26 de agosto de 1973: há 50 anos era implementado pelo Congresso dos Estados Unidos o Dia Internacional da Igualdade Feminina. A data foi escolhida em homenagem à emenda que permitiu o voto às mulheres americanas em 1920. No Brasil, o direito ao voto feminino, sem nenhum tipo de restrição, foi obtido mais de 20 anos depois. Já a luta pelo direito feminino de exercer uma profissão continuou até 1962, quando ocorreu a revogação do inciso VII do Artigo 242 do Código Civil Brasileiro de 1916 – em que o trabalho da mulher estava sujeito à autorização do marido. Mesmo assim, nas últimas cinco décadas, já com o Dia Internacional da Igualdade Feminina instaurado, as mulheres continuam lutando pela equidade.
Um estudo do PUCRS Data Social mostra uma desigualdade de gênero no mercado de trabalho no Rio Grande do Sul. Apesar de possuírem maior escolaridade, as mulheres têm média salarial 37,2% menor que a dos homens no Estado: enquanto a renda média delas era de R$ 2.380,00, a deles era R$ 3.267,00. E mesmo entre mulheres e homens com a mesma qualificação, a desigualdade se mantinha. Se, para os homens com Ensino Superior completo, a renda média era de R$ 6.589,00, entre as mulheres caía para R$ 3.888,00.
Os dados são do Levantamento Sobre Desigualdade de Gênero no Rio Grande do Sul feito através de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dizem respeito à população ocupada com idade entre 25 e 64 anos, com valores de rendimento deflacionados para preços médios de 2021.
“Essa predominância de mulheres ocupando cargos de menor remuneração pode estar associada a um conjunto de fatores individuais, familiares e sociais que vão desde a existência de profissões consideradas mais femininas até as barreiras efetivas que as mulheres enfrentam para ascender aos cargos de melhor remuneração”, destaca Izete Bagolin, pesquisadora do PUCRS Data Social.
De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial, a equidade entre os gêneros só será alcançada em 132 anos. A Lei 14.611, sancionada em julho deste ano, chega para tentar mudar esse cenário e garantir a igualdade salarial. Com ela, torna-se obrigatório a adoção de medidas para que mulheres entrem, permaneçam e evoluam no mercado de trabalho em condições iguais as dos homens.
Ao longo das décadas, a evolução na conquista de direitos femininos fortaleceu o movimento ao redor do mundo, oportunizando a criação de pesquisas e estudos na área. Na PUCRS, desde o ano 2000, existe o Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) que, entre outras questões, debate a violência de gênero e estratégias de prevenção. Entre as pesquisas desenvolvidas está o mapeamento da rede de proteção à mulher em situação de violência doméstica; avanços e desafios da Lei Maria da Penha na implementação de políticas públicas; mulheres quilombolas e o acesso às políticas públicas e a violência contra a mulher rural e a rede de proteção social.
Para Patrícia Grossi, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência da Escola de Humanidades da PUCRS, “o NEPEVI identificou uma lacuna no atendimento às mulheres rurais que não possuíam acesso às delegacias, serviços especializados e abrigos. Isso contribuía para que elas permanecessem em situação de violência”. Patrícia destaca também a importância de políticas públicas transversais e com foco na luta contra as desigualdades de gênero, raça, etnia e geração. “Existem mulheres mais vulneráveis à violência, como as negras, as que vivem em territórios isolados, as ribeirinhas, quilombolas, indígenas. Todas elas têm menos acesso a políticas de enfrentamento, por isso é essencial pensarmos em ações que incluam estes grupos”.
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No Brasil, mais da metade da população (57%) é de pessoas negras, segundo o IBGE. Dessas, 29% são mulheres. Mesmo assim, elas não ocupam os melhores lugares. De acordo com o Instituto, as mulheres negras ainda possuem os piores empregos, salários e condições de vida.
Na PUCRS, o Núcleo de Estudos em Cultura Afro-Brasileira e Indígena (NEABI) realiza pesquisas e ações com enfoque na diversidade étnico-racial e na valorização de histórias de comunidades africanas, afro-brasileiras e indígenas. Para Flávia Camila Bernardes, integrante do NEABI e psicóloga supervisora do Serviço de Atendimento e Pesquisa em Psicologia (SAPP) da PUCRS, o acesso à educação é um fator determinante para mudar o atual cenário.
“A educação é um meio transformador da sociedade, especialmente com foco nas relações étnico-raciais. Além disso, diferentes ações que contemplem o letramento racial auxiliam no processo de desconstrução dos estereótipos e preconceitos, pois possibilitam adquirir e aprimorar conhecimentos a respeito da temática e promovem conscientização”.
Grupos como o NEABI são uma maneira de fortalecer a representação negra dentro do ambiente acadêmico, oportunizando a criação de ações para essa parcela da população. “Promover atividades, incluindo a comunidade externa em maior vulnerabilidade, contribui para que as mulheres negras possam almejar e concretizar o acesso ao espaço acadêmico. A reserva de vagas e o fortalecimento dessas ações devem garantir a permanência delas no ambiente acadêmico em diferentes níveis, como discentes, docentes e pesquisadoras”, destaca.
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Futebol por profissão ou por paixão? Ou melhor, tem como dividir as duas coisas? Esse será o tema do ATL Talks Futebol e Universo feminino: profissão e paixão, promovido nessa quinta-feira, 21 de junho, às 17h30min, na ATL House. O bate-papo promovido pela ATL Girls reunirá um time de profissionais e apaixonadas pelo assunto para deixar claro que futebol é lugar de mulher, sim. A atividade, gratuita e aberta ao público, terá a participação das comunicadoras do Grupo RBS Kelly Matos e Fernanda Ortiz, da aluna de Jornalismo na Escola de Comunicação Artes e Diesign – Famecos Mariane Castilhos e a diplomada em Publicidade e Propaganda pela PUCRS Caroline Guerra. O programa será apresentado por Juju Massena, editora ATL Girls, e mediado por Anahis Vargas, colunista ATL Girls e participante do #deixaelatorcer.
A professora Cristiane Finger, da Faculdade de Comunicação Social (Famecos), é a primeira mulher a assumir um cargo de gestão na Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Jornalista, mestre e doutora pela PUCRS, tomou posse no dia 10 de junho como segunda vice-presidente da Diretoria Executiva da entidade, fundada no ano de 1935. O novo presidente do órgão representativo da imprensa gaúcha é o também professor da Famecos, Luiz Adolfo Lino de Souza. Em entrevista, Cristiane, membro da coordenação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCom), fala sobre o novo desafio e a importância da representatividade acadêmica e feminina em órgãos tradicionais.
Qual a sua relação com a Associação Riograndense de Imprensa e como surgiu a oportunidade de ingressar na gestão da entidade?
Sou associada desde a minha formatura, em 1985. Mas a primeira vez que estive na sede da ARI foi com o professor Antoninho Gonzales, então diretor da Famecos, quando eu ainda era aluna. Fiquei encantada! O ambiente remetia a tradição, e os jornalistas que estavam lá eram todos importantes, conhecidos, referência no jornalismo gaúcho. Depois, participei de inúmeros eventos promovidos pela Associação quando era editora regional de Jornalismo do SBT, Canal 5 de Porto Alegre. Também tive a honra de ser agraciada em alguns dos prêmios anuais de jornalismo. O prêmio ARI é o mais importante do Estado para a nossa categoria. Nos últimos tempos, já como professora, tenho sido integrante do júri deste mesmo prêmio na área do telejornalismo, valorizando os novos talentos. Agora, o convite para este desafio foi feito pelo presidente Luiz Adolfo, meu colega na Famecos, com a concordância dos membros do Conselho Deliberativo. Estes profissionais que sempre admirei acharam por bem que eu poderia ajudar. Depois de passado o susto, fiquei emocionada e muito honrada.
As lideranças femininas têm conquistado novas posições a cada dia. Estamos próximos de um equilíbrio de gêneros em funções administrativas?
Prefiro falar sobre o meu campo, o jornalismo. Já há algum tempo o número de jornalistas mulheres ultrapassou o número de homens nas redações. Também nos cursos de Jornalismo as mulheres são maioria. Mas não faz muito que as mulheres começaram a ocupar cargos de chefia nas redações. Agora, as mulheres não apenas ocupam as mais variadas funções em todas as editorias (esporte, policia, economia, política…) como também são empreendedoras em assessorias de imprensa, em empresas de novas tecnologias e assim por diante. Então, não é de se espantar que as mulheres passem também a liderar as entidades como ARI, que só existe há 82 anos porque soube se renovar. De qualquer forma, é preciso salientar que a conquista não é só minha, mas de todas nós. Na chapa vencedora, dez outras mulheres foram eleitas para os mais diversos cargos, em outras diretorias não menos importantes. Mas penso que não devemos ocupar qualquer espaço apenas por uma questão de gênero. Por outro lado, a questão de gênero não pode impedir ninguém de ocupar qualquer espaço.
A nova gestão da ARI tem dois professores da Famecos à frente, o que indica uma aproximação da Associação e o meio acadêmico. Quais são os planos?
Sem dúvida, academia e mercado precisam trabalhar em sintonia. O jornalismo fica melhor com a reflexão da universidade. E os cursos de jornalismo também ficam mais qualificados com a experiência, principalmente do seu corpo docente, no fazer cotidiano do jornalismo. Não é possível esperar o aluno se formar para que ele participe de uma entidade como a ARI. É na convivência com os profissionais experientes que agregamos mais conhecimento, e é na convivência com os futuros jornalistas que encontramos as melhores práticas para vencer o desafio desta sociedade da hiperinformação, das redes sociais e da cultura da convergência. Vamos fazer uma parceria mais estreita com os jovens.
Você é Almuni PUCRS por quatro vezes. Como isso impactou em sua carreira profissional?
A PUCRS é minha casa, cheguei aqui com 17 anos, para a Graduação. Depois de formada, retornei para um curso de especialização em Estilos Jornalísticos. Logo após, para o Mestrado em Comunicação e, por fim, para o Doutorado. Neste meio tempo, recebi o convite para fazer parte do corpo docente da Famecos, e fui coordenadora do Curso de Jornalismo por seis anos. Agora estou no PPGCOM, como professora e também como integrante da Comissão Coordenadora do Programa. Muitas vezes, quando chego neste Campus, lembro da menina assustada que há 36 anos veio de Caxias do Sul para realizar o sonho de ser jornalista. Pois bem, aqui na PUCRS eu realizei este e muitos outros sonhos. O segredo é não parar de sonhar!
O curso de Serviço Social da Escola de Humanidades da PUCRS promove o workshop As Rotas Críticas das Mulheres em situação de violência na busca do acesso aos seus direitos, com a professora e pesquisadora Patricia Grossi. O evento ocorre no dia 16 de março, das 17h30min às 19h, na sala 237 do prédio 15 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O encontro é aberto ao público e as inscrições são realizadas na hora. Informações complementares pelo telefone (51) 3320-3546. A entrada é franca.
Patricia atua principalmente com temas relacionados a violência de gênero e políticas públicas, violência contra idosos, violência nas escolas, bullying, práticas restaurativas e cultura da paz.
A Orquestra Filarmônica da PUCRS inicia as atividades em 2016 com o concerto O melhor da MPB, no dia 16 de março, em homenagem ao mês da mulher. O evento será às 18h30min, no Salão de Atos, prédio 4 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). Serão apresentadas músicas populares brasileiras, com a regência do maestro Márcio Buzatto. O concerto é aberto ao público e a entrada é franca. Informações complementares pelo telefone (51) 3320-3559.