O Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) está recebendo equipamentos adquiridos pelo projeto Geoquímica Avançada e Geocronologia (GEACRON), em colaboração com a Petrobras. O investimento foi de aproximadamente 20 milhões de reais e tem como objetivo criar um laboratório de referência no Brasil. O foco do projeto é desenvolver conhecimento em pesquisas isotópicas avançadas e geocronologia (método de datação para determinar a idade de rochas e fósseis, por exemplo)além de atender as demandas da Indústria do Petróleo e Gás, por meio de projetos de pesquisa e desenvolvimento.

Um dos equipamentos importados foi o espectrômetro de massas multicoletor de alta resolução, recebido na semana passada pelo projeto. Capaz de analisar isótopos (variantes de elementos químicos) de diferentes metais – cujos resultados poderão ser usados para a datação de rochas, por exemploesse equipamento será fundamental para a ampliação da capacidade analítica do Instituto.  

Além disso, o equipamento irá garantir o desenvolvimento de pesquisas no Brasil que, atualmente, são realizadas apenas no exterior ou são limitadas a poucas instituições de pesquisa em nosso país. Hoje, há um interesse nacional e internacional de como e quando o depósito do pré-sal foi formado. pré-sal é uma das maiores reservas de petróleo do mundo e isso tornou o Brasil o centro das atenções nessa linha de pesquisa, afirma o pesquisador Dr. Luiz Frederico Rodrigues, coordenador do Projeto Geacron. 

Os novos equipamentos possibilitarão ampliar o conhecimento em técnicas analíticas não usuais no Brasilpara atender à demanda da indústria brasileira que hoje é assistida por serviçointernacionaisSomado a isso, devido ao elevado número de análises químicas de rotina represadas nesta indústria, o IPR também inicia uma capacitação para atender a novos serviços com os novos equipamentos. 

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Foto: Divulgação/Petrobras

Desde a descoberta dos reservatórios carbonáticos do pré-sal no início dos anos 2000 até a efetiva produção de petróleo e gás natural a partir do ano de 2009, o interesse nestes grandes reservatórios vem crescendo e dá-se devido à sua importância econômica, uma vez que 65,5% do total de petróleo e gás natural produzidos no Brasil provêm dos reservatórios do Pré-sal. Entretanto, além da relevância econômica, há o interesse científico no entendimento da formação e evolução destas rochas-reservatório, já que, até o momento, não há reservatórios análogos, que contenham todas as características comparáveis as dos reservatórios do Pré-sal.

Em parceria científica com a empresa Equinor Brasil, o Instituto de Petróleo e Recursos Naturais (IPR), situado na PUCRS, irá executar o Projeto Genesis: Gênese e alteração de depósitos Pré-Sal Aptianos da Bacia de Santos. O objetivo central deste projeto está focado no estudo da origem e da evolução dos reservatórios carbonáticos do Pré-sal da Bacia de Santos, considerando-se que há muitas questões ainda sem solução e que podem influenciar na recuperação do óleo lá contido. Nos quatro anos da duração do projeto, os pesquisadores aplicarão técnicas petrográficas, geoquímicas e isotópicas nas rochas-reservatório, cujos resultados auxiliarão em um melhor entendimento sobre a gênese e evolução sedimentar destas bacias e suas rochas-reservatório, bem como os seus impactos sobre a qualidade dos reservatórios do Pré-sal.

A equipe será constituída pelos geólogos do IPR Anderson José Maraschin, Rosália Barili da Cunha e José Antônio Cupertino, além do diretor do Instituto, professor Felipe Dalla Vecchia, tendo como interlocutores técnicos da Equinor Brasil, a geóloga Juliana Finoto Bueno e o geofísico Bruno Honório. Futuramente, serão contratados geoquímicos, geofísicos, auxiliares de pesquisa, bolsistas, pesquisadores e professores estrangeiros visitantes, totalizando 16 profissionais diretamente envolvidos na iniciativa. Além disso, estes profissionais estarão em frequente contato com colaboradores da Equinor Noruega, de forma remota ou por visitas presenciais.

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Foto: Divulgação/Petrobras

A atuação da petroleira no Brasil e o Pré-sal

Há 19 anos sediada no país, a Equinor Brasil atua efetivamente na produção de petróleo e gás natural offshore com várias atividades no Pré-sal. Atualmente, é a segunda operadora com produção de 51 mil boe/dia (corresponde a soma da produção de petróleo e gás natural) para o mês de dezembro de 2019.

O Brasil é uma das áreas principais da empresa, juntamente com os Estados Unidos e a Noruega. Em solo brasileiro ficam localizados os campos de Peregrino (pós-sal Bacia de Campos) e Bacalhau (antiga área de Carcará), situado no Pré-sal da bacia de Santos. Em agosto de 2015, em parceria com a Sinochem, a empresa ultrapassou a marca de 100 milhões de barris produzidos em Peregrino. Para Bacalhau, a projeção é ainda mais otimista: a empresa terá uma unidade flutuante de produção com capacidade de produção de 220 mil barris/dia.

“Na condição de instituto de pesquisa voltado, dentre outros estudos, para a área de petróleo e gás natural, é fundamental firmar parcerias sólidas com indústrias petrolíferas de renome e com atuação ativa nas bacias sedimentares brasileiras. Desta forma, a interação entre empresas e academia impulsiona o amadurecimento científico a respeito de um dos maiores reservatórios de óleo e gás natural do mundo”, destaca Anderson José Maraschin, pesquisador do IPR à frente do projeto.

Sobre a Equinor

A estatal norueguesa Equinor é a segunda maior operadora do país, com produção média de 100 mil barris por dia. O Brasil é considerado um dos três países prioritários para os investimentos da empresa nas próximas décadas.

Plataforma de petróleo

Foto: DAS_70/pixabay.com

Nesta quarta-feira, 29 de junho, ocorre mais um encontro do painel Emergência Democrática, que debaterá o tema Pré-Sal e Soberania Nacional: uma Riqueza Nacional Cobiçada por Interesses Internacionais. A ideia é promover um diálogo com a participação do engenheiro Raul Bergmann, integrante da Associação dos Engenheiros da Petrobras. A atividade, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade, ocorre das 17h30min às 19h, no auditório térreo do prédio 5 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), é gratuita e aberta ao público. Não serão necessárias inscrições. Outras informações pelo telefone (51) 3320-3554.