Paralimpíada, Jogos Paralímpicos, inclusão no esporte

Vitor mostra as medalhas de competições no atletismo/Foto: Camila Cunha

Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?, disse, certa vez, Frida Khalo, uma das mais conhecidas artistas do mundo. Ela e muitos personagens relevantes da história foram pessoas com deficiência e, como a frase demonstra, nunca deixaram de voar. Longe das grandes figuras históricas, pessoas comuns também seguem realizando suas conquistas. É o caso de Vitor Luft que, mesmo com a impossibilidade de se locomover sem o auxílio de uma cadeira de rodas, é atleta e cursa Educação Física na PUCRS. 

Desde 2018, o jovem pratica atletismo, competindo de cadeira de rodas nas provas de corrida de 100m, 200m e 400m. No mesmo ano, participou da primeira competição no esporte, uma seletiva para as paralimpíadas escolares. Atualmente, após participar de duas competições regionais do Comitê Paralímpico Brasileiro com boas classificações, se prepara para competir nas paralimpíadas universitárias, a nível nacional.  

Representatividade que motiva 

Vitor conta que uma das suas principais inspirações no esporte é Aser Ramos, seu colega de treino. Os Jogos Paralímpicos de Tóquio terão seu encerramento neste domingo e o atleta, que já bateu recordes continentais, obteve a quarta classificação na final do salto em distância. Foi sua primeira participação no evento.  

Vitor mostra imagens com sua equipe de treino, dentre eles, Aser Ramos/Foto: Camila Cunha

Estamos vivenciando o Setembro Verde, mês que reforça a importância da acessibilidade e da inclusão da pessoa com deficiência. Os Jogos Paralímpicos são uma forma de mostrar à sociedade a relevância da diversidade no esporte. Porém, como comenta Vitor, essa realidade ainda está distante.  

“Em Porto Alegre, que é capital do estado, existem poucos lugares que treinam paratletas. Além disso, falta investimento no esporte e, mesmo os Jogos Paralímpicos, que chamam atenção à essa realidade, são distantes de muita gente. Por isso, seria importante que canais abertos transmitissem as competições, assim como aconteceu com os Jogos Olímpicos.” 

A professora Fernanda Faggiani, que desenvolve, com o auxílio de Vitor, estudos sobre esportes paralímpicos no Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos da PUCRS, destaca que “os Jogos Paralímpicos são uma vitrine do que o esporte pode fazer para o ser humano, sendo um ambiente de inclusão, e mostra que é possível obter conquistas, não apenas de medalhas, mas, também, pessoais”.  

PUCRS: uma universidade para todas as pessoas 

A história de Vitor com a PUCRS iniciou em 2019: “Eu participei do Open Campus e me admirei com a infraestrutura e com a acessibilidade”, conta. Um ano depois, estava iniciando sua graduação e, conforme o estudante, a inclusão sempre foi algo recorrente, tanto pelos colegas de turma, quanto em relação aos professores, que costumam adaptar atividades práticas para que ele possa participar e aprender. Seu objetivo com a Educação Física é aprimorar suas habilidades como atleta, entendendo os mecanismos de como evoluir no esporte e, futuramente, se tornar treinador de atletas de alto rendimento.  

Além disso, a Universidade conta com materiais adaptados para o esporte inclusivo, como cadeiras para corrida e para jogos de basquete. O Campus também possui elevadores que facilitam o acesso de pessoas com deficiência aos prédios. “Eu consigo andar por tudo na PUCRS”, complementa o estudante.  

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Grupo de Estudos Olímpicos

Foto: Divulgação

Nos dias 4 e 5 de agosto, será realizado o Fórum de Estudos Olímpicos 2017 – Rio a Tóquio: Novas Oportunidades e Pesquisas, no Rio de Janeiro. Estudiosos e ex-participantes da gestão dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do ano passado vão discutir os desafios e os legados dos eventos. Participam, pelo Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos (GPEO), da Faculdade de Educação Física e Ciências do Desporto da PUCRS, os professores Nelson Todt (um dos organizadores do fórum) e Alessandra Scarton, além de nove estudantes, sete de graduação e dois de mestrado, que apresentarão seis estudos.

Dentre os trabalhos, destaca-se A percepção dos expectadores dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 sobre o futuro dos Jogos Olímpicos, feito pelo GPEO em parceria com a Universidade de Kaiserslautern (Alemanha). A pesquisa teve a chancela da Federação Internacional de Pentatlo Moderno. “Foram coletadas informações que se alinham com a nova ordem de mudanças que a Agenda Olímpica 2020 do Comitê Olímpico Internacional está estabelecendo na atualidade para a renovação dos Jogos Olímpicos”, afirma Todt. Os dados foram coletados com 1.233 espectadores durante os eventos do Pentatlo Moderno nos Jogos Rio 2016. Os resultados preliminares apontam que os espectadores quando questionados sobre quais perigos ameaçam os Jogos Olímpicos nos próximos 20 anos, identificaram doping (58%), corrupção (55%) e terrorismo (58%) como grandes ameaças, sendo o último apontado como principal “motivo para não irem às próximas edições” (48%). Mais conclusões sobre a pesquisa podem ser encontradas aqui.

Outros temas dos trabalhos são os jogos na perspectiva de jornais de três países, comparação dos estados de humor de atletas de modalidades esportivas individuais e a (re)construção da identidade nacional através das cerimônias de abertura e encerramento.