos, de aproximação, multiplicam a mensagem de que o diálogo é possível. Dialogar com o diferente gera algo bom, e permite reafirmar a minha identidade. Foram muitos anos de enfrentamento que precisam ser deixados de lado”, entende o Rabino.
Um fato inédito marcará ainda mais essa aproximação na próxima terça-feira, 11 de abril, quando a Arquidiocese da Capital e a Sibra promoverão a Ceia Pascal Judaica no subsolo da Catedral Metropolitana de Porto Alegre. A celebração, que recorda o êxodo do Egito, ocorrerá às 19h30min e deve reunir cerca de 250 pessoas. Outros detalhes estão disponíveis no site www.arquidiocesepoa.org.br.