Foto: Camila Cara

Foto: Camila Cara

A cantora Maria Bethânia apresenta o seu novo show Claros Breus no Salão de Atos da PUCRS no dia 5 de novembro, às 21h. O evento marca a reabertura do Salão de Atos e também a entrega do Mérito Cultural PUCRS, concedido pela Universidade a personalidades que se destacam em diferentes áreas da cultura. Os ingressos começam a ser vendidos nesta sexta-feira, 4 de outubro, a partir das 12h, pelo site uhuu.com.br e na PUCRS Store (localizada no Living 360º, prédio 15 do Campus – Av. Ipiranga, 6.681 –  Porto Alegre). A comunidade acadêmica PUCRS (alunos, professores e técnicos administrativos PUCRS) tem 50% de desconto na compra do seu ingresso (confira os valores abaixo).

Sobre o novo show

“Claros Breus” vem com muitas canções novas, outras inéditas na voz da cantora, músicos que tocam com ela pela primeira vez, e também nova direção musical e arranjos. Neste novo show, Bethânia quis fazer diferente, mostrar as músicas inéditas ao público antes de registrá-las em disco. Dentre as músicas inéditas estão canções de artistas como Adriana Calcanhoto (“A Flor Encarnada”), Chico César (“Luminosidade” e “Águia Nordestina”) e Roque Ferreira (“Música, Música”). Bethânia apresenta também canções inéditas na sua voz como “O Universo na Cabeça do Alfinete” (Lenine/ Lula Queiroga), “Sinhá” (Chico Buarque/João Bosco), entre outras, além de incluir o samba-enredo da Mangueira, campeão do carnaval deste ano, “História pra Ninar Gente Grande” (Tomaz Miranda, Deivid Domênico, Mama, Márcio Bola, Ronie Oliveira, Danilo Firmino e Manu da Cuíca,), mesclados com versos de Mario de Andrade dedicados a Carlos Drummond de Andrade (“O Poeta Come Amendoim”), um excerto de “Poema Sujo”, de Ferreira Gullar, e o poema “Quero Ser Tambor” do moçambicano José Craveirinha.

Também no repertório clássicos de sua obra como “Grito de Alerta”, “Sangrando” (Gonzaguinha), “Negue” (de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos), “Brincar de Viver” (Guilherme Arantes/Jon Lucien), “Pronta Pra Cantar” e “Drama” (ambas de Caetano Veloso) “Olhos nos Olhos”, “Rosa dos Ventos” (estas duas de Chico Buarque), além de “Sonho Impossível”, de Joe Darion e Mitch Leigh, em versão de Chico Buarque e Ruy Guerra, e outras que fazem parte da trilha sonora da vida de muita gente. E, para rechear o clima do show e relembrar as noites boêmias do Rio, quando os músicos atuavam em clubes e iam ouvir-se uns aos outros, tem “Sábado em Copacabana”, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle.

O maestro baiano Letieres Leite, com quem ela trabalha pela primeira vez, assina a direção musical e arranjos, acompanhado de Jorge Hélder, contrabaixo, único parceiro de outros shows e trabalhos, Carlinhos 7 cordas, violões de 6 e 7 cordas, Pretinho da Serrinha, percussões acústica e eletrônica, e os também baianos Marcelo Galter, piano e sintetizadores, e Luizinho do JêJe, percussões acústica e eletrônica. A direção e cenário são de Bia Lessa, o desenho de luz de Binho Schaefer e Bia Lessa e o figurino de Maria Bethânia é assinado por Gilda Midani.

Mérito Cultural PUCRS

A honraria Mérito Cultural, prevista no Estatuto e Regimento Geral da PUCRS, simboliza o reconhecimento institucional de uma personalidade do meio cultural. O homenageado é alguém que tenha transformado a sua vida numa trajetória de defesa da cultura, enquanto instrumento de humanização e educação. A entrega do troféu é anual.

Serviço

Show Claros Breus- Maria Bethânia
5 de novembro, às 21h
Salão de Atos da PUCRS
Ingressos a venda a partir de 4/10, às 12h pelo site uhuu.com.br e na PUCRS Store (localizada no Living 360º, prédio 15 do Campus – Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre)
Valores:
Plateia baixa: R$ 600
Plateia alta: R$ 400
Mezanino: R$ 200
A comunidade acadêmica PUCRS (alunos, professores e técnicos administrativos PUCRS) tem 50% de desconto na compra do seu ingresso.

 

 

 

 

2019_09_13- davinci907x550_960A PUCRS recebe a partir desta terça-feira, 17 de setembro, a mostra Leonardo da Vinci: Gênio Universal. A exposição, com entrada franca, contém réplicas de pinturas e desenhos certificadas pelo Museu Leonardiano di Vinci e reproduções de algumas máquinas projetadas por Leonardo da Vinci, construídas pelo arquiteto e colecionador italiano Franco Imbrianti. A exposição é uma parceria entre o Instituto de Cultura da PUCRS e o Consulado Geral da Itália em Porto Alegre.

Imbrianti, curador e proprietário da coleção, é apaixonado pela vida e obra de Leonardo da Vinci e eventualmente disponibiliza seu acervo para mostras em espaços públicos. A mostra estará no saguão da Biblioteca Irmão José Otão, no Campus da Universidade, até 30 de outubro. O público poderá conhecer algumas réplicas como a clássica pintura de La Gioconda (dita “Monna Lisa”), o famoso desenho do Homem Vitruviano, além de reproduções em madeira de projetos da bicicleta e da metralhadora.

Mostra Leonardo da Vinci: Gênio Universal

Mostra de réplicas e reproduções
De 17 de setembro a 30 de outubro
Saguão da Biblioteca Central da PUCRS

Abertura dia 17 de setembro, às 19h
Visitação: de segunda a sexta das 7h35min às 22h30min; sábado das 7h35min às 17h30min

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Bate-papo foi mediado por Charles Dall’Agnol (à esquerda) e Ricardo Barberena

Entre reflexões e risadas, a atriz Denise Fraga alegrou a noite de terça-feira, 3 de setembro, no bate-papo realizado no auditório da Escola de Humanidades. Em uma parceria entre o Theatro São Pedro e o Instituto de Cultura da PUCRS, o evento contou com mediação do diretor do Instituto e professor Ricardo Barberena e o ator e diretor do Grupo de Teatro Universitário da PUCRS (GTU) Charles Dall’Agnol. Também serviu como um aquecimento para sua mais nova peça, Eu de Você, que estreia nesta sexta-feira, 6 de setembro, com sessões também no sábado e no domingo.

“A gente viveria melhor acompanhado da arte. A arte ajuda você a se reconhecer” foi uma das frases que Denise Fraga argumentou sobre a importância de ler, de ir ao teatro ou ao cinema, assuntos que passaram pelas suas falas. A atriz também lembrou do tema que mais gosta de trabalhar: os encontros do poético e da cultura com a vida cotidiana, em que citou as obras do dramaturgo Bertolt Brecht, uma das suas maiores inspirações.

A vida cotidiana, o humor e a alteridade são tópicos que percorrem grande parte de sua carreira, como o quadro Retrato Falado no Fantástico, em que interpretava relatos inusitados de telespectadores. Em Eu de Você, Denise retoma essa temática com histórias que coletou nas redes sociais traçadas com poetas e referências artísticas.

O limite entre o ético e o cômico

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Denise Fraga / Foto: Camila Cunha

Por mais de uma vez, Denise defendeu o poder do humor como um artifício importante de inteligência e eficácia. “O humor requer de você, faz você pensar. Você ri daquilo que você entende, então a risada é como se fosse uma certeza de que a pessoa entendeu. E o legal é a possibilidade de divertir, comunicar, emocionar e ao mesmo tempo rir”, explicou. A atriz garantiu que existe uma linha que separa o humor da ética, pois o conteúdo das comédias não pode ser avaliado a partir de quantas risadas tiveram ou de como foram essas risadas, mas sim, do tipo de ideia que o comediante quer despertar. Esse limite garante que o cômico ajude a construir o tipo de mundo em que se vive, filtrando o que pode ser aceitado ou não socialmente.

O principal elemento da atuação

Quando questionada pelo ator Charles Dall’Agnol sobre qual seria a principal qualidade da atuação, Denise falou sobre a verdade. Ela comentou sobre a técnica de pegar emprestado a história e a vida de quem está se interpretando e colocar nos palcos, que reforça a autenticidade do papel.

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Público lotou o auditório da Escola de Humanidades / Foto: Camila Cunha

A atriz ainda lembrou da época em que fazia a peça A Vida de Galileu, originalmente escrita por Bertolt Brecht e Hanns Eisler, em que interpretava um Galileu gordo e que adorava comer, mesmo sendo pequena e cheia de enchimentos. “Quando eu estava atuando como Galileu, sempre torcia para que acreditassem no que eu estava fazendo, porque fisicamente o papel não tinha nada a ver comigo”, acrescentou em meio a muitas risadas.

Empatia

Denise Fraga falou diversas vezes sobre a importância de se praticar a empatia. “A gente só é aquilo que a gente é quando reverbera no outro”, comentou. Para a atriz é valoroso refletir sobre a ressignificação da nossa comunicação, não apenas falar sobre suas angústias e vida, mas aprender a escutar o outro com atenção “um exercício de escuta para voltar a conversa e acabar com o discurso unilateral”. Além da relação com o próximo, Denise deixou um grande ensinamento sobre olhar para a vida de outras maneiras, revisitar de outros modos os mesmos lugares. Para a atriz, a alegria se cria.

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Foto: Willy Biondani

O Instituto de Cultura da PUCRS, em parceria com o Theatro São Pedro, promove uma conversa com a atriz Denise Fraga no dia 3 de setembro. A atriz falará sobre  sua carreira e o espetáculo Eu de Você.  Será às 19h30min, no auditório da Escola de Humanidades (prédio 9 do Campus). Os ingressos estão à venda no site uhuu.com e na PUCRS Store, com valor especial para a comunidade PUCRS.

O que seria das artes sem a vida comum? E o que seria de nós sem os poetas? Na sua nova peça Eu de Você, que está em cartaz entre os dias 06 e 08 de setembro no Theatro São Pedro, Denise Fraga traz diversas histórias reais em meio a narrativas que têm referências da literatura, música, imagens e poesia. A peça conta com dramaturgia de Geraldo Carneiro, direção geral de Luiz Villaça e Leonardo Moreira, direção musical de Fernanda Maia, direção de arte de Simone Mina, direção de movimento de Kenia Dias e produção de José Maria.

A inspiração para esse projeto nasceu do quadro Retrato Falado, de 2000, apresentado no programa Fantástico para a TV Globo, em que interpretava histórias reais e inusitadas mandadas pelos telespectadores. Além de sua longa trajetória no teatro, e quadros no programa Fantástico, Denise trabalhou recentemente para as novelas A Lei do Amor (2016) e 3 Teresas (2013). Também atuou em diversos filmes, como O Auto da Compadecida (2000) e Por Trás do Pano (1999), que lhe rendeu um Kikito e outros sete prêmios de melhor atriz. Mais informações e ingressos no link.

2019_08_13-(biblioteca_cabeceira)907X528O Instituto de Cultura da PUCRS promove uma série de encontros em que escritoras e escritores apresentam, a cada edição, um livro fundamental na sua formação literária.  O evento Biblioteca de Cabeceira- Ciclo de Masterclasses Passionais de Literatura terá sua primeira edição nesta terça-feira, 20 de agosto, às 17h30min, quando o escritor Daniel Galera falará sobre a obra A travessia, de Cormac McCarthy.
O evento é dividido em uma hora de apresentação do livro escolhido e trinta minutos de conversa aberta. Será no Instituto de Cultura da PUCRS (7º andar da Biblioteca Central da PUCRS – Prédio 16, Av. Ipiranga, 6681). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail [email protected].
Os encontros são considerados masterclasses porque são oportunidades para o público aprender sobre literatura, e passionais porque o único critério da escolha das obras é a paixão dos escritores pelos livros. Confira a programação:

03/9 – Jazz, de Toni Morrison, por Fernanda Bastos.
17/9 – O cego e a dançarina, de João Gilberto Noll, por Renata Wolff
29/10 – Homem Invisível, do Ralph Ellison, por Luiz Mauricio de Azevedo
19/11 – Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas, por Luisa Geisler.

2019_08_13-(biblioteca_cabeceira)907X528O Instituto de Cultura da PUCRS promove uma série de encontros em que escritoras e escritores apresentam, a cada edição, um livro fundamental na sua formação literária.  O evento Biblioteca de Cabeceira- Ciclo de Masterclasses Passionais de Literatura terá sua primeira edição na próxima terça-feira, 20 de agosto, às 17h30min, quando o escritor Daniel Galera falará sobre a obra A travessia, de Cormac McCarthy.

Cada palestra é dividida em uma hora de apresentação do livro escolhido e trinta minutos de conversa aberta. Será no Instituto de Cultura da PUCRS (7º andar da Biblioteca Central da PUCRS – Prédio 16, Av. Ipiranga, 6681). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail [email protected]

Os encontros são considerados masterclasses porque são oportunidades para o público aprender sobre literatura, e passionais porque o único critério da escolha das obras é a paixão dos escritores pelos livros. Confira a programação:

 03/9 – Jazz, de Toni Morrison, por Fernanda Bastos.

17/9 – O cego e a dançarina, de João Gilberto Noll, por Renata Wolff

29/10 – Homem Invisível, do Ralph Ellison, por Luiz Mauricio de Azevedo

19/11 – Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas, por Luisa    Geisler.

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Atores Lázaro Ramos e Taís Araújo / Foto: Jorge Bispo

No dia 18 de julho, às 19h, o Instituto de Cultura da PUCRS traz os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo para um bate-papo aberto ao público com entrada gratuita. Com mediação da jornalista Carol Anchieta e do diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena, o encontro será uma oportunidade de os artistas abordarem as suas carreiras no teatro, no cinema, na televisão e em outras atividades. Ao final da conversa, o público poderá fazer perguntas ao casal. O evento tem início às 19h, no Centro de Eventos (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). As inscrições estão esgotadas.

Parceria com o Theatro São Pedro

Esta é mais uma ação da parceria entre o Instituto de Cultura da PUCRS e a Fundação Theatro São Pedro, firmada em agosto do ano passado. Nessa passagem pela capital gaúcha, os atores farão a apresentação da peça O Topo da Montanha, com direção do próprio Lázaro Ramos, no Theatro São Pedro, nos dias 19 a 21 de julho.

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Tropicalia / Foto: Reprodução

O Instituto de Cultura da PUCRS promove até 21 de maio a exposição Retratos do Brasil, uma realização da Usina de Projetos Culturais e da Secretaria Especial da Cultura/ Ministério da Cidadania, um projeto apoiado pela Lei Rouanet. A proposta da mostra é apresentar imagens feitas por jornalistas no período de 1960 a 2018, levando em conta os cenários culturais, políticos, econômicos e sociais. A visitação é gratuita e aberta ao público e acontece de segunda a sexta, das 7h35min às 22h50min, e nos sábados, das 7h35min às 17h30min, no Saguão da Biblioteca Central Irmão José Otão (Av.Ipiranga, 6681).

 Diversidade de retratos

As fotografias mostram facetas da cultura e da sociedade brasileira vista pelas lentes jornalísticas.  Ilustraram momentos importantes da história do Brasil, como a morte de Presidente Juscelino Kubitschek em 1976, o incêndio no Edifício Joelma em 1974, o Tropicalismo na década de 60, a inauguração de Brasília em 1960 entre outros. Mais informações através do link.

 

Zezé Motta, Instituto de Cultura

Foto: Bruno Todeschini

Zezé Motta, a tigresa de unhas negras e íris cor de mel, que em 1977 inspirou a canção Tigresa, de Caetano Veloso, abriu a noite de 6 de maio emocionando a plateia no teatro do prédio 40 da PUCRS, ao interpretar trechos da obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. “Povo não tolera fome. É preciso conhecer a fome para poder descrevê-la”, leu a atriz e cantora, com os olhos marejados. O bate-papo Zezé Motta – Uma vida de arte e resistência foi o desfecho do 12º FestiPoa Literária – Festival de Literatura promovido por um coletivo de agentes culturais, que em 2019 homenageou a filósofa e ensaísta Sueli Carneiro e teve como tema central o pensamento das mulheres e o feminismo negro.

A entrada de Zezé no palco, no qual participou de uma conversa conduzida pelo escritor Marcelino Freire, com participação da atriz gaúcha Hayline Vitória, foi precedida por uma projeção de fotos, ilustrando a evolução da carreira artística da convidada fluminense. Elas serviram para guiar os momentos narrados ao longo de 1h e 50 minutos, com base na biografia da artista Zezé Motta – Um canto de luta e resistência, de autoria de Cacau Higyno. O diálogo descontraído foi permeado por muitas músicas, algumas alegres, outras impregnadas de conteúdo de resistência a questões como o preconceito racial. “Quando canto coisas tristes, eu me ponho nesse lugar. Não tem jeito: eu choro, me entrego e às vezes faço a plateia chorar”, revela.

Roda Viva, censura e consciência negra

A carreira, para a qual descobriu o talento desde pequena, teve como grande marco inicial a peça Roda Viva, escrita por Chico Buarque de Holanda, em 1967, e dirigida por José Celso Martinez. À época, durante o período da ditadura civil-militar, “a peça foi proibida pela censura, mas fomos para as ruas, fizemos um escarcéu e ela voltou. Era um tempo difícil para se fazer arte. Os censores assistiam desde o ensaio geral e, se achassem que algo deveria ser cortado, era cortado”, relata a atriz.

No Rio Grande do Sul, fez uma única apresentação com essa peça, em Porto Alegre. Na noite em que ocorreria a segunda exibição, o antigo Teatro Leopoldina, na Avenida Independência, estava lacrado. No hotel, o elenco foi barrado. Os colegas gaúchos de palco Paulo César Peréio e Elizabeth Gasper, conta Zezé, foram sequestrados por militantes de direita e humilhados. “No dia seguinte, houve a proibição em todo o Brasil”, relembra.

Nos anos 1970, a atuação no filme Xica da Silva e o princípio da vida de cantora transformaram sua vida. Foi também o período em que passou a engajar-se fortemente na questão da identidade racial e de gênero. “Após conhecer o mundo divulgando Chica, Lélia Gonzalez, minha grande mentora, perguntava como era conquistar em espaço suado como mulher, negra, brasileira. Descobri ali a grande responsabilidade que tenho”, conta. Após participar de um curso com Lélia, Zezé participou do Movimento Negro e, junto com amigos, criou o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro.

“A cantora veio depois da atriz”

A decisão de cantar veio do desejo por novidades e do incentivo de seu pai, que percebeu esse talento na filha desde a infância. “Não tinha repertório, nem empresário, nem músicos ou gravadoras. Simplesmente decidi cantar”, conta Zezé, com um largo sorriso no rosto. À sua volta, naquele tempo, estavam nada menos que Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e Luiz Melodia, entre outros, a quem admirava e gostava de interpretar. Em meio aos relatos, recordando Melodia, cantou Dores de Amores: “Eu fico com essa dor/ Ou essa dor tem que morrer/ A dor que nos ensina / E a vontade de não ter /Sofrer de mais que tudo / Nós precisamos aprender / Eu grito e me solto /Eu preciso aprender”.

Ao ser questionada pela atriz Hayline Vitória sobre como lida com questões de preconceito e como percebe o espaço ainda pequeno para os negros na teledramaturgia, Zezé diz que recebe muitos e-mails a respeito e, em todos, recomenda que a pessoa tenha “perseverança, pois quem não persegue seu sonho não consegue ser feliz”, orienta. Também destaca que as questões sobre desigualdade e discriminação racial não podem ser preocupação somente dos negros, mas de todas as pessoas preocupadas com a justiça. “Somos todos iguais, somos todos irmãos. Ninguém tem sangue azul. Fico emocionada quando vejo que não tem mais esse discurso de eles os brancos e nós os negros. Estamos juntos lutando por uma causa nobre”, declara.

Ao final, para quem esperava apenas por um bate-papo, foi presenteado com bom humor, conscientização, simplicidade, resistência, memórias doloridas e uma grande mensagem de esperança e empatia com o público, seja na música, na literatura ou em outras expressões da arte. “Sou rainha, fui escrava, mulher, cantora e atrevida. Tenho 75 anos, sempre fui namoradeira e continuo”. A declaração foi seguida de muitas risadas, e Zezé recebeu uma longa salva de palmas, com a plateia em pé. O evento na Universidade foi resultado da parceria do Instituto de Cultura da PUCRS, que atuou como apoiador cultural do FestiPoa Literária.

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Foto: Paula Klien/Divulgação

A atriz e cantora Zezé Motta participa de uma conversa sobre sua trajetória na próxima segunda-feira, 6 de maio, na PUCRS. O evento Zezé Motta – Uma vida de arte e resistência será o encerramento da FestiPoa Literária 2019, mediado pelo escritor Marcelino Freire. Nesse encontro, os dois falam de momentos marcantes da carreira de Zezé na TV, no cinema, no teatro e na música. Ao final, o público poderá fazer perguntas à atriz.

A conversa tem entrada franca e ocorre às 19h30min, no Teatro do Prédio 40 da PUCRS. A organização é do Instituto de Cultura da PUCRS, apoiador cultural da FestiPoa Literária.