Nesta quarta-feira, dia 7 de novembro, a cerimônia oficial de abertura do escritório EducationUSA na PUCRS reuniu representantes do Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, autoridades da Prefeitura de Porto Alegre, membros da reitoria e demais convidados. A rede, afiliada à Seção de Educação e Cultura (Bureau of Educational and Cultural Affairs – ECA) do Departamento de Estado norte-americano, está localizada na Assessoria de Cooperação Internacional, no prédio 1 (sala 110) do Campus (Avenida Ipiranga, 6.681 – Porto Alegre).
No encontro, o reitor Ir. Evilázio Teixeira destacou que o escritório trará benefícios para estudantes, pesquisadores e professores da PUCRS e para a comunidade em geral, uma vez que atenderá a todos. “Uma das características perenes e marcantes da nossa Universidade, que nesta semana completa 70 anos, é a prestação de serviços à sociedade gaúcha em diversos âmbitos”, destacou.
O reitor também agradeceu a confiança depositada na PUCRS pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos neste projeto que representará um avanço significativo ao processo de internacionalização da instituição. “Além disso, a iniciativa impulsiona a criação de uma rede, fazendo da Universidade um vetor de interconexão, articulando alianças estratégicas, que promovam o desenvolvimento local, regional e global”, completou.
A assessora-chefe da Assessoria de Cooperação Internacional, Heloísa Delgado, também viu a oportunidade como importante condutor para novas parcerias. Além disso, acredita que promoverá o desenvolvimento de pesquisas, fortalecimento da mobilidade acadêmica e consolidação de novos projetos de cooperação internacional.
A cônsul-geral do Consulado dos Estados Unidos de Porto Alegre, Julia Harlan, viu como positivo a inserção do escritório dentro do ambiente universitário. De acordo com a diplomata, atualmente 13 mil estudantes brasileiros estão nos Estados Unidos e cerca de 3.400 americanos estudam no Brasil. Hoje, o Brasil é o 10º país que mais envia estudantes para os Estados Unidos e mais de 640 universidades estadunidenses vieram no último ano, confirmando o interesse bilateral.
Julia Harlan também falou sobre a feira anual que recebe representantes de diferentes universidades, a qual o EducationUSA selecionou Porto Alegre para sediar pela primeira vez em 2019. Para a cônsul-geral, a iniciativa do novo escritório na PUCRS será uma forma de aumentar a mobilidade de estudantes brasileiros e americanos no estado. “Os esforços para a educação superior são prioridade para a missão diplomática dos Estados Unidos”, completou.
Rita Moriconi, coordenadora regional de aconselhamento educacional do EducationUSA, relembrou que o reitor e o vice-reitor da Universidade já frequentaram universidades americanas. A representante também reforçou que o novo escritório não só oferecerá um serviço qualificado para interessados em estudos nos Estados Unidos, como também surge como um canal para parcerias com universidades norte-americanas. Rita destacou os projetos realizados pelo EducationUSA que contribuem com a formação de novos jovens e oportunizam a internacionalização da carreira acadêmica em diferentes áreas. “O EducationUSA é uma ferramenta para abrir portas”, afirmou.
A PUCRS é a primeira universidade gaúcha a receber a operação, que é aberta ao público. No EducationUSA, os interessados terão acesso a orientação gratuita para estudos nos Estados Unidos, pesquisa de bolsas, programas específicos, entre outras iniciativas que fomentam a mobilidade entre Brasil e Estados Unidos. O serviço estará disponível terças, quartas e quintas-feiras, das 17h30min às 20h50min, e nos sábados das 8h às 12h. Informações complementares e agendamentos podem ser solicitadas pelo e-mail [email protected] ou através do telefone (51) 3320-3660, ramal 6204.
Ingrid Vanderveldt é fundadora e presidente do projeto Empowering a Billion Women (EBW) by 2020 (Empoderando um bilhão de mulheres até 2020) e foi a primeira Entrepreneur-in-Residence da Dell, onde supervisionava iniciativas de empreendedorismo ao redor do mundo. Em passagem pelo Brasil, a norte-americana visitou o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) no dia 11 de abril, quando realizou uma palestra com foco nas mulheres, empreendedorismo e o futuro da inovação.
Hoje uma empreendedora e investidora de sucesso, Ingrid dividiu com o público o momento mais difícil de sua vida profissional para assegurar, especialmente às mulheres, que falhar faz parte do processo. “Se você não falhar fazendo cosias que não funcionam e tentando descobrir o que funciona, você provavelmente não está inovando o suficiente. Investidores gostam de ver pessoas que não desistem, tentam de novo, seguem em frente.”
Sua vinda à PUCRS foi promovida pelo Consulado dos EUA em Porto Alegre. Ingrid estava acompanhada da cônsul Julia Harlan, do chefe da Seção de Imprensa, Educação e Cultura, John Jacobs, e da relações públicas do Consulado, Kerley Tolpolar.
Falhar faz parte do processo
Para um público maioritariamente feminino, Ingrid iniciou a fala contando sua trajetória. “Enquanto eu construía minha terceira empresa, certa de que encontraria investidores, eu colocava todo o dinheiro que fiz nas minhas empresas anteriores e chegou um momento em que eu não tinha renda para mantê-la aberta. Perdi tudo o que construí, até a casa que eu havia comprado, com tudo dentro. Fui morar no meu carro com meu gato e as poucas roupas que consegui levar. Foi o momento mais sombrio e também o mais extraordinário da minha vida”, revelou.
Ingrid destacou a importância de termos um grande mentor e um bom sistema de suporte. “Se você está com falta de confiança e não acredita em você mesma, ajuda ter alguém que a conheça dizendo que você tem o que é preciso e que vai conseguir. Parte do meu suporte foi uma amiga que hoje trabalha para mim. Ela me viu morando no carro e me disse para morar com ela até me reerguer, que eu poderia fazer de conta que estava tudo bem e que ninguém precisaria saber. Por duas semanas só quis beber vinho e dormir. Então, me forcei a sair da cama, me arrumar e sair para buscar contratos”, continuou.
Como tornar o impossível possível
Um fator crítico para ter sucesso ao seguir em frente é criar um plano, estabelecer prazos e cumpri-los. “Finalmente consegui o primeiro contrato, depois o segundo, o terceiro e logo eu estava de volta. Demorou um pouco, mas consegui.” Nessa tônica, Ingrid falou sobre como tornar o impossível no mundo dos negócios, possível.
Com a visão de colocar um bilhão de telefones nas mãos de mulheres mundo afora para que tivessem acesso à tecnologia e, assim, empoderá-las, procurou a Dell. “Quando você conseguir 15 minutos para vender a sua grande ideia, precisa estar munida de informações quantificadas, números que mostrem como o seu negócio dará certo e que fará os investidores dizerem sim. Esteja preparada para a proposta do investidor e para dizer sim”, indica.
Ingrid ressalta a importância de entender o que é importante para o investidor, o que a empresa precisa, conhecer suas metas. “O que você pode fazer para impulsionar a ideia pela qual você é apaixonada? Pense como a sua inovação pode ajudar uma empresa, um investidor a alcançar seus objetivos”, aponta.
Minther
A EBW constrói inovações tecnológicas que oferecem educação, mentoria, comunidade, parcerias na prestação de contas para mulheres. Uma das ferramentas é a recém-lançada Minther, uma rede de recursos financeiros para mulheres empreendedoras, para ajudá-las a tocar seus negócios. “74% de pequenas e médias empresas falha por falta de educação financeira”, frisou Ingrid. A plataforma gera relatórios que permitem otimizar como o negócio está indo financeiramente, além de conectar empresas, investidores, oportunidades de negócios.
Entrevista
– Quais são os maiores desafios das mulheres no empreendedorismo?
Há três coisas com as quais as mulheres lutam: a primeira é a falta de confiança. A segunda é a falta de acesso a mentores – 80% das mulheres preferem uma mulher como mentora, mas há ainda poucas mulheres que já fizeram o que elas querem fazer. A terceira é a falta de acesso a oportunidades e capital. Temos trabalhado para resolver essas questões na EBW: construir confiança com educação e mentoria; ter grandes mentores que ensinem usando tecnologia; e com a plataforma Minther, oferecer acesso a oportunidades e capital.
– Além do conhecimento formal, que ferramentas podem ajudar as mulheres a vencer essas barreiras no empreendedorismo?
Há muitas mulheres nos EUA, por exemplo, que adorariam a oportunidade de trabalhar com mulheres do Brasil, aprender com elas e ajudá-las com mentoria. Seria um benefício para as mulheres daqui e dos EUA. Ao formar relações, se abrem novas oportunidades de mercado. Então a dica é estar on-line e construir conexões. Venham ao EBW 2020, temos comunidades on-line onde mulheres interagem.
– De que forma as mulheres empreendedoras brasileiras podem colaborar globalmente?
Uma das razões do consulado americano me trazer foi para abrir oportunidades para mulheres brasileiras e ver como podemos colaborar juntas. Temos escritórios em todo o mundo; a tecnologia nos possibilitou isso. Quando as mulheres perceberem as estratégias que podem usar internacionalmente, isso vai trazer ideias de como crescer.
– Quais são as principais diferenças entre homens e mulheres no empreendedorismo?
São totalmente diferentes. Se os homens veem uma oportunidade que vai melhorar a vida deles, com a qual vão fazer mais dinheiro, eles vão atrás. As mulheres se certificam de que tudo está certo, de que estão com as pessoas certas, se sabem o que estão fazendo. Pode ser mais seguro, mas o que acaba acontecendo é que elas se dissuadem do próprio negócio por não acreditarem. Eu digo: não desistam, vão adiante. Os homens não sabem o que fazem na maior parte do tempo, eles apenas não falam sobre isso.
– Qual o papel da mulher no futuro da inovação?
As mulheres não apenas lideram as inovações do futuro, são a inovação do futuro. Elas tentam novas coisas pela primeira vez. Quer ver inovação? Veja o que as mulheres estão fazendo.
– Qual a importância de universidades terem espaços de desenvolvimento de startups como a Raiar da PUCRS?
Esse é um espaço seguro para começar a tentar ideias. Você faz sob o guarda-chuva de um local que oferece mentoria e como acessar recursos. É uma ótima forma de tentar novas ideias e escalonar.
A PUCRS recebeu a visita da oficial principal do consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre, Julia Harlan, nesta quarta-feira, 2 de agosto. Ela estava acompanhada da assessora para economia e política, Aline Vecchia, e pela especialista de imprensa, cultura e educação do consulado, Marianne Behs. Foram recebidas pelo Vice-Reitor, professor Jaderson Costa da Costa, pela assessora-chefe da Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII), Heloísa Delgado, e pelo diretor do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc), Rafael Prikladnicki, no Salão Nobre da Reitoria.
Durante a visita, foram abordados os 200 anos da atuação Marista, o fortalecimento do relacionamento do consulado com a Universidade, a oferta de intercâmbio para os Estados Unidos em cursos da área da Saúde, a atuação social na Vila Fátima, a vinda de palestrantes internacionais e as empresas norte-americanas instaladas no Tencopuc, entre outros temas. Julia conheceu o Parque Tecnológico e voltará para visitar o Instituto do Cérebro do RS (Inscer) e o Tecna, em Viamão.
Diplomata de carreira do Departamento de Estado americano, Julia Harlan foi assessora sênior da vice-secretária de Estado Heather Higginbottom, oficial supervisora para Gestão de Postos no escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental e atuou no setor de Comunicação e Gestão de Crises do Departamento de Estado, em Washington. Serviu nas embaixadas dos EUA na Cidade do México e Pequim e no Consulado Geral em Xangai, China. Natural de Indiana, é bacharel em História pela Barnard College, possui Juris Doctor pela Universidade de Wisconsin, e é mestre em Relações Públicas pela School of Public and Environmental Affairs da Universidade de Indiana. Antes de ingressar no Departamento de Estado, trabalhou nas áreas de direito privado e público e foi voluntária do programa Peace Corps, na Letônia.