Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 tiveram, pela primeira vez, um número de atletas mulheres participando da competição quase igual ao masculino. A edição também foi marcada pela inédita participação de uma atleta transgênero em uma categoria feminina. Celebrado nesta quinta-feira, 23 de junho, o Dia do Atleta Olímpico, foi criado em homenagem à fundação do Comitê Olímpico Internacional, em 1894. A data também tem como objetivo promover o movimento olímpico em todo mundo, incentivando a prática esportiva.
Apesar de, normalmente, o foco das olimpíadas estar voltado às competições, diversas questões sociais permeiam a prática dos esportes. O coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, que tem sede na Universidade, Nelson Todt, explica a importância dos Jogos para a visibilidade diferentes temas.
“Os Jogos Olímpicos são o maior evento esportivo do mundo e ele reflete todo o contexto social exterior a ele. Com isso, ao abordar questões sociais em um evento de tamanha dimensão, é dada uma atenção maior a essas problemáticas”.
Em uma parceria entre o eMuseu do Esporte, a PUCRS, a UERJ, a Acnur, a Unesco e a Unic Rio, em agosto de 2021 foi lançada a exposição virtual Reflexões Olímpicas e Dignidade Humana, que abordou Jogos Olímpicos e inclusão através do esporte. Confira uma seleção de momentos, realizada pelo professor Todt, nos quais as questões sociais estiveram presentes no evento e saiba mais sobre a exposição virtual.
Os Jogos Olímpicos tiveram seu início na Antiguidade Clássica. Na época, podiam participar apenas cidadãos gregos, ou seja, homens nascidos no território que hoje conhecemos como Grécia. Nesse contexto, além de não poderem participar dos jogos, as mulheres sequer podiam estar presentes na arquibancada. Esquecida por anos, essa competição foi retomada por Pierre de Coubertin, o criador dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Sua primeira edição, ocorrida em 1896, na cidade de Atenas, também não permitia a participação feminina. No entanto, mulheres passaram a competir na segunda edição, em 1900.
Apesar disso, apenas em 1991 se tornou obrigatória a inserção de categorias femininas em todas as modalidades esportivas. Na edição posterior a essa determinação, em 1992, menos de três a cada dez atletas eram do gênero feminino. Somente nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a competição passou a ter um patamar próximo da plena igualdade de gênero. Atualmente, as mulheres representam 48,8% dos/as atletas e a expectativa é de que em 2024 a igualdade seja ainda maior.
Em 1968, no pódio da competição de 200 metros rasos, os atletas que conquistaram o ouro e o bronze, Tommie Smith e John Carlos, levantaram os punhos cerrados utilizando uma luva preta durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos. Esse gesto é conhecido como símbolo dos Panteras Negras, movimento afro-americano. Na época, a luta contra a segregação racial nos EUA estava em um dos seus momentos mais críticos, após o assassinato de Martin Luther King Jr. Por conta da manifestação política, que era vedada pelo Comitê Olímpico Internacional, os atletas foram penalizados.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio houve uma flexibilização dessa proibição. As manifestações políticas não serão passíveis de punição, desde que não aconteçam no pódio ou durante os eventos. Também não é permitida qualquer ação que tenha uma pessoa, país ou organização como evidente alvo. Antes mesmo da abertura oficial, protestos contra o racismo foram realizados nas competições do Futebol Feminino: jogadoras das seleções da Grã-Bretanha, Chile, Estados Unidos, Suécia e Nova Zelândia ajoelharam-se antes do início de suas partidas, um gesto que relembra a morte de George Floyd, ocorrida no ano passado.
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Dora Ratjen representou a Alemanha no salto em distância feminino em 1936. Anos após a competição, ele descobriu sua identidade de gênero masculino ou intersexo. Aos 21 anos, o atleta alterou seu nome para Heinz Ratjen.
Após a carreira no esporte, a polonesa Stella Walsh, medalhista em atletismo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1932, e nos de Berlim, em 1936, também teve descoberta a identidade de gênero intersexo.
Ratjen e Walsh não foram os únicos casos, outros atletas intersexo competiram em determinado gênero. A questão ainda gera controvérsia no esporte, seja por preconceito ou sob o argumento de que o desequilíbrio hormonal traria vantagens a esses competidores.
Em Tóquio, foi a primeira vez que o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu a participação de uma atleta transgênero em uma categoria feminina: a halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard. A organização determinou que quem fez a transição do sexo masculino para o feminino, e vice-versa, antes da puberdade, poderá competir na categoria desejada, sem restrições. No entanto, aqueles que realizaram a transição após esse período devem cumprir alguns requisitos. No caso de mulheres transgênero, como Laurel, é necessário comprovar que o nível de testosterona em seu sangue permaneceu inferior a 10 nanomol/litro por ao menos 12 meses antes de sua primeira competição e durante todo o período em que estão competindo.
O Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos, coordenado pelo professor Todt, realiza, em seu canal no YouTube, as Reflexões Olímpicas, que buscam discutir questões diversas acerca do olimpismo. Alguns assuntos abordados foram LGBTQIA+, liberdade de expressão e gênero.
Além disso, a exposição do eMuseu do Esporte conta com galerias e exposições em 3D, com entrevistas com diversas personalidades e especialistas das áreas de filosofia e estudos olímpicos. A exposição aborda os temas: Esporte e Valores, Intersexualidade, Refugiados e Liberdade de Expressão. A exposição usa como cenário os Jogos Olímpicos e Paralímpicos para tratar temas sociais, humanos e esportivos e a curadoria foi realizada pelos professores Nelson Todt, do curso de Educação Física da PUCRS, e Lamartine da Costa, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
A iniciativa é do eMuseu do Esporte, em parceria com o Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin (CBPC), com apoio institucional do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) e da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
É possível visitar a exposição a partir da data de lançamento acessando o site do eMuseu do Esporte.
Aos dez anos de idade, Lucas Mazim começou a praticar vela, em Porto Alegre. “Desde o primeiro contato com o esporte, eu já gostei”, conta o atleta, que passou a praticar profissionalmente nas categorias de base, nas quais se tornou treinador aos dezesseis anos. Nessa época, além de ser treinador e professor, conciliava esse trabalho com as competições. Foi justamente para aperfeiçoar seus conhecimentos e garantir um melhor desempenho tanto como atleta quanto como treinador que Lucas optou por ingressar no curso de Educação Física.
Na época da graduação, conseguia conciliar o trabalho e o curso. “Isso me auxiliou a aprimorar minhas competências, o que me deixou muito mais seguro para evoluir como treinador”, afirma. Segundo ele, quando já se trabalha na mesma área em que se cursa uma graduação, é possível tirar dúvidas cotidianas da sua profissão, trocando informações com os professores. “Em todos os trabalhos e atividades que eu fazia no curso, tentava relacionar com meu dia a dia. Ter um embasamento teórico trazido por uma graduação te dá mais credibilidade no mundo profissional, isso me ajudou a crescer no esporte de alto rendimento”, acrescenta.
Lucas não era o treinador principal dos atletas brasileiros que competirão nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas pela impossibilidade de o técnico oficial realizar a viagem e levando em consideração os dez anos de trabalho como técnico, foi escolhido para levar adiante o sonho dos competidores no maior evento esportivo do mundo. Por fim, Lucas acrescenta:
“Sempre devemos estar abertos às oportunidades e se eu estou aqui hoje é pelo trabalho que desenvolvi. Com certeza isso vai me trazer muitos frutos e muito aprendizado”.
A vela nos Jogos Olímpicos
Embora embarcações tenham sido construídas desde os primórdios da história, o uso de barcos a vela para a prática esportiva iniciou apenas no século XVII. Na época, a Holanda criou um novo tipo de barco denominado jaghtstchip, o qual prontamente atendeu aos interesses comerciais holandeses e passou a ser utilizado, dentre outras funções, para o treinamento de jovens marinheiros. O rei Carlos II, interessado pelos jaghtstchips, ao retornar de seu exílio, promoveu as primeiras competições em águas britânicas. No século seguinte, em 1720, nasceu na Irlanda o primeiro clube de vela, o Royal Cork Yatch Club, que realizou sua primeira competição em 1749.
No Brasil, o esporte chegou no século XIX, trazido por descendentes de europeus. O Iate Clube Brasileiro, fundado em 1906 no Rio de Janeiro, foi o primeiro dedicado ao esporte no País. Já a primeira prova nacional, o Troféu Marcílio Dias, aconteceu em 1935. Atualmente, a responsável por administrar o esporte no País é a Confederação Brasileira de Vela (CBVela).
A primeira participação do esporte nos Jogos Olímpicos Modernos ocorreu na sua segunda edição, em 1900. Desde então, diferentes categorias de vela foram acrescentadas à programação. Ele deveria ter feito parte da competição de Atenas, quatro anos antes, mas as condições meteorológicas não estavam adequadas à prática do esporte, causando o adiamento de sua estreia. O Brasil teve sua primeira vitória no esporte em 1980, nos jogos de Moscou. Neste ano, o País foi o vencedor de duas categorias. Somando todas as modalidades de vela, o Brasil conta com 18 medalhas, sendo sete de ouro, três de prata e oito de bronze. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio serão disputadas dez modalidades do esporte.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) publicou recentemente a versão portuguesa do manual do Programa de Educação dos Valores Olímpicos (OVEP), traduzido pelo Comitê Olímpico Cabo-verdiano, em uma iniciativa conjunta ao Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, sediado na PUCRS desde 2008. O projeto para a tradução em língua portuguesa do documento partiu de Nelson Todt, professor da Escola de Ciências da Saúde da PUCRS, coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Universidade e presidente do comitê brasileiro. Após reunião do Comitê Olímpico Internacional, em 2018, na Suíça, o professor encaminhou a proposta de tradução em parceria ao comitê de Cabo Verde.
O OVEP Toolkit é um conjunto de livros educacionais, que pode ser acessado gratuitamente no site do Comitê Olímpico Internacional. “O chamado ‘kit’ de ferramentas contém quatro recursos principais projetados para enriquecimento de currículos educacionais através de atividades temáticas olímpicas, estratégias de ensino e materiais inspiradores”, comenta Todt. O material tem como objetivo explorar os temas educacionais do olimpismo e abordar questões contemporâneas que desafiam a juventude no mundo.
A proposta visa alcançar a comunidade internacional de língua portuguesa, estimada em mais de 250 milhões de pessoas nos nove países que possuem como idioma oficial o português, em especial, instituições de ensino e esporte interessadas na promoção da Educação Olímpica. De acordo com o professor, o material pode ser colocado em ação por professores e instrutores, treinadores e clubes esportivos, governos e autoridades educacionais, membros da Família Olímpica e até mesmo por pais, em casa.
As ameaças para a realização dos Jogos Olímpicos nos próximos 20 anos pela óptica dos espectadores foram observadas por estudo realizado no evento, no Rio de Janeiro, pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS e o grupo Olympia da Universidade Técnica de Kaiserslautern, da Alemanha. A primeira análise da pesquisa alcançou mais de 500 pessoas dentre os 8,5 mil espectadores da final feminina do Pentatlo Moderno, no dia 19 de agosto, e sinalizou que as principais preocupações estão relacionadas ao doping (72%), à corrupção (66%), ao terrorismo (59%) e ao nacionalismo exacerbado (23%).
Em relação à corrupção, há diferenças entre as percepções dos participantes, pois 67% teme a corrupção no país sede dos Jogos, enquanto 56% pensa nos casos do exterior. Para o grupo, esse resultado já era esperado devido às situações expostas no Brasil pouco antes do evento. Quanto aos impactos ao meio ambiente, tema representado na cerimônia de abertura, de acordo as opções existentes, os questionários revelam que 39% dos espectadores locais estão preocupados com o tema. O índice é superior quando comparado aos visitantes do país, que somam 18%.
A violência e a criminalidade no país sede também foram vistas como pontos preocupantes, principalmente para os brasileiros – 37% assinalou essa alternativa. Já para os espectadores estrangeiros essa opção foi mencionada por apenas 9% das pessoas. Em relação ao nacionalismo exacerbado e ao aumento da comercialização, 31% dos brasileiros identificaram estas opções como as principais ameaças para os Jogos Olímpicos futuramente e os estrangeiros 15% e 27%, respectivamente.
A pesquisa também procurou identificar o que poderia influenciar no não comparecimento aos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio. A maioria dos participantes, 52%, não destacou nenhuma razão para a ausência no evento. Por outro lado, 48% mencionou o terrorismo como uma possível motivação. Desse número, dois terços foram brasileiros e o restante foi estrangeiro. Apesar das discussões sem precedentes antes dos Jogos Rio 2016 acerca de doping, apenas 15% citou esse aspecto como uma razão para a rejeição.
O professor Nelson Todt liderou o grupo da PUCRS durante o estudo no Rio de Janeiro e o professor Norbert Müller esteve à frente pela Universidade de Kaiserslautern. Para eles, os primeiros resultados mostraram o interesse dos espectadores no resgate dos valores olímpicos. A pesquisa tem a chancela da União Internacional de Pentatlo Moderno desde os Jogos Olímpicos de Sydney de 2000.
O Parque Esportivo da PUCRS recebeu nesta semana, nos dias 2 e 3 de agosto, pesquisadores e integrantes do Comitê Olímpico Internacional de 15 países que atuam na área de Estudos Olímpicos. O 2º Colóquio Internacional de Estudos Olímpicos e Centros de Pesquisa ocorreu com o objetivo de criar redes de contato entre centros e pesquisadores. O evento contou com a presença de 40 participantes com nomes de relevância mundial, entre eles o pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e professor da University of East London, Lamartine da Costa, que participou da abertura do evento. Na ocasião ele falou sobre a evolução dos estudos na área e sobre a importância de pesquisas colaborativas.
Para o especialista, todas as ciências são colaborativas, o que proporciona diferentes interpretações. “Estudos olímpicos abrangem sociologia, história, esportes, ciência e arte”, citou da Costa, que considera que a proximidade dos jogos no Rio de Janeiro está contribuindo com o crescimento do interesse de novos pesquisadores. Atualmente, há seis grupos e centros de estudos olímpicos no país, dois deles no Rio Grande do Sul. O Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS é coordenado pelo professor Nelson Todt, da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto (Fefid). “Depois dos jogos do Rio outros dois grupos devem ser criados”, relatou o pesquisador da UERJ.
O tema inovação também foi abordado durante o evento. O palestrante disse respeitar muito o passado, mas acredita que é preciso buscar novidades. “A questão da inovação não é muito abordada, apesar de ser tratada em todas as demais áreas de pesquisa. O tema é pouco estudado, talvez pelo peso da tradição, mas é preciso ter um pouco de audácia”, defendeu. De acordo com ele, muitos projetos no Brasil estão ligados à inovação e as competições olímpicas são historicamente usadas para testes de novas tecnologias. “Os jogos olímpicos são muito conectados à tecnologia e as inovações resultam no desenvolvimento das rotinas, não só dos jogos, mas de tudo que está em volta, como a comunicação por exemplo. As empresas de telefone e televisão do mundo inteiro usam os jogos para introduzir novas técnicas”.
O pesquisador acredita ainda que o evento deixará legados importantes para a cidade do Rio de Janeiro e para o País. “São legados não tangíveis, que não são vistos diretamente. O Rio de Janeiro está se modificando como cidade, além da valorização da cultura local”, explicou ele ao defender ainda que o desafio de realizar um grande evento é também um aprendizado para os gestores públicos. “Isso é bom até para o governo que não está acostumado a isso, deixa as obras correrem e vai se adaptando ao longo do tempo, o que não pode ser feito em jogos olímpicos”, complementou. Nesse sentido, uma das áreas mais estudadas atualmente, segundo da Costa, é a gestão, pela capacidade que os grandes eventos têm de mudarem as cidades e os países.
Neste mês, integrantes do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS vão desenvolver um estudo em parceria com a Universidade de Kaiserslautern, da Alemanha. O grupo viaja para o Rio de Janeiro no dia 13 com o objetivo de identificar como o público vê a organização do evento e suas percepções sobre as novas formas que a modalidade ganha. O impacto cultural da olimpíada no público também será avaliado.
Nesta quarta-feira à noite a seleção francesa olímpica de natação fez seu primeiro treino no Parque Esportivo da PUCRS, em preparação para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. A escolha pelo horário noturno (das 21h às 23h) é estratégica: provas importantes da competição serão realizadas à noite.
Os atletas treinaram na piscina olímpica do Parque, que conta com as medidas oficias de 50 metros de comprimento, 25 metros de largura e 2 metros de profundidade. O ambiente da piscina é coberto e totalmente climatizado, permanecendo 27° o ano inteiro. A água da piscina recebe tratamento à base de sal e conta atualmente com a temperatura adequada para treinos no inverno e para competições.
A equipe e comissão técnica foi recepcionada pelo Reitor da PUCRS, Joaquim Clotet, e por representantes da Universidade. Os franceses treinarão no terceiro andar do Parque Esportivo até segunda-feira, 1º de agosto e os treinos são abertos a quem quiser assistir. Quinta, sexta e segunda-feira será das 21h às 23h. No sábado e domingo das 20h às 22h.
Saiba mais sobre o Parque Esportivo da PUCRS, que conta com uma escola de natação nas mais diversas modalidades, pelo site www.pucrs.br/parqueesportivo ou telefone (51)3320-3622.
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Os maiores especialistas do mundo em estudos olímpicos estarão reunidos na PUCRS nos dias 2 e 3 de agosto, para o Colóquio Internacional dos Centros de Estudos Olímpicos. Organizado pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da Universidade, o evento reunirá 40 pesquisadores de 15 países e do Comitê Olímpico Internacional (Suíça), que apresentarão seus estudos na área. O foco principal do colóquio é o diálogo e a criação de redes entre centros e pesquisadores.
A palestra de abertura será com o professor Lamartine DaCosta, referência mundial na área de estudos olímpicos, membro do conselho consultivo da Russian International Olympic University, pesquisador da UERJ e professor da University of East London. Para Nelson Todt, um dos organizadores do evento, o colóquio consolida a posição da PUCRS neste campo de pesquisa em âmbito mundial e prospecta a possibilidade de novas parcerias institucionais. “Haverá uma aproximação com os outros centros que desejam pesquisar os impactos e legados dos Jogos do Rio 2016. Também deveremos estabelecer uma relação mais próxima com a Universidade de Tsukuba (Japão), que trabalha nas questões educacionais para os Jogos Olímpicos de 2020”, afirma. Entre os participantes estão Hisashi Sanada, pesquisador responsável pelos estudos relacionados aos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio; Silvia Dalotto, do comitê organizador dos Jogos Olímpicos da Juventude, que será realizado em 2018 em Buenos Aires; e Maria Bogner e Nuria Puig, do Centro de Estudos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional, na Suíça.
Também em agosto, integrantes do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS vão desenvolver um estudo em parceria com a Universidade de Kaiserslautern (Alemanha). O grupo viaja para o Rio de Janeiro no dia 13 com o objetivo de identificar como o público vê a organização do evento e suas percepções sobre as novas formas que a modalidade ganha. O impacto da olimpíada cultural no público também será avaliado.
O professor Nelson Todt, da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS, participou do revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016 em Porto Alegre nesta quinta-feira, 7 de julho. Ele percorreu um trecho de 200 metros, com início na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto, entre os números 1190 e 2662, no bairro Praia de Belas.
O nefrologista Moacir Traesel e o urologista Jorge Antônio Pastro Noronha, chefe do Serviço de Urologia do Hospital São Lucas da PUCRS, também participarão do revezamento da tocha olímpica em sua passagem pelo Estado. Traesel carregará o símbolo dos jogos em Porto Alegre, no dia 7 de julho, e Noronha em Novo Hamburgo, no dia 8 de julho.
Confira abaixo o perfil de Todt, publicado pela Revista PUCRS número 180.
O esporte sempre esteve presente na vida de Nelson Todt. Foi muito importante para a autoestima e o ajudou a identificar características próprias que o fizeram ser professor, como iniciativa, liderança e o poder de agregar e mobilizar pessoas. Todt cresceu jogando bola na Redenção, em Porto Alegre, já que “tinha o privilégio de morar em frente ao parque”. Na companhia do pai treinava chute com os dois pés no pátio de casa. Depois do futebol, identificou-se com o basquete, jogou em âmbito escolar e universitário, foi técnico e montou até a própria escolinha, a Bola Viva. Hoje, Todt é professor da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS (Fefid), criador do Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS, presidente do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, membro do Comitê Internacional e teve a honra de carregar a tocha olímpica por 200 metros em Porto Alegre nesta quinta-feira, 7 de julho.
O primeiro contato com o tema olimpíadas foi enquanto professor do extinto Colégio Cruzeiro do Sul. “Eu não gostava só dos jogos, mas também de fazer a cerimônia de abertura, com coreografia e chegada da tocha”, lembra. A viagem para a Grécia, em 1999, como participante de uma sessão para jovens da academia olímpica internacional, trouxe ainda mais simbolismo para as atividades extraclasse na escola. “Queria cada vez mais que os jogos tivessem um sentido, não focar apenas na disputa. Isso começou a moldar meus discursos como professor universitário”, avalia. Na época fazia mestrado em Ciências do Movimento Humano e suas pesquisas remetiam ao esporte que educa, forma, sociabiliza e inclui.
Em 2007, Todt recebeu uma bolsa do Centro de Estudos Olímpicos para passar um mês na Suíça e foi convidado pela fundadora do Comitê Brasileiro Pierre de Coubertin, criado no ano anterior, a visitá-la na Alemanha. “Ela e o marido me pediram para assumir o comitê. Recebi todo o apoio necessário da PUCRS e trouxe sua sede de João Pessoa para a nossa Universidade. Isso ajudou a impulsionar as pesquisas do grupo de Estudos Olímpicos, criado em 2002. Hoje conto com dois bolsistas de iniciação cientifica”, relata.
O convite para integrar o conselho do Comitê Internacional Pierre de Coubertin veio em 2014, depois do estágio de pós-doutorado na Espanha e de contato com o seu presidente em diferentes eventos. “Desde que voltei para o Brasil, consegui encaminhar o fechamento de três convênios internacionais para a PUCRS, um com a Espanha e dois com a Alemanha, envolvendo pesquisa e mobilidade”, celebra o professor, que tinha como objetivo colocar a Fefid no mapa do mundo. “No início de agosto vamos sediar o colóquio internacional dos centros de estudos olímpicos e os melhores da área virão para cá. Somos reconhecidos como espaço de referência”, complementa.
Para Todt, a questão olímpica tem cultura própria na Europa, mas no Brasil o esporte vive muito da “monocultura do futebol”. Como a abordagem de outros esportes não tem muito espaço, decidiu criar o Grupo de Estudos Olímpicos. “O tema encontrou espaço aqui e caminha ao lado da construção da oportunidade de o Brasil organizar os jogos. Contribuiu para popularizar essa área de conhecimento”, afirma.
Clique aqui e leia a matéria completa na edição nº 180 da Revista PUCRS
Neste momento, falar sobre os Jogos Olímpicos do Rio 2016 é muito difícil, especialmente pelos inúmeros problemas que, de forma recorrente, atrapalham a preparação brasileira para este desafio internacional, como o alto grau de corrupção do sistema político nacional e a decorrente burocracia para aprovação, encaminhamento e desenvolvimento dos projetos propostos.
Muitos pensam que, com a realização desse evento, muitos problemas do País seriam evitados e outros acabariam… doce ilusão. Até porque seria muita pretensão jogar tal responsabilidade sobre um único evento.
Entre encantamentos, expectativas positivas e dados não muito animadores, neste momento não quero entrar no mérito sobre se os jogos são bons ou ruins, quero apenas me ater ao fato de que são grandiosos.
Um evento como este merece pelo menos maior atenção, compreensão e respeito pelo seu alcance.
Apenas na Era Moderna, os jogos já duram mais de um século… ao considerarmos também os festivais pan-helênicos em Olímpia chegamos a um total de 13 séculos! Por um outro olhar, chama a atenção a audiência da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos em Londres (2012), que chegou a 3 bilhões de pessoas, ou seja quase 43% da população mundial.
Desde sua (re) criação no final do século 19, tendo Pierre de Coubertin como figura mais representativa, até os dias de hoje, o mundo Olímpico encontra-se em constante contradição. É muito cômodo criticar (até porque há motivos para isso), o difícil para muitos tem sido pensar em como tirar um bom proveito de um fenômeno inigualável como este.
É importante ressaltar que o Movimento Olímpico tem sua filosofia apoiada não apenas em uma excelente programação de atividades esportivas, mas, sobretudo na utilização do esporte como um fator de aprimoramento do homem e de sua cultura.
Esta é uma extraordinária oportunidade de mostrar que os brasileiros podem ser muito mais do que um povo simpático e alegre. É possível (e necessário) transformar a indignação de boa parcela do povo brasileiro em ações de mudança e construção… mais do que nunca precisamos de “Ordem e Progresso” para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida daqueles que sofrem com a indiferença, desigualdade e falta de perspectivas.
Muitos se questionam sobre o legado que os Jogos deixarão para o País… penso que legado não se recebe, mas se constrói! Assim, é preciso reafirmar a ideia de que ao utilizar o esporte como instrumento de educação, é possível causar efeitos positivos na vida de muita gente.
Esta afirmativa me deixa esperançoso nesta época em que o esporte no Brasil está em evidência. Esperançoso no sentido de que muitos poderão aproveitar o momento máximo da chamada “Década do esporte no Brasil” para educar, formar pessoas melhores e felizes. Formar cidadãos pelo esporte não apenas para o sentido de sociedade, mas para um sentido de humanidade!
Saudações Olímpicas!
* Este artigo expressa a opinião pessoal do seu autor.