Síntese do estudo sobre atividade econômica do RS feito pelo professor Adelar Fochezatto

Síntese do estudo sobre atividade econômica do RS feito pelo professor Adelar Fochezatto

Mensurar ou prever os reais impactos da pandemia na atividade econômica tem sido um desafio em todos os cantos do mundo. No Rio Grande do Sul, um estudo desenvolvido pelo Comitê de Dados do Governo do Estado no enfrentamento da Covid-19 prevê que os efeitos sejam superiores ao pico da recessão vivida em 2015.

O professor da Escola NegóciosAdelar Fochezatto, é um dos colaboradores deste Comitê, órgão responsável por elaborar análises e reunir dados para embasar decisões. Ele atua junto ao grupo de trabalho (GT) de Atividade Econômica, coordenado pela economista Vanessa Neumann Sulzbach, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul (Seplag).

O estudo, que já foi apresentado ao Gabinete de Crise com a presença do governador Eduardo Leite, reuniu, a partir de uma série de indicadores sobre o consumo e a circulação das pessoas, dois modelos distintos, mas complementares, para fazer projeções de crescimento da economia gaúcha em 2020. Um deles foi conduzido por Fochezatto e o outro pelo professor Régis Augusto Ely, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

O trabalho iniciou em março e, segundo Fochezatto, o maior desafio foi reunir informações e dados estatísticos para a realização das análises. “Os próprios estudos fazem projeções sobre um futuro que não sabemos bem como será. Até que ponto o novo normal será diferente do anterior? A pesquisa científica, assim como a participação da Universidade, é crucial em momentos como este. O trabalho de pesquisa tem sido fundamental para a tomada de decisões em todas as áreas”, ressalta.

Mesmo em cenários menos pessimistas, os modelos utilizados mostram que 2020 será pior do que 2015, quando o País viveu o pico de uma recessão. Em uma das análises de curto prazo, a retração do IBCR-RS (Índice de Atividade Econômica do Banco Central para o RS) seria na ordem de 10%, isso na hipótese de se retomar gradativamente os índices de atividade pré-pandemia. 

Projeções pautadas pelo desempenho dos principais segmentos produtivos 

O modelo de estudo utilizado por Fochezatto desenvolveu estimativas sobre os impactos da pandemia se valendo de projeções de cenários agregados e setoriais para o Valor Adicionado Bruto (VAB) e em termos de arrecadação do ICMS. Ele avaliou o desempenho dos principais segmentos produtivos do RS por meio de indicadores como o choque de demanda de energia em cada setor, os níveis de recolhimento do principal imposto estadual e a queda de oferta de produtos primários por conta da forte estiagem que atingiu o Estado.

A partir disso, o modelo trabalhou em dois cenários: um deles com a crise perdurando quatro meses e o segundo, se prolongando por nove meses. Mesmo quando sofre por menos tempo, a economia gaúcha pode variar negativamente entre 6,5% e 8,1%. As perdas, em termos de arrecadação do ICMS, devem ficar entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,3 bilhões e entre R$ 21,7 bilhões e R$ 27,1 bilhões em termos de VAB.

Na situação mais extrema, a queda na cobrança do imposto ficaria entre R$ 4,1 bilhões e R$ 5,1 bilhões (variação negativa entre 14,6% e 18,2%), no mínimo o dobro do volume de repasses com o socorro que o Estado receberá da União em quatro parcelas. Nessa situação mais extrema, as perdas de VAB ficariam entre R$ 48,8 bilhões e R$ 61,1 bilhões. Nos cenários analisados, o setor automobilístico, a agropecuária, a indústria metalúrgica e a fabricação de aço são os que apresentam maiores variações negativas, tanto no VAB como na arrecadação de ICMS.

O futuro dos jogos de futebol pós-pandemia é rever costumes - Além de evitar aglomerações por questões de saúde, espectadores demonstraram simpatia pelas atrações transmitidas online

Foto: Obayda/Unsplah

Há alguns meses provavelmente muitas pessoas não achariam muito empolgante a ideia de trocar a possibilidade de assistir a um show ao vivo da sua artista favorita por uma apresentação a distância. Porém, desde o início da pandemia da Covid-19, quase todas as atividades presenciais como espetáculos, congressos e eventos de grande porte, precisaram de adaptações para manter o vínculo com o público. Na área do futebol, a necessidade de realizar os jogos sem plateia tem causado polêmicas e dividido opiniões. 

“O sentido de comunidade e pertencimento a um determinado ‘grupo’ é um elemento indissociável do futebol. Então, ir a ‘campo’ – como os torcedores se referem a estar presente no estádio – é um rito social que materializa esse sentido; um momento de reafirmação de identidade das pessoas e, de certa forma, onde elas ‘espiritualizam a sua existência’”, explica Luis Rolim, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e pesquisador na linha de pesquisa sobre Esporte, Cultura e Sociedade do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS. 

“São as arquibancadas que dão sentido ao espetáculo e os encontros gerados pelo evento que dão sentido à experiência social, de estar ali” LUIS ROLIM. 

O professor ressalta que é importante entender que o futebol também é uma prática profissional, além da sociocultural. Segundo ele, essa dinâmica profissional serve a outros interesses, que não necessariamente são os do torcedor. Entretanto, a ausência dos jogos nesse período de isolamento está exigindo mudanças nesse aspecto. “Tanto é que clubes que estão pensando além das receitas provenientes da transmissão dos jogos e entenderam sua função enquanto agentes sociais e culturais, estão buscando alternativas para diminuir essa ‘falta’ junto à torcida”, destaca. 

Novos tempos, novas abordagens 

Rostos impressos, mosaicos e faixas nas arquibancadas, telões com streaming ao vivo para torcedores e até sons de torcida: essas são algumas das alternativas que ilustram a tentativa de recriar a atmosfera dos estádios. Essa estrutura também auxiliaria que atletas, inconscientemente, buscassem performar diferentemente dos treinamentos. 

“Obviamente, essas soluções aproximam o torcedor e são válidas. Essa dinâmica provavelmente perdurará por mais tempo em eventos globais, enquanto não houver uma vacina altamente eficaz e distribuída ao redor do mundo. Países sedes de eventos como a Copa do Mundo de Futebol ou Jogos Olímpicos, invariavelmente irão exigir que as pessoas comprovem que estão imunizadas – assim como já acontece para outros vírus e viagens internacionais”, explica Luis Rolim. 

O País do futebol? 

Próximo ao Dia Nacional do Futebol, em 19 de julho, talvez a primeira coisa que você se lembre é da frase: “O Brasil é o País do futebol”. Apesar da paixão nacional, o reforço do estereótipo pode não agradar a todo mundo. “Quando as narrativas são repetidas por um longo tempo, reforçamos o imaginário social e à uma representação quase que única do modo de vida das pessoas”, comenta Rolim sobre a visão generalista de que o Brasil é o País do futebol.  

“As produções audiovisuais, por exemplo, possuem esse ‘poder’ de construir, mas também de desconstruir as narrativas que permeiam a visão das pessoas. Dizer que somos o ‘País do futebol’ ou berço do ‘jogo bonito’ são construções históricas, temporais, mas que podem (e devem) ser constantemente questionadas e não somente aceitas como ‘verdades absolutas’”, destaca. 

O futebol em números 

O futuro dos jogos de futebol pós-pandemia é rever costumes - Além de evitar aglomerações por questões de saúde, espectadores demonstraram simpatia pelas atrações transmitidas online

Foto: Vienna Reyes/Unsplah

Um relatório divulgado recentemente pela Confederação Brasileira de Futebol mostra que o esporte movimenta cerca de R$ 53 bilhões no País direta e indiretamente, mas representa apenas 0,72% do Produto interno bruto nacional (PIB). 

Segundo o estudo, a CBF, as federações e os clubes representam R$ 11 bilhões da movimentação do valor total, enquanto os outros R$ 37,8 milhões são de efeitos indiretos. 

A origem do amado esporte 

Apesar de não existir um consenso, acredita-se que um esporte semelhante ao futebol tenha surgido por volta de 2500 anos antes de Cristo, na China imperial, mas de uma forma “peculiar”. 

Conforme o Guia do Estudante, da Revista Abril, “na época do imperador Huang-ti, os guerreiros chineses tinham o costume de disputar jogos com o crânio de inimigos. Segundo o autor Celso Unzelte, que escreveu ‘O Livro de Ouro do Futebol’, os ossos foram substituídos – ainda bem – por bolas de couro nos exercícios militares. Elas deveriam ser lançadas pelos soldados com os pés para além de duas estacas cravadas no chão e essas teriam sido as primeiras traves da história”. 

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Momento é de olhar para os planos e entender se eles ainda fazem sentido / Foto: Andrea Piacquadio/Pexels

A pandemia do coronavírus acabou adiando os planos de muitas pessoas. Eventos tiveram de ser adiados, viagens foram canceladas e mesmo os planejamentos mais simples – como uma saída com amigos no fim de semana -, precisaram ser deixados de lado nesse momento. Se na área pessoal a Covid-19 chegou exigindo adaptações, na profissional não foi muito diferente. E, por mais que o ser humano tenha a capacidade de se adaptar, todo esse processo de elaboração e ajuste é desafiador – ainda mais quando as mudanças precisam ser rápidas e não oferecem o tempo necessário para que tudo aconteça naturalmente.

Diante desse cenário de transformações repentinas, sentimentos como frustração, medo, ansiedade e tristeza são comuns. Segundo a consultora do PUCRS Carreiras Gabriela Techio, eles sinalizam o luto pelo que aspiramos, mas não foi possível alcançar. “Viver esse luto é natural e saudável. Afinal, energia e tempo foram investidos e expectativas de uma melhor qualidade de vida foram criadas”, aponta.

No que diz respeito à carreira e aos planos profissionais para o futuro, Gabriela afirma que é importante se permitir vivenciar esses sentimentos. Entretanto, com o tempo, é preciso voltar a olhar para os planos e procurar identificar se o que estava sendo buscado ainda faz sentido.

O futuro sempre é incerto

A consultora lembra que, quando falamos sobre futuro, sempre estamos lidando com a incerteza. “É uma velha conhecida, mas atualmente estamos precisando ser ainda mais tolerantes a ela”, comenta. Gabriela sugere que uma boa estratégia para esse momento em que o mundo ainda está aprendendo a lidar com as mudanças é reajustar o foco para si: “Investir em autoconhecimento e aprender a reconhecer seus valores e interesses profissionais é importante. O autoconhecimento é uma etapa essencial para pensarmos nossas carreiras. Só através dele poderemos ter mais segurança e confiança na nossa trajetória, mesmo quando o contexto é incerto”.

Para evitar uma cobrança excessiva neste momento que já impõe seus próprios obstáculos, é sempre válido lembrar que essa é uma situação nova, para a qual ninguém estava preparado, e todos estão aprendendo a lidar com ela. Gabriela lembra que todo processo de aprendizagem envolve tentativas, erros e reajustes, e sugere que, mesmo em casa, mantenha-se uma rotina saudável e se invista na carreira. Uma boa opção para se manter em movimento, mesmo em um momento tão atípico, são os cursos a distância. “Não é preciso fazer todos os cursos que nos são oferecidos, mas escolher um que faça sentido e que podemos aproveitar no ritmo que hoje conseguimos dar conta”, indica.

Graduação também é uma fase de experimentação

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Cursos a distância são boas opções para manter a carreira em movimento / Foto: Andrea Piacquadio/Pexels

Segundo a consultora do PUCRS Carreiras, o aprendizado contínuo é um assunto muito comentado quando se fala sobre trajetória profissional. O mercado de trabalho está constantemente em movimento e exige uma capacidade de adaptação. “Uma das formas de se investir nisso é por meio de cursos, conversas com profissionais, entre outras ações que tragam novos conhecimentos, contatos e oportunidades”, destaca. Gabriela ainda lembra que a qualificação por si só não faz sentido: ela precisa estar alinhada à carreira do indivíduo e, por isso, o planejamento é fundamental.

Quem está atualmente cursando uma graduação, deve ter em mente que essa é uma forma de explorar, experimentar e interagir com pessoas a fim de fazer escolhas de carreira mais conscientes. E tudo isso pode ser feito de forma online. “Vejo estudantes em contato com professores e outros profissionais experimentes sobre as áreas de interesse. Quanto mais informações tivermos, mais preparados e seguros estaremos para pensar no nosso futuro profissional”, conclui.

PUCRS Carreiras oferece serviços gratuitos a alunos da PUCRS

Tanto para quem deseja planejar a trajetória profissional quanto para quem quer pensar em como fazer uma exploração do mercado de trabalho, o PUCRS Carreiras oferece orientação. O setor conta com diversos serviços, como consultoria e planejamento de carreira, suporte para elaboração de currículo e preparação para entrevista de processo seletivo. Para alunos da Universidade, o serviço é gratuito.

Além disso, o PUCRS Carreiras tem realizado oficinas online para alunos e alumni, bem como para o público em geral. Confira os próximos eventos:

Foto: Bruno Todeschini

Foto: Bruno Todeschini

Somos 7,8 bilhões de pessoas vivendo em um mundo globalizado. Apesar da desigualdade social abissal de nossas sociedades, somos todos iguais, compartilhamos e dependemos da mesma arca chamada Terra. Porém, o crescimento explosivo da nossa população nas últimas décadas tem provocado uma exploração insustentável da natureza. Entre as inúmeras agressões ambientais que cometemos, a degradação dos ecossistemas naturais e a caça, captura, aprisionamento, venda, uso como pets e consumo de animais selvagens nos põem em contato com vírus e bactérias que viviam em harmonia com seus hospedeiros silvestres. Como o nosso corpo não foi treinado para lidar com esses microrganismos estranhos, corremos o risco de que eles sejam bastante agressivos para nós. Vírus que atacam o aparelho respiratório e que são transmitidos de uma pessoa para outra podem ser espalhados rapidamente pelo globo terrestre por viajantes infectados. É exatamente isso que está acontecendo com o coronavírus causador da Covid-19.

Assim como adoecemos ao entrarmos em contato com esses novos microrganismos, também levamos a morte para os animais silvestres quando deixamos os nossos patógenos nos ecossistemas naturais que invadimos. Esse é um sério problema, inclusive, dentro da nossa própria espécie. Indígenas que nunca tiveram contato com a maioria das nossas doenças são muito mais sensíveis do que as pessoas de nossa cultura. Infelizmente, a história da humanidade está repleta de exemplos de culturas tradicionais dizimadas ao redor do mundo por doenças levadas pelos “colonizadores”.

A covid-19 nos ensina muitas lições. Uma delas é que a única maneira de reduzirmos o risco de novas pandemias é a construção de uma sociedade que respeite a natureza acima de tudo e na qual todo ser humano tenha uma vida digna. Como quase sempre somos os únicos responsáveis pelos nossos problemas de saúde, está na hora de vivermos um “novo normal” e escrevermos uma história que, finalmente, faça jus ao Homo sapiens (“homens sábios”).

Inteligência Artificial ajuda a estimar quantos leitos são necessários na pandemia - Pesquisadores da PUCRS desenvolvem tecnologia que pode ajudar na avaliação e nas ações dos órgãos de saúde

Foto: Unsplash

Em março de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, doença causada pela SARS-Cov-2. A infecção pelo vírus resulta em uma síndrome que leva, em alguns casos, a uma condição respiratória de cuidados intensivos, que muitas vezes requer manejo especializado em unidades de terapia intensiva (UTIs). Com a ajuda de Inteligência Artificial (IA) e uma equipe multidisciplinar, o professor da Escola de Medicina da PUCRS e pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), Bruno Hochhegger está desenvolvendo um método que deve estimar a quantidade de leitos necessários para pacientes com a doença.

Semelhante a outros patógenos respiratórios virais, o novo coronavírus apresenta, na maioria dos casos, um curso rapidamente progressivo de febre, tosse e falta de ar, além de leucopenia e síndrome respiratória aguda grave, que já eram fatores de ameaça à saúde pública. “Os algoritmos de IA, em especial o aprendizado profundo (do inglês deep learning), demonstraram um progresso notável com os algoritmos tradicionais e exibiram desempenho atraente em relação à classificação de doenças pulmonares”, explica Hochhegger.

Tecnologia a favor de um futuro mais saudável

Em resposta à pandemia, os hospitais devem entender sua capacidade para cuidar de pacientes com doenças graves, como a síndrome respiratória aguda, explica o pesquisador. Através do uso de IA na avaliação dos exames de tomografia computadorizada de pacientes, é possível fornecer uma projeção robusta para o sistema de saúde como um todo sobre a ocupação dos leitos. Além disso, a avaliação antecipada e os prognósticos contribuem na busca de potenciais tratamentos e cursos da doença.

Sobre a pesquisa

Com auxílio de IA aplicada à tomografia computadorizada de tórax, a partir da evolução da doença, a equipe de pesquisadores consegue obter respostas mais completas. São utilizados parâmetros bastante complexos que ajudam a estimar a quantidade de leitos necessários para o tratamento de pacientes. Confira os principais objetivos:

O estudo tem foco retrospectivo. Por meio da verificação do registro médico eletrônico, serão incluídos atendimentos realizados no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) e em outros hospitais do País. Também serão revisadas as imagens de tomografia computadorizada, assim como o histórico dos pacientes, incluindo vacinas, antecedentes pessoais, histórico familiar e hábitos de vida.

A mortalidade da Covid-19 em números

Inteligência Artificial ajuda a estimar quantos leitos são necessários na pandemia - Pesquisadores da PUCRS desenvolvem tecnologia que pode ajudar na avaliação e nas ações dos órgãos de saúde

Foto: Markus Spiske/Unsplash

“Estudo recente realizado pelo Imperial College de Londres e assinado por 50 das maiores autoridades em infectologia e epidemiologia do mundo indicou estimativas catastróficas em relação à mortalidade da Covid-19″, destaca Bruno Hochhegger. De acordo com a publicação, que analisou o impacto da doença em 202 países, caso nenhuma medida de controle da doença for realizada, haverá um total de sete bilhões de infectados e 40 milhões de mortes no mundo inteiro até o final de 2020.

Segundo a projeção dos cientistas, caso medidas rigorosas de controle da doença sejam implementadas (testes diagnósticos em larga escala, distanciamento social, entre outros), a mortalidade pode ser reduzida em até 95%, explica o pesquisador. No entanto, caso não houver nenhuma intervenção, é prevista a morte de 1.15 milhões de brasileiros, caindo para 44.2 mil com a implementação da supressão rígida.

Hochhegger alerta que, mesmo com medidas de controle ativas, a doença acarretará um colapso no Sistema de Saúde Mundial, principalmente em países subdesenvolvidos, onde existe escassez nos recursos destinados à saúde.

Sobre a Covid-19

A síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês severe acute respiratory syndrome) foi reconhecida pela primeira vez como uma ameaça global em meados de março de 2003. Nessa época, a epidemia causou perturbações sociais e econômicas significativas em áreas com transmissão local sustentada de SARS e na indústria de viagens internacionalmente, além do impacto diretamente nos serviços de saúde.

Sobre o pesquisador

Além de professor de Diagnóstico por Imagem da Escola de Medicina da PUCRS, Bruno Hochhegger é coordenador médico do Centro de Imagem do HSL e do Centro de Imagem Molecular do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer). É membro da European Respiratory Society, American Roentgen Ray Society, Radiological Society of North America e da Sociedade Gaúcha de Radiologia.

Uma equipe multidisciplinar

Participam da pesquisa: Jaderson Costa da Costa, Fabiano Ramos, Graciane Radaelli, Gabriele Carra Forte, Denise Cantareli Machado, Fernanda Majolo, Gabriele Goulart Zanirati, Nathalia Bianchini Esper, Moraes Cadaval Junior, Gutierre Oliveira, Marcio Sarroglia Pinho, Rodrigo Coelho Barros, Rafael Heitor Bordini, Felipe Rech Meneguzzi, Duncan Dubugras Alcoba Ruiz, Isabel Harb Manssour, Renata Vieira e Andressa Barros.

live reitor

Reprodução de vídeo

Reflexões sobre como a educação e a mente humana tiveram impactos devido à Covid-19 foram temas abordados pela reitoria da PUCRS na última quinta-feira, dia 18 de junho. De forma simultânea, no horário das 17h, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, e o vice-reitor, Jaderson Costa da Costa, puderam contribuir com os seus conhecimentos para as redes sociais. As transmissões contaram com uma grande interatividade do público, que puderam fazer perguntas aos convidados.

A educação pós-pandemia

Pelo Youtube, o reitor da PUCRS esteve na live A educação na pós-pandemia e seus reflexos na sociedade, promovida pelo Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul (CRF/RS). Também participaram do evento Rui Vicente Oppemann, reitor da UFRGS, e Luís Isaías Centeno do Amaral, vice-reitor da UFPel, com a mediação de Willam Peres, conselheiro federal suplente pelo Rio Grande do Sul do CRF/RS.

Em uma das suas explanações, o reitor destacou que, com um problema tão complexo, como é a pandemia, não se pode resolver os desafios de uma forma linear, mas sim por meio de um pensamento adaptativo. “O nosso planejamento era para até 2020 e teremos que repensar tudo isso. Esse cenário fez com que se antecipasse o que era para futuro, tornando algo imperativo no presente. Evidentemente, a nossa responsabilidade é buscar, junto com a comunidade, opções viáveis para o futuro”, comentou.

Teixeira salientou também a mobilização e engajamento das equipes da Universidade. “Confesso que fiquei impressionado e contente, que, apesar dessa crise, tivéssemos respostas eficazes e rápidas; além de um aprendizado de novas ferramentas de ensino e interação. Um outro elemento frente à migração que houve é o empenho para manter a motivação e audiência dos nossos alunos, garantindo, ao máximo, o acompanhamento, a qualidade e a excelência”, enfatizou. Esse encontro virtual do CRF/RS pode ser conferido na íntegra neste link.

live vice reitor

O comportamento do cérebro no coronavírus

Por meio do Instagram, o vice-reitor e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer) abordou o tema Como o nosso cérebro se comporta em uma pandemia. A live da série Mentes Transformadoras, do Jornal do Comércio, teve como entrevistadora a jornalista Patrícia Knebel.

Questionado pela repórter sobre a rotina ter a sensação dos dias serem iguais, afetando na vida privada e profissional, o vice-reitor comentou que, se não invade o lar, tendo ambientes, reuniões e tempos definidos, a relação com o trabalho será boa. “Quando começa a misturar a vida doméstica, com a profissional, se trabalha mais. Nas reuniões, é preciso cuidar se não está havendo um ruído ou se alguém não passará atrás do vídeo. O desgaste é muito grande, pois é uma atenção periférica. Nesses encontros, a tensão é maior, se fica preso a uma tela, ao som que pode não estar dos melhores. É uma série questões que deixa mais cansativo, interferindo a dinâmica familiar”, analisou.

Sobre o home office, o diretor do InsCer apontou que as novas gerações não sentiram muitas dificuldades pelo fato de estarem acostumadas com as redes sociais e acredita que todos sairão diferentes em relação ao comportamento no trabalho após a pandemia. “Teremos graus diferentes de experiências com o home office. Uns terão amado, outros nem tanto e outros provei e não gostei. É algo mais emocional do que propriamente relacionado a uma tecnologia”, ressaltou. A conversa completa com vice-reitor pode ser assistida neste link.

 

 

Fruto do esforço conjunto de especialistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da Universidade Católica de Brasília (UCB), o Guia de Recomendações Gerais para Reabertura das Escolas convida à reflexão sobre o significado e o sentido que os espaços da escola precisam alcançar no pós-pandemia. A cartilha, que foi publicada e chancelada pela Unesco-Brasil, tem por objetivo promover um acolhimento seguro e responsável a todos e está dividida entre orientações para gestores escolares, professores, estudantes e suas famílias.

O fechamento das escolas gerou impactos ao ano letivo, aos processos de ensino e de aprendizagem e às emoções de comunidades escolares. Segundo o professor doutor das Escolas de Humanidades e da Saúde e da Vida da PUCRS, Alexandre Guilherme, que é um dos pesquisadores coordenadores da publicação, a suspensão de aulas presenciais e a rápida transição para um ensino remoto provocaram uma mudança profunda nas atividades dos gestores, técnicos-administrativos e professores da Educação Básica, fazendo com que tivessem de aprender a aplicar novas técnicas e metodologias, antes exclusivas para o ensino à distância. Além disso, ele ressalta o grande impacto na rotina de estudantes e suas famílias, de diferentes idades e realidades diversas.

“A cartilha foi concebida para ser extremamente prática e de fato ajudar na reabertura das escolas.  Esse aspecto prático, utilizando linguagem acessível e sensível a todos, é o diferencial.  A abordagem sobre a necessidade de cuidar dos sentimentos e emoções é também muito importante, respeitando a subjetividade de todos os participantes da comunidade escolar. O momento que vivemos, a pandemia, é único e inesperado e nosso retorno às aulas presenciais nas escolas deve considerar isso. Temos que pensar no momento de abertura, de transição para uma certa normalidade e considerar os meses de isolamento, o estresse experenciado com as constantes notícias sobre a pandemia.”, ressalta.

O professor, apontado Leitor da Cátedra Unesco de Juventude, Educação e Sociedade (UCB/Brasília), orienta que o momento reabertura não será usual, mas sim um momento de avaliação e diagnóstico do contexto e situação de cada escola. “A pandemia está sendo vivenciada de forma diferente em diferente cidades e regiões do país.  A reabertura é um momento de acolhimento e após isso podemos pensar/reorganizar as demandas tradicionais de um ano letivo como currículo e cronograma. O guia pretende ser um subsídio pedagógico, cujas diretrizes podem ser adaptadas a cada contexto”, comenta.  Outro olhar que o documento aborda é o da importância de planos de ação, prevenção e gerenciamento de crises, ainda pouco presente em todas as áreas, não apenas na Educação.

Parceria para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e fraterna

A iniciativa surgiu por meio de uma parceria já estabelecida do Grupo de Pesquisas em Educação e Violência (GruPEV) da PUCRS com a UCB. Além de Alexandre, assinam pela universidade gaúcha as pesquisadoras Cibele Cheron e Caroline Becker e, pela universidade brasiliense os pesquisadores Renato Brito e o Irmão Lucio Gomes Dantas.

De acordo com o Pró-Reitor de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, Irmão Manuir Mentges, o Guia reflete a missão institucional das duas universidades católicas de produzir, difundir conhecimento e promover a formação humana e profissional para o desenvolvimento de uma sociedade justa e fraterna.

“A expectativa pela volta à “normalidade” nos lançará outro desafio: o de preparar os espaços da escola para dissipar os efeitos promovidos pela catarse que se seguirá ao regresso do convívio social. Educadores, gestores, estudantes e familiares esperam encontrar na escola os espaços de escuta e de reconstrução do convívio social essenciais à natureza humana e este guia pode contribuir com essa necessidade”, comenta.   A cartilha foi distribuída para toda Rede Marista de escolas e associadas. O download do arquivo pode ser feito neste link.

Pesquisadores da PUCRS desenvolvem novo teste para coronavírus - Alternativa de exame possibilita diminuir custos e ter resultados mais rápidos,pesquia

Novo teste para Covid-19 / Foto: Divulgação/InsCer

Multidisciplinaridade na área de saúde é quando pessoas de diferentes campos de atuação trabalham no mesmo caso. Durante a pandemia, mais de 50 profissionais e pesquisadores se uniram em uma força-tarefa para combater a Covid-19. Nesse grupo, também está o trabalho realizado no Centro de Pesquisas em Biologia Celular e Funcional (CPBMF), que impacta em diferentes frentes na contenção do novo coronavírus.

“A sociedade moderna está alicerçada em tecnologias que são consequência direta dos avanços científicos. Em meio à uma crise pandêmica, a importância da pesquisa se manifesta de forma dramática: necessitamos o quanto antes de novos medicamentos para tratar pacientes e de vacinas para prevenir a disseminação da Covid-19”, explica um dos integrantes do CPBMF, o professor Cristiano Valim Bizarro, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM) da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.

Segundo ele, uma das prioridades no momento é desenvolver novos testes diagnósticos que sejam confiáveis, mais rápidos e de menor custo, possibilitando que a grande população seja testada. “Além disso, a pesquisa e a ciência são fundamentais para que as tomadas de decisão em diferentes esferas públicas e privadas estejam pautadas em dados embasados e atualizados”, destaca.

O trabalho do CPBMF está relacionado a ensaios de atividades de compostos antivirais em culturas do vírus SARS-CoV-2. Ou seja: desvendar a Covid-19 para poder combatê-la. Confira algumas das iniciativas:

A identificação de possíveis medicamentos

Alunos de diferentes laboratórios decidiram agregar seus conhecimentos em prol de um bem maior. Com a orientação de Celia Carlini, professora da Escola de Medicina e pesquisadora do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), os doutorandos Matheus Grahl (PPGMCS) e Carlo Moro (PPGMCS), com a mestranda Paula Caruso (PPGBCM), juntaram-se aos alunos orientados por Jaderson Costa da Costa, diretor do InsCer.

Através de uma pesquisa em ambiente controlado, os estudantes obtiveram resultados positivos quanto ao reposicionamento de fármacos já disponíveis no mercado mundial, identificando possíveis agentes terapêuticos com ação antiviral contra o novo coronavírus. “Essa iniciativa dos alunos da Pós permitiu que o grupo integrasse a força-tarefa”, conta Celia.

Testes moleculares

Dentro da força-tarefa, Grahl foi convidado para integrar o subgrupo liderado por Daniel Marinowic, professor da PUCRS e pesquisador do Hospital São Lucas da PUCRS, que buscava inovar um teste molecular para detecção do SARS-CoV-2. O projeto tem perspectivas de ampliar ainda mais as metodologias de exames e aprimorar a precisão na detecção do vírus.

Inteligência artificial contra a Covid-19

“Nossa proposta visa contribuir para o avanço dos estudos computacionais focados em proteínas alvos para a descoberta de fármacos em potencial para tratar a Covid-19. As abordagens computacionais servirão de base modelos de aprendizado de máquina e previsões”, explica o professor Walter Filgueira, coordenador do Laboratório de Bioquímica Estrutural da PUCRS.

Os resultados obtidos em testes controlados ficarão disponíveis aos membros da rede de laboratórios o que permitirá uma integração. Com a participação da doutoranda Gabriela Bitencourt Ferreira (PPGBCM), este projeto foca nas seguintes etapas: seleção de alvos do SARS-CoV-2; elaboração de modelos de inteligência artificial; e busca virtual. As outras etapas serão executadas por diferentes laboratórios da rede.

O mesmo vírus, diferentes resultados

Biologia molecular: desvendando a Covid-19 através da pesquisa - Trabalho de um dos Centros de Pesquisas da PUCRS impacta em diferentes frentes no combate ao novo coronavírus

Coronavírus / Foto: Unsplash

“Nosso grupo tem experiência na área de imunologia. Mais especificamente, trabalhamos com mecanismos de inflamação. Uma das perguntas que nos fizemos é porque algumas pessoas apresentam uma doença tão grave, enquanto outras exibem uma forma moderada ou até sem sintomas”, conta a professora e pesquisadora Florência Barbe Tuana, do PPGBCM.

Para responder a essa pergunta, Florência estuda a comunicação entre dos tipos celulares importantes na defesa de nosso corpo contra o SARS-CoV-2, macrófagos e neutrófilos. Ao entender como acontece a secreção de mediadores inflamatórios e suas vias de controle no contexto da Covid-19, é possível auxiliar no entendimento dos mecanismos de sinalização e sugerir possíveis alvos terapêuticos.

Único laboratório no Rio Grande do Sul

Além disso, o CPBMF está realizando o cultivo de um isolado do vírus SARS-CoV-2, contando com o único laboratório com nível de biossegurança exigido (NB3) para a manipulação do novo coronavírus em operação no Rio Grande do Sul.

Uma plataforma está sendo construída com compostos de uma biblioteca química do centro de pesquisas para pensar formar de combater o vírus. Alguns desses compostos já se mostraram promissores para o tratamento da tuberculose (TB) e serão avaliados para atacar o novo coronavírus.

Também foi montada uma rede de pesquisadores de diferentes instituições gaúchas que fará uso dessa plataforma para novos ensaios e pensar em diferentes estratégias experimentais e computacionais.

Impacto social da pesquisa

“A pesquisa, a ciência e a educação visam atender as expectativas populacionais que emergem de tempos em tempos e possuem notória importância social”, conta Matheus Grahl. Ao longo da história, o desenvolvimento científico se mostrou essencial para sociedades bem-sucedidas, destaca Carlo Moro. Para ele, isso é mais visível no mundo moderno, que é baseado em tecnologia. “Essa importância às vezes pode passar despercebida para quem não está diretamente envolvido com a ciência, mas fica bastante evidente em momentos de crise, como pandemias”, afirma.

Para Cristiano Valim, é gratificante poder contribuir com esse esforço da comunidade acadêmica internacional para o combate à pandemia. “Estamos seguramente vivenciando a maior crise sanitária das últimas décadas e essa situação demanda um esforço coletivo para a busca das soluções tão necessárias e desejadas por toda a sociedade”, acrescenta.

Leia também: Pesquisadores da PUCRS desenvolvem novo teste para coronavírus

Um grande centro de pesquisa

Com nota 6 pelo conceito Capes, o Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular tem sua excelência reconhecida internacionalmente. Forma profissionais qualificados para elaborar e executar propostas científicas, tecnológicas, educacionais e políticas relacionadas ao estudo de células e moléculas, bem como a caracterização e manipulação de mecanismos celulares e moleculares com fins aplicados.

INSCREVA-SE NA PÓS-GRADUAÇÃO ATÉ O DIA 19 DE JUNHO!

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Pesquisa permite pensar em políticas públicas mais assertivas para melhorar a infraestrutura onde mais precisa / Foto: Cezary Pawel/Pixabay

Quando a transmissão do novo coronavírus começou a aumentar, tornando-se uma epidemia e, posteriormente, uma pandemia, uma das medidas tomadas em muitos países foi a quarentena. Com o distanciamento social, menos pessoas circulam pelas ruas, fazendo com que a tão falada “curva de contágio” seja “achatada”. Enquanto não há uma vacina nem um medicamento para a Covid-19, diminuir ao máximo possível o número de infectados parece ser a melhor solução para evitar o colapso do sistema de saúde, com o esgotamento dos leitos de UTI disponíveis.

Entretanto, o cálculo é mais complexo do que parece, uma vez que a distribuição desses leitos de UTI nem sempre é equilibrada em diferentes municípios e regiões. E é sobre isso que trata a pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil, desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento (PPGE), da Escola de Negócios da PUCRS.

O estudo tem como base uma metodologia apresentada previamente pelo professor Adelar Fochezatto, que tinha como objetivo analisar a desigualdade de acesso a hospitais, de uma maneira geral. Logo que a pandemia começou, Natássia Bayer, que concluiu o mestrado em 2019, e o doutorando Paulo Uranga começaram a organizar os dados, aplicando essa metodologia.

Mapeamento pode contribuir para planejamento de políticas públicas

Segundo Fochezatto, o mapeamento realizado a partir da pesquisa mostra as diferenças nessa distribuição. “Desenvolvemos um estudo mostrando onde estão os leitos em todo o Brasil, utilizando coordenadas dos municípios e dos próprios leitos. Fizemos essa análise por grupos de idade, focando na questão dos idosos, que são mais propensos a ter quadros graves da doença; e de gênero”, explica.

Para o professor, a pesquisa permite que sejam recomendadas políticas públicas mais assertivas para melhorar a infraestrutura de leitos e de profissionais onde mais precisa. “A acessibilidade de leitos no Brasil não é das melhores – o número para cada 100 mil habitantes é muito baixo”, aponta Uranga. Ele acredita que o estudo consiga apontar onde devem ser realizadas melhorias nesse setor: “Agora estamos vendo vários investimentos sendo feitos, mas parece ser sempre nos mesmos centros urbanos. E, quando as epidemias avançam no interior, as pessoas precisam se deslocar”.

Um outro estudo realizado por Natássia, sobre doenças decorrentes de inadequações no saneamento básico, chama a atenção para a importância de que o trabalho seja feito em conjunto entre as cidades. “É uma política que precisa ser pensada não individualmente no município, mas considerando uma região maior, uma vez que os problemas relacionados à falta de saneamento ultrapassam essas fronteiras”, ressalta.

Uma área com atuações diversas

Natássia conta que, no PPGE, os alunos aprendem diversos métodos e, a partir deles, conseguem aplicar à realidade e propor políticas públicas para resolver outros problemas. Para Fochezatto, desenvolvimento se trata justamente isso: “pensar em saúde, educação, segurança. As pessoas precisam ter boas condições para ter uma vida digna. E ter renda, também”, pontua, afirmando que há muitas possibilidades para um profissional da Economia do Desenvolvimento atuar na sociedade.

“Lembro de uma aula do professor em que ele falava sobre desenvolvimento regional e nós comentávamos sobre espaços no País que não tinham nenhum atrativo para mão de obra jovem. Uma das coisas que pensávamos era nos investimentos tecnológicos na área da saúde”, conta Natássia. Ela acredita que, nessa situação, seria interessante investir em estudos que possam desenvolver a região para atuar na prevenção de pandemias e pensar no desenvolvimento a longo prazo desses espaços.

“Em pequenas localidades, poucos profissionais especializados já fazem uma grande diferença. E isso, aliado a pesquisa, gera efeitos sobre outros setores da economia”, conclui Fochezatto. A pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil já foi concluída e os resultados poderão ser conhecidos em breve.

Professor do PPG integra grupo que simula avanço da doença no Estado

Modelar e simular o avanço da pandemia de Covid-19 no Rio Grande do sul é o objetivo do PampaNerds, grupo formado por cientistas pesquisadores do Estado. O professor do PPGE Ely Mattos é um dos integrantes. Conforme ele explica, essa é uma iniciativa autônoma, que conta com pesquisadores de diversas áreas. “Nossa ideia é trabalhar com modelagem computacional de diferentes aspectos da pandemia, e meu papel no grupo é apresentar a visão do economista, discutindo questões que podem influenciar a dinâmica da epidemia”, diz.

Mattos acredita que toda iniciativa nesse contexto é bem-vinda e que o PampaNerds tem contribuído com o debate para buscar soluções para a atual situação. Em relação à área da Economia, diz existir um debate sobre a sua relação com a saúde no Brasil. “As pesquisas na área ajudam a situar melhor essa discussão e apontam para uma complementariedade das dimensões, ao invés de uma competição”, conclui. O professor Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, também faz parte do grupo.

PPG em Economia do Desenvolvimento recebe inscrições

Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Desenvolvimento Econômico e Economia Regional, abrange as linhas de pesquisa Crescimento, Inovação e Equidade e Aglomeração Produtiva, Agronegócio e Meio Ambiente, respectivamente. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.

SAIBA MAIS E INSCREVA-SE

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Idosos apresentam risco mais elevado de quadros graves / Foto: Freepik

Quando o coronavírus chegou ao Brasil, por ter causado epidemias em outros países anteriormente, já se sabia algumas informações sobre ele. Uma delas diz respeito aos grupos de risco, ou seja, às pessoas mais vulneráveis a manifestar o vírus de uma forma mais grave. Idosos e portadores de doenças crônicas, como as cardiovasculares e respiratórias, diabete melito, cânceres e obesos fazem parte desse grupo.

Estudos na área da saúde que entendam como a doença age nessas pessoas tornam-se muito importantes no combate à pandemia de Covid-19. E, no Programa de Pós Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, da Escola de Medicina da PUCRS, algumas pesquisas já buscam contribuir para este cenário. Uma delas é desenvolvida por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade, entre eles o professor Douglas Sato, que também é diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) e superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).

O estudo teve início logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. “Os idosos apresentam risco mais elevado de quadros de maior gravidade (especialmente os longevos, com 80 anos ou mais), o que nos motivou a investigar o que explicaria essa frequência bem mais alta de casos críticos e óbitos”, conta Sato.

O professor explica que estão sendo desenvolvidos projetos com idosos para avaliar a situação social, grau de dependência, fragilidade, parâmetros nutricionais, aspectos emocionais e o manejo de outras doenças crônicas durante a pandemia e os impactos da restrição social. “A partir disso, queremos identificar quais destes indivíduos apresentam maior suscetibilidade para desenvolver infecções graves através de diversos biomarcadores celulares e moleculares”, destaca Sato.

Mais de 18% da população gaúcha é idosa

Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com maior proporção de pessoas acima dos 60 anos. Baseada em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FGV estima que 18,77% da população gaúcha é idosa. Por isso, entender o impacto que a Covid-19 tem nesse grupo é relevante.

Sato ainda lembra que dados de 2018 do Ministério da Saúde apontam que 39,5% dos idosos possui alguma doença crônica e quase 30% sofre de duas ou mais comorbidades, mostrando um grande número de indivíduos suscetíveis para desenvolver a forma grave da doença causada pelo novo coronavírus.

Essa hipótese se fortalece a partir dos números observados na China, onde a mortalidade geral dos pacientes infectados pela Covid-19, até o momento, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80, saltando para 13,4% entre os acima de 80 anos. “Além disso, a necessidade de internação hospitalar foi menor que 1% na faixa pediátrica, aumentando progressivamente de acordo com a faixa etária, até atingir 18,4% nos indivíduos acima de 80 anos”, diz o professor.

Pesquisas podem contribuir na definição de políticas públicas de saúde

Segundo a doutoranda do PPG Cristina Rabelo, reumatologista do corpo clínico e membro do serviço de Reumatologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), o projeto visa identificar pacientes com Covid-19. “A partir disso, podemos observar as repercussões imunológicas da infecção através de análise de marcadores imunológicos no sangue e da análise do quadro clínico nos pacientes com doenças autoimunes”, afirma.

Para Sato, essas pesquisas, desenvolvidas a partir do conhecimento e utilizando equipamentos de ponta da Universidade, poderão auxiliar na definição de políticas públicas de saúde mais precisas e seguras. “Poderemos identificar os idosos com maior risco de complicações e outros com menor risco. Os resultados permitirão individualizar os cuidados para cada pessoa, tais como modelo de distanciamento social e a intervenção em fatores que podem melhorar a imunidade e a resposta ao Covid-19. Assim, poderemos tentar reduzir a internação hospitalar e a gravidade da doença nesse grupo”, conclui.

Pacientes com diabetes podem ter a saúde mais afetada em situações de crise

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Pessoas com diabetes também são consideradas grupo de risco / Foto: Pexels

Outro grupo considerado de risco para a Covid-19, dentro da categoria de pessoas com doenças crônicas, é o dos pacientes com diabetes. Como ainda não há dados sobre o impacto que eventos da magnitude da pandemia que estamos vivendo no controle glicêmico e em aspectos emocionais em pacientes com diabetes, a professora Gabriela Teló decidiu iniciar um estudo sobre o assunto. O objetivo é avaliar os resultados de uma intervenção de saúde tele-guiada tanto no bem-estar emocional quanto na adesão medicamentosa em adultos portadores da doença durante o período de distanciamento social.

Segundo Gabriela, estudos prévios mostram que intervenções que proporcionam escuta qualificada e suporte psicossocial melhoram significativamente o nível de saúde mental e o controle glicêmico em pacientes com diabetes. “Levando isso em conta, nossa pesquisa permitirá avaliar o impacto de medidas assistenciais envolvendo educação e apoio à distância, evitando o risco de exposição relacionada à necessidade de busca por atendimento”, explica.

A professora conta que o estudo também teve início logo após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a partir do Grupo de Pesquisa em Endocrinologia e Diabetes. Ela ressalta que, em qualquer situação de desastre biológico, temas como medo, incerteza e estigmatização são comuns e podem atuar como barreiras às intervenções médicas e de saúde mental: “Esses desafios, quando enfrentados por aqueles que vivem com uma doença crônica, como o diabetes melito, podem influenciar negativamente o bem-estar mental e a adesão ao tratamento, comprometendo o controle da doença”.

Projeto envolve pesquisadores de diferentes áreas da saúde

O projeto é desenvolvido a partir de um ensaio clínico randomizado, acompanhando pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 em dois hospitais de Porto Alegre. A equipe é composta por 12 pesquisadores de diferentes áreas da saúde, o que estimula a interação entre alunos da graduação e da pós-graduação, médicos residentes e professores de diferentes universidades.

Uma das integrantes é Débora Franco, formada em Educação Física, estudante do último semestre de Medicina da PUCRS e mestranda no PPG em Medicina e Ciências da Saúde. “A pandemia que estamos vivendo gera muitas dúvidas, e participar de estudos como este é uma forma de contribuir para a sociedade, seja esclarecendo dúvidas ou construindo novos conhecimentos que poderão ajudar na prática clínica”, aponta.

Débora conta que se envolveu no projeto desde o início, participando dos treinamentos, da elaboração de intervenções para aplicar aos participantes da pesquisa, do recrutamento e inclusão dos participantes e da coleta de dados, que é feita através de contato teleguiado semanalmente.

Estudo poderá orientar pacientes para o controle da doença

Gabriela explica que a intervenção tem previsão de três meses de duração ou mais, dependendo das orientações de distanciamento social. Apesar de ainda não haver resultados do impacto da estratégia proposta pelo estudo, as análises iniciais indicam alta prevalência de transtornos de saúde mental, como sintomas de ansiedade e depressão e distúrbios alimentares e do sono nos pacientes participantes. Segundo a professora, esses sintomas tendem a ser de duas a quatro vezes mais comuns em pessoas com diabetes em relação à população em geral.

Além disso, parece existir uma relação entre a saúde mental e o controle glicêmico. “Diabetes e transtornos de saúde mental compartilham uma interface mútua: o desafio de conviver e superar o diabetes pode resultar em sobrecarga emocional, assim como a presença de sintomas de depressão e ansiedade pode estar associada à menor adesão ao tratamento, levando a um pior controle glicêmico”, observa.

A professora ainda ressalta que essa associação pode ser exacerbada em um momento de estresse e que o sofrimento psicológico pode aumentar esses sintomas. Entretanto, lembra que a repercussão clínica sobre o controle glicêmico e psicológico do cenário atual nos pacientes com diabetes ainda é hipotética. “A intervenção proposta permitirá disponibilizar ao paciente um ambiente de escuta regular e qualificada, onde possa compartilhar seus medos, ansiedades e frustrações relacionadas à atual pandemia”, pontua. A pesquisa também vai possibilitar que sejam oferecidas orientações regulares em relação à dieta e atividades físicas, por exemplo, que complementem o cuidado clínico do paciente com diabetes nesse período em que o acesso aos serviços de saúde é restrito.

Legado para o futuro

Para a mestranda Débora, pesquisas relacionadas à Covid-19 e aos desafios apresentados pela pandemia são essenciais para se entender e enfrentar o que ainda é desconhecido. “Com projetos nessa área podemos elucidar desde questões relacionadas diretamente à doença até os impactos causados nos indivíduos e no mundo em situações de crise como essa”, defende.

Em relação ao que poderá ficar desses estudos para o futuro, Gabriela acredita que será possível encontrar respostas sobre a melhor forma de suporte a ser oferecido aos pacientes com diabetes durante situações de calamidade pública. “As evidências disponíveis até o momento são limitadas a estudos observacionais, e um estudo experimental como o nosso poderá ter impacto imensurável no planejamento da assistência à saúde em situações semelhantes no futuro”, conclui.

PPG em Medicina e Ciências da Saúde recebe inscrições

Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Clínica Cirúrgica, Clínica Médica, Farmacologia Bioquímica e Molecular, Nefrologia e Neurociências, abrange diferentes linhas de pesquisa. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.

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