O evento foi sediado na PUCRS e aconteceu entre os dias 25 e 27 de setembro. / Foto: Gabriel Pedroso

O 1º Simpósio Brasil-Reino Unido sobre Mulheres na Ciência aconteceu na última semana, entre os dias 25 e 27 de setembro, reunindo pesquisadoras e estudantes de diferentes estados do Brasil. Nas sessões temáticas que integraram o evento, temas como representatividade feminina nas áreas científicas, equidade de gênero na ciência, desafios e avanços foram algumas pautas debatidas. 

O evento faz parte do projeto Mulheres na Ciência, financiado pelo British Council, que une sete universidades: King’s College London (KCL), University College London (UCL) e Glasgow Caledonian University (GCU) do Reino Unido, e as instituições brasileiras UFGRS, PUCRS, Feevale e Universidade Federal de Pelotas. O evento em Porto Alegre contou com a presença das professoras britânicas Andrea Streit (KCL), Patricia Salinas (UCL) e Patricia Munhoz-Escalona (GCU), que atuaram como mentoras ao longo de todo 2023 no projeto. 

Em busca de equidade 

Na palestra de abertura, a pesquisadora da UFRGS Aline Pan convidou as participantes a definirem em uma palavra quais os principais desafios de ser uma mulher na ciência. Palavras como respeito, credibilidade, tempo e oportunidades foram algumas das mais citadas na dinâmica. Para a professora, os dois grandes problemas que precisam ser enfrentados são: mulheres subrepresentadas nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharias e matemática) e em cargos de liderança. 

Ao todo, mais de 20 palestrantes brasileiras e internacionais participaram dos dias do evento. Temas como planejamento de prospecção de carreira na ciência, incentivo do interesse pela ciência desde a infância, liderança feminina, raça e feminismo, maternidade, assédio e inclusão de mulheres com deficiência foram apresentados, seguidos de debates com as participantes.  

O evento faz parte do projeto Mulheres na Ciência, financiado pelo British Council. / Foto: Gabriel Pedroso

Além das conferências, representantes do British Council também integraram o evento, com a palestra A Experiência de Athena Swan e o Marco de Igualdade de Gênero no Brasil, além de um workshop de disseminação do Marco Referencial para a Igualdade de Gênero em Instituições de Ensino Superior no Brasil. 

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Autoridades reforçam compromisso com o tema 

Na cerimônia de abertura do evento, representantes das pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação das quatro universidades brasileiras estiveram presentes, além da secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) Márcia Barbosa. O pró-reitor da UFRGS, José Antonio Poli de Figueiredo destacou a importância do constante debate sobre questões de gênero na universidade e na pesquisa. A diretora de pesquisa da PUCRS, Maria Martha Campos abordou a importância do levantamento de dados, iniciativa que também está em curso no âmbito do projeto, como forma de apoio na construção de novas políticas institucionais.  

A assessora de pesquisa e pós-graduação da Universidade Feevale Ana Carolina Kayser abordou a importância do trabalho em rede com outras universidades e celebrou a representatividade das mulheres que já é uma realidade na sua instituição. Por fim, o pró-reitor Flávio Fernando Demarco da UFPEL destacou a importância do debate entre todos os públicos, homens e mulheres, para a conquista de uma sociedade cada vez mais igualitária.

Mais de 20 palestrantes brasileiras e internacionais participaram do evento. / Foto: Gabriel Pedroso

Para a secretária Márcia Barbosa, que também é pesquisadora da área STEM, espaços como o do Simpósio são fundamentais para continuarmos avançando no debate e na construção de um espaço científico cada vez mais equitativo. A convidada destacou a importância de políticas públicas que assegurem a representatividade feminina e os projetos que incentivem o interesse das áreas STEM para meninas e mulheres. 

Projeto segue com o levantamento de dados 

O projeto Mulheres na Ciência iniciou em 2022 com a parceria entre PUCRS, UFRGS e KCL e, em 2023, avançou integrando as quatro novas instituições parceiras. Além do simpósio, a iniciativa deste ano inclui um levantamento de dados sobre a presença feminina nas universidades brasileiras participantes.   

Feevale, PUCRS, UFGRS e UFPEL estão trabalhando neste levantamento, identificando onde estão as estudantes mulheres nos diferentes níveis de ensino, na docência, pesquisa e cargos de liderança. O grupo de trabalho pretende analisar estes dados até o final de 2023.

Para conhecer mais sobre o projeto Mulheres na Ciência, acesse o site. Nele você encontra biografias de pesquisadoras das sete universidades, contando sobre suas trajetórias científicas e dando conselhos para meninas e mulheres que queiram seguir na carreira científica. 

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mestrado e doutorado

Foto: Giordano Toldo

A volta às aulas se aproxima e, com ela, um novo semestre cheio de possibilidades e oportunidades de se aprimorar acadêmica e profissionalmente. A PUCRS possui diversas opções para ajudar você nesse objetivo: internacionalização, empreendedorismo, pesquisa e muito mais. Confira algumas delas: 

Programa Hangar 

O programa é voltado aos doutorandos da PUCRS que tenham interesse em transformar suas pesquisas em negócios, com palestras, workshops, atividades práticas e mentorias. O programa aborda conteúdos como Ecossistema de Inovação, Propriedade Intelectual, Acesso a Capital e Modelo de Negócios. As inscrições podem ser feitas até o dia 8 de agosto. Você pode conferir mais informações aqui. 

Mobilidade acadêmica 

Hora de planejar seus estudos no exterior! Para quem sonha em estudar em outro país, essa é a dica: o Programa de Mobilidade Acadêmica está com inscrições abertas, com 30 opções de universidades em 16 países. O programa permite que você estude em uma instituição conveniada com a PUCRS por até dois semestres – aprendendo um novo idioma, conhecendo de perto uma cultura diferente e aprimorando conhecimentos da sua área. Curtiu? As inscrições vão até o dia 3 e 15 de agosto. 

Mulheres na Ciência 

Estão abertas as inscrições para o I Simpósio Brasil-Reino Unido sobre Mulheres na Ciência. O evento faz parte do projeto Women in Science, financiado pelo British Council, que busca promover a participação feminina nas áreas STEM. Promovido pelas sete universidades envolvidas no projeto (entre elas a PUCRS), o evento ocorre entre os dias 25 e 27 de setembro no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Saiba mais sobre o simpósio aqui. 

24º Salão de Iniciação Científica 

O 24º Salão de Iniciação Científica da PUCRS, um dos principais eventos de socialização das atividades de pesquisa, também está recebendo inscrições. O evento é um espaço de socialização das atividades de pesquisa envolvendo estudantes da graduação e professores/pesquisadores de diferentes universidades e instituições de pesquisa. A Iniciação Científica busca proporcionar o intercâmbio de conhecimentos e a aprendizagem de métodos de pesquisa. Mais informações você confere aqui. 

XIX Simpósio de Geriatria e Gerontologia 

Focado em atualizar professores e alunos interessados pela área da gerontologia, o XIX Simpósio de Geriatria e Gerontologia acontece nos dias 29 e 30 de setembro, no Teatro do prédio 40 – além do pré-evento que acontece no dia 28. O simpósio debaterá temas como envelhecimento ativo, prevenção e tratamento de doenças geriátricas e qualidade de via na terceira idade. As inscrições podem ser feitas até o dia 28 de setembro aqui.  

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Projeto Mulheres na Ciência

Mais quatro universidades entraram no projeto, sendo duas britânicas e duas brasileiras: University College London (UCL), Glasgow Caledonian University (GCU), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Universidade Feevale. Foto: Freepik

Depois da parceria entre PUCRS, UFRGS e King’s College London (KCL) no ano passado, o projeto Mulheres na Ciência foi contemplado novamente no edital Women in Science: Gender Equality Partnerships Call 2022, do British Council. Agora, o projeto conta com mais quatro universidades, sendo duas britânicas e duas brasileiras: University College London (UCL), Glasgow Caledonian University (GCU), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Universidade Feevale 

Nesta nova etapa, as universidades brasileiras participantes irão trabalhar em um mapeamento de dados dentro das instituições, buscando entender onde as mulheres estão ou não representadas, avaliando cargos de liderança, áreas de maior concentração, entre outros. As universidades do Brasil contam com a mentoria das três instituições britânicas, contempladas pelo Athena Swan Charter. A iniciativa é do Reino Unido e busca de incentivar e reconhecer o compromisso de empresas com o avanço das carreiras das mulheres no emprego de ciência, tecnologia, engenharia, matemática e medicina.  

Além do levantamento de dados, o projeto também prevê um evento no segundo semestre de 2023, com conferências, rodas de conversa e workshops. As pesquisadoras britânicas que participam do projeto virão a Porto Alegre para integrar as atividades.  

O projeto é liderado por pesquisadoras da UFRGS (Aline Pan), KCL (Andrea Streit) e PUCRS (Maria Martha Campos), agora também recebendo as professoras Márcia Mesko (UFPEL), Juliane Fleck (Feevale), Patricia Munoz de Escalona (GCU) e Patricia Salinas (UCL). Junto a elas, outras pesquisadoras também apoiam as iniciativas do projeto, com o objetivo de promover igualdade de gênero e maior participação feminina nas áreas científicas.

O site do projeto, que hoje se propõe a divulgar as iniciativas e boas práticas dos trabalhos já realizados e mostrar as biografias de pesquisadoras das diferentes universidades, vai passar a contar também com a trajetória das novas pesquisadoras, assim como seus respectivos projetos. Conheça:  

PROJETO MULHERES NA CIÊNCIA

Estão abertas as inscrições para o programa internacional Mulheres na Ciência, iniciativa financiada pelo British Council. A parceria envolve a PUCRS e as universidades brasileiras UFRGS, Feevale e UFPEL; e as britânicas King’s College London, University College London e Glasgow Caledonian University.

O edital visa a seleção de uma estudante para apoiar o processo de levantamento de dados relacionados à participação de mulheres em diferentes segmentos da PUCRS, considerando as últimas duas décadas (de 2002 a 2022). O estudo tem foco em analisar processos de igualdade de gênero, ações de mitigação em andamento e programas de inclusão, permitindo a comparação com os resultados das demais universidades que participam do consórcio.

Conheça os requisitos  

Inscrição 

A inscrição deverá ser realizada entre os dias 1º e 14 de março de 2023, enviando nome completo, número de matrícula PUCRS, área de pesquisa/estudo, link do currículo Lattes, e-mail e telefone para contato, comprovante de matrícula e uma justificativa de até 500 caracteres para sua participação no Programa. Para as alunas de Mestrado ou Doutorado, deve ser anexada carta do orientador(a) concordando com sua participação no programa.

As informações devem ser encaminhadas para o e-mail [email protected] com o assunto “INSCRIÇÃO NO PROGRAMA MULHERES NA CIÊNCIA 2023 – COLETA DE DADOS”. Mais informações sobre o processo seletivo, atribuições e remuneração podem ser encontradas no edital de seleção neste link.

mulheres na ciênciaFruto da parceria entre a PUCRS, UFRGS e King’s College London (KCL), o site Mulheres na Ciência reúne a trajetória de pesquisadoras das áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Com o objetivo de inspirar e incentivar mais mulheres nessas áreas, mulheres cientistas das três instituições contam sobre sua formação, áreas de pesquisa e opiniões sobre a importância da presença feminina na ciência.

Para a coordenadora do projeto na PUCRS Fernanda Bueno, doutora e mestre em Ciências Biológicas, as jovens têm se interessado cada vez mais pelos desafios e necessidades da sociedade atual, porém a participação igualitária das mulheres na ciência ainda precisa vencer muitos desafios.

“No Brasil as mulheres ainda não crescem em posições de destaque na mesma proporção que os homens, assim, este é outro desafio que temos que enfrentar, sobretudo nas áreas STEM. Penso que devemos estimular os jovens talentos que se interessam por essas áreas, e proporcionar às jovens a possiblidade de desenvolverem as suas habilidades para seguir nessa fascinante carreira de cientista”, reforça.

Equilíbrio e inclusão

Aline Pan, conta que foi na graduação de Física que surgiu o convite para participar de um grupo de pesquisa em energia solar, área pesquisada pela professora desde então. “A diversidade permite que surjam um ‘dividendo de inovação’, o que converge em equipes mais inteligentes e criativas, abrindo a porta para novas descobertas e soluções, ao ampliar os pontos de vista. É urgente colocar a ciência, a tecnologia, a engenharia e a energia na voz das mulheres já que desejo uma mudança social, política, econômica e energética para um modelo justo e sustentável”.

Para a pesquisadora Abigail Tucker, da King’s College London, diversidade no STEM é importante, permitindo que diferentes vozes sejam ouvidas, com novos pensamentos e diferentes perspectivas. “Gostaria que as jovens pesquisadoras soubessem que é possível ter filhos, trabalhar meio período e ainda se dar bem no seu trabalho. É um equilíbrio difícil, mas vale a pena o esforço. Eu acho ótimo que esquemas no Reino Unido como Athena SWAN estejam agora por perto para ajudar a apoiar as mulheres na pesquisa e eu tenho sido agraciada com mentores muito encorajadores”, relata.

Para a britânica Andrea Streit, que também integra a coordenação do projeto, as mulheres podem trazer uma perspectiva única para a ciência, muitas vezes, promovendo abordagens colaborativas e solidárias. “Em vários cargos de liderança, promovi o equilíbrio de gênero e a inclusão para superar obstáculos para que a ciência acadêmica proporcione um ambiente aberto para as gerações futuras”, finaliza a professora.

Acompanhe

O site do projeto também apresenta dados sobre mulheres na ciência no Brasil e no Reino Unido, além de abordar o Programa de Mentoria conduzido pela PUCRS e UFRGS em parceria com a KCL. Conheça outras trajetórias e saiba mais sobre a presença feminina nas áreas STEM.

mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é lançado um novo projeto aproximando PUCRS, UFRGS e a  King’s College London, do Reino Unido, com o objetivo de incentivar e inspirar mais mulheres na ciência. O avanço da presença feminina nas mais variadas áreas acadêmicas é notável nos últimos anos. Porém, o desafio de uma maior representatividade nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) ainda persiste.

A inclusão de mulheres em STEM faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da UNESCO, com uma nova visão sobre questões sociais e econômicas atuais. Da perspectiva científica, a inclusão de mulheres “promove a excelência científica e impulsiona a qualidade dos resultados em STEM, uma vez que abordagens diferentes agregam criatividade, reduzem potenciais vieses, e promovem conhecimento e soluções mais robustas” de acordo com o material disponibilizado no portal oficial da organização.

Financiado pelo British Council, o programa Mulheres na Ciência (Women in Science) busca o fortalecimento de vínculos em torno de mulheres na ciência no Brasil e no Reino Unido nos âmbitos individual e institucional para transformar padrões de influência e fortalecer esquemas de liderança e gênero nas ciências exatas.

O projeto une a King’s College London, PUCRS e UFRGS em um projeto que visa incentivar mulheres e meninas na ciência, além de fornecer mentorias, eventos e oportunidades de desenvolvimento.

Por que apostar nessas áreas?

mulheres na ciência

Foto: Bruno Todeschini

Oportunidade é o que define. As áreas STEM representam um dos setores da economia e do mercado de trabalho que mais cresce no mundo. Dados do Bureau of Labor Statistics (EUA) prevê que os negócios de estatística, desenvolvedor de software e matemática crescerão 34%, 31% e 30% até 2026, respectivamente.

Já um estudo conduzido pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta que o Brasil deve ter uma demanda por 797 mil profissionais de tecnologia até 2025.

Por que precisamos de mais mulheres?

Para promover o desenvolvimento sustentável, impulsionar a inovação, o bem-estar social e o crescimento inclusivo. Empresas com maior diversidade de gênero têm 21% a mais de chances de apresentarem produtividade. Quando há também diversidade étnica, o índice sobe para 33% (dados da consultoria McKinsey and CO, 2O18).

O lançamento oficial do projeto está programado para o mês de abril com a publicação do website que apresentará a trajetória de mulheres cientistas das três instituições, abertura das inscrições para o programa de mentoria e início dos eventos promovidos pelo projeto.

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Apesar do avanço da presença feminina nas mais variadas áreas do conhecimento, dados mundiais apresentados pela UNESCO, em 2020, apontam que apenas 30% dos cientistas são mulheres. No Brasil, as mulheres pesquisadoras representam 40,3%. O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado neste 11 de fevereiro, busca dar maior destaque para a pauta, que exige esforços contínuos para uma participação mais igualitária das mulheres na ciência.

A data, instituída em 2015 pela Assembleia das Nações Unidas, visa promover o debate e ampliar a relevância da presença feminina nas áreas de pesquisa científica e tecnológica. Pensando nisso, selecionamos pesquisadoras da Universidade que se dedicam ao estudo de mulheres em diferentes áreas do conhecimento, conduzindo pesquisas que não só reforçam seu espaço enquanto cientistas, mas dão luz a temáticas importantes no debate da equidade de gênero.

Mulheres na aviação brasileira

A professora do Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades Claudia Musa Fay é um exemplo destas pesquisadoras. A docente realizou o projeto de pesquisa As Mulheres na Aviação Brasileira: Lutas e Conquistas, a partir da constatação do pequeno número de mulheres que ingressavam no curso de Ciências Aeronáuticas. O curso foi criado em 1993 em uma parceria entre a PUCRS e a VARIG, companhia aérea brasileira, e que em sua primeira turma, dos 60 estudantes que ingressaram, apenas duas eram mulheres.

“O contexto do mercado de trabalho nas empresas brasileiras era semelhante. Existiam poucas mulheres pilotos em relação aos homens. Por isso, o papel da pesquisa era identificar e analisar os principais obstáculos que impediam o ingresso de um maior número de mulheres na aviação”, explica.

Nos primeiros 10 anos de curso foram formados 464 homens e 20 mulheres. A metodologia do projeto consistia numa etapa de história oral, para recolher através de entrevistas abertas, as trajetórias destas alunas. As entrevistas foram gravadas e depois transcritas com pleno consentimento, analisadas e divulgadas pelo Núcleo de Pesquisa em História Oral. Com os resultados, a pesquisa começou a revelar que preconceitos sociais e culturais dificultavam a procura, mas também as condições econômicas. Havia inclusive falta de informações disponíveis para realização da formação necessária para ingressar na faculdade.

“Com essa pesquisa, buscamos encorajar outras mulheres que estão enfrentando obstáculos para realizar seus sonhos, mostrar que é possível se realizar numa profissão técnica e científica. Acreditamos na necessidade ações afirmativas para mudar a situação, como incentivos, criação de bolsas de estudo, mentorias, divulgação nas escolas e um conhecimento maior das trajetórias de mulheres que se realizaram na profissão mesmo com tantos obstáculos”, complementa a professora.

Mulheres na computação

A área da computação, em específico, é um dos setores da economia e do mercado de trabalho que mais cresce no mundo, com oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional. Entretanto, por muito tempo, mulheres têm evitado as áreas exatas por diferentes razões e as poucas que trilham esse caminho relatam um sentimento de solidão ao interagir com poucas mulheres durante a sua jornada. Quem relata esta situação é a professora do PPG em Ciências da Computação da Escola Politécnica Soraia Raupp Musse.

A docente é responsável pelo Programa Mulheres na Computação, uma parceria entre a PUCRS e a empresa Poatek, iniciativa que apoia a formação de Mulheres na área de Computação. Com o projeto, estudantes recebem uma bolsa de estágio nos grupos de pesquisa e orientação de professores do PPG em Ciência da Computação.

Atualmente, cinco meninas participam do programa e têm acesso a área de pesquisa, trabalham com estudantes de mestrado e doutorado e participam de publicações, desenvolvimentos avançados e inovadores. A professora Soraia acredita que com mais pluralidade, mais a sociedade recebe ideias novas, perspectivas diferentes e interesses inovadores.

“Acreditamos que quanto mais mulheres na ciência e quanto mais diversidade, mais poderemos chegar a soluções inovadoras para problemas ainda em aberto e até vermos emergir novos problemas ainda não conhecidos”, complementa a docente.

Mulheres quilombolas

Já a professora do PPG em Serviço Social da Escola de Humanidades Patrícia Krieger Grossi dedica sua trajetória acadêmica a estudar as experiências sociais de mulheres quilombolas no acesso às políticas públicas. Essas comunidades são um dos segmentos mais vulneráveis na sociedade brasileira e vem sofrendo violações de direitos humanos mais básicos, como o direito humano à alimentação e uma vida digna.

De acordo com a docente, as mulheres neste contexto lutam pelo seu território, muitas são consideradas as guardiãs da cultura, transmitindo às gerações mais jovens a história de seus antepassados. Além disso, elas têm um papel fundamental em torno das lutas sociais por igualdade, organização política e econômica e em prol de direitos sociais básicos. A professora Patrícia destaca que valorizar este protagonismo feminino na ciência, assim como acontece no contexto cultural-social dos quilombos, é fundamental para incentivar as novas gerações.

“Um dos grandes desafios na nossa sociedade é a superação das desigualdades de gênero. Por isso, uma educação voltada para a promoção da igualdade de gênero possibilitará fomentar maior participação das meninas na ciência, valorizando o potencial, habilidades e competências, em sua plenitude”, comenta.

Mulheres em situações migratórias

A mestranda do PPG em Serviço Social Cristiane Matiazzi Posser também optou em sua pesquisa para um olhar voltado para mulheres. Na dissertação Proteção social para mulheres venezuelanas em solo brasileiro: acolhimento e/ou racismo?, a aluna analisa a realidade de mulheres venezuelanas refugiadas no Brasil que utilizam a Proteção Social Básica, bem como os serviços de rede socioassistencial, tanto no âmbito público quanto em ONGs, com o objetivo de contribuir para a ampliação e qualificação desses serviços enquanto políticas públicas.

Foram realizadas entrevistas com essas mulheres refugiadas e com assistentes que atuam em um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) – principal organização que atua na Proteção Social Básica – e em uma Organização não Governamental (ONG) – pertencente aos serviços das redes socioassistenciais.

Com o estudo, foi possível concluir que as mulheres venezuelanas são impactadas diretamente por diversas formas de preconceitos, como sexismo e racismo. Nos depoimentos, essas pessoas relatam que já foram expulsas de certos locais, somente por sua nacionalidade, assim como receberam tratamento “diferente” na busca por serviços de saúde. Além disso, as refugiadas contam que correm riscos de serem vítimas do tráfico de pessoas, exploração sexual, trabalho escravo e trabalhos informais, sem carteira assinada ou direitos trabalhistas.

Assim, a mestranda Cristiane acredita que a presença das mulheres na ciência contribui para que a realidade seja repensada e alterada, uma vez que estas são as vozes silenciadas pela sociedade. “É fundamental que pesquisas científicas como esta continuem sendo realizadas, para que então a realidade das mulheres – venezuelanas ou de qualquer outra nacionalidade –permeada de preconceitos, racismo e violação de direitos seja exposta e ouvida”, complementa.

Mulheres em situação de vulnerabilidade

O Grupo de Pesquisa Violência, Vulnerabilidade e Intervenções Clínicas, vinculado ao PPG de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida assume a frente de importantes iniciativas para prevenção e enfrentamento à violência contra meninas e mulheres. O grupo, liderado pela professora e pesquisadora em Psicologia Luisa Fernanda Habigzang, desenvolveu um estudo de avaliação de protocolo de psicoterapia breve para mulheres que experenciaram violência nas relações íntimas. A intervenção promoveu a redução de sintomas de depressão, ansiedade e transtorno do estresse pós-traumático.

Além disso, pesquisas estão sendo realizadas para prevenção de violência no namoro para meninas adolescentes de escolas públicas e que estão em acolhimento institucional. Outra iniciativa está em andamento em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, para realizar a avaliação de um programa de formação para educadores que visa contribuir para o enfrentamento da violência de gênero.

A professora Luisa integra um grupo de especialistas convidados pela Sexual Violence Research Initiative (SVRI), que está contribuindo para estabelecer agenda de prioridades de investigação sobre a violência contra as mulheres e as meninas na região da América Latina e do Caribe.

“Para uma sociedade mais igualitária e justa, as mulheres, em sua diversidade de existência, precisam de oportunidade para serem protagonistas na ciência. Para isso, a carreira acadêmica nas mais diversas áreas deve ser sinalizada e facilitada como caminho possível para meninas durante seus processos de educação formal e informal”, finaliza a docente.

A PUCRS valoriza e celebra as pesquisadoras que contribuem diariamente com a sociedade através do desenvolvimento de pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento. Diversas ações que buscam o incentivo do protagonismo feminino na ciência estão em desenvolvimento em nossa Universidade, conheça algumas delas neste link.

A participação plena e igualitária das mulheres na ciência ainda precisa vencer diversos desafios. O preconceito de gênero e a falta de visibilidade são barreiras que precisam ser quebradas de forma ampla e consistente em diferentes espaços da sociedade. Para ampliar os avanços já conquistados nas últimas décadas, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, neste 11 de fevereiro, marca um momento de valorização e encorajamento à atuação na área científica.

Leia também: Elas estão alcançando cada vez mais espaços na área de Ciência e Tecnologia

Durante a pandemia provocada pela Covid-19, a ciência e as pesquisas demonstraram ainda mais sua relevância, não apenas para o desenvolvimento de vacinas, mas contribuindo para a sociedade em diferentes áreas. Na PUCRS, 144 professoras também atuam como pesquisadoras. E mesmo com o distanciamento social continuaram suas pesquisas e produções científicas para auxiliar no combate à pandemia.

A Diretora de Pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Fernanda Morrone, destaca a importância da participação feminina na produção científica em todas as áreas do saber. “Hoje na Universidade temos pesquisadoras notáveis desenvolvendo pesquisas em muitas áreas do conhecimento e voltadas a resolver problemas prementes dos nossos dias, como por exemplo as pesquisas com foco na Covid-19. É um orgulho ver que, ao longo dos anos, temos formado novas gerações de excelentes cientistas que vêm atuando tanto na academia como em posições de destaque na sociedade”.

Ciência na linha de frente

“Ciência, ciência e ciência em todas as áreas. Somente assim é possível garantir a preservação das nossas vidas com qualidade. Isso já nos trouxe até aqui e certamente vai nos levar adiante”, é o que defende Magda Cunha, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação, Artes e Design – Famecos. A docente coordenou um projeto de pesquisa que analisou as narrativas da sociedade e da mídia sobre a pandemia. “A análise dos resultados permite traçar uma linha do tempo comportamental diante da crise causada pela Covid-19 em cada cidade. Um exemplo de comportamento narrativo foi a percepção da cidade tornando-se um organismo vivo que fica doente, um ponto em comum percebido em todas as culturas estudadas. Observa-se que as cidades não estão preparadas, sob a perspectiva da informação, para enfrentamento destas crises. E podemos ver também um esforço narrativo da mídia, na tentativa da conscientização”, explica a pesquisadora.

Para Ana Paula Duarte Souza, professora e pesquisadora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, a Covid-19 ampliou a visão da sociedade para a ciência, mesmo a pandemia sendo um desafio para as pesquisas científicas. “Estamos mobilizados para dar respostas rápidas para a sociedade e muitos passos importantes já foram dados. Entretanto existem ainda muitas questões a serem respondidas. Acho que a sociedade está reconhecendo o quão essencial é a pesquisa científica”, comenta. A pesquisadora coordenou um estudo, publicado na revista Nature, com objetivo testar terapias que melhorem a resposta frente à infecção por vírus respiratórios. “Acreditamos que nossos resultados possam contribuir para o melhor entendimento da patologia e desenvolvimento de novas terapias ou intervenções”, destaca a Ana Paula.

Segundo Soraia Musse, professora e pesquisadora da Escola Politécnica, a interdisciplinaridade das pesquisas tem sido um grande diferencial para o enfrentamento dos problemas atuais da sociedade. “Para mim a ciência é a resposta para muitas questões. Enfrentamos o problema grave da pandemia e várias áreas científicas se uniram para juntas trazerem contribuições. Isso mostra o poder da ciência no sentido de apontar soluções, mas também um incrível potencial de união para resolução de problemas complexos”, enfatiza. Soraia coordenou o desenvolvimento da plataforma LODUS, ferramenta que permite simular a movimentação da população de Porto Alegre e projetar situações de lockdown, eventos na cidade e estimativas de contágio pela Covid-19.

Barreiras ainda presentes

Mesmo muitas pesquisadoras se destacando no contexto da pandemia, as barreiras ainda são presentes para as mulheres na ciência. A professora Ana Paula salienta que conciliar a maternidade e as pesquisas é um dos maiores desafios. “É uma tarefa difícil ser mãe e ser pesquisadora. A pesquisa científica exige uma continua atualização e estudo, sem contar que é uma carreira muito competitiva. A maternidade demanda tempo e dedicação, que acabam refletindo na carreira. Para mim foi um desafio deixar minha filha pequena em casa por causa do trabalho, muitas vezes pensei em desistir de tudo”, conta.

Em áreas como as ciências exatas, a ausência feminina e as dificuldades se tornam ainda mais evidentes. “Uma vez ouvi de uma aluna da área da computação que o principal problema em ser menina em grupos com tantos meninos é o preconceito que muitas vezes existe com relação a participação feminina nessa área. Acho que esse simples exemplo representa bem o sentimento que frequentemente as meninas têm quando entram nos espaços de pesquisa científica e tecnológica em algumas áreas das exatas”, aponta a professora Soraia Musse.

Perspectivas para o futuro

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, a estudante Júlia Zamora foi uma das coordenadoras do desenvolvimento da cartilha de orientação Isolamento durante a Covid-19 e violência dentro de casa. O objetivo do material é auxiliar as pessoas a identificar situações de violência, compreender os efeitos para saúde e qualidade de vida e acessar serviços que possam auxiliar em termos de proteção e atendimento.

A estudante destaca que as oportunidades como a Iniciação Científica favorecem a inserção na pesquisa científica. “Na PUCRS tive oportunidade de ser auxiliar de pesquisa e bolsista de Iniciação Científica. Posso dizer que a trajetória na pesquisa pode iniciar mesmo na graduação e que faz parte deste processo nos experimentarmos de diferentes formas”, aponta. Assim como ela, cerca de 64% dos bolsistas de Iniciação Científica na PUCRS são mulheres. Dos responsáveis pelas pesquisas, 48% são professoras.

Como jovem pesquisadora, Júlia destaca que para consolidar a posição da mulher na ciência brasileira é necessário que a sociedade e as instituições combatam a violência de gênero e que proporcionem condições de trabalho e reconhecimento dignas. “A ciência historicamente é construída de acordo com o interesse daquelas que a produzem, pensando nisso é essencial que cada vez mais as mulheres ocupem esse espaço de trabalho, pois direta ou indiretamente influenciarão no desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária”.

Open Box da CiênciaO projeto Open Box da Ciência, lançado em fevereiro, trouxe um levantamento inédito sobre mulheres na ciência, mapeando as 250 pesquisadoras mais influentes das áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde. Cinco pesquisadoras da PUCRS integram a lista: a pró-reitora de pesquisa e pós-graduação Carla Bonan  (Escola de Ciências da Saúde e da Vida) e as professoras Iná da Silva dos Santos (Escola de Medicina), Maria Martha Campos (Escola de Ciências da Saúde e da Vida) e Patrícia Krieger Grossi (Escola de Humanidades). Também figura na lista a professora Gabrielle Bezerra Sales Sarlet, que realizou pós-doutorado na PUCRS entre 2016 e 2018 e neste semestre passa a integrar o quadro de professores da Instituição.

O Open Box da Ciência foi uma iniciativa da Gênero e Número (organização de mídia no Brasil orientada por dados para qualificar o debate sobre equidade de gênero) e tem como objetivo dar visibilidade à atuação de mulheres no meio científico nacional. As pesquisas e os perfis das pesquisadoras estão reunidos em uma plataforma digital, de conteúdo aberto e interativo, com visualizações de dados e reportagens que narram suas trajetórias a partir de um recorte de gênero, indicando referências femininas para chegar a esse lugar de destaque e revelando desafios vencidos.

Elas estão alcançando cada vez mais espaços na área de Ciência e Tecnologia

Para chegar ao grupo, foi aplicada uma metodologia de extração e análise de dados da plataforma Lattes. Usando critérios da Capes para conceder bolsas de apoio à pesquisa, um algoritmo foi desenvolvido para listar todas as pesquisadoras com doutorado.

Para a Diretora de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq) Fernanda Morrone, o levantamento é muito importante, pois dá visibilidade a pesquisa de excelência desenvolvida por cientistas brasileiras, trazendo novos dados sobre a presença feminina e a importância do desenvolvimento de estratégias que aumentem representatividade da mulher no ambiente acadêmico.

Valerie Thomas, Bessie Blount Griffin, Annie Easley, Marie Maynard Daly… Todas mulheres nascidas no século passado. Entre elas havia algo em comum: pioneiras em suas áreas de atuação, foram cientistas renomadas e ajudaram a abrir portas nas áreas de Ciência e Tecnologia, ramos geralmente masculinos. Desde 2015, o dia 11 de fevereiro é lembrado como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (Unesco) e pela ONU Mulheres como forma de promover a conscientização sobre o tema e ampliar o acesso de pessoas diversas na área.

Diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq), Fernanda Morrone falou sobre a importância das mulheres e meninas na ciência e o trabalho das pesquisadoras da PUCRS. “Dados mostram que nos últimos anos a proporção de mulheres cresceu entre os pesquisadores, mas ainda permanecem muitos desafios. Os dados também mostram que as mulheres ainda não crescem em posições de destaque na mesma proporção que os homens, assim este é outro desafio que temos que enfrentar” conta Morrone.

Para o futuro, a docente aposta na oportunidade e identificação de novos talentos na área. “Além disso, é fundamental comemorar e divulgar as conquistas já alcançadas, mas ainda é preciso acelerar medidas, através de políticas públicas, para tornar a carreira científica mais igualitária para todos” finaliza.

Avanços e desafios dos últimos anos

A última década ficou marcada pelo avanço das meninas na educação. Dados apontam um aumento pequeno, mas consistente, nas taxas de matrícula de meninas e mulheres em todos os níveis de ensino. O levantamento realizado pelo Instituto de Estatísticas da Unesco (UIS) mostra que de 2000 até 2014 o número de mulheres no ensino superior dobrou no mundo. Apesar das mulheres representarem uma maioria entre os pesquisadores no Brasil, elas não ocupam cargos de liderança na mesma proporção que homens.

Entra as portas de entrada para a ciência, está a iniciação científica. “Aos estudantes que estão na Iniciação Científica, vivam e explorem ao máximo esta oportunidade. Aos que ainda não entraram na pesquisa, façam! Vocês serão profissionais diferenciados” afirma a bióloga Tamiris Salla ao dar dicas para quem quer começar na área. Salla é uma das várias histórias de sucesso do Salão de Iniciação Científica da PUCRS.

O relatório Gender in the Global Research Landscape, da Elsevier, mostra que, no Brasil, as mulheres são maioria na pós-graduação. Segundo a Capes, 55% do total de matriculados e titulados em cursos de mestrado e doutorado eram mulheres em 2015. Na Iniciação Científica, as jovens representavam 56% em 2013. Porém, a distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa seguia desigual. Em 2017, as mulheres eram somente 35,5% do total de bolsas de produtividade e 24,6% daquelas de nível 1A, o mais alto da academia. Conhecido como “telhado de vidro”, a expressão diz respeito as barreiras que mulheres enfrentam para ascender na carreira acadêmica.

Maternidade e ciência

O projeto Parent in Science (Pessoas com filhos na ciência) realizou uma pesquisa com 1.182 docentes brasileiras. O resultado mostra que enquanto a produtividade cresce entre cientistas que não são mães, as que têm filhos mostram uma queda no número de publicações em média até aos quatro anos de idade do primeiro filho. O relatório da Elsevier aponta que entre as causas estão a falta de incentivo para mulheres conciliarem o trabalho e a maternidade; e a necessidade de viagens internacionais, muitas vezes realizadas pelos pais ou homens. O estudo levou em consideração o contexto de 20 anos, 12 localidades e 27 áreas do conhecimento.

A cor da ciência

Além do obstáculo de gênero, a cor e a raça são outras barreiras enfrentadas pelas mulheres. Em 2015, entre as bolsistas, apenas 4,6% eram pretas, 20,5% eram pardas, 0,2% eram indígenas e 62% eram brancas, segundo artigo publicado no CNPq. Conforme o relatório de 2017 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), pessoas negras representam apenas 16% dos professores universitários. Entre eles, homens representam 60% do total.

Meninas na Ciências: Uma meta que mobiliza o mundo todo

A inclusão de mulheres na área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (Stem) faz parte da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da Unesco, com uma nova visão sobre questões sociais e econômicas atuais. “Da perspectiva científica, a inclusão de mulheres promove a excelência científica e impulsiona a qualidade dos resultados em STEM, uma vez que abordagens diferentes agregam criatividade, reduzem potenciais vieses, e promovem conhecimento e soluções mais robustas” de acordo com o material disponibilizado no portal oficial da organização.

Na PUCRS, o incentivo a inclusão e a diversidade é uma das bandeiras levantadas pela decana da Escola Politécnica, Sandra Einloft. A pesquisadora foi um dos destaques da série Trabalhe Como Uma Mulher, da Revista Donna, ao contar sobre a sua trajetória na carreira. Desde o mestrado, Einloft percebeu ser minoria entre os colegas e fez disso uma missão de vida: “sabemos que, em países onde têm mais igualdade, a economia avança mais”. Outro trabalho de destaque realizado na Universidade é o da pesquisadora Magda Lahorgue, que realizou um estudo sobre Características do sono em crianças e adolescentes brasileiros. A análise mostrou que o sono muitas vezes é negligenciado durante a infância e pode acarretar em uma alta taxa de distúrbios do sono na população.

“Saber que existem possibilidades acadêmicas para além da Graduação nos fortalece enquanto profissionais, pois alinhamos à prática conhecimentos atuais e baseados em evidências científicas, favorecendo a troca de experiências com profissionais renomados” conta a perita criminal Luiziana Schaefer, formada em Psicologia pela PUCRS, ao lembrar como a trajetória acadêmica e a pesquisa mudaram o rumo da sua vida.