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Foto: Matheus Gomes

A professora da Escola de Humanidades Marília Morosini está entre os 100 pesquisadores mais influentes em Educação da América Latina no Latin America Scientist and University Education Rankings 2022. A docente também aparece entre os 50 cientistas que mais publicaram nos últimos cinco anos. O ranking é desenvolvido pela AD Scientific Index que apresenta os coeficientes de produtividade de cientistas e pesquisadores de todo o mundo baseados nos perfis públicos no Google Scholar, tendo como fundamento a produção total, atividade nos últimos cinco anos e número de citações.

O ranking de produtividade é um instrumento que lista não somente pesquisadores produtivos, mas também pesquisadores com alto fator de impacto em uma determinada área, disciplina, universidade e país, podendo orientar o desenvolvimento de incentivos e políticas acadêmicas. A docente ressalta que este é um importante reconhecimento da atuação científica da Escola de Humanidades e do Programa de Pós-Graduação em Educação, além da PUCRS como apoiadora da construção da ciência.

“Essa posição positiva no ranking reflete um trabalho em equipe e uma trajetória de dedicação à formação de recursos humanos na graduação e na pós-graduação. Assim como destaca as minhas produções enquanto pesquisadora da Educação e coordenadora do Centro de Estudos em Educação Superior da PUCRS”, celebra a docente.

Sobre a pesquisadora 

Marilia Morosini realizou seu pós-doutorado na University of Texas, nos Estados Unidos. Atualmente, é pesquisadora 1A pelo CNPq e professora titular na Escola de Humanidades da PUCRS.  Foi criadora e coordena o Centro de Estudos em Educação Superior (Cees) da PUCRS. Coordenadora da Rede Sul Brasileira de Educação Superior (Ries) e de projetos nacionais e internacionais sobre Educação Superior (British Council, Fulbright, Alfa/UE, CNPq, Capes, Fapergs), com foco na internacionalização da Educação Superior.

Entre suas principais produções mais recentes, destaca-se a organização de dois volumes da Enciclopédia Brasileira de Educação Superior (EBES). Um trabalho resultado de 6 anos de pesquisas, que busca elucidar questões de docência, investigação, extensão e gestão nos sistemas educacionais público, privado, confessional ou comunitário em órgãos ou autarquias do país nas últimas décadas. São mais de mil páginas editadas pela Editora da PUCRS (Edipucrs).

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Gerontologia biomédica, idosos, IGG

Os idosos representam 15,04% da população porto-alegrense. / Foto: Bruno Todeschini

O envelhecimento é um fenômeno mundial e Porto Alegre expressa com nitidez essa mudança demográfica. De acordo com dados do Observatório da Cidade de Porto Alegre, a capital gaúcha apresenta a maior proporção de idosos na população em relação às demais capitais brasileiras. Os idosos representam 15,04% da população, contra 14,89% da população do Rio de Janeiro e 12,61% de Belo Horizonte. O percentual de pessoas com mais de 60 anos na capital gaúcha é o triplo da capital com menor percentual – Palmas (TO), com 4,37%.

Com este contexto, diversas entidades e pesquisadores se dedicam em atender esta realidade desenvolvendo novas propostas de políticas públicas, projetos e iniciativas de pesquisa. Na PUCRS, destaca-se a atuação do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), que atua com diferentes ações interdisciplinares relacionadas à pesquisa na área do envelhecimento. Para isso, o Instituto conta com um corpo docente multidisciplinar e uma estrutura que abrange laboratório de pesquisa básica e clínica.

O IGG realizou seu lançamento oficial em 1975, por meio de um intercâmbio médico-científico entre os governos do Brasil e do Japão, via Japan International Cooperation Agency (Jica). Atualmente, o IGG é coordenado pelo professor e pesquisador da Escola de Medicina Douglas Kazutoshi Sato, que dedica sua trajetória científica nas áreas de medicina, neurociências e envelhecimento. O trabalho realizado ao longo destes anos recebeu o reconhecimento da Câmara Municipal que condecorou o Instituto com o Diploma de Honra ao Mérito, em 2018.

Dentre os principais projetos desenvolvidos pelo IGG, estão o Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE) e o Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL). Além desses, o Instituto realizou o Estudo Multidimensional dos Idosos de Porto Alegre (EMIPOA), em 2006, e o Estudo Epidemiológico e Clínico dos Idosos Atendidos pela Estratégia Saúde da Família (ESF) do Município de Porto Alegre (EMI-SUS).

Gerontologia biomédica, idosos, IGG

Foto: Bruno Todeschini

Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE)

A PUCRS em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre desenvolveu um programa assistencial para monitoramento e assistência da saúde mental de indivíduos a partir dos 55 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Estabelecido em 2012, o Programa de Envelhecimento Cerebral (PENCE) foi criado priorizando a capacitação de profissionais da atenção básica de saúde para a saúde mental de indivíduos a partir da meia-idade tendo o Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS como referência.

O objetivo geral deste programa foi gerar um fluxo de transferência de conhecimento do centro de alta especialização (Hospital terciário e Universidade) para as equipes de saúde da família das unidades de assistência primária do SUS. A partir disso, com a implementação local de medidas decentralizadas de saúde e a geração de indicadores tornaram possíveis o aperfeiçoamento dessas ações. O foco prioritário foi direcionado para as patologias mais prevalentes e incapacitantes, como a demência e a depressão em que a identificação do risco para o seu desenvolvimento assim como o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais.

Como resultados deste projeto, até o final de 2016, foram capacitados 39 médicos, 54 enfermeiros e 194 agentes comunitários de saúde. Aproximadamente 4 mil indivíduos foram avaliados por meio da iniciativa do PENCE. Desses, 1.500 com suspeita de demência ou depressão receberam avaliação ambulatorial complementar no HSL da PUCRS.

Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL)

Em 2012, o professor e pesquisador da Escola de Medicina Angelo José Gonçalves Bós coordenou a criação do ambulatório que observou a grande dificuldade dos idosos, principalmente pessoas com 90 anos ou mais, ao se deslocarem ao HSL da PUCRS, gerando a transformação em um projeto de acompanhamento domiciliar: o Atenção Multiprofissional ao Longevo (AMPAL).

Os estudos realizados no projeto apontam que as pessoas nessa etapa da vida apresentam uma diminuição na velocidade da caminhada, alteração no equilíbrio corporal, com mais riscos de quedas, diminuição da força de respiração e muscular, erros alimentares, dificuldades de comunicação, seja por perda auditiva ou distúrbios cognitivos e sintomas depressivos, e diminuição do suporte social dos longevos avaliados.

Wereable coleta dados que contribuem para monitorar saúde do idoso

Foto: Pixabay

Outro resultado apresenta as doenças mais prevalentes no grupo estudado. Assim, foram encontrados hipertensão, cardiopatia, colesterol elevado, diabetes e fragilidade, ou seja, enfermidades que necessitam de um acompanhamento a longo prazo por uma equipe multiprofissional.

Um avanço importante para o projeto, aconteceu em abril de 2016, com recursos do Fundo Municipal do Idoso de Porto Alegre, quando se tornou possível expandir o projeto para toda a cidade, assim ampliando a rede de pessoas nessa etapa da vida disponíveis para estudos no projeto. O AMPAL é um dos poucos projetos dedicados a pesquisas com e para esta população com mais de 90 e 100 anos, conta Douglas.

Até então, já foram realizadas novas iniciativas de acompanhamento com mais de 240 nonagenários (mais de 90 anos) e centenários (mais de 100 anos). Os resultados iniciais do projeto da comprovaram a efetividade de diversos instrumentos como a Escala de Depressão Geriátrica, utilizada em uma Dissertação de Mestrado do IGG. Com o estudo foi feita a avaliação da funcionalidade através do grau de facilidade ou dificuldade do idoso em executar atividades relacionadas à vida diária (AFASII – tópico de Tese de Doutorado também em conclusão).

Outros destaques dessa trajetória

Com mais de 46 anos de atuação, o Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS já participou das Pré-conferências dos Direitos da Pessoa Idosa também em parceria com o Conselho Municipal do Idoso, em 2018.

Atualmente o IGG desenvolve uma pesquisa coordenada pelo professor da Escola de Medicina Newton Luiz Terra em parceria com o Hospital de Pronto Socorro, Detran e EPTC, onde acontecerá uma avaliação da funcionalidade dos idosos atropelados no Município de Porto Alegre. O objetivo é divulgar os resultados sobre a funcionalidade dos idosos atropelados bem como iniciar uma campanha de prevenção de atropelamentos de idosos na capital gaúcha.

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mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é lançado um novo projeto aproximando PUCRS, UFRGS e a  King’s College London, do Reino Unido, com o objetivo de incentivar e inspirar mais mulheres na ciência. O avanço da presença feminina nas mais variadas áreas acadêmicas é notável nos últimos anos. Porém, o desafio de uma maior representatividade nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) ainda persiste.

A inclusão de mulheres em STEM faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da UNESCO, com uma nova visão sobre questões sociais e econômicas atuais. Da perspectiva científica, a inclusão de mulheres “promove a excelência científica e impulsiona a qualidade dos resultados em STEM, uma vez que abordagens diferentes agregam criatividade, reduzem potenciais vieses, e promovem conhecimento e soluções mais robustas” de acordo com o material disponibilizado no portal oficial da organização.

Financiado pelo British Council, o programa Mulheres na Ciência (Women in Science) busca o fortalecimento de vínculos em torno de mulheres na ciência no Brasil e no Reino Unido nos âmbitos individual e institucional para transformar padrões de influência e fortalecer esquemas de liderança e gênero nas ciências exatas.

O projeto une a King’s College London, PUCRS e UFRGS em um projeto que visa incentivar mulheres e meninas na ciência, além de fornecer mentorias, eventos e oportunidades de desenvolvimento.

Por que apostar nessas áreas?

mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

Oportunidade é o que define. As áreas STEM representam um dos setores da economia e do mercado de trabalho que mais cresce no mundo. Dados do Bureau of Labor Statistics (EUA) prevê que os negócios de estatística, desenvolvedor de software e matemática crescerão 34%, 31% e 30% até 2026, respectivamente.

Já um estudo conduzido pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta que o Brasil deve ter uma demanda por 797 mil profissionais de tecnologia até 2025.

Por que precisamos de mais mulheres?

Para promover o desenvolvimento sustentável, impulsionar a inovação, o bem-estar social e o crescimento inclusivo. Empresas com maior diversidade de gênero têm 21% a mais de chances de apresentarem produtividade. Quando há também diversidade étnica, o índice sobe para 33% (dados da consultoria McKinsey and CO, 2O18).

O lançamento oficial do projeto está programado para o mês de abril com a publicação do website que apresentará a trajetória de mulheres cientistas das três instituições, abertura das inscrições para o programa de mentoria e início dos eventos promovidos pelo projeto.

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Decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida pesquisa sobre relação entre humanos e animais de estimação

Debate sobre benefícios proporcionados pelo convívio com animais de estimação divide pesquisadores / Foto: Pexels

O Brasil é o terceiro país do mundo com maior população de animais domésticos, de acordo com a Associação Brasileira da Industria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Os dados do primeiro semestre de 2021 apontam que são mais de 139 milhões de bichinhos de estimação presentes no lar de cidadãos brasileiros. Por conta disso, tornou-se mais que fundamental ser discutido como se estabelecem as relações entre os humanos e os animais de estimação.  

A decana e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Psicologia Tatiana Irigaray dedicou sua trajetória acadêmica a investigar os aspectos psicológicos na relação humano-animal e outros desdobramentos a partir disso. A docente aponta que existem diversas pesquisas que buscam investigar se o convívio com os animais de estimação proporciona benefícios físicos ou psicológicos para o ser humano, porém o debate é dividido entre os pesquisadores.  

“Enquanto alguns estudos relatam que existem benefícios relacionados ao convívio com os animais, outras pesquisas não encontraram esses mesmos benefícios, e algumas ainda sugerem que a presença de um animal pode ser prejudicial para a saúde mental das pessoas”, destaca.   

Determinantes para a saúde mental 

Entre os benefícios encontrados, Tatiana destaca o aumento do bem-estar, autoestima e felicidade, além do papel protetivo dos animais contra a solidão, depressão, ansiedade e estresse. Mas que também existem casos que relatam que os animais estão associados com o aumento dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse.  

“Diversas pesquisas avaliaram apenas o fato de as pessoas possuírem ou não um animal de estimação, sem considerar as diferenças individuais de cada relação humano-animal”, explica.  

Para a docente, as características específicas do indivíduo, como aspectos de personalidade, assim como o modo de interação com o animal, podem ser mais determinantes para a saúde mental das pessoas do que a simples presença do animal.   

A mestranda Nathália Saraiva de Albuquerque, do grupo Avaliação, Reabilitação e Interação Humano-Animal (ARIHA) do PPG de Psicologia da PUCRS, contribui para o debate com sua pesquisa intitulada Fatores de personalidade e nível de apego em tutores de cães e gatos. Seu projeto realizou comparações dos fatores de personalidade entre pessoas que possuíam cães ou gatos e os indivíduos que não tinham animais de estimação. Além disso, investigou se existia associação entre fatores de personalidade e nível de apego do tutor pelo animal.  

Apego emocional a animais de estimação 

Para a professora, os tutores que são muito apegados aos seus animais apresentam uma maior vulnerabilidade psicológica

Personalidade do indivíduo deve ser considerada nos estudos sobre o vínculo humano-animal / Foto: Sam Lion/Pexes

Os principais resultados encontrados mostraram que os participantes que possuíam animais de estimação, independentemente da espécie (cão ou gato), eram mais extrovertidos do que aqueles que não tinham animais. A extroversão engloba o modo como o indivíduo se relaciona com os demais, sendo que pessoas que apresentam uma pontuação maior nesse fator costumam ser mais ativas, comunicativas, sociáveis, otimistas e afetuosas.  

Por outro lado, verificou-se que o fator de personalidade neuroticismo, que se refere a uma maior instabilidade emocional, estava relacionado a um maior nível de apego pelo animal. Os indivíduos com uma pontuação alta em neuroticismo possuem maior probabilidade de vivenciar um sofrimento emocional mais intenso, e, geralmente, são mais ansiosos, depressivos e impulsivos.  

Como explica a professora Tatiana Irigaray, com a pesquisa pode-se concluir que os tutores que são muito apegados aos seus animais apresentam uma maior vulnerabilidade psicológica. Além disso, ela destaca que, com estes resultados, torna-se evidente que a personalidade do indivíduo é uma variável que deve ser considerada nos estudos que visam a compreensão do vínculo humano-animal.  

“A personalidade das pessoas, por exemplo, pode influenciar no modo como o indivíduo interage com o animal e também na forma como ele usufrui das vantagens envolvidas nesse relacionamento. Isso pode explicar por que nem todos os tutores se beneficiam igualmente da convivência com um animal de estimação”, explica.

Atuação do ARIHA 

O grupo de pesquisa ARIHA, sob a coordenação de Tatiana Quarti Irigaray, tem a finalidade de desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão nos quais aborda diferentes temas relacionados à avaliação e reabilitação psicológica, envelhecimento, saúde mental, aspectos da interação humano-animal e o uso de animais em terapia. O objetivo principal é desenvolver estratégias de avaliação e intervenção que possibilitem ações preventivas e de tratamento.

Mercado dos carros elétricos tem crescido no Brasil

Principal fator que incentiva a utilização de carros elétricos é a diminuição da poluição do ar / Foto: Pexels

No Brasil, os carros elétricos ainda têm um mercado pequeno, mas que cresce rapidamente com iniciativas de empresas e entidades de fomento à tecnologia. De acordo com dados da NeoCharge (2021), empresa que oferece soluções de recarga para veículos elétricos, atualmente existem mais de 65 mil carros deste tipo no País, sendo São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, os estados com mais presença destes automóveis.  

O professor da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Eduardo Campos Pellanda é responsável por realizar diversas pesquisas sobre tecnologias que impactam a sociedade e foi o primeiro comprador de um veículo elétrico no Rio Grande do Sul. Atualmente, o docente se dedica a investigar as transformações decorrentes da transição deste importante setor.  

Pesquisas sobre mobilidade urbana e novas tecnologias 

O principal projeto que está sendo desenvolvido é em parceria com o Grupo IESA, referência no mercado automotivo no Rio Grande do Sul. A iniciativa propõe criar uma estação de carregamentos de carros elétricos com energia solar que terá sempre veículos das marcas que a empresa representa como demonstração da tecnologia, para que a comunidade acadêmica possa entender o funcionamento desta nova tecnologia. “As universidades têm um papel fundamental neste processo pesquisando soluções e capacitando pessoas para esta nova realidade”, pontua o pesquisador. 

Além das produções individuais, Pellanda também atua com o PLUG: Future Mobily, hub que nasceu da ideia de agregar pesquisa e ensino da PUCRS a startups, empresas, governo e associações que estão trabalhando nestes desafios da nova mobilidade urbana. O grupo surgiu por iniciativa de professores das escolas Politécnica, de Negócios e da Famecos. Por isso, apresentam uma proposta de abordagem multidisciplinar do assunto.  

Vamos produzir conteúdos relevantes com os estudantes do curso de Jornalismo e vamos agregar grupos de pesquisa que estão alinhados com o tema. Com esta convergência de forças, temos certeza de que seremos um espaço relevante nacionalmente e internacionalmente sobre mobilidade e tecnologia”, complementa.   

Carros elétricos e seus impactos  

A adesão dos carros elétricos, assim como bicicletas ou patinetes elétricos, pode transformar as cidades profundamente. De acordo com Pellanda, o principal fator que incentiva a mudança é a não poluição do ar:  

“Cidades com ar mais puro não só ajudam globalmente no controle do aquecimento, mas também permitem uma menor incidência de doenças respiratórias na população. Além disso, carros, ônibus e caminhões elétricos podem fomentar o exercício ao ar livre e também o uso das bicicletas convencionais, já que a poluição é um dos fatores que impede as pessoas de pedalarem em vários centros urbanos”. 

Outro benefício é em relação à poluição sonora. Com os veículos elétricos, as cidades ficariam com menos ruídos, permitindo uma melhor qualidade de vida e pessoas menos estressadas. Além disso, Pellanda também destaca que os prédios históricos sofreriam menos com a fuligem oriunda dos canos de descarga de veículos tradicionais. 

Leia também: PUCRS integra primeiro laboratório para testes de baterias de carros elétricos do País

Grupo de pesquisa trabalha cinema e educação

Grupo de pesquisa já realizou oficinas com professores da rede pública / Foto: arquivo pessoal

O Programa de Pós-Graduação (PPG) em Comunicação e o PPG em Educação têm uma colaboração por meio do grupo de pesquisa em Cinema, Audiovisual, Tecnologias e Processor Formativos, do qual a professora da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos Cristiane Freitas Gutfreind participa. Com a liderança do também professor da Famecos João Barone, o grupo propõe discussões que perpassam justamente a relação entre o cinema, a educação e o uso de filmes em sala de aula. 

O grupo de pesquisa se dispõe a realizar a curadoria de filmes que possam auxiliar o ensino de diferentes disciplinas, como história, artes e literatura, mas também geografia, matemática e biologia. Os integrantes também realizam diversos workshops para professores de ensino fundamental e médio para capacitação qualificada de filmes em sala de aula e participam de cineclubes formativos.  

A pesquisadora Cristiane explica que a imagem tem uma grande influência na formação da sociedade na contemporaneidade. O uso de filmes desperta nos alunos e alunas uma leitura do audiovisual, assim gerando uma capacidade crítica do olhar e possibilitando distinguir as diferenças entre as imagens e sons. 

Definindo o melhor filme para sala de aula 

Com o apoio do Tecnopuc Tecna, foram oferecidas oficinas com professores da rede pública de Viamão, por exemplo. A atividade foi ministrada pelos doutorandos do grupo de pesquisa com supervisão dos professores responsáveis. Foi um dia com professores de ensino fundamental e médio de diversas escolas públicas de Viamão. De acordo com a professora Cristiane, o objetivo era capacitar esses educadores para o uso de audiovisual nas salas de aula, passando pela teoria, uso técnico das ferramentas de exibição e disponibilidade de onde encontra o material.  

Outra atuação do grupo é o fomento à pesquisa, com participações em bancas, produção de artigos científicos e apresentação de trabalhos em eventos com interface entre cinema e educação. Dos estudos que estão sendo realizados, destacam-se a tese da doutoranda do PPG em Comunicação Juliana Costa e a tese de doutorado já defendida da egressa Gabriela Peruffo. 

Para o ambiente escolar, Cristiane ressalta a importância de considerar diversos fatores no momento de decisão de qual filme irá se encaixar melhor na proposta. É preciso dar atenção ao tempo que será exibida a imagem, qual é o equipamento disponível, a faixa etária dos estudantes, o tema de interesse para aula, então, não temos uma fórmula”, destaca a docente. 

Filmes têm o dom de encantar, ensinar e fazer refletir

Filmes despertam nos estudantes uma leitura do audiovisual, uma capacidade crítica do olhar / Foto: Envato Elements

Despertar um olhar crítico 

O cinema é responsável por nos apresentar histórias e narrativas audiovisuais que nos tocam e prendem em horas de entretenimento e emoção. Conhecidos como a sétima arte, os filmes e séries nos sensibilizam, encantam e nos fazem refletir. Porém, outro caráter importante da obra cinematográfica é ensinar.  

A professora Cristiane Gutfreind pesquisa cinema, estética e política com uma interface com a educação, a partir de processos formativos. De acordo com a docente, os filmes são uma ferramenta que auxiliam o aprendizado de forma lúdica. “Com os filmes é possível fazer analogias e associações, possibilitando ao estudante desenvolver uma capacidade reflexiva e crítica”, complementa.

Estudo que avalia engajamento do cliente nas redes sociais tem recebido destaque internacional

Foto: Cristian Dina/Pexels

Quase metade da população mundial, cerca de 3,8 bilhões de pessoas, utiliza de alguma forma as mídias sociais. O dado é um dos resultados da pesquisa desenvolvida pelo professor Cláudio Sampaio, da Escola de Negócios, que analisa o engajamento do cliente nas redes sociais. Intitulado Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis (Engajamento de clientes/consumidores nas mídias sociais: modelo e metanálise), o estudo conduzido pelo docente, em parceria com outros pesquisadores, foi publicado recentemente no Journal of The Academy of Marketing Science, um dos principais periódicos mundiais de marketing, e na Keller Center for Research da Baylor University, fonte confiável de pesquisa acadêmica na área. 

A pesquisa aponta que a importância do envolvimento do cliente por meio da mídia social disparou nos últimos anos. Médias e grandes empresas do mundo todo investem cerca de 11% de seus orçamentos de marketing visando especificamente plataformas de mídia social como Twitter, Instagram, Facebook, Pinterest e LinkedIn.  

O professor Cláudio Sampaio explica que esses investimentos não são realizados apenas com o objetivo de aumentar as compras imediatas, mas também para criar confiança, compromisso e para construir relacionamentos positivos de longo prazo com seus clientes 

Os estudos realizados até então encontraram evidências inconclusivas para sugerir que o engajamento do cliente equivale a um aumento positivo no desempenho da empresa. Assim, as empresas têm cada vez mais dificuldade em medir o retorno financeiro desse marketing de mídia social voltado para a criação de um envolvimento significativo com o cliente.  

Engajamento do cliente é impulsionado por emoções positivas 

A pesquisa Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis foi idealizada com o objetivo de sintetizar as múltiplas perspectivas da literatura de engajamento do cliente nas mídias sociais. O artigo apresenta uma análise empírica abrangente dos motivadores e consequências do engajamento do cliente, sugerindo sob quais condições esse engajamento nas mídias sociais é mais ou menos eficaz.  

Os resultados do projeto revelam que o engajamento do cliente nas mídias sociais é impulsionado pela satisfação, emoções positivas e confiança, mas não pelo comprometimento. A satisfação é um indicador mais forte do engajamento do cliente em alta (vs. baixa) conveniência, B2B (vs. B2C) e Twitter (vs. Facebook e Blogs).  

Sampaio explica os resultados sobre as principais plataformas de mídia disponíveis. Por exemplo, com a pesquisa, o Twitter é indicado como a plataforma de mídia mais provável para melhorar o engajamento do cliente por meio da satisfação e emoções positivas. A rede oferece um mecanismo rápido e eficaz de comunicação via mídia social, devido ao seu limite padrão de contagem de palavras.  

Já o Facebook, por outro lado, está atualmente sofrendo um declínio de 50% no envolvimento do cliente como resultado de feeds de notícias informativas e da falta de confiança do usuário. No caso do Instagram, são escassos os dados disponíveis para estabelecer relações claras de engajamento do cliente, já que a plataforma ainda é relativamente nova.  

Consumo hedônico e consumo utilitário 

Com o estudo, notou-se que o engajamento do cliente também tem um valor substancial para as empresas, impactando diretamente o desempenho da marca, a intenção comportamental e o boca-a-boca. Assim, o consumo ligado a afetividades, sentimentos e simbologias (hedônico) rende um engajamento quase três vezes mais forte do cliente para os efeitos do desempenho da empresa do que aquele consumo voltado a certo objetivo (utilitário).  

Porém, como ressalta o professor, ao contrário da sabedoria gerencial convencional, o boca-a-boca não melhora o desempenho da empresa nem media os efeitos do engajamento do cliente no desempenho da empresa.  

“As descobertas desta pesquisa ajudam a resolver inconsistências em trabalhos anteriores, testando se o envolvimento do cliente é motivado por satisfação, emoções positivas, confiança e comprometimento”, complementa Sampaio. 

Destaque internacional 

A pesquisa foi publicada no Keller Center Research Report (KCRR), periódico que apresenta as principais publicações acadêmicas do mundo nas áreas de marketing, vendas, gestão, tecnologia e ética. O KCRR é desenvolvido pela Keller Center for Research da Baylor University, dos Estados Unidos, considerada uma fonte confiável de pesquisa acadêmica de ponta posicionada para que as empresas utilizem conteúdo acadêmico relevante e imparcial da revista para informar e aprimorar suas práticas de negócios, em especial para o setor imobiliário. Está ligado a Hankamer School of Business que possui diferentes programas bem classificados entre as universidades americanas de negócio, combinando aprendizagem em sala de aula, experiência prática no mundo real, uma base sólida em valores éticos e uma visão global. 

A pesquisa ainda recebeu o prêmio de Melhor Artigo em Marketing Publicado em Periódicos Internacionais no IX Encontro de Marketing (EMA 2021) promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (Anpad). Apesar de a publicação ser recente, o artigo já possui mais de 50 citações de acordo com o Google Scholar.

Nesta segunda-feira, 29 de novembro, foi divulgada a oitava edição do Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS). O estudo, realizado em parceria entre a PUCRS e o jornal Zero Hora, avalia a qualidade de vida nos Estados a partir das dimensões padrão de vida, educação e segurança e longevidade. O levantamento desta edição utiliza dados de 2019, os mais recentes disponíveis para todas as variáveis.

Coordenador da pesquisa, o professor da Escola de Negócios da PUCRS Ely José de Mattos destaca que o estudo possui como objetivo contribuir com o debate sobre o desenvolvimento humano no Estado. “Mais do que o resultado em si, o debate multidimensional sobre desenvolvimento é fundamental. E o iRS também cumpre o papel de aproximar a Universidade da comunidade, uma vez que produzimos conhecimento que é amplamente compartilhado”, afirma Mattos.

O iRS varia de zero a um, nos mesmos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quanto mais próximo de um, melhor o desempenho de cada região. Após dois anos consecutivos na sexta colocação, o Rio Grande do Sul retomou a quinta posição no indicador geral, subindo de 0,652, em 2018, para 0,661 em 2019. Já a média nacional passou de 0,617 para 0,625.

Recuperação alavancada pela Educação

A dimensão de Educação foi a única em que o Estado subiu posições nos rankings específicos do iRS. Nesse indicador, o Rio Grande do Sul saltou de 0,585, em 2018, para 0,611 em 2019.  Com a melhora, o Estado passou da 16ª para a 12ª posição.

Nessa dimensão, as variáveis adotadas analisam o desempenho dos estudantes nas séries iniciais, o grau de distorção entre a idade ideal e a efetiva do Ensino Médio e a taxa de matrícula nessa etapa.

Saiba mais sobre a análise desta dimensão.

Retração no padrão de vida

Apesar de manter a quinta colocação no ranking da dimensão de padrão de vida do iRS, o Estado teve queda no indicador. O recuo foi de 0,629, em 2018, para 0,603 em 2019. A retração da renda média da população, que teve queda pelo segundo ano consecutivo, segue sendo a variável que mais impacta no padrão de vida. Já os índices de ocupação e de desigualdade se mantiveram praticamente estáveis, com uma pequena retração.

Saiba mais sobre a análise desta dimensão.

Reflexos da pandemia devem estar presentes na próxima edição do iRS

Prevista para 2022, a próxima edição do estudo será a primeira com dados coletados durante a pandemia. De acordo com as projeções, os indicadores de padrão de vida e Educação devem ser os mais afetados pelos efeitos da crise sanitária.

“Esta edição do iRS se refere ao ano de 2019 – que é o período mais recente para as variáveis que utilizamos no cálculo. Então, estamos falando do período pré-pandemia. No ano que vem, quando lançarmos a edição referente ao ano 2020, aí sim teremos uma fotografia da situação dos estados brasileiros face às consequências da pandemia”, comenta Mattos.

O professor também ressalta que ainda é difícil projetar como os indicadores do Estado se sairão no contexto da pandemia. “Como o fenômeno atingiu todos os Estados – ainda que com alguma heterogeneidade – precisaremos avaliar como os governos estaduais, através das suas medidas, foram efetivos em amenizar os efeitos da pandemia sobre a sua população. Sabemos que, de modo generalizado, as dimensões padrão de vida e educação foram fortemente atingidas. Precisaremos analisar, portanto, o desempenho relativo entre as unidades da federação”. 

Confira os dados completos da 8ª edição do iRS. 

Caminhada Nórdica, doença de Parkinson

A caminhada nórdica é realizada com o auxílio de bastões/Foto: Pixabay

Um projeto de pesquisa realizado pelo Laboratório de Avaliação e Pesquisa em Atividade Física (Lapafi) da Universidade, em parceria com a UFRGS, visa investigar os efeitos do exercício chamado caminhada nórdica em pacientes que possuem Parkinson. Coordenado pelo professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Rafael Baptista, o grupo utiliza os resultados obtidos em discussões acerca da reabilitação desse público, utilizando como base os parâmetros de marcha e energia mecânica na execução do exercício físico. 

Publicado no Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, uma das mais importantes revistas científicas da área, o projeto consagrou a parceria entre os dois grupos de pesquisa envolvidos. Apesar de já terem sido encontrados alguns resultados, Baptista conta que ainda serão feitas pesquisas futuras para avaliar as respostas antes e depois das intervenções de exercícios, em especial no público idoso. Além disso, deve ser realizada uma análise para compreender os pontos fortes e fracos da corrida nórdica para pessoas com doença de Parkinson.  

O que é caminhada nórdica? 

A caminhada nórdica é um tipo de intervenção de exercício que usa um modelo de bastões especificamente projetado e conta com a contribuição dos membros superiores do corpo. Com isso, a técnica auxilia o deslocamento do corpo ao se movimentar para a frente, gerando duas ações de propulsão adicionais ao ciclo da marcha.  

O que já se sabe? 

Os efeitos da caminhada nórdica na doença de Parkinson já foram objeto de estudo de outros grupos de pesquisa, os quais sugerem que ela pode ser benéfica em vários aspectos. Uma vez que eleva a velocidade máxima da caminhada, proporciona uma simetria entre os lados afetados e não afetados pela doença e induz o paciente a ter menos variação no comprimento da passada ao realizar o exercício de caminhada, aumentando a amplitude de movimento do joelho e do quadril. Segundo Baptista, essas mudanças possuem um impacto coletivo na melhoria da capacidade funcional dos pacientes e na redução dos sintomas motores da doença.  

Como o estudo foi realizado? 

Os testes de caminhada conduzidos pelo professor Baptista foram realizados com 11 pessoas que possuíam, em média, 65 anos, e eram portadoras de doença de Parkinson idiopática, medidas na escala Hoehn e Yahr com pontuação entre 1 e 1,5. Além disso, fizeram parte do estudo outros nove participantes saudáveis com 70 anos em média. Todos os participantes eram experientes em caminhada nórdica e os exercícios foram realizados com velocidade de 1,8Km/h e 4,7Km/h, utilizando oito plataformas de força 3D em uma passarela no Lapafi.  

Com os resultados foi possível notar que pessoas com doença de Parkinson demonstram alguns ajustes específicos de marcha que são diferentes daqueles observados no público saudável, devido às restrições causadas pelos sintomas da doença. Baptista ressalta que o estudo contribui para o corpo de evidências que sugerem que ajustes mecânicos específicos ocorrem em indivíduos com doença de Parkinson:  

“Pudemos apresentar mais evidências sobre o assunto, além de proporcionar evidências científicas para médicos, fisioterapeutas e profissionais de Educação Física no que tange à prescrição de exercícios físicos e reabilitação para os pacientes com esta doença. Por fim, tudo isso auxilia a abrir perspectivas para novos estudos que possam trazer mais avanços no conhecimento e gerar novas formas de intervenção e tratamento”, avalia o professor.

Cenário da inflação em 2022 não deve ser tão diferente do deste ano, dizem especialistas

Aumento da inflação no Brasil é resultado de uma série de fatores / Foto: Envato Elements

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação oficial do País, atingiu 1,25%, no mês de outubro, o maior número desde 2002. Com isso, o IPCA atingiu 10,67% nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Coordenador do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Economia do Desenvolvimento, o professor Augusto Mussi Alvim explica que a política econômica brasileira no século 21 sempre esteve marcada por uma orientação pelo controle da inflação através das metas definidas pelo Banco Central 

“De uma maneira geral, independentemente da legenda partidária no governo federal brasileiro, a política de metas de inflação tem sido fundamental para seu controle. Em 2021, a meta é de 3,75% e a expectativa para inflação supera os dois dígitos, o que contribui para que boa parte dos agentes já apostem em maiores reajustes de preços. Se consideramos desde o plano Real, o IPCA somente superou os dois dígitos em 1995, com 22,41% a.a.; em 2002, com 10% a.a.; e em 2015, com 10,67% a.a.”, destaca.  

Atual cenário brasileiro  

Analisando inicialmente cenário global, a pandemia da Covid-19 contribuiu para mudanças significativas e estruturais em diversas instâncias, como na organização das cadeias de valor globais e regionais, na organização do mercado e do espaço de trabalho, na forma de fazer negócios e no consumo e investimentos na maior parte dos países do mundo. Essas alterações têm desencadeado oscilações generalizadas nos preços, que no curto e médio prazo se apresentam como um desalinhamento entre o poder de compra e os preços dos produtos.  

No Brasil, uma série de fatores contribuem para o aumento da inflação. De acordo com a professora do PPG em Economia do Desenvolvimento, Izete Pengo Bagolin, alguns exemplos são os aumentos nas taxas de juros e nos preços dos combustíveis – que afetam tanto os gastos das famílias quanto os custos de produção de diversos produtos. Além disso, há um aspecto que ainda é herança do histórico inflacionário pré-regime de metas de inflação que reajusta diversos preços com base na inflação. 

Efeitos da inflação 

O principal efeito da inflação está no poder de compra imediato das pessoas, afetando o planejamento e a capacidade de investimento da população. “Além de conseguir comprar menos no supermercado, as pessoas pagarão mais juros em prestações, terão mais dificuldade de pagar dívidas, enfrentarão maiores reajustes de mensalidades das escolas e diversos outros problemas”, explica a professora Izete.  

Este impacto é ainda mais intenso nas classes mais pobres da sociedade, que dependem da renda para necessidades básicas, como explica o professor Augusto. Ele pontua que a elevação dos preços também contribui para o aumento da desigualdade social brasileira, intensificada neste tempo de pandemia.  

“Como não foram realizadas mudanças estruturais no País como, por exemplo, a reforma tributária e fortes investimentos em educação, para alcançar níveis de excelência no ensino básico e médio público, nos momentos de crise (pandemia) o País tende a voltar a mostrar alguns problemas antigos, como elevado custo de produção, elevada desigualdade social e inflação”, observa. 

Perspectivas para 2022 

As medidas para evitar a inflação no País a curto prazo são restritas e nada fáceis no atual contexto, em função das causas estarem ligadas a fatores externos ou legais, como explicam os especialistas da Escola de Negócios. A professora Izete Bagolin acredita que a situação no próximo ano não deve se alterar de forma muito significativa em relação ao cenário de 2021 

“Apesar da melhoria do quadro sanitário do País, o próximo ano será difícil em função do ambiente político e incertezas eleitorais. Possivelmente, uma retomada mais consistente, com investimentos de longo prazo, atração de investimento estrangeiro e crescimento econômico mais expressivo só serão possíveis ocorrer quando o ambiente institucional interno melhorar”, sugere.  

Já o professor Augusto Alvim pondera as grandes lições que a pandemia trouxe para a população brasileira. “Independentemente das ações do setor público, a sociedade do nosso País mostrou a capacidade de se organizar e cooperar em momentos de extrema dificuldade. E, em tempos de estagflação, torna-se ainda mais importante relembrar como é importante criar novas formas de trabalho, de negócios e de ações colaborativas. Por isso, acredito que 2022 seja um ano de readaptação e de busca por novas oportunidades de negócios e trabalhos, com mudanças positivas para o povo brasileiro”, anseia. 

Pesquisas na área no PPG em Economia do Desenvolvimento 

No Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento da Escola de Negócios da PUCRS, o assunto é tema de diversas pesquisas. A tese de doutorado de Marívia de Aguiar Nunes, com orientação do professor Augusto Mussi Alvim, abordou a política monetária brasileira no período pós-metas de inflação, realizando uma avaliação da regra de Taylor, uma estimação da taxa de juros real neutra e uma análise dos impactos do crédito direcionado. 

Já a tese de doutorado de Eduardo Rodrigues Sanguinet analisou a geografia da integração nas cadeias globais de valor e as oportunidades de desenvolvimento na América Latina, contou com orientação do professor Augusto Mussi Alvim e do professor Miguel Atienza, da Universidade Católica do Norte, do Chile.  

Sanguinet, orientado pelos professores Miguel Atienza, Augusto Mussi Alvim e também Adelar Fochezatto, ainda publicou um estudo neste ano no qual foram realizadas simulações hipotéticas das decisões da política de mitigação da Covid-19 para compreender os impactos regionais na integração nas cadeias de abastecimento, considerando as cadeias de valor nacionais e globais.

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