A mais recente análise do PUCRS Data Social: Laboratório de Desigualdades, Pobreza e Mercado de Trabalho, intitulada “Levantamento Sobre Gênero, Trabalho e Parentalidade no Rio Grande do Sul”, aponta que, no Rio Grande do Sul, 19,7% das mulheres em relações conjugais com idade entre 25 e 50 anos estão fora do mercado de trabalho, sendo que 13,4% se afastam em função da demanda de tarefas domésticas, como cuidar dos filhos, de outros dependentes ou dos afazeres domésticos. Ou seja, o motivo que faz 68,3% das mulheres estarem fora do mercado é o trabalho doméstico. Entre os homens no mesmo recorte, por sua vez, apenas 2,6% não participam do mercado de trabalho, sendo que somente 0,3% se afastam em função de tarefas domésticas.
Tamanha diferença se torna ainda mais marcante quando olhamos apenas para famílias com filhos. Entre as famílias gaúchas com filhos de até seis anos, 25,9% das mulheres, chefes de família ou cônjuges, estão fora do mercado de trabalho. Entre os homens, somente 1,6%. E mesmo analisando somente famílias cujos filhos têm entre seis e quinze anos – ou seja, em uma faixa etária mais elevada –, a diferença é significativa: enquanto apenas 4,2% dos homens não participam do mercado de trabalho, entre as mulheres essa proporção chega a 18,5%.
A fonte de dados é da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua, em sua versão trimestral. O recorte utilizado inclui pessoas de referência no domicílio e cônjuges, em relações heterossexuais, com idade entre 25 e 50 anos, no 4º trimestre de cada ano estudado.
“Os resultados expressam, primeiro, a marcante divisão do trabalho doméstico, em especial no que se refere ao cuidado com os filhos, pelo qual as mulheres são tidas como responsáveis. E, em segundo, o resultado substantivo disso na redução da participação dessas mulheres no mercado de trabalho”, diz o professor Andre Salata, coordenador do PUCRS Data Social e um dos autores do estudo.
Essas constatações ficam muito evidentes quando se compara a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho, de acordo com o número de filhos. Entre os casais sem filhos, 2,3% dos homens estão fora do mercado de trabalho, e 14,8% das mulheres. Quando consideramos apenas casais com um filho, 3% dos homens não trabalham nem procuram emprego, contra 18,9% das mulheres. Quanto a casais com três ou mais filhos, 36,6% das mulheres e somente 4,8% dos homens estão fora do mercado de trabalho.
“Os dados mostram que, em relação às mulheres, há um claro aumento na proporção daquelas que estão fora do mercado entre famílias com mais filhos. O mesmo, no entanto, não ocorre entre os homens, cuja participação pouco varia em função do número de filhos. Isso é, em alguma medida, resultado da ideia de que cabe mais às mulheres do que aos homens cuidar dos filhos”, diz a professora Izete Pengo Bagolin, pesquisadora do PUCRS Data Social.
O levantamento traz ainda dados sobre desigualdades raciais, e mostra que mulheres gaúchas negras parecem sofrer mais desvantagens que as brancas nesse âmbito. Entre as mulheres brancas, 12,8% estão fora do mercado de trabalho por motivos domésticos. Já entre as negras, a proporção era de 16,8% no quarto trimestre de 2023. Além disso, os dados evidenciam que, independentemente no número de filhos ou da idade deles, a taxa de mulheres negras fora do mercado de trabalho é sempre maior que a de mulheres brancas.
Segundo Ely José de Mattos, pesquisador do PUCRS Data Social, mulheres negras estão sobrerepresentadas nos estratos mais baixos da população. “Em virtude disso, estamos falando de famílias com menos recursos para pagar babás ecreches. Ou seja, é esperado que entre mulheres negras o fardo do trabalho doméstico seja ainda maior, conforme mostram os dados”, pontua.
Por fim, o estudo traz uma comparação entre as unidades da federação. Apesar dos preocupantes dados acima mencionados, o Rio Grande do Sul possui a menor taxa de mulheres fora do mercado de trabalho (13,4%). No Acre, estado com a maior taxa, a proporção chega a 38,1%. Em São Paulo está em 17,2%, e no Rio de Janeiro em 20,8%.
“Essas proporções estão correlacionadas com o nível socioeconômico das unidades da federação. Em estados mais ricos, as famílias têm mais recursos para pagar pelo trabalho doméstico, fazendo a pressão sobre as mulheres cair um pouco. Mesmo assim, os dados continuam preocupantes, como no caso do Rio Grande do Sul”, conclui Salata.
26 de agosto de 1973: há 50 anos era implementado pelo Congresso dos Estados Unidos o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data foi escolhida em homenagem à emenda que permitiu o voto às mulheres americanas em 1920. No Brasil, o direito ao voto feminino, sem nenhum tipo de restrição, foi obtido mais de 20 anos depois. Já a luta pelo direito feminino de exercer uma profissão continuou até 1962, quando ocorreu a revogação do inciso VII do Artigo 242 do Código Civil Brasileiro de 1916 – em que o trabalho da mulher estava sujeito à autorização do marido. Mesmo assim, nas últimas cinco décadas, já com o Dia Internacional da Igualdade Feminina instaurado, as mulheres continuam lutando pela equidade.
Um estudo do PUCRS Data Social mostra uma desigualdade de gênero no mercado de trabalho no Rio Grande do Sul. Apesar de possuírem maior escolaridade, as mulheres têm média salarial 37,2% menor que a dos homens no Estado: enquanto a renda média delas era de R$ 2.380,00, a deles era R$ 3.267,00. E mesmo entre mulheres e homens com a mesma qualificação, a desigualdade se mantinha. Se, para os homens com Ensino Superior completo, a renda média era de R$ 6.589,00, entre as mulheres caía para R$ 3.888,00.
Os dados são do Levantamento Sobre Desigualdade de Gênero no Rio Grande do Sul feito através de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dizem respeito à população ocupada com idade entre 25 e 64 anos, com valores de rendimento deflacionados para preços médios de 2021.
“Essa predominância de mulheres ocupando cargos de menor remuneração pode estar associada a um conjunto de fatores individuais, familiares e sociais que vão desde a existência de profissões consideradas mais femininas até as barreiras efetivas que as mulheres enfrentam para ascender aos cargos de melhor remuneração”, destaca Izete Bagolin, pesquisadora do PUCRS Data Social.
De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, a equidade entre os gêneros só será alcançada em 132 anos. A Lei 14.611, sancionada em julho deste ano, chega para tentar mudar esse cenário e garantir a igualdade salarial. Com ela, torna-se obrigatório a adoção de medidas para que mulheres entrem, permaneçam e evoluam no mercado de trabalho em condições iguais as dos homens.
Ao longo das décadas, a evolução na conquista de direitos femininos fortaleceu o movimento ao redor do mundo, oportunizando a criação de pesquisas e estudos na área. Na PUCRS, desde o ano 2000, existe o Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) que, entre outras questões, debate a violência de gênero e estratégias de prevenção. Entre as pesquisas desenvolvidas está o mapeamento da rede de proteção à mulher em situação de violência doméstica; avanços e desafios da Lei Maria da Penha na implementação de políticas públicas; mulheres quilombolas e o acesso às políticas públicas e a violência contra a mulher rural e a rede de proteção social.
Para Patrícia Grossi, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência da Escola de Humanidades da PUCRS, “o NEPEVI identificou uma lacuna no atendimento às mulheres rurais que não possuíam acesso às delegacias, serviços especializados e abrigos. Isso contribuía para que elas permanecessem em situação de violência”. Patrícia destaca também a importância de políticas públicas transversais e com foco na luta contra as desigualdades de gênero, raça, etnia e geração. “Existem mulheres mais vulneráveis à violência, como as negras, as que vivem em territórios isolados, as ribeirinhas, quilombolas, indígenas. Todas elas têm menos acesso a políticas de enfrentamento, por isso é essencial pensarmos em ações que incluam estes grupos”.
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No Brasil, mais da metade da população (57%) é de pessoas negras, segundo o IBGE. Dessas, 29% são mulheres. Mesmo assim, elas não ocupam os melhores lugares. De acordo com o Instituto, as mulheres negras ainda possuem os piores empregos, salários e condições de vida.
Na PUCRS, o Núcleo de Estudos em Cultura Afro-Brasileira e Indígena (NEABI) realiza pesquisas e ações com enfoque na diversidade étnico-racial e na valorização de histórias de comunidades africanas, afro-brasileiras e indígenas. Para Flávia Camila Bernardes, integrante do NEABI e psicóloga supervisora do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP) da PUCRS, o acesso à educação é um fator determinante para mudar o atual cenário.
“A educação é um meio transformador da sociedade, especialmente com foco nas relações étnico-raciais. Além disso, diferentes ações que contemplem o letramento racial auxiliam no processo de desconstrução dos estereótipos e preconceitos, pois possibilitam adquirir e aprimorar conhecimentos a respeito da temática e promovem conscientização”.
Grupos como o NEABI são uma maneira de fortalecer a representação negra dentro do ambiente acadêmico, oportunizando a criação de ações para essa parcela da população. “Promover atividades, incluindo a comunidade externa em maior vulnerabilidade, contribui para que as mulheres negras possam almejar e concretizar o acesso ao espaço acadêmico. A reserva de vagas e o fortalecimento dessas ações devem garantir a permanência delas no ambiente acadêmico em diferentes níveis, como discentes, docentes e pesquisadoras”, destaca.
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Com a expansão de novas tecnologias e com a alta da demanda de adaptação digital, até 2024 serão criadas cerca de 420 mil novas vagas na área de Tecnologia da Informação (TI), segundo estimativas do Banco Mundial. Apesar do crescimento do mercado, a representatividade das mulheres na área ainda é baixa.
Em 2019, elas correspondiam a apenas 13,3% dos/as estudantes matriculados/as nos cursos de graduação presenciais nas áreas de computação e TI, de acordo com o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E mesmo com o exemplo de nomes como Ada Lovelace, Mary Kenneth Keller, Margaret Hamilton e Frances Allen, que fizeram história no ramo, até 2017 apenas 20% das pessoas que atuavam na área de computação no Brasil eram mulheres, segundo a plataforma de dados Dataviva.
Para contribuir com a mudança dessa realidade e ampliar a inserção de mulheres nas áreas relacionadas a tecnologia, a PUCRS e a empresa Poatek estão lançando a quinta edição do Programa Mulheres na Computação. A iniciativa oferece cinco bolsas integrais para o ingresso no curso de Bacharelado em Ciência da Computação da Escola Politécnica da PUCRS, além de bolsa-auxílio mensal de R$ 1.200, para cada aluna, durante 18 meses.
A primeira etapa de inscrição para o programa é o registro de interesse, que deve ser feito até o dia 30/9, pelo site do PUCRS Carreiras. Para concorrer às bolsas é necessário possuir renda familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa.
As candidatas passarão por etapas de entrevistas e deverão realizar a prova do Vestibular de Inverno 2022 da PUCRS, no dia 11 de junho. O edital pode ser conferido neste link.
A estudante Morgana Weber foi uma das aprovadas na primeira edição do Programa. Para ela, a oportunidade possibilitou a realização de um sonho. “Foi por meio da iniciativa que pude realizar o sonho de entrar na faculdade em uma área na qual quero seguir”. A estudante também destaca a relevância da ação para a sociedade e para a participação de mais mulheres na TI:
“Por mais que a gente trabalhe e lute para mudar isso, ainda há poucas mulheres na computação e tecnologia da informação. Ações como essa são fundamentais para debatermos essa questão e ampliar a igualdade de gênero”.
Já a estudante Jennifer Bittencourt, que também foi selecionada na primeira edição do Programa, incentiva as estudantes que desejam ingressar na área. “Lembrem-se que o primeiro algoritmo foi escrito por uma mulher. Por isso, não tenham medo de seguir nessa área”.
O Bacharelado em Ciência da Computação na PUCRS oferece uma base sólida dos fundamentos da computação e uma visão profunda de temas como linguagens de programação, sistemas operacionais, redes e sistemas distribuídos, engenharia de software, inteligência computacional, computação gráfica e desenvolvimento de jogos.
A profissional diplomada estará habilitada para atuar na indústria de software e hardware. Também poderá se vincular a projetos de pesquisa, empreender e buscar oportunidades de carreira no exterior.
Nesta quinta-feira, 26 de agosto, é o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data reforça a necessidade de se debater esse tema e a importância de ações efetivas para que a igualdade e a equidade de gênero possam serem alcançadas. Ao longo do tempo, mulheres conquistaram inúmeros avanços, desde o direito ao voto, na década de 1930, até a Lei do Feminicídio, em 2015. No entanto, além de ambas serem datas recentes se comparadas à história da humanidade, a disparidade entre homens e mulheres ainda é evidente na sociedade.
Para refletir sobre essa data, uma das pesquisadoras mais influentes do Brasil, Patrícia Grossi, que estuda violência de gênero e políticas públicas e atualmente é professora da Escola de Humanidades da PUCRS, preparou cinco dicas de livros e de filmes que abordam questões de gênero, confira!
Uma das lutas mais marcantes pela igualdade de gênero da história se deu através do movimento sufragista do século 20. Esse filme conta a história de Maud Watts, interpretada por Carey Mulligan, uma mulher inglesa sem formação política que passa a cooperar com o movimento, cujo objetivo é a conquista do direito ao voto feminino. Para isso, ela enfrenta a pressão imposta pela polícia e por seus familiares, os quais querem que ela retorne para casa, onde seria sujeita à opressão masculina. No entanto, ela decide realizar certos sacrifícios em busca da igualdade de direitos.
Estrelado por Julia Roberts, esse drama romântico conta a história de Katherine Watson, uma professora que, na década de 1950, é contratada para lecionar História da Arte em uma escola feminina tradicional, a Wellesley College, onde garotas consideradas brilhantes são educadas para serem esposas cultas e mães responsáveis. Entretanto, Watson discorda desse pensamento e enfrenta tanto a administração da escola quanto as próprias estudantes para abrir a mente das alunas. Seu desafio é fazer com que elas assumam sua identidade cultural como ser social e histórico.
Dirigido por Tim Burton, é um drama biográfico que aborda a vida da artista Margaret Keane. Ela e seu marido, Walter, ficaram conhecidos nas décadas de 1950 e 1960 por pintarem retratos de mulheres e crianças com olhos grandes. A mulher era a verdadeira responsável pelas obras, mas era Walter quem recebia os créditos por elas. Em 1970, Margaret assumiu a autoria das artes durante um programa de rádio, o que culminou em uma grande disputa entre o casal, resultando em uma batalha judicial.
Nessa obra, a escritora nigeriana relembra a primeira vez que foi chamada de feminista. Durante uma discussão com seu amigo de infância, a palavra foi utilizada de maneira depreciativa. Apesar disso, Chimamanda abraçou o termo e começou a se autodenominar como “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”. Neste ensaio, a autora parte de sua experiência pessoal para mostrar que ainda há muito trabalho para que a igualdade de gênero seja alcançada.
Ela considera que para atingir essa igualdade é necessário que homens e mulheres atuem de forma conjunta, pois é algo que beneficiará ambos os gêneros, uma vez que meninas poderão assumir sua identidade, ignorando a expectativa alheia, enquanto os meninos poderão crescer livres, sem ter que se enquadrar em estereótipos de masculinidade.
Neste livro a renomada escritora aborda não apenas a luta feminista, mas também a anticapitalista, a antirracista e a antiescravagista. Davis acredita que as questões de gênero são permeadas por interseccionalidades, as quais não podem ficar de fora dos debates. Ela sai do ponto de vista das mulheres brancas e dá centralidade ao papel das mulheres negras na luta contra as explorações que se perpetuam no presente, relembrando diferentes momentos da história dos Estados Unidos.
Apesar de não ser uma obra pensada para a realidade brasileira, ainda assim é uma leitura importante, visto que o País por muito tempo ressaltou e ainda repete o mito da democracia racial, além de ser um dos mais desiguais do mundo. Basta observar que a maior parte da população que não possui trabalho ou que está subocupada é racializada e que negros além de serem mais vítimas de homicídios, em relação a brancos, são maioria no sistema carcerário, como demonstrado pela Agência Lupa, em reportagem que usa como base dados do IBGE.
Dados do Female Founders Report, da comunidade de startups brasileira, Distrito, mostram que apenas 9,8% das startups são fundadas ou cofundadas por mulheres, e muitos destes negócios não ultrapassam o estágio inicial por encontrarem dificuldades no processo de validação. Para auxiliar na transformação dessa realidade, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), com apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), desenvolveu o programa Women on the Road, que acontecerá no segundo semestre de 2021.
O propósito da iniciativa é promover o desenvolvimento de startups em estágio inicial que sejam fundadas ou cofundadas por mulheres, além de sensibilizar futuras empreendedoras. O Women on the Road deve provocar conexões que poderão gerar oportunidades de negócio entre empreendedoras do ecossistema.
Para o superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, Jorge Audy, iniciativas como esta são um investimento no futuro da região: “A capacitação de profissionais nas áreas de tecnologia e de empreendedorismo para mulheres é uma ação estratégica para o desenvolvimento de nosso estado”.
Já Leandro Pompermaier, líder do Tecnopuc Startups, explica o propósito do Tecnopuc com o programa:
“Explorar o potencial de liderança, trabalho em equipe, inovação e solução de problemas. O Women on the Road nasce conhecendo o potencial de executivas e empreendedoras mulheres pois acreditamos que a diversidade nos negócios traduz em negócios melhores, mais robustos e é um ativo com potencial de gerar impactos socioeconômicos positivos”
Saiba como funcionará o programa para startups fundadas por mulheres
O Women on the Road será dividido em três momentos: awareness, women warm-up e women on the road.
Para participar, as equipes devem ser formadas por, no mínimo, duas empreendedoras, 75% da equipe precisa ser composta por mulheres e a solução inovadora proposta deve ter base tecnológica. A startup deve ser fundada ou cofundada por mulheres.
Interessadas em participar do programa podem se inscrever pelo site Sympla.
Outras iniciativas do Tecnopuc para mulheres
Flávia Fiorin, Gestora de Operações e Empreendedorismo do Tecnopuc, relembra algumas das ações recentes do Parque: o Women in Tech, em parceria com a HP, e o Conexão Rio-POA [Delas], em parceria com a UFRJ, mostram a responsabilidade e o compromisso que o Tecnopuc tem com a formação e com a conexão de mulheres empreendedoras. Tudo isso demonstra o compromisso em auxiliar startups que tem mulheres como fundadoras a concretizar seus negócios e, dessa forma, transformar a realidade em que pessoas do gênero feminino são minorias na liderança de empresas.
“Estamos muito felizes em contar com o BRDE para impactar a trajetória profissional de muitas mulheres. Além de auxiliar na formação, o ecossistema cria e fortalece uma rede de apoio e de crescimento para que o impacto no mercado seja real. É um movimento que busca auxiliar na transformação do dado que revela o baixo número de startups lideradas por mulheres. Queremos mudar isso através da ação, da conexão e da formação”, sintetiza Flavia.
Há pouco tempo, homens representavam mais de 80% do mercado de trabalho, enquanto mulheres eram poucos mais de 13%, segundo dados de 1950, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passados 70 anos, elas conquistaram mais espaço. O relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) aponta que, em 2020, a taxa de participação no mercado de trabalho das mulheres foi de 46%, enquanto a dos homens foi de 69%.
Pensando em contribuir com a inserção das mulheres no mercado, o PUCRS Carreiras e a Fundação Irmão José Otão (Fijo) estão com as inscrições abertas para a 3ª edição do Grupo de preparação para o mercado de trabalho. O objetivo da iniciativa é contribuir para que mulheres possam se apropriar de seus próprios recursos e história de carreira, por meio do trabalho em grupo e do contato com outras mulheres que servem de apoio e inspiração.
Serão quatro encontros semanais, mediados pelas psicólogas e consultoras do PUCRS Carreiras Fabiane Rossi e Gabriela Techio. Serão abordados temas como identificação de habilidades e interesses profissionais; reconhecimento da trajetória de carreira, elaboração de currículo e dicas de preparação para o processo seletivo.
Para participar é necessário estar desempregada, ter renda familiar de até três salários mínimos e estar buscando vaga no mercado de trabalho. Nesta edição serão 15 vagas disponíveis. A seleção das participantes se dará a partir de um sorteio realizado nas redes sociais do PUCRS Carreiras, no dia 19 de maio.
Os encontros acontecerão pela plataforma Zoom, às terças-feiras, das 15h às 17h, de 25 de maio a 15 de junho. As interessadas podem fazer as inscrições gratuitamente aqui, até 18 de maio.
Gratidão, paixão, felicidade, motivação, alegria, honra. Essas foram as expressões das cinco mulheres, pesquisadoras da PUCRS, ao saberem que foram reconhecidas pelo projeto Open Box da Ciência, uma iniciativa da organização Gênero e Número, que tem como objetivo dar visibilidade à atuação das mulheres no meio científico nacional.
Conversamos com elas para saber como avaliam a participação feminina na produção científica no Brasil, quais as mudanças mais marcantes dos últimos anos, o que ainda precisa ser melhorado, e quais são as perspectivas para os próximos anos quanto à ocupação em cargos de liderança. Confira a entrevista completa com cada uma delas.
Carla Bonan, pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida
Patrícia Krieger Grossi, professora da Escola de Humanidades
Uma das mudanças positivas observadas foi a possibilidade de inclusão do período de licença maternidade no currículo lattes da pesquisadora para que não seja avaliado de forma negativa a diminuição da produção acadêmica naquele período.
Através de uma pesquisa realizada por Barros e Mourão (2020), no qual analisaram a produção de pesquisadores do CNPq de 2013 a 2016, verificaram que apesar de não haver diferenças significativas em relação à produção científica de homens e mulheres, os homens representam 63% dos bolsistas produtividade em pesquisa do CNPq e se considerar o nível mais elevado da carreira, que é PQ1A, somente 23% das mulheres atingiram esse nível.
Não vejo grandes expectativas de mudanças em relação a esse cenário nos próximos anos, considerando que o ranking do Brasil no índice de desenvolvimento de gênero despencou para o 79 lugar entre 166 países segundo a ONU. Esse índice reflete os mesmos indicadores do IDH que avaliam saúde, renda e educação de homens e mulheres. Apesar das mulheres terem nível de escolaridade maior do que os homens, possuem rendimentos 41.5% menores. Essas desigualdades de gênero continuam se refletindo na menor participação das mulheres em cargos de liderança na pesquisa, na política e em outras esferas.
BARROS, S. C. da V. and MOURÃO, L. Existem diferenças de gênero entre os bolsistas produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)?
[online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2020 [viewed 01 August 2020]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2020/05/08/existem-diferencas-de-genero-entre-os-bolsistas-produtividade-do-conselho-nacional-de-desenvolvimento-cientifico-e-tecnologico-cnpq/
Maria Martha Campos, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida
Iná da Silva dos Santos, professora da Escola de Medicina
Quanto às perspectivas para os próximos anos, acho que há novidades no ar, que com o tempo poderão conduzir a correção de alguns vieses. Em Epidemiologia, por exemplo, há uma proporção maior de mulheres em posições de início de carreira. É possível que essa maior representatividade resulte em um aumento futuro no número de mulheres em posições de liderança na área. Mas isso, só o tempo nos dirá. Por ora, iniciativas como a plataforma Open Box da Ciência têm o grande valor de trazer visibilidade e provocar a reflexão sobre esta importante questão das disparidades entre os gêneros na ciência.
Gabrielle Bezerra Sales Sarlet, professora da Escola de Direito
Creio que a despeito de alguma evidente alteração numérica na composição dos quadros na área da academia e da ciência, há muitas dificuldades em se aceitar a mulher como um sujeito de direito no Brasil e, destarte, algumas condições mínimas para a participação da mulher ainda são muito precárias, sobretudo no que toca à mulher que carece de bolsas e de incentivos para prosseguir na formação educacional.
Não se pode olvidar que há ainda uma enorme dificuldade para aquelas estudantes negras que acabam sofrendo um estigma adicional em função da raça. Pode-se ainda apontar igualmente uma precarização da educação brasileira nesse momento, de modo geral, mais especificamente no que afeta à educação sexual e às noções de auto cuidado nas escolas e nas famílias, comprometendo a saúde de mulheres e de meninas e, desse modo, retardando ou impedindo a sua entrada no mercado de trabalho, na área acadêmica e científica.
Nesse sentido, deve-se destacar as mulheres e as meninas que em razão do PROUNI foram introduzidas em um universo de novas portas de conhecimento e que, desta forma, influenciaram as suas famílias e que geraram muitas riquezas para o Brasil.
Portanto, entendo que urge a priorização de políticas públicas que, de fato, levem a sério as especificidades dos perfis das mulheres que habitam e que vivem situações extremamente distintas nas regiões do Brasil e que promovam, de fato, a participação feminina, orientando-as para o protagonismo, para a responsabilidade e para a solidariedade.
Além disso, a visibilidade das diversas formas de violências, as quais as mulheres brasileiras são cotidianamente expostas é, sem sombra de dúvidas, um caminho para que possamos firmar laços de apoio e de reconhecimento mútuo que, em outras palavras, atuam igualmente como um suporte para a autoestima e, para o empoderamento.Finalmente, as campanhas de educação em direitos, sobretudo no que concerne aos direitos humanos tem evidentemente um papel muito relevante na construção de uma sociedade mais acolhedora, mais inclusiva e menos violenta.
A carreira profissional é uma prioridade para muitas mulheres que consideram a independência e o empoderamento pautas importantes em suas vidas. Apesar de serem a maioria da população brasileira, 51% segundo as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando se refere ao mercado de trabalho, os números se invertem. Conforme o relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF), serão necessários mais de dois séculos para se atingir a igualdade de gênero no mercado.
A partir dessa realidade, o PUCRS Carreiras e a Fundação Irmão José Otão (Fijo) criaram o Grupo de preparação para o mercado de trabalho, com o objetivo de auxiliar as mulheres que estão em busca de uma oportunidade. A psicóloga e consultora do PUCRS Carreiras Gabriela Techio fará a condução desses encontros online e ressalta que “com a pandemia e com dados de como mulheres seriam mais afetadas do que os homens nesse contexto, pensamos em fazer algo dentro do conhecimento técnico do nosso serviço”.
Dividido em cinco encontros semanais, a consultora irá abordar temas como carreira, interesses e motivações no mercado de trabalho, elaboração de currículo, busca por oportunidades, uso do LinkedIn e preparação para entrevista. Esses encontros irão contribuir na vida dessas mulheres para a apropriação de seus próprios recursos e de sua história de protagonismo através do trabalho em grupo e do contato com outras pessoas que servem de apoio e inspiração.
A expectativa de Gabriela é de que o grupo concretize um desejo antigo, mas também é a oportunidade de contribuir com a forma como elas olham para as suas carreiras. “Elas podem ter uma visão mais integrada de si e estimular suas redes de contato entre o próprio grupo”, destaca a consultora.
As mulheres que tiverem interesse em participar do grupo precisam atender aos critérios de seleção: não estar empregada; ter renda familiar de até três salários mínimos; e estar buscando por oportunidades no mercado de trabalho. As dez vagas disponíveis serão escolhidas através de um sorteio realizado nas redes sociais do PUCRS Carreiras.
Os encontros acontecerão pela plataforma Zoom, nas terças-feiras, das 14h às 16h, iniciando no dia 14 de julho e com a finalização no dia 11 de agosto. As interessadas podem fazer as inscrições gratuitamente clicando aqui.
Com 270 participantes, a quarta edição do encontro Empreendedorismo Feminino da PUCRS, realizada em 30 de maio, lotou o auditório da Escola de Negócios, no prédio 50. A adesão foi tanta que trouxe até um ônibus de interessadas vindas da Associação de Empreendedoras de Canoas. O tema em pauta foi Gestão do tempo, abordado pela empresária convidada Mileine Vargas. Também palestraram as professoras da PUCRS Letícia Hoppe (organizadora), que abriu o evento, e Eleani da Costa, que falou sobre sua trajetória e desafios ao longo da carreira. O encontro seguiu a metodologia design thinking, no qual são votados os temas das edições seguintes.
A pedido das empreendedoras, desta vez houve mais tempo para o networking e foi aberto um espaço para a exposição dos produtos das participantes. Segundo Letícia, o retorno foi muito positivo. “Elas se motivam, têm a oportunidade de conhecer potenciais clientes e fornecedores, soluções novas para problemas recorrentes, além de ideias para abrir seus negócios e inspiração”, relata.
O Empreendedorismo Feminino da PUCRS também conta com um time de apoio de recepção, voluntárias e parceiras. “Estou cada vez mais encantada com os resultados! Muitos depoimentos comoventes fazem com que continuemos com este evento”, diz Letícia. O próximo encontro está programado para setembro de 2017.
O Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCRS promove na quinta-feira, 17 de novembro, um encontro de lançamento do livro Filósofas, a Presença das Mulheres na Filosofia. O evento ocorre na sala 501 do prédio 5 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre), a partir das 19h30min. A organizadora da obra e professora de filosofia do Colégio Monteiro Lobato, Juliana Pacheco, ministra a palestra Por que Filósofas?, em que abordará a importância da temática do livro. Já a advogada Evellin dos Santos Ferreira, uma das autoras, falará sobre Angela Davis, uma pantera negra na filosofia, trazendo reflexões sobre a consciência negra na área. O livro também possui capítulos escritos por alunos dos cursos de História e Filosofia da Universidade.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas no local. A atividade é válida como horas complementares. Informações adicionais pelo telefone (51) 3320-3554 ou no evento do Facebook.
O livro Filósofas: a Presença das Mulheres na Filosofia busca evidenciar e mostrar a participação feminina na filosofia, desde a Idade Antiga até a Idade Contemporânea. Na obra, estão reunidos diversos textos, cada qual abordando uma respectiva filósofa. Os leitores irão encontrar a vida, obra e ideias de pensadoras como Hipátia, Aspásia, Safo de Lesbos, Hildegarda de Bingen, Olympe de Gouges, Lou Andreas-Salomé, Hannah Arendt, Simone de Beauvoir, Susan Sontag, Graciela Hierro, Angela Davis, Judith Butler e outras.