“A empatia pode ser compreendida como colocar-se no lugar do outro, acolhê-lo, recebê-lo, escutá-lo com o objetivo de compreender a sua situação. O que é a solidariedade a não ser uma profunda relação de empatia? Se ela não for empática, ela é falsa. A compaixão humana caminha neste trilho, não como piedade, pena, misericórdia. Compaixão em relação as outras pessoas, em que sentimos que elas precisam de mim e eu posso ajudá-las. E por que não? Por que temos tanto medo de falar da ajuda hoje em dia? A empatia e a compaixão humana são os alicerces de um verdadeiro pertencimento humano-social que se constroem a partir de múltiplos significados e sentidos.
Diante disso, temos uma compreensão da solidariedade como um componente primordial da condição humana que se explica e se entende a partir de múltiplas dimensões humanísticas. Ela se expressa e se manifesta quando há uma dimensão intersubjetiva com propósitos reais de tornar melhor a vida de outras pessoas. A solidariedade é o propósito de promover impactos de transformação de vidas e de realidades.
No momento atual, em que vivemos sob o medo de um vírus invisível aos olhos da humanidade, a solidariedade também se expressa em nos recolhermos em nossas casas para nos protegermos e aqueles que fazem parte da nossa rede de relações primária. Esse é um exemplo prático de solidariedade: quando conseguimos nos reorganizar frente a uma situação invisível, mas que nos provoca muito medo e insegurança. Vivemos e sobrevivemos acreditando numa falsa permanência de que tudo o que fazemos está sob nosso controle. Quando acordamos de um dia para o outro, toda esta permanência que nos provocava uma falsa segurança evapora.
Ser solidário com as pessoas quando achamos que tudo está organizado é muito fácil. Numa época em que todos temos medo de todos e vivemos a total impermanência de tudo, ser solidário se torna um pouco mais desafiador. É preciso saber se colocar no lugar do outro, entender que o outro talvez necessite muito mais do que eu da última máscara e do álcool gel da farmácia. Solidariedade, empatia e compaixão, uma tríade para compreendermos melhor a nossa condição humana em temos da construção social do medo e do pânico”.
Francisco Kern é Coordenador do Centro de Atenção Psicossocial da PUCRS, professor da Escola de Humanidades e coordenador da graduação em Serviço Social.
O médico da família André Silva, professor da Escola de Medicina da PUCRS, traduziu a solidariedade na prática ao colocar-se à disposição da população para responder dúvidas em relação ao novo coronavírus (Covid-19). “Da semana passada para cá, respondi centenas de mensagens, em diversos canais de comunicação e redes sociais, de pessoas de todo o Brasil e até de Portugal e Cuba, além de confortar pessoas da Itália”, conta Silva. A iniciativa, ressalta o médico, não se trata de consultas online, mas são orientações sobre cuidados gerais, em que momento procurar o atendimento médico e até sobre quais informações são verdadeiras e quais são fake news. “Não é somente uma maneira de ajudar ao próximo, é também uma forma de reforçar meu papel no mundo como médico”, afirma Silva.
Promover um profundo diálogo a respeito do suicídio, suas causas e estratégias de prevenção, abordando-o como uma questão de saúde pública. É o que foi proposto no 4º Seminário Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, sediado na PUCRS e promovido pelo Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Rio Grande do Sul e pelo Programa de Assessoramento e Defesa e Garantia da Assistência Social da União Brasileira de Educação e Assistência da PUCRS (UBEA). O evento, ocorrido na última quarta-feira, dia 5 de setembro, no Salão de Atos, reuniu mais 1,5 mil pessoas, entre funcionários públicos, da saúde, educação, acadêmicos, pesquisadores e público em geral, que buscavam compreender melhor essa realidade e capacitar-se para atuar na prevenção, intervenção e no cuidado de casos de suicídio.
No Rio Grande do Sul, estado brasileiro com a maior taxa de ocorrências, por ano, são 11 casos para cada 100 mil habitantes, o dobro dos registros nacionais. “Hoje, procura-se intensificar a informação e a conversa, para ajudar as pessoas que estão no caminho do suicídio e para que se desenvolvam cuidados com os potenciais suicidas e suas famílias. Assim contornar a situação e minimizar a dimensão dessa tragédia para a espécie humana”, afirmou o secretário Estadual de Saúde, Francisco Zancan Paz.
Participou também da solenidade, a secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, Maria Helena Sartori. A representante do Estado destacou a importância de abordar o tema de forma intersetorial, como se propõe o seminário, envolvendo as famílias, instituições de ensino, órgãos de saúde, a sociedade e cada um, dentro de seus setores, para que tenham a capacidade de identificar sintomas, orientar e atuar na prevenção. Maria Helena apontou algumas ações que vem sendo realizadas pelo Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e outras iniciativas públicas, como as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipaves), que vem atuando dentro das escolas estaduais e municipais.
Representando a Universidade, o professor da Escola de Humanidades e responsável pela Representação Estudantil vinculada à Pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex), Francisco Kern, falou sobre a importância da acolhida daqueles em situação de risco e de crise, do respeito e da empatia. “Sentimento de compaixão é muito importante, não por pena, mas por compreendermos a condição humano do outro como condição de vida que precisa ser potencializada”, afirmou.
Em seguida, os painéis foram abertos com a palestra Prevenção do Suicídio: Uma questão de saúde pública, apresentado por Cheila Marina de Lima, enfermeira e consultora do Ministério da Saúde, Marilise Fraga de Souza, vice-coordenadora do Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio da Secretaria Estadual da Saúde, e Giovanni Salum Junior, médico e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os profissionais apresentaram à plateia, além de dados e estudos, as principais formas de prevenção e intervenção sendo realizadas pelos órgãos e iniciativas públicas, demonstrando o papel de cada setor no combate dessa questão de saúde pública. “Para enfrentarmos, precisamos de conhecimento, de evidência, de fatos, parcerias e compromisso. Só juntos vamos conseguir mudar essa realidade”, reiterou.
Centro de Atenção Psicossocial (CAP)
A Universidade oferece, através do Centro de Atenção Psicossocial (CAP), atendimento e acompanhamento gratuito para alunos, professores, gestores e colegiados que necessitam de auxílio no enfrentamento de dificuldades que possam afetar o processo de ensino-aprendizagem e de apoio na busca de soluções para essas questões. O CAP é um espaço de escuta, onde são realizados aconselhamentos por uma equipe interdisciplinar de professores da PUCRS com larga experiência docente e profissional. Além disso, possui parceria com o Ambulatório de Psicoterapia Analítica do Hospital São Lucas (AMPA), para o qual faz encaminhamentos quando observada necessidade de atendimento psicoterápico ou psiquiátrico.
O Centro, localizado na sala 803 do prédio 40, 8º andar, está aberto para atendimento de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 21h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3320-3703 ou pelo e-mail [email protected].