Com o tema Uma nova era se inicia: ressignificados da vida em sociedade, a edição deste ano da Maratona de Inovação PUCRS (MIP) integra alunos e alunas da Universidade na busca por soluções para os desafios da hiperconexão e do mundo híbrido. Nesta segunda-feira, 23 de agosto, mais de 180 estudantes deram início a essa jornada interdisciplinar que, por conta da pandemia, pelo segundo ano consecutivo acontece de forma totalmente online.
Durante o evento de abertura da MIP, o vice-reitor da PUCRS, Ir. Manuir Mentges, destacou que a integração entre estudantes, mentores, docentes e profissionais cria uma dinâmica de energia, criatividade e cooperação, fundamental na promoção de mudanças com impacto social positivo.
“Nesta nova era, a cultura dos ecos possui um enorme potencial para substituir a cultura dos egos. Ou seja, é fundamental pensarmos sobre como podemos aliar nossos conhecimentos na promoção das mudanças que construirão uma sociedade melhor, mais sustentável, atenta à diversidade e à equidade. Esse é o papel de uma universidade como a PUCRS: ajudar a encontrar soluções que melhorem a vida das pessoas e da sociedade”.
Promovida pelas sete Escolas da Universidade, pelo Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) e pelo Laboratório Interdisciplinar de Inovação e Empreendedorismo (Idear), a MIP proporciona o desenvolvimento de habilidades e competências que contribuem para a atuação profissional em diferentes áreas e para o crescimento pessoal. Por meio da reflexão e investigação dos desafios, os estudantes são estimulados a encontrar problemas que inspirem e motivem a criação de soluções, ampliando o autoconhecimento, o pensamento colaborativo, o trabalho em equipe e o aprendizado sobre o processo de geração de ideias.
Gestora de Operações e Empreendedorismo do Tecnopuc, Flávia Fiorin salientou a importância e as possibilidades do ecossistema de inovação da PUCRS. “Destacamos o importante papel dos agentes de inovação para percorrermos todas as Escolas, alcançando cada canto da Universidade para promover esse grande encontro que é a Maratona de Inovação. Também ressaltamos o trabalho das outras unidades, como o Idear e o Tecnopuc, que fazem da PUCRS uma estrutura de inovação em rede, sempre à disposição para transformar ideias em realização e possibilitar que os caminhos do empreendedorismo aconteçam durante e após a formação acadêmica”.
Dando início aos debates sobre a sociedade hiperconectada e híbrida, Geociano Souto, Talent Business Partner da ThoughtWorks, consultoria global em tecnologia, ressaltou que a pandemia provocada pela Covid-19 e a virtualização das relações aceleraram a necessidade de atenção à saúde mental no ambiente de trabalho. “Temos visto muitos relatos sobre o processo de adoecimento mental e emocional nesse período. Então, falarmos sobre o futuro é colocar a vida como perspectiva. Para isso, é preciso questionar como as pessoas têm criado e enxergado sentido no próprio trabalho”.
Dados de uma pesquisa da consultoria Great Place to Work apontam que apenas 40% das pessoas no mundo afirmam ser feliz no trabalho. Para Geociano é fundamental buscarmos entender essa relação. “Tem uma pergunta que adoro: se o seu trabalho desaparecesse, o que ficaria de você? Em uma sociedade do desempenho, em que conseguimos a façanha de humanizar as máquinas e ‘robotizar’ as pessoas, o cenário que estamos vivendo pede uma pausa para que possamos refletir. Pessoas não são recursos, pessoas são pessoas, com seus medos, seus anseios e vulnerabilidades”, pondera.
Durante a palestra, Geociano Souto ainda destacou um levantamento elaborado pelo Fórum Econômico Mundial que apontou as 15 competências emergentes para 2025. Dentre elas, a maioria são as chamadas soft skills, desenvolvidas a partir da aprendizagem experiencial.
De acordo com ele, o futuro do trabalho está conectado com essas habilidades e demonstra a emergência de temas como resiliência, flexibilidade, tolerância ao estresse, capacidade de lidar com problemas complexos, inteligência emocional, pensamento analítico, criatividade e inovação. “A grande força que tem sido demanda hoje no mundo do trabalho é o aprendizado intencional e estratégico. Ou seja, aprender a aprender é cada vez mais necessário para nos adaptarmos a essa era de incertezas”, aponta.
Conectada com essas tendências, a MIP proporciona a investigação de desafios reais, com temas específicos, identificando e explorando o potencial de geração de novos produtos ou negócios. A Maratona também possibilita a interação com alunos e alunas de diferentes áreas do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio investigativo, empático e colaborativo.
Qual o futuro do trabalho? Qual o perfil dos novos profissionais? O que jovens calouros podem esperar ao concluírem a graduação? Para responder, debater e sinalizar novos caminhos para essas questões, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) recebe, na terça-feira, 24 de abril, das 19h às 21h, especialistas representando diferentes segmentos, no mercado e na academia. O evento O Futuro do trabalho integra o projeto Ideias para o futuro, do Grupo RBS, e será promovido no CriaLab, laboratório de criatividade situado no Global Tecnopuc (Av. Ipiranga, 6681 – prédio 97). A atividade é gratuita, aberta ao público e tem vagas limitadas. As inscrições podem ser feitas neste link.
O bate-papo sobre o futuro do emprego e das organizações diante da revolução tecnológica será conduzido pelo jornalista Cadu Caldas, do jornal Zero Hora, e contará com a participação dos seguintes convidados:
Sobre o Ideias para o futuro
Em uma iniciativa voltada a debater soluções inovadoras e apontar caminhos para resolver problemas do Rio Grande do Sul, o Grupo RBS lançou, em março, o projeto Ideias para o Futuro. Ao longo de 2018, os veículos da empresa apresentarão reportagens especiais, artigos, entrevistas e análises. Estão previstas cinco séries de temas, falando sobre trabalho, governo, saúde, educação e segurança. A PUCRS é parceira sediando o debate sobre o primeiro dos temas, O futuro do trabalho, para o qual os professores Jorge Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da Universidade, e Rafael Prikladnicki, diretor do Tecnopuc, contribuíram com artigos veiculados no site Gaúcha ZH.
Estamos em plena transformação do modelo de sociedade que vivemos. Não estamos mais falando sobre o que acontecerá e, sim, o que já está acontecendo. O futuro chegou, os desafios estão postos e muitos países, como o Brasil, não se prepararam minimamente para essa realidade. Agora, correm atrás do prejuízo. O susto, a preocupação, as dúvidas com relação ao emprego e ao trabalho são fruto da falta de planejamento, de uma visão de futuro de lideranças que não souberam ler as dinâmicas que estavam transformando a sociedade desde o final do século passado.
Neste ano, quando milhões de jovens iniciarem seus cursos de graduação em todo o mundo, teremos a primeira geração de estudantes universitários que nasceram neste milênio. Estudos mostram que mais de 60% deles trabalharão em áreas que não existem hoje. Atuarão sob os paradigmas da quarta revolução industrial, na qual as tecnologias em diferentes áreas criam um novo modo de viver e trabalhar, rompendo as barreiras entre os mundos físicos e virtuais.
Evento no Tecnopuc debate o futuro do trabalho
Esse processo de mudança potencializa um crescimento exponencial das tecnologias e suas aplicações, que envolve a interação entre as tecnologias, as novas abordagens de sistemas inteligentes (smart systems) e o uso intensivo de inteligência artificial e machine learning. É essa conjunção de fatores que está mudando a forma de trabalho que conhecemos. Muitas tarefas, pessoais e profissionais, repetitivas e previsíveis, serão substituídas por artefatos e processos gerados por tecnologias. Isso representa milhões de vagas de trabalho que seguirão desaparecendo em ritmo crescente, mesmo que de forma assimétrica no mundo todo.
“Muitas tarefas, pessoais e profissionais, repetitivas e previsíveis, serão substituídas por artefatos e processos gerados por tecnologias. Por outro lado, milhões de novas oportunidades surgirão, envolvendo a criação e o avanço dessas mesmas tecnologias.”
Por outro lado, milhões de novas oportunidades surgirão, envolvendo a criação e o avanço dessas mesmas tecnologias. E aí está a grande oportunidade. Oportunidade para pessoas talentosas e qualificadas. Para os profissionais da sociedade do conhecimento do século 21. Pessoas que desenvolvam continuamente suas capacidades de aprender a aprender e suas habilidades e atitudes empreendedoras. Se o que marca a sociedade moderna é o conhecimento, cada vez mais a capacidade de aprender se tornará um diferencial competitivo relevante, tanto para as pessoas como para as organizações.
As habilidades que emergem nesse cenário envolvem mais do que conhecimentos técnicos e específicos. Os soft skills tornam-se fatores determinantes do desenvolvimento profissional. Habilidades como resolução de problemas complexos, visão sistêmica, trabalho em equipe, inteligência emocional, negociação, aprendizagem ativa, expressão oral e escrita, pensamento crítico, flexibilidade cognitiva, criatividade e pensamento lógico e matemático despontam como algumas habilidades importantes a serem desenvolvidas e aprimoradas. A educação continuada se torna um imperativo.
“Esse mundo das startups e da alta tecnologia se desenvolve, no mundo todo, em ecossistemas de inovação em que a qualidade do trabalho é parte de uma visão mais ampla de qualidade de vida, preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade.”
O presente do trabalho (não o futuro) já mostra com clareza que estamos vivendo uma transição no mundo empresarial com consequências imediatas e crescentes no mercado de trabalho. São novas dinâmicas geradas por um novo contexto das empresas em processo de transformação. As grandes companhias estão sendo desafiadas e superadas por menores, muitas delas startups de alto impacto, atuando em rede em projetos compartilhados.
Esse mundo das startups e da alta tecnologia se desenvolve, no mundo todo, em ecossistemas de inovação em que a qualidade do trabalho é parte de uma visão mais ampla de qualidade de vida, preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade, com a necessária diversidade que gera a criatividade que os profissionais do século 21 incorporam como valores relevantes nas suas vidas. Basta observar atentamente: são pessoas talentosas, cidadãs de um mundo global e colaborativo.
Esse mundo existe em segmentos da sociedade brasileira, em nichos de desenvolvimento pleno em todos os rincões de nosso país. Mas são exceções, são a expressão mais clara da assimetria gerada por uma sociedade que mantém 16% de seus jovens entre 18 e 25 anos na educação superior, que demostra pouca ou nenhuma preocupação efetiva em propiciar uma educação básica de qualidade à totalidade dos jovens. Mudar essa realidade está nas nossas mãos, investir em educação de qualidade e excelência, para formar jovens autônomos e globais, que tragam o país diretamente do século 19, onde aparentemente estamos hoje, para o século 21. Jovens preparados para uma nova sociedade, global, conectada e repleta de oportunidades. Que possam oferecer mais sentido, propósito, para as pessoas e redefina não só o conceito de trabalho, mas também o de vida e o papel de todos em um processo de desenvolvimento menos assimétrico e mais justo a todos.
Esse artigo integra o projeto Ideias para o Futuro, do portal Gaúcha ZH. No dia 24 de abril, a PUCRS e o Grupo RBS promovem evento sobre o futuro do trabalho, no Tecnopuc Crialab.
Até onde são reais as promessas de uma vida perfeitamente idealizada? Para o escritor e especialista em comportamento humano Gabriel Carneiro Costa, formado em Relações Públicas pela Famecos, a sociedade saiu da era da rigidez e entrou de cabeça na era da complexidade. Antigamente, as vidas das pessoas seguiam roteiros pré-desenhados, com idades definidas para acontecimentos como formatura, casamento e aposentadoria. Hoje, a ideia de felicidade é mais complexa. “Precisamos escolher a profissão mais cedo, ter uma vida rentável, ir à academia, dormir horas o suficiente… Todos vêm idealizando a carreira da maneira utópica”, explicou Carneiro, na palestra principal da Feira de Carreiras, ocorrida nesta quarta-feira e intitulada Não me iluda: o futuro depende de quem faz.
Promovida pelo Escritório de Carreiras e pela Fundação Irmão José Otão (Fijo), a feira tem o objetivo de promover vínculos, empregabilidade e estabelecer uma conexão entre os alunos e o mercado de trabalho. Ao longo dos dias 18 e 19 de outubro, estandes com o RH de diversas empresas estiveram presentes nos saguões dos prédios 11, 30, 32 e 50. Na abertura da palestra, o Pró-Reitor de extensão Ir. Manuir Mentges convidou o público para conhecer os espaços, movimentos e encontros que a Universidade oferece. Segundo ele, as questões em torno do futuro inquietam e instigam, e é função da Universidade auxiliar os alunos a buscar as respostas.
“Cuidado. A realidade a seguir pode não te fazer bem: você ainda vai errar.” A frase destacada em um dos slides deu o tom da palestra de Carneiro. Ele tranquilizou os presentes, garantindo que a carreira perfeita e sem erros não é uma realidade. “Pessoas de sucesso contam que sempre souberam o que iam fazer, mas também tiveram tropeços e dúvidas”, defende. O escritor também critica a famosa afirmação de que “quem quer, consegue”. Para ele, apenas querer alguma coisa não garante que ela será conquistada. “Precisamos analisar nossa vida atual e pensar no que podemos fazer para alcançar a vida desejada. E o que podemos fazer é dar sempre o nosso melhor”, afirmou. Ele ressalta, ainda, que não vale a pena comparar o status de dois profissionais sem comparar a trajetória que os levou até ali.
Segundo Carneiro, é necessário planejar-se em ao menos seis pontos na hora de planejar o futuro. O primeiro é a projeção: “As pessoas sabem na ponta da língua o que querem ter, mas não se perguntam que tipo de profissional querem ser”. O segundo é o caminho e o destino: “É importante olhar o quanto falta para alcançarmos nossas metas, pois é assim que nos planejamos. Mas também é importante perceber que já faltou mais”. O terceiro item fala sobre o valor do esforço, que, para ele, não deve ser o que mais vale. “Valorizamos o cansaço, mas não é por ele que merecemos sucesso, e, sim, pelos resultados que geramos”, argumenta. O amor, o desprendimento do dinheiro e uma visão direcionada às coisas boas também auxiliam no planejamento.
Os momentos finais da palestra foram dedicados a perguntas e conversa com os presentes. Ao longo do evento, Felipe Vargas, do Via Mosaico, fez a facilitação das falas com imagens.