Em 22 de março de 2020 a comunidade acadêmica se despedia de um dos grandes pesquisadores da área da educação no Brasil. Natural da cidade de La Coruña, na Espanha, ainda na década de 60 o pesquisador Juan José Mouriño Mosquera escolheu Porto Alegre para viver e trabalhar. Na última semana, o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS promoveu uma missa em homenagem ao primeiro ano após o falecimento do professor, que atuou na Universidade desde 1968.
Assista à transmissão completa:
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A abertura da missa foi realizada por Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, que destacou a importância da atuação de Mosquera no ensino: “Muito mais do que um legado de conhecimento, Juan foi inspiração para gerações de educadores e educadoras que tiveram a felicidade de cruzar pelo seu caminho”. Audy também comenta sobre longevidade das ideias do professor, que dedicou mais de 50 anos dos 83 que viveu à pesquisa e à docência:
“Já nos seus últimos anos, apesar do peso da experiência e, talvez por isso mesmo, impressionava a vivacidade com que expunha suas ideias a respeito dos caminhos da Educação Superior nas atividades em que fazia questão de participar”.
Como reconhecimento pelo seu trabalho, Mosquera foi agraciado, entre tantos outros, com o título de Gaúcho Honorário e de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Juan Mosquera era formado em Pedagogia e mestre em Educação pela UFRGS, com doutorado e livre-docência pela PUCRS e pós-doutorado em Psicologia pela Universidad Autónoma de Madrid. Deixou um vasto legado na forma de publicações e interfaces com diversas áreas do conhecimento, como educação, saúde, artes, letras e psicologia, sendo uma das principais referências do Brasil em pesquisa na área da educação.
Como pesquisador de padrão internacional, atuou diretamente como professor convidado em diversas universidades, entre elas a Universidade Católica del Uruguay, em Montevideo, e algumas outras na América Latina, e na Europa, em especial na Universidade do Algarve, em Faro, Portugal.
Saiba mais: Juan Mosquera e o legado de estudos e conhecimento para a Educação
Colaborou para a formação de diversos/as profissionais, orientando 67 teses e dissertações desde 1997. Publicou 173 artigos científicos, organizou e publicou mais de 35 livros, além de outros 87 capítulos de obras e mais de 270 apresentações de trabalhos científicos.
Ao lembrar da atuação do pesquisador, Audy enfatiza sua sensibilidade com as pessoas e com os valores institucionais:
“O professor Mosquera dedicou seus melhores momentos como pesquisador e docente à nossa Universidade, onde compartilhou sua sabedoria e iluminou a vida de muitos de nós. Respeito e saudades eternas ao nosso mestre. Que Deus o tenha a seu lado!”.
“Não deixeis que vos roubem a esperança”. É com essa frase do Papa Francisco que, em 2020, recordamos uma das datas que marca o propósito da nossa instituição e que dá sentido à nossa essência enquanto maristas. Em 1816, Marcelino Champagnat passou por um momento que o despertou para a criação do Instituto Marista. No dia 28 de outubro daquele ano, ele foi chamado para confessar um jovem que estava gravemente doente. Champagnat, na época padre, foi às pressas ao povoado que se encontrava nas redondezas de La Valla para atender Jean-Basptiste Montagne, de 16 anos.
Ao chegar, surpreendeu-se ao perceber que o menino desconhecia Deus e não poderia, nem nas suas últimas horas de vida, realizar uma confissão. Esse episódio ficou conhecido como o Encontro com o Jovem Montagne e, conforme os escritos institucionais, foi um momento marcante e decisório para a fundação da missão marista.
Solidário, humano e com o sonho de educar crianças e jovens, a partir do encontro com Montagne, os questionamentos de Champagnat sobre quantos outras crianças se encontravam todos os dias na mesma situação o impulsionaram a construir um projeto de educação pautado na evangelização e vivência do amor fraterno.
“No isolamento nos reencontramos conosco e com os nossos. Passamos a espiar o inimigo invisível – o coronavírus – pela fresta da fechadura”, conta o professor Francisco Kern, coordenador do Núcleo de Apoio Psicossocial da PUCRS.
A ideia de que “você cuida da sua vida e eu cuido da minha” perde todo sentido e fundamento nesse momento. “Somos convocados a ser presença de luz, compartilhando a nossa solidariedade no cuidado com vida no sentido coletivo”, conta Kern.
Quando pensamos nas crianças e jovens que hoje buscam uma formação profissional, certamente também anseiam por uma profunda formação pessoal que lhes dê fundamento de um pertencimento e referência. “Em tempos tão difíceis a presença de valores e princípios que sustentem a construção social é o que possibilita a transformação do mundo”.
Kern reforça que estar presente, mesmo que de forma virtual, também significa potencializar valores como a simplicidade, o acolhimento, a solidariedade e a espiritualidade. “Cultivando a espiritualidade, abrimos caminhos iluminados para presença de Deus em todos e em todas as vidas. Desta forma, também continuamos com a missão de Champagnat para que nenhuma criança ou jovem que confia a sua formação a nós seja privado do amor incondicional de Deus”, acrescenta.
Mais de 200 anos depois, o sonho de Champagnat é uma realidade. A missão marista está em movimento em mais de 70 países ao redor do mundo, em diferentes espaços e culturas. O rosto do jovem Montagne de 1816 se faz presente em diversas crianças e adolescentes atendidas em distintos espaços maristas.
Em 2020, em meio à pandemia da Covid-19, é ainda mais urgente buscar os jovens Montagnes da nossa rotina e trabalhar pela transformação diária de realidades. Nesta data, inspirados nas palavras do Papa Francisco, que nos incentiva a não perder a esperança, que sejamos luz em cada espaço de atuação e sejamos a presença e o sonho de Champagnat, buscando atender e ser luz na vida de cada pequeno Montagne.