A diferença entre a temperatura na PUCRS e em outros pontos da cidade, em determinados dias, pode chegar a 3°C, segundo o professor Regis Lahm, da Escola de Humanidades da PUCRS. Com o intuito de medir os dados meteorológicos no Campus, o curso de Geografia, por meio do Laboratório de Tratamento de Imagens e Geoprocessamento (LTIG), coordenado por Lahm, recebeu da Fundação Raspberry Pi, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma estação meteorológica exclusiva – inexistente no mercado. O equipamento foi instalado no Largo da Solidariedade, entre os prédios 15 e 6 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre).
Os dados da estação podem ser acessados pela comunidade no site www.wunderground.com e em uma televisão que estará no saguão do prédio 5 com a previsão do tempo para Porto Alegre. O equipamento captura informações como intensidade do vento, precipitação, pressão, qualidade do ar, direção do vento e temperatura do solo. Segundo o professor, o que torna a estação exclusiva é a junção de todos esses elementos em um único equipamento. Lahm explica que quanto mais informações sobre as condições atmosféricas forem registradas, mais refinados serão os resultados da previsão do tempo e os estudos climáticos. “Hoje, por exemplo, podemos dizer que para daqui um ou dois dias a previsão do tempo se torna informação”, esclarece.
A estação ficará disponível para uso dos alunos do curso de Geografia, com auxílio dos bolsistas do LTIG. Além de um serviço para a comunidade, o equipamento também ajudará nos projetos do laboratório. O Pró-Alertas é um desses projetos, que busca prevenir desastres naturais com uma pesquisa diretamente ligada à população. A meta, nessa pesquisa, é descobrir o grau de precipitação para poder emitir um alerta de alagamentos em Porto Alegre. Para o Pró-Alertas, são utilizados dados de 32 estações meteorológicas, contando com a Raspberry Pi, única em funcionamento na PUCRS.
A interdisciplinaridade busca estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas, com o intuito de melhorar o processo de aprendizagem. Essa é a palavra que orienta a pesquisa Perfil do Resíduo Sólido Gerado na Região Metropolitana de Porto Alegre e Potenciais Usos Energéticos, realizada no Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais da PUCRS. O projeto pesquisa alternativas para o destino dos resíduos sólidos (materiais não utilizados que são direcionados para aterros sanitários) produzidos em municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Participam a professora Jeane Dullius, da Faculdade de Química, o professor Roberto Heemann, do curso de Geografia da Escola de Humanidades, e os alunos Arthur Peixoto, do 1º semestre do curso de Geografia, e Lucas Schmidt, do 4º semestre da Engenharia Química. A meta é trabalhar com os municípios que integram o Conselho Regional de Desenvolvimento Metropolitano/Delta do Jacuí (Corede Metropolitano/Delta do Jacuí), entre eles Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Santo Antônio da Patrulha, Triunfo e Viamão. Um encontro entre a equipe e a prefeitura de Cachoeirinha, para estudar uma possível parceria, já foi realizado.
O primeiro passo é realizar uma análise quantitativa, por meio do levantamento de todos os tipos de resíduos sólidos gerados na região metropolitana. Este é o trabalho de Peixoto, que mapeia as emissões de gás carbônico nas cidades e observa o destino destes resíduos. “Eu faço a parte da geolocalização, mas como o trabalho é interdisciplinar, posso ampliar a minha visão, e ver também como funciona a parte da química. É uma troca de conhecimentos”, acredita o aluno.
Schmidt é o responsável pela análise qualitativa destes resíduos mapeados por Peixoto. Assim, o aluno da engenharia consegue calcular o poder calorífico de cada tipo de resíduo que a cidade gera, para poder descobrir a melhor forma de reutilizar esse material, evitando que ele vá para um aterro. “Os resíduos ocupam muito espaço e geram milhares de problemas socioambientais. O nosso objetivo é melhorar o destino do lixo destas cidades com as tecnologias que temos disponíveis aqui na região metropolitana”, afirma Schmidt. Além disso, o estudante reitera que é necessário unir o máximo de conhecimento de cada área para ter um resultado mais abrangente.
A professora Jeane explica que uma das formas de reutilizar o lixo é quebrá-lo em moléculas pequenas que podem ser transformadas em energia elétrica, por exemplo. “Quebrando o lixo, podemos construir qualquer coisa, como gasolina e diesel”, exemplifica. Mas, segundo ela, esta escolha vai depender das necessidades do município, pois pode gerar renda e recursos. “Se o lixo é gerado num local, ele deve permanecer neste lugar e ser transformado em algo útil para a população e para a cidade”, esclarece Jeane. Para Schmidt, a diminuição de aterros aumentaria a necessidade de pessoas trabalhando em cooperativas que realizam a separação do lixo e em usinas de transformação de lixo em energia, o que geraria mais empregos. Entretanto, faz uma ressalva: “nós dependemos também da sociedade, que precisa ter uma preocupação socioambiental, a partir da coleta seletiva dentro da própria casa”.
Segundo Jeane, o projeto é pioneiro na Universidade, pois tem o propósito de agregar valor aos resíduos sólidos que seriam descartados em aterros sanitários. Além disso, é importante os alunos visitarem estes municípios e mostrarem o que sabem, mas também enxergarem os problemas de perto. “Nós ensinamos e aprendemos”, finaliza.