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Pesquisa permite pensar em políticas públicas mais assertivas para melhorar a infraestrutura onde mais precisa / Foto: Cezary Pawel/Pixabay

Quando a transmissão do novo coronavírus começou a aumentar, tornando-se uma epidemia e, posteriormente, uma pandemia, uma das medidas tomadas em muitos países foi a quarentena. Com o distanciamento social, menos pessoas circulam pelas ruas, fazendo com que a tão falada “curva de contágio” seja “achatada”. Enquanto não há uma vacina nem um medicamento para a Covid-19, diminuir ao máximo possível o número de infectados parece ser a melhor solução para evitar o colapso do sistema de saúde, com o esgotamento dos leitos de UTI disponíveis.

Entretanto, o cálculo é mais complexo do que parece, uma vez que a distribuição desses leitos de UTI nem sempre é equilibrada em diferentes municípios e regiões. E é sobre isso que trata a pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil, desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento (PPGE), da Escola de Negócios da PUCRS.

O estudo tem como base uma metodologia apresentada previamente pelo professor Adelar Fochezatto, que tinha como objetivo analisar a desigualdade de acesso a hospitais, de uma maneira geral. Logo que a pandemia começou, Natássia Bayer, que concluiu o mestrado em 2019, e o doutorando Paulo Uranga começaram a organizar os dados, aplicando essa metodologia.

Mapeamento pode contribuir para planejamento de políticas públicas

Segundo Fochezatto, o mapeamento realizado a partir da pesquisa mostra as diferenças nessa distribuição. “Desenvolvemos um estudo mostrando onde estão os leitos em todo o Brasil, utilizando coordenadas dos municípios e dos próprios leitos. Fizemos essa análise por grupos de idade, focando na questão dos idosos, que são mais propensos a ter quadros graves da doença; e de gênero”, explica.

Para o professor, a pesquisa permite que sejam recomendadas políticas públicas mais assertivas para melhorar a infraestrutura de leitos e de profissionais onde mais precisa. “A acessibilidade de leitos no Brasil não é das melhores – o número para cada 100 mil habitantes é muito baixo”, aponta Uranga. Ele acredita que o estudo consiga apontar onde devem ser realizadas melhorias nesse setor: “Agora estamos vendo vários investimentos sendo feitos, mas parece ser sempre nos mesmos centros urbanos. E, quando as epidemias avançam no interior, as pessoas precisam se deslocar”.

Um outro estudo realizado por Natássia, sobre doenças decorrentes de inadequações no saneamento básico, chama a atenção para a importância de que o trabalho seja feito em conjunto entre as cidades. “É uma política que precisa ser pensada não individualmente no município, mas considerando uma região maior, uma vez que os problemas relacionados à falta de saneamento ultrapassam essas fronteiras”, ressalta.

Uma área com atuações diversas

Natássia conta que, no PPGE, os alunos aprendem diversos métodos e, a partir deles, conseguem aplicar à realidade e propor políticas públicas para resolver outros problemas. Para Fochezatto, desenvolvimento se trata justamente isso: “pensar em saúde, educação, segurança. As pessoas precisam ter boas condições para ter uma vida digna. E ter renda, também”, pontua, afirmando que há muitas possibilidades para um profissional da Economia do Desenvolvimento atuar na sociedade.

“Lembro de uma aula do professor em que ele falava sobre desenvolvimento regional e nós comentávamos sobre espaços no País que não tinham nenhum atrativo para mão de obra jovem. Uma das coisas que pensávamos era nos investimentos tecnológicos na área da saúde”, conta Natássia. Ela acredita que, nessa situação, seria interessante investir em estudos que possam desenvolver a região para atuar na prevenção de pandemias e pensar no desenvolvimento a longo prazo desses espaços.

“Em pequenas localidades, poucos profissionais especializados já fazem uma grande diferença. E isso, aliado a pesquisa, gera efeitos sobre outros setores da economia”, conclui Fochezatto. A pesquisa Desigualdade espacial na acessibilidade aos leitos de UTI nos municípios do Brasil já foi concluída e os resultados poderão ser conhecidos em breve.

Professor do PPG integra grupo que simula avanço da doença no Estado

Modelar e simular o avanço da pandemia de Covid-19 no Rio Grande do sul é o objetivo do PampaNerds, grupo formado por cientistas pesquisadores do Estado. O professor do PPGE Ely Mattos é um dos integrantes. Conforme ele explica, essa é uma iniciativa autônoma, que conta com pesquisadores de diversas áreas. “Nossa ideia é trabalhar com modelagem computacional de diferentes aspectos da pandemia, e meu papel no grupo é apresentar a visão do economista, discutindo questões que podem influenciar a dinâmica da epidemia”, diz.

Mattos acredita que toda iniciativa nesse contexto é bem-vinda e que o PampaNerds tem contribuído com o debate para buscar soluções para a atual situação. Em relação à área da Economia, diz existir um debate sobre a sua relação com a saúde no Brasil. “As pesquisas na área ajudam a situar melhor essa discussão e apontam para uma complementariedade das dimensões, ao invés de uma competição”, conclui. O professor Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS, também faz parte do grupo.

PPG em Economia do Desenvolvimento recebe inscrições

Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Desenvolvimento Econômico e Economia Regional, abrange as linhas de pesquisa Crescimento, Inovação e Equidade e Aglomeração Produtiva, Agronegócio e Meio Ambiente, respectivamente. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.

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