Pensar soluções inovadoras, estimular a criatividade sem conceitos pré-concebidos, dar asas à imaginação, reformular e adaptar projetos, recriar o que foi concebido, argumentar, defender ideias, acessar diferentes ângulos, abrir o campo de visão, atuar em equipe e chegar a um ponto de equilíbrio. Essas são situações com as quais profissionais de diferentes áreas lidam no cotidiano de trabalho. Além do conhecimento obtido na universidade, é preciso também ter o lado comportamental preparado.
Com essa proposta, a PUCRS colocou em prática o Método Exponencial, no segundo semestre de 2016. Ele se baseia no modelo de Service Learning e utiliza ferramentas de sala de aula invertida, onde o aluno se torna protagonista da ação e desenvolve habilidades inerentes à solução de problemas, que podem estar de forma latente, por meio de atividades lúdicas. O grande destaque é a participação de empresas com problemas reais como “clientes”.
Desde o início, as aulas do Método Exponencial são realizadas no Idear, pensado para multiuso. Com poucas divisões e muita mobilidade, o ambiente permite maior integração e liberdade. Os alunos podem, por exemplo, ir para a Biblioteca ou pensar em soluções do lado de fora da sala, nos jardins do Campus. “As empresas começam a ver que deixar as pessoas mais felizes na realização de suas tarefas garante um resultado melhor. Às vezes um profissional preso não é a melhor saída para criar”, analisa Vicente Zanella, professor da Escola de Negócios. Com a crescente demanda dos cursos para ministrar disciplinas nesse formato, novos ambientes estão sendo pensados. “Estamos passando para as unidades a necessidade de desenvolverem uma sala conceito como as que temos no Idear”, revela o professor.
O projeto Método Exponencial foi um dos vencedores 2017 no Prêmio Nacional de Gestão Educacional, contemplado com Prata na categoria Gestão Acadêmica – Ensino Superior. A distinção foi entregue no final de março, durante o GEduc, o mais renomado congresso da gestão educacional brasileira. O professor Wilson Marchionatti, diretor do Instituto de Desenvolvimento Social e Cultural, representou a PUCRS e compartilhou a experiência da Universidade.
A proposta começou com 11 turmas, nove disciplinas, dez professores, 354 alunos e 17 empresas de áreas como comunicação, investimento imobiliário, educação, associação comunitária, contabilidade, gastronomia, moda, direito, tecnologia da informação, empreendimento social, pesquisa, turismo, agroecologia e editora. Dentre os parceiros do mercado estão a ThoughtWorks, a Associação Comunitária do Campo da Tuca, o Tribunal de Justiça do RS, o Instituto Liberdade e a Secretaria de Turismo de Bento Gonçalves.
O sucesso da metodologia fez esses números mais que dobrarem. Em 2017/1, são 31 turmas, 24 disciplinas, 1.090 alunos e cerca de 50 parceiros. Além de muitos continuarem, foram agregadas empresas incubadas na Raiar uma cooperativa de reciclagem, o Canal Café e o Parque Esportivo da PUCRS, que contará com alunos da Nutrição para desenvolver um plano nutricional com equipes de polo aquático e de corrida de rua.
A metodologia coloca o aluno no centro da aprendizagem, com foco na prática pedagógica dos conteúdos e na relação com o mercado. “No lugar de aulas expositivas, trabalhamos estratégias para instrumentalizar o aluno para o exercício profissional, para pensar em como resolver problemas para a sociedade”, ressalta Fernanda Marquesan, coordenadora de Desenvolvimento Acadêmico da Pró-Reitoria Acadêmica (Proacad).
Independentemente da disciplina, a metodologia conta com a participação de parceiros externos, como empresas, associações e ONGs, que apresentam aos alunos um problema real do mercado. São realizados diversos encontros para troca de informações, esclarecimento de dúvidas e apresentação de resultados. Em muitos casos, os estudantes vão a campo visitar o local para pensar na solução da forma mais adequada à realidade do parceiro.
A empreendedora Susana Soares de Deus (na foto, de blusa listrada) participou do Método Exponencial no semestre passado com sua empresa Batatas do Sul. Recebeu de um grupo de alunos da disciplina de Estratégia Empresarial, do curso de Administração, da Escola de Negócios, o impulso que precisava para continuar. “Eu estava quase desistindo do produto Batatas Crunch, que são chips assados de batata doce. Com essa orientação a coisa mudou. Assim que as lojas souberam da minha parceria com a PUCRS, as encomendas cresceram. É uma relação de confiança e agrega status”, conta.
Os estudantes desenvolveram o planejamento estratégico da empresa, que envolveu pesquisas com clientes e avaliação da concorrência. E foram além: criaram um plano de marketing para divulgar o produto em redes sociais e uma proposta de nova embalagem (foto) para as Batatas Crunch, com informações nutricionais no rótulo assinadas por uma nutricionista.
A reportagem completa, tema da última Revista PUCRS, pode ser acessada aqui.