Projeto Herdeiras: as consequências da exploração dos povos negros e indígenas

Mulheres indígenas brasileiras lutam contra a violência / Foto: ONU Brasil

Quem são e como vivem as mulheres brasileiras descendentes de povos historicamente explorados? A partir de narrativas biográficas, os projetos Herdeiras Negras e Herdeiras Indígenas contarão as histórias de três gerações de mulheres negras de regiões com economia originalmente escravagista e de mulheres indígenas de diferentes etnias após o contato com outras civilizações não-indígenas. 

Os estudos são liderados pelo professor Hermílio Santos, coordenador do Grupo de Pesquisa em Narrativas Biográficas do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS (PPGCS). Ambos foram contemplados pelo edital de financiamento da Fapergs/BPA-PUCRS e o estudo da herança da escravidão concorre a um edital da DFG, instituição alemã de fomento à pesquisa. 

O professor Steve William Tonah, do Departamento de Sociologia da University of Ghana, na África, abordará o panorama global, como a riqueza das culturas das nações africanas e a captura forçada de pessoas negras no período anterior à abolição. 

Uma das principais referências internacionais no desenvolvimento da análise reconstrutiva de narrativas biográficas também participará do estudo: a professora Gabriele Rosenthal, da Universität Göttingen, na Alemanha. 

Questões sociais e étnico-raciais de impacto global 

3º Seminário Juventudes Negras e Políticas Públicas 2017

Seminário Juventudes / Foto: Camila Cunha

O projeto Herdeiras Negras investigará a memória da escravidão e da economia canavieira, em Olinda (PE); da exploração de diamantes, em Diamantina (MG); e de charque, em Pelotas (RS). Queremos mostrar o ponto de vista dessas mulheres que experienciam as consequências do longo período de escravidão que aconteceu nessas regiões entre os séculos 14 e 19”, explica o pesquisador. 

Já o projeto Herdeiras Indígenas acompanhará mulheres das etnias Kaigangue e Xokleng e Bóe-Bororo (no Rio Grande do Sul, com contato iniciado há mais de 100 anos), Panará e Enawenê-nawê (com 40 anos de contato) e Yawalapiti e Kamayurá (em torno de 80 anos de contato), todas do estado de Mato Grosso. O objetivo do estudo é entender como mulheres de diferentes etnias interpretam e vivenciam o contato com a cultura não-indígena. 

Promovendo o acesso ao conteúdo científico 

Projeto Herdeiras: as consequências da exploração dos povos negros e indígenas

Foto: Reprodução

Os resultados das pesquisas, que ainda estão em desenvolvimento, serão transformados em uma série documental de acesso livre. A produção contará com a parceria de curadoras como Watatakalu Yawalapiti, uma das lideranças do movimento de mulheres indígenas no Xingu, em Mato Grosso. 

Estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado do PPGCS, em sua maioria bolsistas, criaram duas páginas online com materiais próprios e curadoria de conteúdos audiovisuais e bibliográficos sobre os temas dos projetos. Confira: Herdeiras Indígenas e Herdeiras Negras. 

O grupo também recebe participantes de outras cidades e países, como o Padre Talis Pagot, doutorando da Pontificia Università Gregoriana, em Roma. 

Os povos indígenas contam suas histórias 

No dia 17 de junho, o professor Hermílio mediará o evento Povos indígenas por eles mesmos, com representantes de sete etnias indígenas. O bate-papo é uma oportunidade para que o grupo compartilhe experiências para além da visão acadêmica, propondo reflexões sobre os distintos contextos e experiências indígenas no País. 

O Dia da Pessoa Indígena 

Popularmente conhecido como o Dia do Índio, o dia 19 de abril marca a data do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, que aconteceu em 1940, no México. O encontro teve o propósito de discutir pautas a respeito da situação dos povos indígenas nas Américas e reuniu diversas lideranças do movimento. 

Leita também: Estudo analisa impacto do contato com outras civilizações na população indígena 

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Foto: VWI/Divulgação

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais promove, nos dias 2 e 3 de outubro, palestras com a professora Gabriele Rosenthal, do Centro de Métodos em Ciências Sociais da Universidade de Göttingen, Alemanha. Os debates, abertos ao público e gratuitos, serão realizados no Auditório Global Tecnopuc – Prédio 97A Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), ambos às 17h. Para participar, é preciso efetuar inscrição através do e-mail [email protected].

Na segunda-feira, a professora irá abordar o tema A caminho de uma pesquisa sociológica interpretativa histórica e processual: Uma pesquisa biográfica a partir da sociologia figurativa. Na terça-feira, será tratada a Migração econômica ou fuga diante da violência coletiva ou individual? Autoapresentação biográfica de migrantes e refugiados da e na África. A palestra será traduzida de forma consecutiva.

Saiba mais:                                                                      

Gabriela Rosenthal é socióloga e professora de Métodos Qualitativos no Centro de Métodos em Ciências Sociais da Universidade de Göttingen, Alemanha. Possui mestrado em Sociologia e Psicologia pela University of Konstanz, Alemanha, doutorado pela University of Bielefeld, Alemanha, e especializou-se em Sociologia Interpretativa pela University of Kassel.  A socióloga se destaca pela contribuição aos estudos interpretativos e à abordagem biográfica nas Ciências Socias, tendo dois livros publicados em português sobre os assuntos, Pesquisa social interpretativa: Uma introdução e História de vida vivenciada e história de vida narrada: A interrelação entre experiência, recordar e narrar. Atua nas áreas de Sociologia Geral e Interpretativa, Métodos Qualitativos, abordagem biográfica e familiar em pesquisas, migração, pertencimento étnico, entre outros.

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Foto: Yasmin Dutra/PUCRS

O Reitor, Ir. Evilázio Teixeira, recebeu nesta segunda-feira, 17 de julho, a presidente da International Sociological Association (ISA), Margaret Abraham, e sua comitiva, composta pelo vice-presidente e pela secretária executiva da entidade. Essa comissão está responsável pela escolha da sede do 4º Fórum de Sociologia da ISA, em julho de 2020, que tem Porto Alegre e Moscou (Rússia) como candidatas a receber o evento. Durante o dia, o grupo conheceu a estrutura do Campus e espaços como o Centro de Eventos, o Parque Científico e Tecnológico (Tecnopuc) e o Museu de Ciências e Tecnologia, acompanhado de professores do Programa de Pós-Graduação e Ciências Sociais. Professora da Hofstra University (EUA), Margaret e sua equipe chegaram à Capital em 16 de julho e permanecem até o dia 18 deste mês.

A revista Civitas, publicação de Ciências Sociais vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS, foi classificada como A1, nível máximo de qualificação na área de Sociologia e Ciências Sociais no sistema Qualis de avaliação, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo o professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e editor da publicação, Emil Sobottka, a distinção ressalta o nível de qualidade alcançado pela Civitas, que passou por critérios de exigências como a seleção por revisão cega, quando autor e parecerista não sabem um a identidade do outro; ter autores e pareceristas de todas as regiões do País e de outros países (inserção internacional de fato); estar disponível em bases de textos científicos e em indexadores considerados de qualidade.

Sobottka destaca, também, que a Revista tem sido muito utilizada por pesquisadores, com uma média de 25 mil downloads mensais de artigos em dois anos. A distinção eleva ainda mais a qualidade do nível da publicação e do Programa de Pós-Graduação na qual ela está vinculada. “Um artigo publicado num periódico A1 recebe 100 pontos. A2, que era o nível anterior, recebe 85 pontos. Pode-se ver que a média de pontos (nº de pontos x nº artigos / nº de professores) de um programa de Pós depende muito da classificação do periódico em que eles publicam – e a produção científica é decisiva para a nota que o Programa recebe na avaliação quadrienal da Capes”, explica. A publicação pode ser acessada clicando aqui.