Quem visita o Campus da Universidade logo percebe como o espaço é arborizado, com jardins e plantas que embelezam e complementam a vasta estrutura, deixando a vista e a convivência nos espaços muito mais agradável. Até o ar pode parecer diferente para algumas pessoas. Nos dias quentes, a sombra das copas, geralmente bem aparadas, refresca quem se prepara para uma aula ou para a próxima atividade, enquanto quando faz frio as folhas voando anunciam a estação.
Para que todo esse arranjo se mantenha em ordem existe uma equipe especializada que atua diariamente no cuidado e no preparo da vegetação. Um desses profissionais é Lucas Domingues, jardineiro que transformou um passatempo em paixão, e a paixão em profissão. Formado pela Escola Técnica de Agricultura de Viamão (ETA) em 2014, ele conta que o interesse foi incentivado desde cedo pela família:
“Eu me mudei para a casa das minhas tias Ana e Lena aos dez anos, na cidade de Tapes, onde os meus avós trabalhavam com a agricultura familiar em uma chácara. Fiquei lá por cinco anos e, além de entender como funcionava a produção de diversos produtos, também despertou o interesse por jardinagem e paisagismo”.
Lucas começou o Ensino Médio na Escola Técnica Estadual Santa Isabel (Etesi), em São Lourenço do Sul, onde teve mais proximidade com a área Agrícola, e concluiu os estudos em Viamão. Após ser convidado para atuar em uma floricultura, ele teve a oportunidade de aprimorar a parte estética e visual de seu trabalho. Em janeiro deste ano, passou a fazer parte da equipe da PUCRS.
O trabalho do setor de jardinagem, que já costumava receber muitos elogios, passou a chamar ainda mais atenção após Lucas começar a publicar em seu perfil do LinkedIn algumas fotos mostrando o antes e o depois do seu trabalho. Um dos primeiros posts, que segundo ele foi feito sem essa pretensão, chegou a ter quase 300 curtidas.
“É por isso que o Campus da PUCRS impressiona a todos que o visitam, vindos de qualquer parte do mundo. Já trouxe pesquisadores de outros países aqui que ficaram de boca aberta para o cuidado com nossos espaços abertos”, comentou o professor Ney Calazans, da Escola Politécnica, na publicação do jardineiro. “Muito bonito seu trabalho. Estive em 2014 em um congresso na PUCRS e fiquei encantada pela Universidade. Amo jardins e até me arrisco a ser ‘mãe’ de algumas verdinhas”, acrescentou uma veterinária que viu o post.
Ao ser questionado se também se considera um “pai de planta”, apelido dado a quem gosta de se dedicar à prática da jardinagem em casa e que ficou mais popular durante o período de quarentena, já que muitas pessoas passaram a ficar mais tempo isoladas, ele afirma que sim. “Antes eu tinha bastante plantas, mas ainda tenho duas, um cacto e outra espécie de suculenta que eu sempre levo comigo”.
Lucas conta que entre os colegas existe um lema: “Aonde vamos temos que criar impacto nas pessoas”. Ele complementa que adora observar em diferentes lugares os jardins, a disposição e como foi pensado o ambiente. “Quando não tem, parece que falta algo”, afirma.
Marcos Xavier, líder do setor de jardinagem, confirma o ponto de vista do jardineiro. Segundo ele, que em novembro deste ano completa 23 anos na PUCRS, quase metade dos seus 50, o trabalho da equipe também proporciona momentos de realização pessoal: “É gratificante para nós termos esse reconhecimento. Muitos profissionais já entram com bastante experiência na área, mas todos aprendem novas práticas no nosso dia a dia”.
Além de coordenar a equipe, Marcos conta que também tem seus hobbies, assim como Lucas gosta de paisagismo: “Eu leio bastante, gosto muito de livros. Agora estou esperando a minha primeira netinha e espero que ela goste também”.
“O nosso trabalho é bem dinâmico. A natureza ajudar a acalmar, traz uma paz. Só quem mexe com a terra e as plantas entende. No dia a dia as pessoas elogiam e dão feedbacks muito legais. Eu pessoalmente gosto desse contato. Tem gente que chega, fala algum assunto e ali já surgem trocas” relembra Lucas.
O Campus da PUCRS possui uma área superior a 55 hectares com prédios e instalações entremeados por vegetação, na sua maioria organizados em jardins. Considerando-se apenas as espécies lenhosas, são mais de 200 já catalogadas, dentre as quais há diversas nativas. A vasta vegetação já foi até tema de tours e passeios.