12º Fórum Internacional do Meio Ambiente abordou o tema “Água e Energias Renováveis” / Foto: Giovanna Brambilla/Famecos

O auditório da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) recebeu, entre os dias 12 e 13 de março, o 12º Fórum Internacional do Meio Ambiente (FIMA), que abordou o tema Água e Energias Renováveis. A primeira noite do evento teve como destaque o líder indígena e presidente do Conselho Distrital Yanomami, Junior Hekurari Yanomami. A professora e decana da Famecos, Rosângela Florczak, abriu o evento com um discurso de união dos profissionais de comunicação com o tema meio ambiente.  

“Entendemos que no meio acadêmico nada se faz sozinho. Se nós não estivermos unidos como sociedade, o tema não anda”, reforçou.  

A decana também destacou que a Escola trabalha a temática por meio de grupos de pesquisa, buscando aperfeiçoar o lugar na comunicação na atuação de riscos e crises decorrentes de situações climáticas emergentes. Seguindo as falas de abertura do fórum, a professora e doutora em comunicação na UFRGS, Ilza Girardi, destacou a importância dos povos indígenas na preservação das florestas. Ela defendeu ainda a necessidade de se reconhecer e valorizar os conhecimentos e práticas tradicionais desses grupos para a proteção do meio ambiente. “Graças aos indígenas, conseguimos manter nossas florestas de pé”, disse Ilza. 

A partir disso, o líder indígena Junior Hekurari iniciou os relatos da situação em que vive o povo Yanomami. Ele revisitou os desafios enfrentados por sua comunidade, que tem que lutar diariamente contra a contaminação dos rios devido à presença de garimpeiros nas suas terras, bem como as altas taxas de mortalidade infantil decorrentes da desnutrição e de doenças como malária e pneumonia. Além disso, reforçou a necessidade do engajamento dos jornalistas pela causa e clamou por apoio governamental para proteger a sua comunidade. 

Ilustrando essa realidade, um vídeo documental foi exibido, mostrando o trabalho dos mineradores em território indígena e o impacto devastador que essa atividade ilegal tem sobre a população nativa. O filme revelou o contraste sobre as condições precárias em que vivem os Yanomamis diante da invasão de seu território. “Não compre ouro, pois isso financia o trabalho dos mineradores na terra Yanomami”, apelou Hekurari, após a transmissão do documentário. 

Palestras reforçaram a necessidade do engajamento dos jornalistas pela causa indígena. / Foto: Giovanna Brambilla/Famecos

Para encerrar a primeira parte do evento, foi mostrada uma apresentação detalhada que revelou estatísticas contundentes, obtidas a partir da dolorosa realidade vivida pelo povo Yanomami. Esses números reforçam a urgência de ações concretas para proteger essa comunidade vulnerável e preservar sua cultura e modo de vida.  

“É importante a função do jornalista mostrar o que acontece no território indígena. As autoridades só fazem algo a partir do que os jornalistas divulgam, concluiu o líder indígena. 

O evento transcorreu ao longo da quarta-feira (13), abrangendo diversos painéis que abordaram temas significativos, tais como o papel da imprensa na cobertura sobre água e energias renováveis, a contribuição da indústria gaúcha para a transição energética e a perspectiva das ONGs sobre energias renováveis, entre outras temáticas. 

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Ao encerrar o FIMA, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) apresentou uma Carta Aberta à população gaúcha e brasileira. Por meio deste documento, a Associação destaca a urgência da crise ambiental que já representa uma ameaça à vida na Terra. Simultaneamente, conclama os governantes e cidadãos brasileiros a se comprometerem na defesa vital da água, do ar e de práticas saudáveis. 

A Carta apela por uma redução do consumismo predatório, incentivando um maior cuidado com a saúde individual e coletiva, bem como um respeito mais atento aos povos originários. Além disso, ressalta a importância da conscientização coletiva sobre os destinos da humanidade. A carta também busca despertar a responsabilidade compartilhada na preservação do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável para todos. 

Mudanças ambientais provocam aumento de águas-vivas no litoral gaúcho/ Foto: Envato

No verão de 2024, o litoral gaúcho teve um aumento de 734% nos registros de queimaduras por água-viva em comparação ao ano anterior. Para o professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade e diretor do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Nelson Fontoura, este aumento pode estar relacionado com as mudanças da cadeia alimentar ocorridas por conta das alterações no ecossistema pela ação humana, mas também nas mudanças marítimas naturais.  

“Isto pode acontecer devido a alterações do sistema de correntes, trazendo mais nutrientes de águas profundas, por exemplo, favorecendo o desenvolvimento de plâncton. Mais plâncton presente na água pode permitir o desenvolvimento de populações mais densas de águas-vivas. O mesmo pode ocorrer devido ao aumento de nutrientes causados pela atividade humana, como adubos nitrogenados ou esgoto doméstico chegando em águas oceânicas”, destaca ao professor. 

Além disso, uma das principais causas para maior aparecimento crescente de águas-vivas no litoral gaúcho se dá também pelos ventos e pela temperatura da água. “As águas-vivas são trazidas para as praias principalmente quando ocorrem dias sucessivos de ventos do quadrante sul, que, por meio da Força de Coriolis, fazem com que águas superficiais quentes e translúcidas do mar aberto se aproximem da praia, trazendo as águas vivas”, explica Fontoura. 

Esses animais são importantes para a configuração do cenário de vida marinha e terrestre, pois são predadoras de espécies planctônicas e de pequenos peixes. Por outro lado, servem de alimento para tartarugas marinhas, mas também raposas, crocodilos e onças. Por isso, alterações na abundância de alimentos podem causar pressões no equilíbrio das cadeias alimentares. 

As temidas “queimaduras” 

A água-viva, na verdade, não causa queimaduras, mas quando seus tentáculos tocam a pele, é liberado um líquido tóxico urticante, causando a falsa sensação de queimadura. Esse líquido é parte fundamental do processo de alimentação da água-viva, pois é responsável por injetar substâncias tóxicas que auxiliam na captura de presas, além de ser um mecanismo de defesa. Para além das “queimaduras”, os impactos também são percebidos pelas populações locais que sobrevivem do turismo e pesca.  

“Um excesso de águas-vivas diminui a atividade pesqueira, pois elas predam pequenos peixes. Podem também se acumular nas redes de pesca, tornando-as mais visíveis aos peixes, que podem evitá-las, e também representando trabalho adicional para a limpeza das redes. Em alguns balneários, podem representar uma experiência negativa para os turistas, que podem optar por não retornar em novas temporadas”, elenca o diretor do IMA. 

Sítio Pró-Mata realiza pesquisas sobre biodiversidade, mudanças climáticas e diversos outros temas ambientais/ Foto: Divulgação IMA

A humanidade testemunhou nos últimos anos transformações significativas em seu ambiente natural impulsionadas, principalmente, pelas mudanças climáticas globais. Essa complexa interação entre fenômenos atmosféricos, o aumento das emissões de gases de efeito estufa e atividades humanas têm desencadeado uma série de impactos no ecossistema terrestre e aquático, como, por exemplo, o aumento da temperatura do média do planeta. À medida que a terra vai aquecendo, as consequências para a biodiversidade, os recursos hídricos e a estabilidade dos ecossistemas tornam-se cada vez mais evidentes. 

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Pró-Mata da PUCRS faz parte do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), onde são desenvolvidos oito subprojetos coordenados por pesquisadores em suas áreas de atuação. O PELD é uma iniciativa do Governo Federal, sob a coordenação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Ecossistemas. Para apresentar o ecossistema do Pró-Mata a Universidade, por meio de seu Instituto do Meio Ambiente (IMA), vem realizando uma série de vídeos documentais que pretendem transbordar os estudos realizados para a comunidade universitária e a sociedade. Assista o primeiro: 

Além do Pró-Mata, a PUCRS lidera inúmeras outras pesquisas e iniciativas globais que buscam mitigar a crise climática e a potencializar o uso de energias renováveis. Alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o diretor do IMA, professor Nelson Fontoura, destaca que a Universidade promove a pesquisa ecológica de caráter sustentável e permanente, em ambientes aquáticos e terrestres: 

“Nesse contexto de mudanças ambientais, é extremamente importante mapearmos e conhecermos como as alterações ambientais interferem na biodiversidade”, destaca Nelson Ferreira Fontoura, diretor do IMA. 

A preservação da biodiversidade e o futuro do planeta 

Dia da Mata Atlântica, Pró-Mata

Regiões campestres são parte fundamental do ecossistema/ Foto: Bruno Todeschini

Os campos são de extrema importância para a natureza, porém a atenção ainda é pouca se comparado com florestas. Os ecossistemas campestres apresentam altos níveis de biodiversidade, muitas espécies de plantas e animais são exclusivas desse local, ou seja, não são encontradas em ecossistemas florestais ou outras formações ecológicas. Essa diversidade biológica é de extrema relevância para a sociedade, pois possibilita processos naturais como a polinização e manutenção da qualidade da água. Além disso, as plantas servem como alimento tanto para as espécies de herbívoros nativos quanto para rebanhos de animais exóticos. 

“O projeto PELD inclui a amostragem de artrópodes para vermos a dinâmica de como funciona com a reintrodução do manejo por fogo no ecossistema campestre”, aponta Mariana Beal Neves, pós-graduanda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS.

A amostragem dos artrópodes é dividida em dois níveis: um ao nível do solo e outro na estrutura da vegetação. Pesquisar sobre essa classe é de suma importância, pois ela é considerada o grupo mais mega diverso da Terra, por conter insetos, crustáceos, aracnídeos, diplópodes, e quilópodes em sua cadeia.  

No Laboratório de Ecologia de Interações da PUCRS são feitas as coletas dos artrópodes e de vegetações retiradas do sítio do Pró-Mata, para analisar o todo.  O processamento dos artrópodes é feito em duas divisões, alguns ficam em álcool 70% e outros em via seca. Já as amostras de vegetações são identificadas em campo ou são trazidas para o laboratório, secas na estufa e montadas para a identificação final.  

“A biodiversidade que há nos campos hoje, tanto de plantas quanto de animais, evoluiu junto com esse regime de distúrbios,” pontua Pedro Maria Abreu Ferreira, pesquisador do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS. 

Queimadas: um assunto urgente 

Pesquisas acerca das queimadas também são realizadas no Pró-Mata / Foto: Bruno Todeschini

As queimadas, por serem recorrentes, se tornaram um tema de pesquisa fundamental dentro do Pró-Mata. O estudo envolve comparações entre os ecossistemas campestres prejudicados pelo fogo e os não prejudicados, com etapas envolvendo a análise do tamanho da área folhar e do teor de fibras. O esperado é encontrar folhas maiores em campos onde houve o manejo de fogo, pois elas precisam de mais energia para sobreviver, e um menor teor de fibras. Nos campos onde não ocorreu o manejo de fogo, é esperado encontrar folhas menores, de crescimento mais lento e longevas – apresentando maior teor de fibras. 

O homem reduziu a velocidade da expansão das florestas sobre os campos com as queimadas, uma dinâmica complexa que é estudada no programa PELD na RPPN Pró-Mata em busca de respostas e soluções para um futuro que não está tão longe assim.  

Sobre o Pró-Mata 

O CNPq inaugurou em 1999 o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), que formou uma rede de sítios de referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Sistemas – cofinanciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS). Os projetos desenvolvidos podem oferecer no futuro uma ideia clara de como o ambiente está evoluindo, principalmente com os impactos humanos. 

O sítio PELD Pró-Mata foi estabelecido em São Francisco de Paula, na serra gaúcha, em uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do mundo – por isso é considerado prioritário para conservação. Foi adquirida em 1993 pela Universidade e convertida em RPPN em 2019, garantindo a perpetuidade do compromisso da PUCRS com a conservação da biodiversidade, bem como a mitigação do impacto das atividades humanas.  Acompanhe a série de vídeos pelo canal da PUCRS no YouTube.  

Leia mais 

Universidade realiza internamente o tratamento de resíduos sólidos desde 2018. / Foto: Giordano Toldo

No dia 2 de agosto a Lei 12.305/10, que implementou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), completou 13 anos. A coleta seletiva hoje ocorre em mais de 70% das cidades brasileiras, mas apenas 30% das pessoas separam o lixo seco do orgânico em casa – é o que mostra uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). O estudo identifica ainda que apenas 4% de todos os resíduos produzidos no Brasil são reciclados ou reaproveitados de alguma forma.  

A PUCRS é uma das únicas instituições de Ensino Superior do Rio Grande do Sul que possui a licença de operação fornecida por órgãos ambientais para o gerenciamento dos resíduos gerados. Para realizar a operação, o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) orienta e regulariza processos específicos para a cada tipo resíduo produzido, garantindo o descarte correto e a destinação final adequada para minimizar o impacto ambiental causado pelo lixo.  

Para conscientizar não apenas o público da Universidade, mas também ofertar o recurso à população, a equipe responsável pelo projeto criou uma cartilha que já vem sendo utilizada por colaboradores, estudantes e, inclusive, em um condomínio na cidade. Sabrina Callegaro, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da Escola de Negócios da PUCRS, conta que ao enfrentar algumas dificuldades em diálogos com o grupo de moradores de seu condomínio, buscou, de forma online, por referências de como fazer e encontrou a cartilha disponibilizada pela Universidade:  

“Nós temos um grupo de moradoras do condomínio e sempre debatíamos sobre algumas dúvidas comuns, o que fazer com determinados resíduos, e para ajudá-las fui pesquisar na internet alguma cartilha orientativa. Como achei a cartilha da PUCRS bem educativa e fácil de compreender, compartilhei com todos os moradores do condomínio em que moro. A partilha gerou várias discussões sobre como fazíamos algumas coisas de maneira precipitada e muitos reviram alguns de seus hábitos. Foi um instrumento bem importante para o nosso condomínio de educação ambiental e conscientização dos moradores”, compartilha.

Desde o início deste trabalho, em 2018, a Universidade já reciclou mais de 500 toneladas de resíduos, entre eles 7 toneladas de plástico, 156 toneladas de papel e 17 toneladas de vidro, além de 320 toneladas de ferro e alumínio. A cartilha está disponível para download em www.pucrs.br/descarte. Se você mora em Porto Alegre pode consultar os dias e horários da coleta seletiva em seu endereço neste link.  

Com o descarte correto é possível dar aos resíduos um destino mais sustentável. / Foto: Giordano Toldo

“A separação adequada dos resíduos é fundamental para que os mesmos sejam reciclados e retornem para a cadeia produtiva. Ao colocar embalagens sujas ou papel engordurado no lixo seco, estamos enviando para uma unidade de triagem um resíduo que não poderá ser reciclado. A central de triagem, composta por trabalhadores de renda muito baixa, terá que pagar para que este rejeito seja encaminhado ao aterro sanitário. Ou seja, misturar resíduos sujos no lixo seco não só cria um problema ambiental como retira renda de pessoas já muito carentes. É um prejuízo social e ambiental em um único ato”, salienta o professor Nelson Fontoura, Diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS. 

Compromisso com a casa comum 

A PUCRS reafirma constantemente seu compromisso com a casa comum. Cada vez mais comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), a Universidade agora conta com a atuação de um Comitê de Gestão Ambiental (CGA). Responsável por deliberar e acompanhar temas relacionados ao Programa de Gestão Ambiental da Universidade, o grupo atua com base em um documento que rege a macrogestão da sustentabilidade ambiental no Campus e seus impactos à sociedade.    

A preocupação faz parte da missão há décadas. Prova disso é que desde 1993 a instituição mantém o Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza (Pró-Mata) e, até o momento, já neutralizou mais de 160 mil toneladas de carbono. A área, localizada em São Francisco de Paula, possui 2.362 hectares de área preservada e é reconhecida internacionalmente como um dos 25 hotspots de biodiversidade mundial. Além disso, também é considerada a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Rio Grande do Sul. Mantido com muita dedicação, neste ano o Pró-Mata completa 30 anos consecutivos de acúmulo de biomassa vegetal em área protegida.  

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Estudantes do curso de Ciências Biológicas se apresentaram para alunos/as do Colégio Marista Champagnat. / Foto: Matheus Gomes

Neste ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), completa meio século de conscientização e debates sobre a importância da preservação dos recursos naturais. Para celebrar este marco, a turma de Ciência da Conservação, do curso de Ciências Biológicas da PUCRS, realizou apresentações teatrais para estudantes do Colégio Marista Champagnat, contando histórias sobre educação ambiental. 

A atividade Conservando o Mico foi criada em 2005 pelo professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Júlio César Bicca-Marques, com o objetivo de capacitar os alunos do curso a desenvolverem produções científicas de forma acessível para o público em geral. A ação, que foi realizada em grupos, incentivou que os/as estudantes elaborassem uma narrativa infantil para apresentá-la de forma criativa, problematizando aspectos que ameaçam a sobrevivência de espécies da fauna do Rio Grande do Sul.  

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Com o cenário e fantasias construídas à mão, a turma se dividiu em quatro apresentações, as quais abordaram o problema da perda de habitat da lagartixa-da-praia, o tráfico de animais com foco no cardeal-amarelo, a caça da onça-pintada e, por fim, a ameaça das espécies invasoras como o javali. Para a aluna do quinto semestre de Ciências Biológicas Valentina Brocker Junqueira, a atividade foi fundamental não só para apreender, mas também para perder o medo de transmitir conhecimento para as crianças.  

“Nosso desafio foi fazer as peças serem divertidas e informativas, para apresentar para as crianças. Essa proposta nos fez também pesquisar e estudar bastante sobre o tema das peças, foi um conhecimento que foi super absorvido, uma forma prática de aprender muito eficiente”, finalizou Valentina.  

Temáticas abordados pelos alunos 

A atividade Conservando o Mico foi criada em 2005 pelo professor e pesquisador da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Júlio César Bicca-Marques. / Foto: Matheus Gomes

Responsável por aprovar os temas das apresentações do Conservando o Mico, o professor Júlio César Bicca-Marques destaca a importância do debate sobre a necessidade de valorizarmos e respeitarmos o meio ambiente e as demais espécies de seres vivos que habitam o planeta Terra. Com isso em mente, o docente instrui os grupos a escolherem temas distintos para cada apresentação. O objetivo é sempre abordar as principais causas da ameaça de extinção de muitas espécies da fauna e flora do RS, as quais refletem o que também se observa em nível nacional e mundial. 

Na primeira peça teatral, o grupo apresentou a ameaça das espécies exóticas invasoras (ou seja, aquelas que o ser humano traz de outra região e que se espalham no novo ambiente) para a sobrevivência das espécies nativas. A história trouxe o javali (Sus scrofa), no papel de vilão, para ilustrar as espécies invasoras de ecossistemas naturais e como elas degradam o ambiente, comem as espécies nativas e disputam o alimento com elas.  

Em seguida, foi apresentada a situação muito crítica dos poucos indivíduos de onça-pintada (Panthera onca) que ainda resistem no extremo noroeste do Rio Grande do Sul. Os alunos contaram que a caça vem dizimando a população estadual de onças-pintadas há muito tempo. O professor explica que à medida que as fazendas e cidades invadem o ecossistema das onças em todo o estado, vão causando a redução das populações de animais silvestres dos quais as onças se alimentam. Com isso, complementa Bicca-Marques, as onças famintas são obrigadas a visitar fazendas e se aproximar de cidades para caçar animais domésticos, o que acaba criando conflitos com as pessoas, causando a caça por retaliação. Essa é uma séria ameaça a todos os grandes predadores terrestres do mundo 

O terceiro grupo trouxe a história da lagartixa-da-praia (Liolaemus occipitalis), um pequeno réptil ameaçado de desaparecer das praias gaúchas pela destruição das dunas pela construção de moradias e outros empreendimentos urbanísticos, e o desrespeito e a liberação de lixo por parte dos veranistas. Os estudantes chamaram a atenção da plateia para a perda, fragmentação e alteração dos ambientes naturais, a maior ameaça para a sobrevivência da maioria das espécies terrestres, de acordo com Bicca-Marques.  

A última apresentação também abordou uma espécie no limiar do desaparecimento no nosso estado, o cardeal-amarelo (Gubernatrix cristata), seriamente ameaçado pelo tráfico de animais silvestres. O cardeal-amarelo sensibilizou a plateia sobre a importância de as pessoas não terem animais de estimação silvestres, pois sem compradores não há traficantes. Conforme conta o professor da PUCRS, o tráfico de animais e plantas silvestres é o terceiro maior tráfico do mundo, ficando atrás apenas dos tráficos de armas e drogas, e ameaça de extinção muitas espécies ao redor do mundo. 

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Foto: Matheus Gomes

O final do mês de abril foi marcado pela reunião final do projeto internacional do projeto QualEnv Change the Climate: Assuring the Quality of Environmental Strategies in Latin-American Higher Education (Mudando o clima: Garantindo a qualidade das estratégias ambientais no Ensino Superior latino-americano), financiado pela Erasmus+. O consórcio formado por 14 instituições, sendo três universidades europeias e 11 latino-americanas, se reuniu presencialmente nos dias 26, 27 e 28 de abril no auditório do Prédio 50 da PUCRS para discutir os avanços, desafios e resultados do projeto.  

A cerimônia de abertura contou com a presença do reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira, que destacou, em seu discurso de acolhida, que universidades inovadoras e cientes de seu compromisso social devem ser protagonistas no processo de desenvolvimento regional e global. Teixeira reforçou o papel da Educação Superior para a eliminação da pobreza, intolerância, violência, analfabetismo, fome, deterioração do meio ambiente e enfermidades. “Projetos como este ratificam o compromisso com a formação de profissionais tecnicamente qualificados e também comprometidos com a cidadania. Cabe a cada um de nós e à universidade criar e fortalecer comunidades com pessoas que se comprometam na construção de uma solidariedade sempre mais efetiva por meio do respeito à vida e a tudo que é humano por meio do ensino, pesquisa e inovação”, afirmou. 

Reitor da PUCRS Ir. Evilázio Teixeira fez a fala de acolhida / Foto: Giordano Toldo

De acordo com o diretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS Nelson Fontoura, coordenador do projeto na Universidade, o evento foi muito importante para sumarizar o processo de evolução das instituições envolvidas no projeto QualEnv para a construção de uma operação dos campi no caminho da sustentabilidade. Como objetivo principal, destaca-se o desenvolvimento de Sistemas de Gestão Ambiental a serem implementados nas universidades latino-americanas, assim como mapeamento de pegadas de carbono e aderência aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 

Ao longo dos três dias de evento, as apresentações foram organizadas por país. Das instituições brasileiras houve apresentações da PUCRS, UFSC, UNISUL, UFRGS, ULBRA e FEEVALE. Do Peru, da Universidade de Lima e da Universidade do Pacífico, da Colômbia, da UNINORTE e UNISABANA, da Costa Rica, da Universidade Nacional e da Universidade da Costa Rica, e do México, da Universidade de Guadalajara e da Benemérita Universidade Autônoma de Puebla. Por fim, entre as instituições europeias, houve apresentações do ISCTE, de Portugal, do Politécnico de Torino, da Itália, e da Universidade de Gotemburgo, da Suécia. 

PUCRS aposta em Programa de Gestão Ambiental 

Professor Nelson Fontoura, coordenador do projeto na PUCRS / Foto: Matheus Gomes

Como decorrência direta do projeto, a PUCRS desenvolveu um Programa de Gestão Ambiental (PGA). O PGA será implementado através de um Comitê de Gestão Ambiental, que funcionará diretamente ligado à Reitoria da PUCRS, sinalizando o comprometimento institucional com a redução da pegada de carbono e aderência com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). No contexto da PUCRS, a gestão ambiental passa a ser parte dos direcionadores estratégicos institucionais.  

“O Programa de Gestão Ambiental da PUCRS objetiva implementar um programa permanente de monitoramento de desempenho ambiental, assim como estabelecer metas de desempenho ambiental e em sustentabilidade em sentido amplo a serem implementadas nas diferentes unidades. Trata-se de um documento de construção coletiva, que será continuamente aprimorado pelo diálogo permanente com todos os atores internos”, explica Fontoura. De acordo com o pesquisador, a iniciativa visa uma operação do campus de forma amigável ao ambiente, consumindo menos energia, combustíveis e água, produzindo menos efluentes e resíduos. 

“Mas mais do que uma operação sustentável, como instituição de ensino, a PUCRS objetiva disseminar a cultura da sustentabilidade para toda a comunidade acadêmica, e assim transbordando a visão do desenvolvimento sustentável para a sociedade em geral”, finaliza. 

Foto: Giordano Toldo

Chegou o momento do ano em que os lares ganham luzinhas piscantes, as propagandas tocam jingles dançantes e todos as refeições podem ganhar adaptações com uvas passas. Que tal, neste ano, trazer um outro significado para a data, promovendo um Natal sustentável? Para você ter uma celebração mais consciente e sem desperdícios, confira dicas especiais preparadas pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Escola de Negócios da PUCRS.

1. Comece reutilizando as embalagens

Apesar de ser um item muito característico do Natal, as embalagens geram um grande o volume de lixo. Dê preferência para aquelas com materiais recicláveis, como papel kraft e cordão. Outra opção é utilizar tecidos, que podem ser lavados e ganhar outra aplicação após o uso. Ou ainda, que tal reutilizar embalagens de outros anos? Em vez de escrever o nome da pessoa presenteada à caneta, anote com lápis ou em um cartão personalizado. 

2. Experimente alimentos veganos e vegetarianos

As refeições não precisam necessariamente de carnes ou alimentos de origem animal para serem saborosas. Aproveite a ceia para repensar o cardápio e incluir alimentos veganos ou vegetarianos à mesa. Com cada vez mais adeptos/as ao movimento, hoje em dia existem receitas alternativas acessíveis e práticas de fazer. 

3. Presenteie com algo que gostaria de receber

Foto: Canva

Opte por presentes funcionais ou coletivos. Quem nunca recebeu algo que não precisava ou, até mesmo, já tinha? No lugar de cada pessoa dar uma lembrancinha, uma boa alternativa é fazer uma vaquinha em grupo para dar um presente de maior valor e que a pessoa realmente esteja precisando. Se forem muitas pessoas, você pode até usar uma plataforma de crowdfunding, como o FreeFunder, por exemplo, que é gratuito.  

4. Vá além do presente e seja presença

Foque na experiência e não no presente, principalmente com as crianças. Demonstrar carinho vai além dos bens materiais: crie momentos especiais que ficarão marcados na memória. Construir um calendário com atividades diárias até o dia de Natal, fazer um bolo diferente ou decorar biscoitos e assistir a um filme com todo mundo reunido são boas opções.  

E, se for presentear, priorize a qualidade, e não na quantidade. Opte por itens de madeira ou de pano, de fabricação local, brinquedos de segunda mão ou até uma assinatura de livros. 

5. Crie sua própria decoração

As árvores e as decorações são algumas das partes mais divertidas do Natal, mas podem sair bem caras, além de envolverem muito plástico. E na verdade você pode criar itens decorativos a partir de coisas que já tem em casa ou adaptar as decorações do ano anterior. Reaproveite embalagens de presentes, cartões, papelão, recortes de revistas e sucatas. Pronto, agora é só chamar a família para colocar a criatividade em prática.  

Dia da Amazônia

Maior bioma do Brasil, a Amazônia contribui para a regulação do clima e abriga uma vasta biodiversidade / Foto: Juvenal Pereira – WWF Brasil

Representando dois terços das florestas naturais do Brasil e cobrindo quase 50% do território brasileiro, a Amazônia é o maior bioma do PaísCom extensão aproximada de 421 milhões de hectares, sendo a principal floresta tropical do mundo, o ecossistema concentra uma vasta biodiversidade. Celebrado nesta segunda-feira, 5 de setembro, o Dia da Amazônia busca alertar para a necessidade de preservação do bioma, um dos mais valiosos patrimônios naturais da humanidade. 

Essencial para o equilíbrio climático, a Amazônia contribui para a manutenção e distribuição da umidade em todo o continente.

“As árvores da floresta retiram água da terra para uso no metabolismo em todas as partes da planta. A água é levada até as folhas, onde é liberada na atmosfera em forma de vapor. Esse vapor concentrado acima das copas das árvores, aliado à umidade que vem dos oceanos, forma o que conhecemos como ‘rios voadores’, responsáveis pela distribuição da umidade acumulada. Esse fenômeno cria situações interessantes, como a ausência de desertos ao leste da Cordilheira dos Andes, por exemplo, onde se esperaria que ocorressem formações desérticas semelhantes às dos demais continentesexplica o professor Pedro Maria Abreu Ferreira, docente da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e coordenador científico do Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata. 

Impacto ambiental 

Ferreira também destaca que a redução contínua de área florestal, provocada pelo desmatamento, pode levar a consequências catastróficas, além de gerar alterações na dinâmica de umidade. “Com a redução do número de árvores, o efeito de translocação da umidade do solo para a atmosfera será reduzido, bem como o efeito de atração de umidade oceânica que a floresta como um todo promove. O aporte de chuva proveniente dos rios aéreos, principal fonte de umidade para muitas áreas importantes para as atividades de agricultura, por exemplo, reduzirá ou até mesmo cessará. Não sabemos quando isso acontecerá, ou o quanto de floresta pode ser removida sem que isso ocorra. Mas, quando ocorrer, estaremos possivelmente em um ponto sem retorno, com consequências continentais”, alerta o professor. 

De acordo com levantamentos do Mapbiomas, entre 1985 e 2019, a perda líquida de cobertura de floresta na Amazônia foi de 44 milhões de hectares – o equivalente a 9,5 vezes a área do estado do Rio de Janeiro. 

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Conhecer é fundamental para preservar

dia da amazônia

Parte da amazônia brasileira em área próxima a Manaus. Foto: Neil Palmer/Wikipédia

Pesquisador do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS, Ferreira ainda aponta que a produção científica é primordial para expandir o conhecimento sobre o ecossistema e a biodiversidade. “As reduções drásticas no financiamento à pesquisa que estão ocorrendo sistematicamente no Brasil só contribuem para a perda cada vez mais acelerada de áreas naturais, incluindo a Floresta Amazônica. Para utilizarmos o potencial dos ecossistemas, precisamos conhecê-los. Para conhecê-los, precisamos pesquisá-los., enfatiza Ferreira. 

Segundo o professor, a ciência conhece apenas uma pequena fração de toda a biodiversidade amazônica. Ele também destaca muitas das espécies que estão neste momento sendo extirpadas da natureza pelo desmatamento ou pelas queimadas relacionadas não são conhecidas, ou seja, nunca foram coletadas e formalmente descritas. 

“Além de seu valor intrínseco, esta biodiversidade desconhecida tem um valor potencial inestimável no sentido de uso pela sociedade humana. Novos fármacos, cosméticos, e materiais de interesse para a engenharia são apenas alguns exemplos dos potenciais de aplicação, aponta. 

Além da atuação científica, a ação e participação da sociedade é indispensável para a preservação. “Há diversas organizações nacionais e internacionais que têm como principal objetivo a conservação da biodiversidade da Floresta Amazônica. Participar ativamente destes grupos é um caminho. Mas, antes disto, penso que o mais importante seja buscar informação. Só se conserva o que se conhece”, comenta FerreiraAlém de contar com pesquisadores que realizam estudos sobre o bioma, a PUCRS também possui iniciativas diretamente relacionadas à Floresta Amazônica, vinculadas ao Projeto Rondon. 

A saúde humana depende da saúde da floresta

O coordenador do Pró-Mata explica que a floresta abriga animais que são reservatórios naturais de organismos potencialmente patogênicos para humanos. Segundo o professor, a fragmentação da floresta potencializa o contato humano com estes animais, aumentando a probabilidade de transmissão desses patógenos. 

“Todos os grandes surtos de infecção viral que ocorreram nos últimos anos, incluindo a pandemia por coronavírus, derivaram de eventos iniciais de transmissão de animais silvestres para humanos. A próxima pandemia pode estar sendo liberada lentamente pela redução das nossas florestas, e só vamos ter poder de nos anteciparmos a eventos deste tipo com o conhecimento gerado pela pesquisa científica”, ressalta.

Ecologia e Evolução da Biodiversidade, onça-pintada, meio ambiente

Onça-pintada (Panthera onca) está entre as espécies vulneráveis de extinção devido as alterações ambientais causadas pela humanidade / Foto: iStock

Nos últimos anos, estudos vêm apontando a preocupante diminuição da biodiversidade mundial. Uma pesquisa internacional realizada sobre o tema, publicada em 2016 na revista Science, alertou que a perda da biodiversidade ultrapassou o “limite seguro” em 58% da superfície terrestre. A supressão da fauna e da flora tem impactos não só no meio ambiente, como também na saúde da humanidade.

Neste momento em que o planeta enfrenta uma crise de extinção em massa (com perda acelerada de espécies e ecossistemas inteiros), causada por ações humanas que precisam ser revertidas e/ou mitigadas urgentemente, é crítica a necessidade de mais estudos sobre a biodiversidade, pois é isso que embasa toda a tomada de decisão neste contexto”, destaca o professor Eduardo Eizirik, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade (PPG-EEB), da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS.

Eizirik ainda ressalta que o cenário brasileiro é um exemplo preocupante da extinção de espécies. “A perda de biodiversidade e de ecossistemas é um problema muito sério no País, vide o que estamos presenciando no momento com relação ao desmatamento e queimadas na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado, mas também incluindo os demais biomas. Temos uma gigantesca biodiversidade e grande parte dela é ainda desconhecida (muitas das nossas espécies não foram sequer descritas para a ciência). Por isso, a destruição acelerada dos nossos ambientes está causando a extinção de várias espécies que ainda nem foram descobertas pela humanidade”, alerta o professor.

Pesquisas promovem a conscientização e a prevenção

Segundo Eizirik, a pandemia do novo coronavírus evidenciou os problemas causados pela interação humana descontrolada e destrutiva com os ambientes naturais do planeta. “Esta pandemia teve origem a partir de um mamífero silvestre capturado e manipulado para consumo humano sem os cuidados sanitários adequados, e sem preocupação de sustentabilidade desta atividade de caça”, aponta o professor.

Ele ainda destaca a importância das pesquisas científicas para conscientização da sociedade e prevenção de novas pandemias. “É fundamental que sejam intensificados os esforços para educar a humanidade sobre a compreensão da biodiversidade. Caso mantivermos comportamentos atuais, é provável o surgimento de outras pandemias, desse nível ou até piores”, avalia.

Conhecimento interdisciplinar e internacional

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Estudantes de mestrado e doutorado adquirem conhecimento interdisciplinar com possibilidades de internacionalização / Foto: iStock

O PPG-EEB possui como área de concentração a Ecologia e Evolução da Biodiversidade e desenvolve estudos nas linhas de pesquisa Ecologia Aplicada, Ecologia e Conservação, e Sistemática e Evolução. Estudantes de mestrado e doutorado podem realizar estudos que envolvem a descoberta, descrição e caracterização de espécies, as relações ecológicas entre si e com o ambiente, além de ameaças à sua sobrevivência. Os projetos de pesquisa podem se enquadrar em áreas como ecologia, história evolutiva, genética, genômica, morfologia, paleontologia, fisiologia, comportamento e biologia da conservação, e focam em diversos grupos de animais, plantas e microrganismos.

“Na PUCRS temos um PPG que integra as diversas áreas das ciências da biodiversidade, incluindo disciplinas formativas, seminários e outras atividades inovadoras que preparam o pós-graduando para uma visão interdisciplinar, o que é cada vez mais a realidade no mundo atual”, comenta Eizirik.

Além de laboratórios avançados, o Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade conta com docentes altamente qualificados, vinculados a redes internacionais de pesquisa. A internacionalização dos estudos viabiliza aos estudantes visitas e estágios em laboratórios de ponta de diversos países, bem como a interação com alunos/as do exterior dentro da PUCRS, favorecendo a construção de uma experiência acadêmica de excelência.

Devido a atratividade do PPG-EEB, mais de 20% dos mestrandos e doutorandos matriculados no Programa nos últimos anos são provenientes de vários países da América Latina, Ásia e Europa. Com nota 5 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o PPG-EEB está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado até o dia 11 de julho.

Ingresse ainda em 2022

direito ambiental

Foto: Camila Cunha

Junho é marcado pelo Mês do Meio Ambiente. Neste período, organizações, empresas, governos e personalidades de todo o planeta direcionam sua atenção para os debates relacionados à preservação da natureza. O mês não foi escolhido por acaso: do dia 5 a 16 de junho de 1972 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo, na Suécia. A reunião, que contou com a participação de 113 países (inclusive o Brasil) e 400 organizações, tinha como objetivos debater as mudanças climáticas, a gestão dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. Além de instaurar o Mês do Meio Ambiente, a Conferência de Estocolmo também teve um papel fundamental no fortalecimento da área de Direito Ambiental. 

Afinal, o que é o Direito Ambiental? 

A área jurídica que tem como função reger as normas da relação indivíduo-meio ambiente teve sua origem nos anos 60, em uma época de crise ambiental causada pela degradação e esgotamento de recursos naturais. No Brasil, o Direito Ambiental é de fundamental importância considerada a biodiversidade que nosso país abriga, além de ser o lar de um dos maiores ecossistemas do mundo: a Amazônia. Apesar de a Constituição prever boas leis acerca da preservação ambiental, sabe-se que, na prática, elas são constantemente violadas, o que diminui consideravelmente a eficácia da legislação prevista para esse tema. 

Alguns dos princípios do Direito Ambiental são: 

ESG: a tendência corporativa amiga do meio ambiente 

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Foto: Pexels

Um conceito que vem ganhando espaço entre empresas e organizações graças ao Direito Ambiental é o de ESG. A sigla, em inglês, significa environmental, social and governance (ambiental, social e governança em português) e se refere às práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. Além disso, serve como um índice que mensura o quanto essa empresa se engaja em minimizar impactos no meio ambiente, promover um mundo mais justo e melhores processos de administração. A popularização do ESG entre companhias não ocorre à toa: uma pesquisa da consultoria Nielsen, realizada em 2019, revelou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente. 

A importância do Direito Ambiental para o profissional da área jurídica 

Na PUCRS, a disciplina de Direito Ambiental é ministrada a partir do 8º semestre do curso de Direito. Em entrevista ao jornal Estadão, a professora Fernanda Medeiros, docente da Escola de Direito da PUCRS e especialista em Direito Ambiental, destaca a importância da área do atual cenário que estamos vivendo.  

“Estamos no auge de uma grande crise climática, social e de perda da biodiversidade. Crises dessa magnitude acabam por afetar o mundo como um todo e a economia dos países periféricos em especial. Conhecer as questões que envolvem a proteção do ambiente é fator essencial para profissional de muitas áreas”, ressalta.  

No caso dos profissionais do Direito, os conhecimentos ambientais têm um papel ainda mais importante. “O domínio do Direito Ambiental acaba por se tornar um grande diferencial para o profissional que atua no mercado, nas empresas, nos órgãos ambientais, até mesmo, e talvez principalmente, no Poder Executivo e no Poder Legislativo, para a construção de políticas públicas adequadas”, destaca a professora. As questões ambientais ainda permeiam outras áreas fundamentais da sociedade, como a economia. A popularização do conceito de ESG é um movimento que pode motivar um comportamento mais alinhado à proteção do ambiente. 

A professora ainda detalha como as questões socioambientais se fazem presentes na graduação de Direito. “Na Escola de Direito, em especial, possuímos um Grupo de Estudos que desenvolve o tema desde o ano 2000, sempre estimulando a participação dos estudantes de graduação e pós-graduação e da comunidade em geral”. O tema tem espaço no Mestrado e no Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Direito – a primeira dissertação sobre proteção ambiental foi defendida em 2001. Há ainda o curso de Especialização em Direito Ambiental e Sustentabilidade, que integra estudantes não apenas do Direito, mas também das áreas da biologia e engenharia. 

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Foto: Karolina Grabowska/Pexels

A área do Direito Ambiental está em constante crescimento e demandando bons profissionais, com oportunidades cada vez mais significativas e abrangentes, desde a atuação em empresas privadas até a atuação junto aos poderes públicos para a construção de políticas públicas.  

“É importantíssimo que tenhamos profissionais da área jurídica que sejam capazes de acompanhar (e melhor orientar) as mudanças vinculadas ao clima, a infraestrutura, à transição energética, às indústrias verdes, a desastres ambientais, aos modais de transporte e a uma nova formação de produção”, diz Fernanda. 

Apesar de ser um ramo relativamente novo na área jurídica em termos de autonomia em relação aos outros, a professora destaca que um bom conhecimento do assunto é essencial aos alunos de Direito – mesmo àqueles que acabarem não seguindo carreira nessa área. 

“A regulação do comportamento humano e o necessário apoio do operador do Direito se manifestam em várias situações: do conhecimento das águas e do saneamento básico, do licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades à guarda de animais de estimação. Conhecer o Direito Ambiental é fundamental não só para aquele/a aluno/a que irá atuar diretamente na área, mas para todos os/as estudantes dos cursos de Direito, pois as conexões vão do direito empresarial ao direito tributário, do direito administrativo ao direito de família.” 

O que dizem os/as alunos/as 

A estudante Victorya Capponi Santiago, que está no 9º semestre do curso de Direito, é bastante engajada no tema. Segundo ela, a inspiração para seguir na área veio justamente das aulas da professora Fernanda Medeiros, que abriu os olhos dela e dos colegas para a realidade ambiental. “As aulas foram sempre surpreendentes, resultando muitas vezes em alunos boquiabertos”, conta ela. Para Victorya, a parte mais interessante da disciplina de Direito Ambiental foram os conteúdos sobre Direito Animal e Logística Reversa, apesar de ter achado toda a disciplina muito enriquecedora. 

Victorya ainda conta que pretende seguir na área de Direito Ambiental atuando como advogada em casos ambientais “até encontrar a área específica no Direito Ambiental que mais me encanta”, diz. A estudante acredita na importância do Direito Ambiental para o futuro do planeta, pois ele busca proteger não só o meio ambiente, mas todos os seres e a vida. Para ela, esse ramo do Direito faz-se necessário tendo em vista a relação complicada da humanidade com a natureza. Afinal, o ser humano degrada a natureza em uma velocidade que não permite a sua recuperação da devida maneira, o que pode também resultar no esgotamento dos recursos naturais – um problema que já vem sendo debatido por governos do mundo todo. 

“As degradações que ocorrem no meio ambiente de forma desenfreada, por si só, deveriam ser incentivo para qualquer pessoa se interessar pelo Direito Ambiental. Falta, com certeza, consciência das pessoas do quão perto de um colapso a natureza está. Engajar-se na área ambiental trará maior proteção ao meio ambiente, pois quanto maior o cuidado com o planeta, mais gerações poderão viver e desfrutar dos recursos que temos.” 

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