O projeto de Marcus Herbert Jones, pesquisador e professor da Escola de Medicina da PUCRS, foi um dos contemplados na chamada Pesquisas para enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras síndromes respiratórias agudas graves, do MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020. Intitulada como Óxido Nítrico Inalado Para Tratamento de Infeção por SARS-CoV-2: um ensaio clínico aberto, paralelo, multicêntrico e randomizado, a pesquisa busca testar a aplicação do gás como possível tratamento para o novo coronavírus.
De acordo com Jones, a infecção pelo Covid-19 promove uma doença respiratória grave em um grande número de indivíduos e a progressão é imprevisível, ocorrendo ao longo de cinco a 10 dias. “Até o momento há apenas uma alternativa de tratamento (Remdesivir) com efeitos modestos e incerteza se o tratamento reduz a mortalidade”, explica o pesquisador. Dados recentes da China e dos Estados Unidos relatam taxas de hospitalização de 13,8% e índices de internação em cuidados intensivos de aproximadamente 6,1%.
Esse tipo de gás solúvel (NO) tem efeito vasodilatador pulmonar seletivo e vem sendo usado com sucesso no tratamento de hipertensão pulmonar em adultos e recém-nascidos. “Em doses mais altas o NO tem potente atividade antimicrobiana e antiviral, inclusive contra bactérias multirresistentes. Um estudo mostrou que a inalação da substância reduziu a gravidade da infecção por coronavírus na epidemia de 2002 (SARS-CoV). Vários estudos mostraram efeitos antivirais e antibacterianos tanto in-vitro como em estudos clínicos”, explica Jones.
A partir de agora, o pesquisador testará a hipótese de que o óxido nítrico inalado reduz o número de pacientes que evoluem para doença grave com insuficiência ventilatória. De acordo com ele, caso a inalação de óxido nítrico seja benéfica seria possível reduzir a mortalidade e o número de leitos de cuidados intensivos e de ventiladores necessários para atendimento desses pacientes.
A iniciativa é realizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), Ministério da Saúde (MS) e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE).