Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Conceição Evaristo / Foto: Camila Cunha

O fazer artístico perpassa a escuta, a vivência, a intencionalidade de tornar real. Fazer arte no Brasil, na maioria das vezes, é um desafio vencido por poucas pessoas. Entre elas, estão a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos, duas figuras que carregam o peso da representatividade, da reinvindicação pela vida e dos sonhos de toda uma nação, que tem cor, sobrenome e estatística. 

No terceiro encontro da Série Ato Criativo, do Instituto de Cultura da PUCRS, ambos participaram de uma conversa mediada pelo jornalistDaniel Quadros, ativista do movimento negro e LGBTQIA+, e por Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura e professor da Escola de Humanidades da PUCRS. O evento transmitido pelo YouTube e pelo Facebook teve mais de 700 telespectadores simultâneos ao vivo e quase quatro mil participantes no total. 

É preciso comprometer a vida com a escrita.” CONCEIÇÃO EVARISTO. 

Quando a escrita está profundamente relacionada com a vida, nasce a Escrevivência. Ela é dinâmica, por vezes solitária, acontece a partir da observação e da vivênciaNão se cria do nada. Crio porque escutei uma palavra, de algum contexto, porque eu vi um fato, porque as pessoas me contaram alguma coisa, ou porque estou sentido algo”, explica Conceição. 

Desde 1995, na época da sua dissertação de mestrado, a palavra Escrevivência tem sido presente nas falas da escritora. O termo é uma referência à experiência de vida da autora e do seu povo, a qual somente o local de fala compreende. “É o desespero de captar uma cena e transformar em palavras, é o meu comprometimento com ela. 

O palco, o real e a vida 

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Lázaro Ramos / Foto: Camila Cunha

Em diferentes momentos artistas interpretam e encarnam personagens que flertam com situações reais do cotidiano de muitas pessoas. Essa relação entre a vida e a arte é tênue e, para Lázaro Ramos, se mistura. “Eu só vivo porque faço a arte. O que dá sentido à minha vida é a arte. Ela foi responsável por me dar coragem de existir e falar o que eu penso. Foi o que deu sentido de perspectiva para a minha vida. Em um determinado momento eu não sabia que eu podia sonhar, fazer planos, desejar e mais: expressar os meus desejos, recorda o ator. 

Lázaro conta que sempre tenta trazer o racional para dentro de seus trabalhos e, que por ser algo que o mobiliza tanto, às vezes se confunde com a vida real. Já passei por momentos em que eu interpretava um personagem, chegava em casa e me relacionava da maneira dele e isso não foi bom. 

Rodeada de livros, não, mas de palavras 

Uma afirmativa com duas ou mais intenções. Por um lado, Conceição Evaristo foi criada rodeada por muitas palavras, de uma família muito falante, que contava histórias ao mesmo tempo em que sua mãe fazia bonecas caseiras. “O meu texto é muito marcado por essa oralidade”, afirma. Esse cuidado de buscar na expressão popular a essência do que se quer trazer para o texto é um aspecto dessa vivência. 

Por outro lado, a expressão também é uma crítica social. Enquanto diversos escritores e escritoras podem afirmar com muito orgulho que aos 12 anos leram Machado de Assis, esse é um privilégio distante da realidade de grande parte da população brasileira. “O destino da Literatura me persegue, a partir desses locais subalternizados, como uma forma de quebrar esse imaginário da escritora que tem que nascer com o livro colado 

Além disso, ela ressalta que não é necessário muito esforço para entender uma linguagem universal: a do corpo que fala. Através das expressões, um simples resmungo, a mensagem está dada. 

A arte é atemporal 

De geração em geração, a arte, assim como outros conhecimentos, evolui e acompanha os contextos de seus momentos. O diálogo entre essas diferentes realidades também gera novas soluções.  

Eu me sinto grata à vida. Porque chega aos 73 anos e ter essa oportunidade de dialogar, de saber se sou aceita e recebida com tanto carinho pelos mais jovens, me certifica de que a minha vida valeu e vale a pena. Vocês me certificam de que eu estou seguindo o caminho certo.” CONCEIÇÃO EVARISTO. 

Conceição comenta sobre um princípio das culturas africanas com as pessoas de mais idade, de aprender com a experiência e com aconselhamento. Mas também do princípio regendo as sociedades tradicionais africanas, o princípio do tempo espiralado. A mesma referência que se tem com o mais velho, o mais velho tem com o mais novo. Porque, segundo a autora, o mais novo potencializa o mais velho. 

Ter voz é ter responsabilidade 

Lázaro Ramos ressalta que asuas escolhas não são as mesmas de qualquer outro ator. Às vezes eu estou tão cansado que eu só queria fazer um personagem cômico, dar risada e me divertir com a plateia. Isso não é uma coisa que acontece constantemente. Porque eu tenho noção de que eu sou uma exceção. Um ator ter as oportunidades que eu tive, com personagens tão variados, de ser respeitado, de ter investimento em mim, não é o que acontece com a maioria dos atores negros no meu País. 

O ator conta que a sua história também foi narrada pelo ativismo que, mesmo não sendo uma posição tranquila, é um local de responsabilidade. “Durante muitos anos a gente falou do ativismo, sem falar nas nossas sensações mais particulares, mais imediatas e mais privadas. A carreira de um artista no nosso País não é estável, não há sucesso e nem fracasso para sempre. Não sei o que acontecerá daqui alguns anos, mas eu tenho certeza de que essa semente que foi plantada lá atrás, na Bahia, no Bando de Teatro Olodum, vai me acompanhar para sempre e será um norte para as minhas primeiras escolhas”, destaca. 

Representatividade não, presença 

As novas narrativas contadas através da arte, por Conceição Evaristo e Lázaro Ramos - A escritora e o ator, a experiência e a juventude, uma mesma inspiração: abrir portas para que histórias reais sejam contadas

Daniel Quadros, Ricardo Barberena, Lázaro Ramos e Conceição Evaristo / Foto: Reprodução / PUCRS Cultura

Ana Maria Gonçalves, escritora mineira, foi mencionada pela sua fala sobre a importância de ocupar espaços. Lázaro relembrou de um comentário da amiga: “Ana me falou que ela não queria mais saber de representatividade. Ela queria presença!” 

Ser uma referência solitária, uma exceção, é um problema. Existem muitas pessoas talentosas que não têm o seu talento visto e reconhecido, por falta de oportunidades, destaca o ator. “Não quero me sentar nesse lugar de referência e achar que está tudo resolvido. Fora todos os discursos e ódio, da vontade de silenciar, esse processo só vai ser construído quando a gente conseguir dialogar”, acrescenta. 

Para Conceição, essa é uma questão que precisa ser trabalhada todos os dias. “O meu primeiro lugar de recepção foi o movimento negro. Então eu acho importante a gente ter cuidado com esse lugar de exceção, dessa representatividade. Se não, a gente fica representando a gente mesmo. É a representação do eu sozinho”. 

A força da coletividade 

A hashtag #ConceicaoEvaristoNaABL tomou conta das redes em 2018 quando a escritora decidiu concorrer pela sétima cadeira da Academia Brasileira de Letras, podendo se tornar a primeira mulher negra a ocupar o posto. Mais de 40 mil assinaturas foram coletadas em pouco tempo. O Lázaro, inclusive, também se manifestou nas redes sociais em forma de apoio à campanha. 

Conceição afirma que, apesar do resultado, a sua candidatura foi um marco na história da ABL que não será esquecido. A ação ascendeu o debate sobre os espaços que ainda podem e devem ser ocupados por pessoas que refletem a realidade do Brasil e do mundo. 

Série Ato Criativo 

Assista a live completa do terceiro encontro da série Ato Criativo, com a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos. 

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Conceição Evaristo e Lázaro Ramos / Foto: Camila Cunha

A série Ato Criativo receberá a escritora Conceição Evaristo e o ator Lázaro Ramos para uma conversa sobre arte, cultura e as obras ao longo de suas carreiras no dia 28 de julho, terça-feira, às 21h. O evento será mediado pelo jornalista Daniel Quadros e por Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura e professor da Escola de Humanidades da PUCRS. O bate papo será transmitido pelo Canal da PUCRS no Youtube e pela página do PUCRS Cultura no Facebook.

O Ato Criativo se propõe a aproximar o público de personalidades e criadores de diferentes áreas da cultura, proporcionando espaços de bate-papos e trocas com artistas. Nesta edição, os convidados falarão sobre suas trajetórias profissionais, projetos e criações recentes, compartilhando as particularidades de seus processos criativos.

Sobre os convidados

Lázaro Ramos é ator, apresentador, cineasta e escritor. Iniciou sua carreira artística em 1994 ao entrar para o Bando de Teatro Olodum. De 1998 a 2002, foi âncora do Fantástico. Ganhou notoriedade no cinema ao interpretar João Francisco dos Santos no filme Madame Satã (2002). Atuou em diversos espetáculos teatrais, filmes e novelas, ganhando prêmios e atingindo extenso reconhecimento por sua carreira. É autor dos livros Paparutas (2000), A Velha Sentada (2010), O Caderno de Rimas do João (2014), O Coelho Que Queria Mais (2017), Na Minha Pele (2017) e Sinto O Que Sinto: e a incrível história de Asta e Jaser (2019).

Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte (MG), no ano de 1946. É romancista, contista e poeta. Ganhadora dos prêmios Jabuti de Literatura (2015); Faz a Diferença, na categoria Prosa (2017); e Cláudia, na categoria Cultura (2017). É mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro (1996) e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (2011). Estreou na literatura em 1990, publicando seus contos e poemas na série Cadernos Negros. É autora dos livros Ponciá Vicêncio (2003), Becos da Memória (2006), Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), Olhos D’água (2014), Histórias de leves enganos e parecenças (2016) e Poemas da recordação e outros movimentos (2017).  Atualmente, leciona na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) como professora visitante.

Sobre os mediadores

Série Ato Criativo recebe Lázaro Ramos e Conceição Evaristo - Live falará sobre o fazer artístico e a trajetória dos convidados, com a mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Série Ato Criativo recebe Conceição Evaristo e Lázaro Ramos. Mediação de Daniel Quadros e Ricardo Barberena

Daniel Quadros é jornalista gaúcho graduado e estudante de Escrita Criativa pela PUCRS. Além disso, é ativista do movimento negro e LGBTQIA+, com participações em diversos projetos. Trabalha com os temas de inovação, ciência, tecnologia, responsabilidade social, educação, diversidade e inclusão. Atualmente faz parte da equipe da Assessoria de Comunicação e Marketing da PUCRS (Ascom) e do projeto AfrotechBR.

Ricardo Barberena nasceu em Porto Alegre, em 1978. Possui Graduação (2000), Doutorado (2005) e Pós-Doutorado (2009) na área de Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Coordenador Executivo do Delfos/Espaço de Documentação e Memória Cultural e professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Coordena o Grupo de Pesquisa Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade e é membro do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea (GELBC).

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Ricardo Barberena, Taís Araújo, Lázaro Ramos e Carol Anchieta / Foto: Guilherme Silva Oliveira

A noite de 18 de julho de 2019 proporcionou uma experiência inédita e marcante, no Centro de Eventos da PUCRS, aos mais de 1.800 inscritos e ao carismático casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo que, pela primeira vez, participou de um bate-papo ao vivo, no formato de arena. Mediado pela jornalista Carol Anchieta e pelo professor Ricardo Barberena, da Escola de Humanidades, a conversa descontraída abordou desde a peça O Topo da Montanha, espetáculo que a dupla encena neste final de semana no Theatro São Pedro, com ingressos já esgotados, aos assuntos que mobilizam suas trajetórias pessoais e profissionais, como representatividade de negros e negras, autoestima, afetividade, cotas raciais e a importância de uma educação pública de qualidade com forma de inserção social. Houve espaço, também, para fartas risadas com o público e lágrimas de emoção. Em uma feliz coincidência, o evento ocorreu no Dia Internacional Nelson Mandela, líder sul-africano que legou à humanidade o empenho pela coesão social e o fim do racismo.

O Topo da Montanha

Os 90 minutos de duração do evento pareceram pouco para a infinidade de temas interessantes, que tiveram a interação constante da plateia. A respeito da encenação que os trouxe à Capital gaúcha, reinventando o último dia de vida de Martin Luther King, Lázaro Ramos afirmou que na atualidade está muito difícil falar sobre temas concretos. “A subjetividade está mais fácil para mim, e O Topo da Montanha nos permite isso. A peça também oferece uma alternativa à barbárie que vivemos hoje, possibilitando refletir sobre coisas que parece que não vivemos mais. Nosso sentimento é de levar o amor, o acolhimento”, destacou. Para Taís Araújo, o espetáculo que lota casas em todo Brasil há 4 anos consecutivos vai se ressignificando a cada apresentação e reações do público. “Ele reforça nossas escolhas. A gente fala de afeto, de respeito ao próximo, do quanto o outro é importante. Fazemos uma peça para que as pessoas se sintam potentes, com vontade de fazer alguma coisa, mostrar que o mundo tem jeito”, mencionou.

“Queríamos fazer uma peça para que as pessoas se sentissem potentes.” TAÍS ARAÚJO

Vida de escritor

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Lázaro e Taís em interação com o público / Foto: Camila Cunha

O livro Na Minha Pele escrito por Lázaro Ramos, lançado em 2017, foi tema de perguntas de Barberena e dos espectadores, via WhatsApp, assim como as quatro obras voltadas ao público infantil. O professor de literatura da PUCRS questionou sobre referências e a inspiração do autor. Lázaro disse que Na Minha Pele traz mais dúvidas do que respostas, mas permite uma discussão sobre identidade e representatividade. “Sou fruto das minhas dúvidas, dos meus afetos – da consciência de que eu afeto as pessoas e de que sou afetado. Tenho consciência de minhas incapacidades. Aí, num determinado momento, resolvi falar sobre isso. Acho que esse livro é mais sobre dúvidas do que respostas. Pude conversar com as pessoas sem me sentir prisioneiro do que essa luta pode fazer com que a gente fique. Vi que é inevitável ser livre e prisioneiro de quem eu sou”, refletiu.

“É inevitável ser livre e prisioneiro de quem eu sou.” LÁZARO RAMOS

Nas histórias dirigidas a crianças, destacou que já escreveu livros para si e para os filhos João Vicente, 8 anos, e Maria Antônia, 4, e que a redação surgiu de forma natural, sem grandes pretensões. “Tinha vontade de falar com as crianças. Em Sinto O Que Sinto – e A Incrível História De Asta e Jaser, escrevi o livro para a criança que fui. Não tive essa referência e acho importante falar de autoestima e de equilíbrio”, apontou.

Carreira feita de escolhas

Carol Anchieta direcionou a Taís uma pergunta sobre desconstruções de mitos e questionamentos pessoais sobre gênero, raça e os papeis vividos como atriz e apresentadora de tevê. Taís revelou que muitas vezes se sentiu ofendida e exposta com determinadas cenas para a teledramaturgia, experiências que a magoaram bastante. Mas falou que a superação desse sentimento começou a partir das suas novas escolhas. “Nossa carreira é feita de escolhas que são políticas – como aquelas envolvendo nossas posições pessoais – e outras que nos mostram novas possibilidades. Para mim, personagem bom é personagem bom, e ponto. Não tenho o menor problema em fazer uma empregada doméstica, desde que a personagem tenha humanidade e uma história para contar”, asseverou. Continuando a relatar a vida profissional, recordou sua graduação em jornalismo, a pedido dos pais, e a incompleta formação em artes cênicas, que espera retomar para reconectar-se com a universidade.

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Descontração permeou a noite no Centro de Eventos da PUCRS / Foto: Camila Cunha

“Adoro o universo acadêmico. É um fetiche que eu tenho. Só na universidade vou ter acesso para estudar os meus autores e a chance de discuti-los”, declarou.  A experiência no programa Saia Justa, do canal por assinatura GNT, também foi recordada. Taís disse que, além de abrir mão da oportunidade para poder dedicar-se à personagem Michele Brau, da série Mister Brau, da Rede Globo, também pediu para sair por dar-se conta de que não tem – e não deseja ter – opinião sobre tudo. Foi aplaudida efusivamente pelo público. Brincalhão, Lázaro disse: “eu tenho, sim, opinião sobre tudo, mas nem sempre falo em público. Tenho a Taís para me ouvir e evitar que eu fale bobagens”. E agradeceu: “Obrigado, amorzinho”, seguido de um coro feminino “ooohhh”, ao fundo.

Educação e referências negras

Sobre o aumento do interesse da população negra na busca de ídolos na contemporaneidade, Lázaro disse que ter referência é algo importantíssimo. Sobre nomes de negros e negras no Brasil, ele dividiu a resposta com Taís. O ator acredita que ser referência não é um privilégio de quem é conhecido. “Por causa dos meus livros, tenho tido a oportunidade de visitar muitas escolas, com professoras fazendo trabalhos belíssimos, mas pouco valorizados. Esse é um movimento bonito. Não existe um formato para que a desigualdade acabe. O que importa são os desejos de transformação”, afirmou. Sobre a peça, recordou que resolveu encená-la por não conhecer e entender Martin Luther King. Com o tempo, compreendeu que não era sobre o homem, mas sobre o que todos podem fazer pelo outro.

“Adoro o universo acadêmico. A chance de discutir está dentro da universidade”. TAÍS ARAÚJO

Taís lembrou de dois nomes de mulheres brasileiras pensadoras com quem aprende muito: Sueli Carneiro e Cida Bento. “São pessoas cheias de conteúdo e que têm muito a nos ensinar. Têm estudos publicados aos quais podemos recorrer a qualquer momento”. A escritora Conceição Evaristo também foi recordada. Ao ouvir a pergunta da plateia sobre o que pensa a respeito das cotas raciais, afirmou categoricamente: “são fundamentais e maravilhosas”. Declarou que essa política afirmativa deve ser a base para os governantes promoverem uma educação pública de qualidade para que, no futuro, não seja mais necessário esse recurso. Lázaro argumentou que a melhor maneira de tratar do tema é mostrar, com resultados, o quanto a iniciativa mudou o cenário das universidades no País. “Sempre estimulo as pessoas a buscarem informações para poderem discutir esse assunto”, disse o ator.

Infância e negritude

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Mais de 1.800 pessoas prestigiaram o evento / Foto: Camila Cunha

Antes de finalizar a conversa, os artistas foram questionados sobre como lidam com a questão do racismo quando conversam com seus filhos. “Não tiramos a infância nem a ingenuidade deles. Quero que sejam crianças livres, independentes, mas não posso fingir sobre o que acontece à volta deles. Precisamos prepará-los para viver nesse País”, afirmou a mãe. Lázaro disse não estar preparando João e Maria para o racismo. “Estamos preparando nossos filhos para serem amados, respeitados, para gostarem de si como são, para terem força e autoestima. Nosso papel é amar e dar segurança, garantir que irão voltar para casa e receber todo nosso afago e apreço”, relatou o pai. Taís ainda reiterou o fato de ensinar a seus pequenos que podem errar, que têm esse direito. “Errar é possível e importante. Não dá para ser excelente o tempo todo”.

 “Quando formos falar das questões ligadas à nossa negritude, é importante ter a oportunidade e o investimento para fazer disso algo mais valoroso. Precisamos ter um olhar mais plural, mais aberto para as potências que já existem e que, às vezes, nos recusamos a enxergar”.  LÁZARO RAMOS

Parceria com o Theatro São Pedro

 Esta foi mais uma ação da parceria entre o Instituto de Cultura da PUCRS e a Fundação Theatro São Pedro, firmada em agosto de 2018. Nessa passagem pela capital gaúcha, os atores farão a apresentação da peça O Topo da Montanha, com direção do próprio Lázaro Ramos, no Theatro São Pedro, nos dias 19 a 21 de julho.

 

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Atores Lázaro Ramos e Taís Araújo / Foto: Jorge Bispo

No dia 18 de julho, às 19h, o Instituto de Cultura da PUCRS traz os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo para um bate-papo aberto ao público com entrada gratuita. Com mediação da jornalista Carol Anchieta e do diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena, o encontro será uma oportunidade de os artistas abordarem as suas carreiras no teatro, no cinema, na televisão e em outras atividades. Ao final da conversa, o público poderá fazer perguntas ao casal. O evento tem início às 19h, no Centro de Eventos (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). As inscrições estão esgotadas.

Parceria com o Theatro São Pedro

Esta é mais uma ação da parceria entre o Instituto de Cultura da PUCRS e a Fundação Theatro São Pedro, firmada em agosto do ano passado. Nessa passagem pela capital gaúcha, os atores farão a apresentação da peça O Topo da Montanha, com direção do próprio Lázaro Ramos, no Theatro São Pedro, nos dias 19 a 21 de julho.

Foto: Jorge Bispo

Foto: Jorge Bispo

No dia 18 de julho, às 19h, o Instituto de Cultura da PUCRS traz os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo para um bate-papo para o público em geral com entrada gratuita. Com mediação da jornalista Carol Anchieta e do diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena, o encontro será uma oportunidade dos artistas abordarem as suas carreiras no teatro, no cinema, na televisão e em outras atividades artísticas. Ao final da conversa, o público poderá fazer perguntas aos atores. A inscrição pode ser feita por este link.

O encontro acontece no Centro de Eventos da PUCRS, no prédio 41 (Av. Ipiranga, 6681). Na mesma data do evento e local haverá a distribuição de senhas a partir das 18h, com limitação de capacidade.

 

Parceria com o Theatro São Pedro

Esta é mais uma ação da parceria entre o Instituto de Cultura da PUCRS e a Fundação Theatro São Pedro, firmada em agosto do ano passado. Nessa passagem pela capital gaúcha, os atores farão a apresentação da peça O Topo da Montanha, com direção do próprio Lázaro Ramos, no Theatro São Pedro, nos dias 19 a 21 de julho.