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Idosos apresentam risco mais elevado de quadros graves / Foto: Freepik

Quando o coronavírus chegou ao Brasil, por ter causado epidemias em outros países anteriormente, já se sabia algumas informações sobre ele. Uma delas diz respeito aos grupos de risco, ou seja, às pessoas mais vulneráveis a manifestar o vírus de uma forma mais grave. Idosos e portadores de doenças crônicas, como as cardiovasculares e respiratórias, diabete melito, cânceres e obesos fazem parte desse grupo.

Estudos na área da saúde que entendam como a doença age nessas pessoas tornam-se muito importantes no combate à pandemia de Covid-19. E, no Programa de Pós Graduação em Medicina e Ciências da Saúde, da Escola de Medicina da PUCRS, algumas pesquisas já buscam contribuir para este cenário. Uma delas é desenvolvida por um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Universidade, entre eles o professor Douglas Sato, que também é diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) e superintendente de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer).

O estudo teve início logo após a confirmação dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. “Os idosos apresentam risco mais elevado de quadros de maior gravidade (especialmente os longevos, com 80 anos ou mais), o que nos motivou a investigar o que explicaria essa frequência bem mais alta de casos críticos e óbitos”, conta Sato.

O professor explica que estão sendo desenvolvidos projetos com idosos para avaliar a situação social, grau de dependência, fragilidade, parâmetros nutricionais, aspectos emocionais e o manejo de outras doenças crônicas durante a pandemia e os impactos da restrição social. “A partir disso, queremos identificar quais destes indivíduos apresentam maior suscetibilidade para desenvolver infecções graves através de diversos biomarcadores celulares e moleculares”, destaca Sato.

Mais de 18% da população gaúcha é idosa

Segundo pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com maior proporção de pessoas acima dos 60 anos. Baseada em números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a FGV estima que 18,77% da população gaúcha é idosa. Por isso, entender o impacto que a Covid-19 tem nesse grupo é relevante.

Sato ainda lembra que dados de 2018 do Ministério da Saúde apontam que 39,5% dos idosos possui alguma doença crônica e quase 30% sofre de duas ou mais comorbidades, mostrando um grande número de indivíduos suscetíveis para desenvolver a forma grave da doença causada pelo novo coronavírus.

Essa hipótese se fortalece a partir dos números observados na China, onde a mortalidade geral dos pacientes infectados pela Covid-19, até o momento, foi de 0,32% para indivíduos com menos de 60 anos, 6,4% para aqueles entre 60 e 80, saltando para 13,4% entre os acima de 80 anos. “Além disso, a necessidade de internação hospitalar foi menor que 1% na faixa pediátrica, aumentando progressivamente de acordo com a faixa etária, até atingir 18,4% nos indivíduos acima de 80 anos”, diz o professor.

Pesquisas podem contribuir na definição de políticas públicas de saúde

Segundo a doutoranda do PPG Cristina Rabelo, reumatologista do corpo clínico e membro do serviço de Reumatologia do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), o projeto visa identificar pacientes com Covid-19. “A partir disso, podemos observar as repercussões imunológicas da infecção através de análise de marcadores imunológicos no sangue e da análise do quadro clínico nos pacientes com doenças autoimunes”, afirma.

Para Sato, essas pesquisas, desenvolvidas a partir do conhecimento e utilizando equipamentos de ponta da Universidade, poderão auxiliar na definição de políticas públicas de saúde mais precisas e seguras. “Poderemos identificar os idosos com maior risco de complicações e outros com menor risco. Os resultados permitirão individualizar os cuidados para cada pessoa, tais como modelo de distanciamento social e a intervenção em fatores que podem melhorar a imunidade e a resposta ao Covid-19. Assim, poderemos tentar reduzir a internação hospitalar e a gravidade da doença nesse grupo”, conclui.

Pacientes com diabetes podem ter a saúde mais afetada em situações de crise

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Pessoas com diabetes também são consideradas grupo de risco / Foto: Pexels

Outro grupo considerado de risco para a Covid-19, dentro da categoria de pessoas com doenças crônicas, é o dos pacientes com diabetes. Como ainda não há dados sobre o impacto que eventos da magnitude da pandemia que estamos vivendo no controle glicêmico e em aspectos emocionais em pacientes com diabetes, a professora Gabriela Teló decidiu iniciar um estudo sobre o assunto. O objetivo é avaliar os resultados de uma intervenção de saúde tele-guiada tanto no bem-estar emocional quanto na adesão medicamentosa em adultos portadores da doença durante o período de distanciamento social.

Segundo Gabriela, estudos prévios mostram que intervenções que proporcionam escuta qualificada e suporte psicossocial melhoram significativamente o nível de saúde mental e o controle glicêmico em pacientes com diabetes. “Levando isso em conta, nossa pesquisa permitirá avaliar o impacto de medidas assistenciais envolvendo educação e apoio à distância, evitando o risco de exposição relacionada à necessidade de busca por atendimento”, explica.

A professora conta que o estudo também teve início logo após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, a partir do Grupo de Pesquisa em Endocrinologia e Diabetes. Ela ressalta que, em qualquer situação de desastre biológico, temas como medo, incerteza e estigmatização são comuns e podem atuar como barreiras às intervenções médicas e de saúde mental: “Esses desafios, quando enfrentados por aqueles que vivem com uma doença crônica, como o diabetes melito, podem influenciar negativamente o bem-estar mental e a adesão ao tratamento, comprometendo o controle da doença”.

Projeto envolve pesquisadores de diferentes áreas da saúde

O projeto é desenvolvido a partir de um ensaio clínico randomizado, acompanhando pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2 em dois hospitais de Porto Alegre. A equipe é composta por 12 pesquisadores de diferentes áreas da saúde, o que estimula a interação entre alunos da graduação e da pós-graduação, médicos residentes e professores de diferentes universidades.

Uma das integrantes é Débora Franco, formada em Educação Física, estudante do último semestre de Medicina da PUCRS e mestranda no PPG em Medicina e Ciências da Saúde. “A pandemia que estamos vivendo gera muitas dúvidas, e participar de estudos como este é uma forma de contribuir para a sociedade, seja esclarecendo dúvidas ou construindo novos conhecimentos que poderão ajudar na prática clínica”, aponta.

Débora conta que se envolveu no projeto desde o início, participando dos treinamentos, da elaboração de intervenções para aplicar aos participantes da pesquisa, do recrutamento e inclusão dos participantes e da coleta de dados, que é feita através de contato teleguiado semanalmente.

Estudo poderá orientar pacientes para o controle da doença

Gabriela explica que a intervenção tem previsão de três meses de duração ou mais, dependendo das orientações de distanciamento social. Apesar de ainda não haver resultados do impacto da estratégia proposta pelo estudo, as análises iniciais indicam alta prevalência de transtornos de saúde mental, como sintomas de ansiedade e depressão e distúrbios alimentares e do sono nos pacientes participantes. Segundo a professora, esses sintomas tendem a ser de duas a quatro vezes mais comuns em pessoas com diabetes em relação à população em geral.

Além disso, parece existir uma relação entre a saúde mental e o controle glicêmico. “Diabetes e transtornos de saúde mental compartilham uma interface mútua: o desafio de conviver e superar o diabetes pode resultar em sobrecarga emocional, assim como a presença de sintomas de depressão e ansiedade pode estar associada à menor adesão ao tratamento, levando a um pior controle glicêmico”, observa.

A professora ainda ressalta que essa associação pode ser exacerbada em um momento de estresse e que o sofrimento psicológico pode aumentar esses sintomas. Entretanto, lembra que a repercussão clínica sobre o controle glicêmico e psicológico do cenário atual nos pacientes com diabetes ainda é hipotética. “A intervenção proposta permitirá disponibilizar ao paciente um ambiente de escuta regular e qualificada, onde possa compartilhar seus medos, ansiedades e frustrações relacionadas à atual pandemia”, pontua. A pesquisa também vai possibilitar que sejam oferecidas orientações regulares em relação à dieta e atividades físicas, por exemplo, que complementem o cuidado clínico do paciente com diabetes nesse período em que o acesso aos serviços de saúde é restrito.

Legado para o futuro

Para a mestranda Débora, pesquisas relacionadas à Covid-19 e aos desafios apresentados pela pandemia são essenciais para se entender e enfrentar o que ainda é desconhecido. “Com projetos nessa área podemos elucidar desde questões relacionadas diretamente à doença até os impactos causados nos indivíduos e no mundo em situações de crise como essa”, defende.

Em relação ao que poderá ficar desses estudos para o futuro, Gabriela acredita que será possível encontrar respostas sobre a melhor forma de suporte a ser oferecido aos pacientes com diabetes durante situações de calamidade pública. “As evidências disponíveis até o momento são limitadas a estudos observacionais, e um estudo experimental como o nosso poderá ter impacto imensurável no planejamento da assistência à saúde em situações semelhantes no futuro”, conclui.

PPG em Medicina e Ciências da Saúde recebe inscrições

Programa de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. Dentro das áreas de concentração Clínica Cirúrgica, Clínica Médica, Farmacologia Bioquímica e Molecular, Nefrologia e Neurociências, abrange diferentes linhas de pesquisa. Interessados em ingressar ainda neste ano podem se inscrever até o dia 19 de junho. Neste edital, a entrega da documentação será feita online.

SAIBA MAIS E INSCREVA-SE

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Foto: Marcelo Amaral

Para ampliar os atendimentos de baixa e média complexidade na área da saúde em Porto Alegre, a PUCRS e o Hospital Restinga e Extremo-Sul (HRES) firmaram uma parceria. O convênio visa desenvolver ações de ensino, pesquisa e extensão, com estudos e serviços técnicos de forma integrada. O complexo hospitalar será um ambiente de integração de futuros profissionais dos programas de residências médicas e multiprofissional e das pós-graduações, além de estudantes de graduação e pesquisadores de diversas áreas da saúde da Universidade.

“Vamos contribuir ainda mais para a saúde da população da cidade por meio dessa atuação da nossa comunidade acadêmica. Essa parceria vai ao encontro da importância da diversificação das atividades práticas na área da saúde, pois contribui, em muito, para a formação de novos profissionais”, destaca o pró-reitor de Graduação e Educação Continuada da PUCRS, Ir. Manuir Mentges.

Segundo o diretor técnico do HRES, Carlos Casartelli, a união com a PUCRS é de extrema importância e qualificará, ainda mais, o atendimento aos usuários do hospital. “Temos a convicção que a aproximação dos alunos e pós-graduandos da universidade com a comunidade da Restinga e Extremo-Sul será enriquecedora e transformadora na sua experiência como indivíduos e profissionais. A comunidade ganha, a Universidade ganha, o hospital ganha, mas, principalmente, a comunidade será a principal beneficiada com esta parceria”, ressalta.

Primeiras atividades no complexo hospitalar

Primeiramente, de forma imediata, vão ocorrer as atividades práticas de alunos da graduação, com supervisão de professores, e de pós-graduação no setor de internação e emergência pediátrica do Hospital. “Futuramente, poderemos atuar em outras áreas de atenção à saúde. O HRES possui um moderno conceito nesta área, considerando o nível de complexidade de atenção em que atua”, complementa a decana associada da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS, Marion Creutzberg.

Atualmente, são mais de cinco mil estudantes e profissionais da saúde em formação das escolas de Medicina e de Ciências da Vida e da Saúde da PUCRS. Nessa iniciativa, na pós-graduação, serão acadêmicos em Residência Médica, Práticas Médicas Hospitalares e Residência Multiprofissional e Uniprofissional. Na graduação estarão presentes estudantes de onze cursos: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Gastronomia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia. “É a primeira vez que alunos da graduação da Medicina atuam neste Hospital no formato proposto”, frisa Marion.

Sobre o Hospital Restinga e Extremo-Sul

É um complexo hospitalar que conta com cinco grandes unidades: Unidade de Pronto Atendimento, Centro de Especialidades, Unidade de Diagnóstico, Hospital e Escola de Gestão em Saúde. O Hospital conta com centro cirúrgico, com quatro salas de cirurgia (Unidades de Internação adulto e pediátrica e de Terapia Intensiva Adulta). São 111 leitos de internação distribuídos em: 87 leitos para pacientes adultos clínicos e quatro cirúrgicos, 10 leitos para pacientes clínicos pediátricos e 10 leitos de UTI. Além destes, estão disponíveis outros 48 leitos de passagem/observação, totalizando 159 leitos à disposição da comunidade.

O projeto arquitetônico do complexo é inovador por ser horizontalizado, com pavimentos projetados para o máximo aproveitamento dos desníveis do terreno, utilizando apenas três andares. O HRES foi concebido com uma preocupação com a sustentabilidade, por meio da preservação das áreas verdes, climatização central em todo prédio, sensores de iluminação, dimmers, reaproveitamento da água da chuva, uso de placas solares para geração de água quente, brises vegetados nas fachadas do prédio para conforto térmico, preparação para receber cobertura verde no telhado e estação de tratamento de esgoto. A estrutura física tem como objetivo também a segurança assistencial ao paciente, dispondo de geradores e nobreaks que garantem o fornecimento contínuo de energia para áreas críticas.

Foto : Carlos Saldanha

Foto : Carlos Saldanha

Com a pandemia do Covid-19, a área da saúde ganhou atenção em todo o mundo. São inúmeros os desafios para encontrar soluções que ampliem o atendimento à população, qualifiquem a formação de profissionais da área, melhorem a gestão das estruturas médico-hospitalares e promovam pesquisas inovadoras. Em Porto Alegre, uma parceria inédita entre instituições tradicionais busca superar esses desafios. Nesta quarta-feira, 13 de maio, foi assinado o convênio entre a PUCRS e a Santa Casa de Misericórdia com o propósito de unir forças e ampliar alternativas para a população. A parceria envolve projetos em quatro grandes frentes de atuação: ensino, pesquisa, gestão e inovação.

O grande propulsor do convênio é o projeto de desenvolvimento do Centro de Medicina Fetal da Santa Casa, que envolve toda a linha de cuidado na área materno-infantil e, com maior ênfase, às complexidades. Um espaço no qual haverá integração de futuros profissionais dos programas de residências médicas e das pós-graduações stricto e lato sensu em regime de complementariedade entre PUCRS e Santa Casa.

Espaços para práticas médicas

São mais de cinco mil estudantes e médicos em formação das escolas de Medicina e de Ciências da Vida e da Saúde da PUCRS que terão os hospitais do complexo da Santa Casa como espaços de prática. “É uma importante união de forças de instituições reconhecidas pela contribuição histórica à população gaúcha e brasileira na área da saúde. Certamente, teremos respostas mais ágeis e significativas atuando lado a lado”, afirma o reitor da PUCRS, Ir. Evilázio Teixeira.

A parceria envolve, pela PUCRS, o Hospital São Lucas (HSL) e as Escolas de Medicina e de Ciências da Saúde e da Vida, que passarão a desenvolver projetos conjuntos com a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. A Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), que tem na Santa Casa o seu hospital escola, está analisando a sua forma de participação, pois trata-se de um convênio de colaboração importante para o meio acadêmico e científico. “Em um mundo que precisa de atitudes colaborativas em busca de soluções para problemas comuns, esta parceria é uma grande notícia para a sociedade gaúcha”, afirma Antonio Kalil, Diretor de Ensino e Pesquisa da Santa Casa.

A assinatura do convênio contou com a presença de representantes da reitoria da PUCRS, da direção da Irmandade Santa Casa de Misericórdia, do Hospital São Lucas e, também, do Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler. “Os tempos que vivemos exigem de todos nós, atitudes ousadas e criativas. Certamente o convênio aqui celebrado expressa essa ousadia e criatividade. As partes envolvidas ganham com essa parceria, mas a sociedade é a maior beneficiada”, afirmou o Arcebispo.

memorizar conteúdos

Foto: Pixabay

Estudar costuma a exigir uma dedicação especial, além de concentração e disposição. Porém, o que fazer quando mesmo após horas de estudos a sensação é de que o aprendizado não foi absorvido; ou então, quando pouco tempo depois já se esqueceu o conteúdo? A professora Cristiane Furini, pesquisadora do Centro de Memória do Instituto do Cérebro (InsCer), preparou algumas dicas para auxiliar na memorização durante o estudo. Mas atenção, não existe uma única maneira de aprender. Assim, é essencial experimentar diferentes técnicas e escolher a que funcione melhor para você. Confira as dicas:

1. Evite distrações e tenha pausasa atenção voltada para o que você está estudando é muito importante e a melhor maneira de mantê-la é minimizar as distrações no ambiente de estudo. Ou seja, televisão e smartphones só devem estar presentes se usados como ferramenta de aprendizado. Pesquisas têm demonstrado que o celular pode atrapalhar a capacidade de atenção em uma tarefa específica e que o simples fato de saber que há uma notificação em seu telefone, causa a mesma distração ocorrida com o uso efetivo do aparelho.

A fadiga mental também pode dificultar a manutenção da atenção por um tempo muito longo, assim, é necessário fazer pequenas pausas para descanso. Por isso, dividir a jornada de estudo pode auxiliar a manter o foco. Uma alternativa é realizar um intervalo de 5 a 10 minutos a cada 45 ou 50 minutos de estudo.

2.Faça testes e repetiçõesrealizar testes, quizzes e se “forçar” a recordar informações auxilia mais na formação e retenção de memórias do que simplesmente rever anotações. Uma pesquisa mostrou que estudantes universitários apresentaram melhor desempenho no aprendizado de uma língua estrangeira quando eram testados, sugerindo que a formação da memória ocorre em situações em que se tem repetição das informações. Ou seja, a prática de recuperar essas referências favorece a consolidação do conteúdo que se quer memorizar.

3. Realize a prática espaçadapesquisas têm demonstrado que espaçar as sessões de estudo é mais eficaz e benéfico para o aprendizado do que uma única e longa sessão de estudos. Ou seja, dividir o conteúdo em pequenas partes e estudá-las durante vários dias é mais produtivo do que tentar absorver todas as informações de uma só vez. Para isso, é importante criar um cronograma e distribuir as atividades, lembrando de criar espaços para rever informações.

4. Intercale os conteúdos de estudoem uma abordagem tradicional e amplamente aplicada ao aprendizado, conhecido como “estudo em bloco”, as habilidades são aprendidas sequencialmente e você não passa para um novo assunto até dominar o  Mas estudar o dia inteiro a mesma matéria pode não ser a estratégia mais eficiente para manter o foco. Assim, a ciência tem mostrado que misturar a prática de várias habilidades inter-relacionadas pode melhorar a performance a longo prazo. Esta abordagem é conhecida como estudo intercalado e pode ajudar no aprendizado. Consiste em alternar entre tópicos enquanto se estuda, ou seja, após o estudar o tema X por um tempo, se passa para o estudo do tema Y e Z. Em uma próxima vez, altera-se a ordem de estudo dos conteúdos, sempre observando que tipo de novas conexões eles podem fazer entre si.

5.Cuide bem do seu sonodormir é extremamente importante para consolidar/armazenar memórias. A etapa ocorrida durante o sono não apenas fortalece os traços de memória, mas também pode produzir mudanças nas representações das recordações. Através de um processo ativo de reorganização, o cérebro realiza a formação de novas associações e a extração de recursos generalizados, facilitando, inclusive, a produção de novas soluções e ideias. Benefícios significativos para a memória são observados após uma noite de sono de 6 a 8 horas, mas também depois de cochilos mais curtos de 30 minutos a uma hora. Assim, garantir boas noites de sono ajuda a fixar o conteúdo visto anteriormente e a nos preparar para aprendizados novos no dia seguinte.

Sobre a professora

Cristiane Regina Guerino Furini atualmente é professora da Escola de Medicina da PUCRS e pesquisadora do Instituto do Cérebro. Possui como tema principal de trabalho o estudo dos mecanismos farmacológicos e bioquímicos envolvidos na consolidação, persistência, extinção e reconsolidação de memórias.

Saiba mais: 5 dicas: como organizar os estudos online

Na peça de teatro do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1882), a ação passa-se numa pequena cidade na costa meridional da Noruega cuja maior fonte de renda advém de sua estação balneária. O Dr. Stockmann identifica que a água está poluída, aparentemente devido a lançamentos de impurezas dos curtumes da cidade. Médico dedicado à ciência, sente-se no dever de levar a verdade ao povo, mas a denúncia representará o encerramento do balneário, o que causaria um transtorno para a cidade, que deixaria de lucrar com o turismo. E então ele é apontado como inimigo do povo! Inimigo do povo! Inimigo do povo!

Há espaço para equilibrarmos as ações promotoras da vida com as necessidades econômicas?  Nesta pandemia, enfrentamos um inimigo invisível que dizima populações. Não é de hoje que as decisões duras impostas pelo dilema da preservação da vida e as repercussões econômicas vêm ao debate público. Todos admitimos que o princípio sagrado da preservação da vida prevalece sobre qualquer outro. Mas também todos concordamos que o caos econômico pode se tornar letal à vida até então preservada. A despeito das questões ideológicas, os interesses mesquinhos e particulares, devemos entender que a pandemia do novo coronavírus é única, com padrões de transmissão, distribuição etária e viabilidade no meio externo desconhecidos de todos nós. Ainda que o curso dessa pandemia seja impossível de prever, sabemos que a fase inicial é o momento  adequado de agir com celeridade.

Como na prática médica em geral, por vezes, os tratamentos são realizados em etapas ou ciclos e estes ocorrem em tempos diversos. A primeira etapa envolve a conscientização da população e a forte participação dos meios de comunicação, da academia e de toda a sociedade para o preparo e entendimento da gravidade da pandemia, acompanhado de medidas restritivas severas com repercussões na vida de cada cidadão e na economia. O distanciamento social nunca é popular. O objetivo não é conter a doença, mas atenuar seus efeitos para reduzir a mortalidade e o número de indivíduos que necessitará de atendimento hospitalar, mormente de tratamento intensivo. E, assim, evitar a falência do sistema de saúde e as escolhas de Sofia!

Não podemos “matar da cura”, mas temos que evitar de apontar o Inimigo do Povo. Infelizmente com custos para a vida e para a atividade econômica, pois sabemos que tais consequências são inevitáveis, embora trabalhemos para minimizá-las. Mas, para isso, temos que passar pelo primeiro ciclo do tratamento e evoluir para o seu aprimoramento contínuo.

Não há caminhos mágicos, mas a prevenção no tempo certo é a melhor escolha para salvaguardar a vida e, ao mesmo tempo, uma economia voltada a sustentar uma casa compartilhada por todos.

Sobre Jaderson Costa da Costa

O professor Jaderson é graduado em Medicina, tem especialização em Neurologia, mestrado em Ciências Biológicas (Fisiologia e Neurociências), doutorado em Ciências Biológicas (Fisiologia) e Research Fellowship em Neurologia (Neurofisiologia Clínica) na Harvard Medical School. É docente da PUCRS há 48 anos. Atualmente é professor titular da Escola de Medicina, professor adjunto associado da Universidade de Miami, além de vice-reitor da PUCRS e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer).

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Nós sonhamos todas as noites, e não há nada de errado nisso / Foto: Pexels

Desde que a pandemia do novo coronavírus se iniciou e, especialmente, quando o distanciamento social causado pela quarentena se tornou uma realidade, muitas pessoas têm observado mudanças no sono. Sonhar e lembrar dos sonhos – muitas vezes mais perturbadores do que de costume – com uma frequência maior do que a normal é uma delas. Outra questão bastante comentada é a dificuldade para dormir. Se você se enquadra em um desses casos, pode ter certeza de que não está só. E há explicações para isso.

Primeiramente, é importante dizer que todos nós sonhamos todas as noites – e não há nada de errado nisso. Pelo contrário. Segundo a professora da Escola de Medicina e vice-diretora do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer) Magda Lahorgue Nunes, sonhar é uma atividade benéfica para o cérebro, demonstrando que sua função está normal. “Existem várias teorias em relação à função dos sonhos, entre elas a de que ajudam a consolidar memórias, a regular o humor e a treinar comportamentos não apresentados quando estamos acordados”, explica.

O motivo de nem sempre lembrarmos do que sonhamos é que essa recordação depende da transferência de conteúdo da memória recente para a remota, e isso só é possível quando existe algum grau de despertar (chamado de microdespertar) após o sonho ter acontecido.

Do ponto de vista da psicanálise, sonhar também é algo positivo e até mesmo importante – principalmente em um contexto de pandemia. Conforme a professora do curso de Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida Carolina de Barros Falcão, trata-se de uma atividade elaborativa, uma via por meio da qual podemos significar o que estamos vivendo.

Mas o que é o sonho, afinal?

O sonho é uma atividade mental que acontece enquanto estamos dormindo. Ele é consequência da ativação cortical que ocorre na fase REM (rapid eye movement, ou movimento rápido de olhos) do sono. Esse estágio chega após três outras fases: N1 (transição da vigília para um sono mais profundo, mas ainda leve), N2 (desconexão do cérebro com os estímulos do mundo real) e N3 (sono profundo, com descanso da atividade cerebral).

No estágio REM, o cérebro volta a ficar ativo, tanto quanto o de uma pessoa acordada. Por isso, conforme Magda, a atividade fásica que ocorre nessa fase se relaciona com a imagética visual dos sonhos, permitindo que tenhamos sonhos complexos, semelhantes a histórias. Em uma noite, podemos ter entre quatro e seis ciclos de sono, incluindo os estágios não-REM e REM, sendo que cada um deles dura cerca de 90 minutos.

Conforme a professora Carolina, a psicologia tem muitas teorias diferentes para o sonho – algumas que coincidem mais com o olhar médico, outras que se afastam um pouco. “A psicanálise vai trabalhar com uma leitura e com um modelo de psiquismo que não descarta o corpo e o orgânico, mas que pensa que os processos psíquicos não estão apenas relacionados com os processos biológicos”, ressalta.

Para a leitura psicanalítica, o sonho é uma produção psíquica muito importante. “Temos, no sonhar, uma atividade muito privilegiada de trabalho psíquico, porque estamos ‘protegidos’ da realidade. E é por isso que podemos sonhar as coisas mais malucas que existem”, destaca Carolina.

Por que estamos sonhando mais?

Segundo a vice-diretora do InsCer, os sonhos são construídos com base em experiências remotas e em preocupações atuais. E a vivência intensa do tema coronavírus e de tudo o que essa pandemia implica pode ser uma explicação para estarmos nos lembrando mais dos sonhos. “As restrições de convívio social, a quebra de rotina, questões financeiras, o medo e a ansiedade sobre a gravidade do que está acontecendo já são motivos fortes o suficiente para sonharmos mais”, aponta Magda.

Carolina complementa dizendo que a pandemia da Covid-19 fez com que todos precisassem mobilizar suas vidas de forma muito rápida, fazendo adaptações no modo de viver e tolerando perdas muito contundentes na rotina. “Um motivo para que tantas pessoas estejam sonhando mais pode ser porque estão recorrendo a todas as possibilidades de trabalhar psiquicamente. O sonho tem sido uma forma muito importante de descarga dessas intensidades que estamos vivendo, do psiquismo encontrar uma forma de dar conta e de elaborar tudo isso”, diz.

A professora de Psicologia ainda aponta que, além dos acontecimentos atuais, na hora de se analisar um sonho e tentar entendê-lo, é preciso levar em consideração todo o contexto da pessoa que o sonhou: “Não sonhamos só por causa do coronavírus, da pandemia ou das restrições que estão impostas. Sonhamos porque essas situações de hoje tocam naquelas que já eram as nossas questões, nossos conflitos. Quando sonhamos, resolvemos essa dupla mobilização: a interna, do nosso mundo psíquico; e a externa, daquilo que nos invade – nesse caso, o tema da morte, do adoecimento”. Carolina conclui reforçando que o fato de as pessoas estarem sonhando significa que estão metabolizando as situações traumáticas que estão vivendo nesse momento de pandemia, e que isso é algo muito positivo.

Insônia pode ser consequência da quebra da rotina

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Seguir uma rotina ajuda a manter um sono saudável / Foto: Pexels

Em relação à dificuldade para dormir, Magda destaca que as mudanças na rotina podem ser um dos causadores. “Queixas de insônia estão sendo muito frequentes durante a quarentena. Isso certamente é decorrente de quebras nas rotinas, da falta de necessidade de cumprir horários, além do relaxamento nos aspectos de higiene do sono, como variações no horário de dormir e de acordar e o uso excessivo de telas”, afirma.

Para manter a saúde do sono, apesar de todas mudanças e das preocupações causadas pela pandemia, é importante tentar seguir uma rotina. “Ter um horário para dormir e acordar, evitar o uso de telas pelo menos 30 minutos antes de dormir, não fazer uso excessivo de álcool, optar por refeições leves à noite e evitar bebidas com cafeína podem ajudar”, sugere Magda.

Pesquisa vai avaliar sono da população durante a quarentena

O InsCer desenvolveu uma pesquisa para avaliar como está o sono da população brasileira durante a quarentena. O participante, de acordo com sua idade e/ou a idade de seus filhos, é direcionado a um questionário específico para fazer essa avaliação. Ao fim, será redirecionado a uma página com informações sobre como é o sono normal nas diferentes faixas etárias e receberá dicas, conforme a idade, de como dormir bem. A pesquisa está disponível neste link.

Leia mais: Estudo investiga impactos do confinamento domiciliar no sono de adultos e de seus filhos

Coordenação Jaderson Costa da Costa   

  

Dados/Inteligência (Regis, Brito e Rafael)  

Everton Quadros  

Eliete Hauser  

Guilherme Brito  

Regis Lahm  

Rafael Prikladnicki  

Miriam Richardtz   

Andressa Silva  

Nathalia Esper  

Lori Viali  

Márcio Pinho  

  

Diagnóstico (Saulo 

Saulo Bornhorst  

Ana Ligia Bender  

Clarice Alho  

Ana Paula Duarte  

Samuel Greggio  

Francieli Pedrotti Rozales  

Mariana Pagano Pereira  

Terezinha Munhoz   

  

Molecular experimental (Daniel)  

Denise Cantarelli  

Gabriele Zanirati   

Angela Zanatta   

Guilherme Silva Costa  

Fernando Xavier  

Matheus Grahl  

  

Etapa in silico/in vitro (Allan, Matheus e Osmar)  

Felipe Rodrigues  

Isadora Ghilardi  

Matheus Grahl  

Guilherme Brito   

             Allan Alcará  

Osmar Norberto de Souza  

Ana Paula Perin (UFRGS)  

Rodrigo Braun (UFCSPA)  

Maurício Rigo  

Carlo Moro 
  

Etapa in vivo (Gabriele)  

Gabriele Zanirati   

Pamella Azevedo   

Gianina Venturin   

Samuel Greggio  

Angela Zanatta   

Daniel Marinowic  

Bruno Hochhegger  

Matheus Grahl  

  

Clinical trial (Nathalia e Graciane)  

Jaderson Costa da Costa   

Graciane Radaelli  

Bruno Hochhegger  

Fabiano Ramos   

Nathalia Esper  

Fernanda Majolo  

Guitierre Oliveira   

  

Saúde mental (Rodrigo)  

Carla Bonan  

Jaderson Costa  

Rodrigo Grassi de Oliveira  

Christian Kristensen   

Maurício Reggiori  

Thiago Viola  

Felipe Meneguzzi  

  

LabTecnopuc IDEIA (Jorge Audy)  

Jorge Audy   

Saulo Bornhorst  

Rafael Prikladnicki  

Leandro Firme  

Denis Barbieri   

Eduardo Giugliani   

Ana Von Berger   

Filipe Viana  

Janete Urbanetto  

Flavia Fiorin 
  

             Idosos (Douglas)   

Douglas Sato  

Denise Machado   

Maria Helena da Silva Pitombeira Rigatto   

Moisés Evandro Bauer  

Iná da Silva dos Santos   

Ângelo José Gonçalves Bós  

Gisele Hansel  

Paula Engroff  
  

Impacto nas crianças (Magda)  

Magda Nunes  

Felipe Kalil  

Luís Eduardo Wearick  

Danielle Costa  

Gibsi Rocha  

Augusto Buchweitz  

Rodrigo Grassi  

Thiago Viola 
  

 Cérebro/Neuro (Mirna e Nathalia 

Mirna Portuguez  

Ricardo Soder  

Eduardo Leal-Conceição  

Nathalia Esper  

Zaquer Costa Ferro  

             Wyllians Borelli  

Daniel Marinowic  

Fabiano Ramos  

David Kerber 
  

             Startups (Flávia 

Flávia Fiorin  

Leandro Pompermaier  

Rafael Prikladnicki  

Carlos Klein   

Vivenciar novas experiências é sempre enriquecedor. Ter a oportunidade de conhecer realidades diferentes e, ao mesmo tempo, aprender e desenvolver habilidades é algo que não só valoriza o currículo como também muda visões de mundo e deixa marcas para toda a vida. Em janeiro deste ano, três doutorandos da Escola de Medicina puderam vivenciar um pouco disso. Durante intercâmbio realizado em Moçambique, na África, Mathias Kunde, Julia Monteiro de Oliveira e Paula Bastos atuaram na enfermaria do Hospital Central de Maputo (HCM).

De acordo com o professor Leonardo Araújo Pinto, coordenador do Núcleo de Pediatria da Escola, é importante que os alunos possam ter a experiência de conviver e trabalhar em locais de realidades diferentes. “O Brasil é um país rico em diversos cenários. Porém, quando vamos para longe, sempre existem rotinas de trabalho e costumes que são distintos, gerando aprendizado profissional e pessoal”, afirma.

Alguns dos problemas relacionados à saúde encontrados pelos doutorandos no país africano também se diferem daqueles com os quais estão mais acostumados a ver em seu dia a dia profissional. A desnutrição, que atinge 821 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), é um deles. “Este é um problema relevante em Moçambique e incomum no Sul do Brasil. Além disso, a elevada incidência de HIV e tuberculose em crianças também torna a realidade diferente, o que multiplica as possibilidades de auxílio e de aprendizado”, diz Pinto.

O professor ressalta que essa é uma cooperação tripla, que inclui a PUCRS; a Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), nos Estados Unidos; e o HCM, em Moçambique. “Tudo começou com a parceria com Christopher Buck, que é professor da Ucla, infecto pediatra e trabalha em um projeto de auxílio e ensino da universidade no HCM. Isso tem ajudado na possibilidade de intercâmbio com Moçambique e também com a Ucla”, conta Pinto. Alunos que tenham interesse em fazer intercâmbio no HCM podem entrar em contato pelo e-mail [email protected].

A vivência em Maputo

Um povo acolhedor, receptivo e sempre disposto a ajudar. Essa foi a descrição dos moçambicanos feita pelos doutorandos da Escola de Medicina que estiveram no país. Segundo Julia Monteiro, foi lindo ver a alegria deles, apesar de tantas dificuldades e privações. “Eles têm uma energia única, sorriso sincero e coração puro”, conta.

Para Mathias Kunde, passar um mês no HCM proporcionou uma vivência acadêmica engrandecedora. “Tive a oportunidade de acompanhar uma equipe médica que realiza atendimento voluntário em um orfanato que fica no interior de um dos bairros mais pobres de Maputo”, lembra. Todos os residentes têm histórias de vida associadas a extrema pobreza, doenças infecciosas (particularmente HIV), deficiências físicas e/ou metais, abandono e mendicidade. “Para mim, foi o momento mais marcante. Senti que tinha muito na vida”, afirma.

De acordo com Paula Bastos, a experiência de aprender na prática a rotina médica em pediatria em um hospital grande foi memorável. “Aprendi sobre outras doenças, que são raras no Brasil ou que, pelo menos, não existem na nossa região, como a Malária; e algumas que já são pouco incidentes no Brasil devido a avanços na saúde, como as síndromes de desnutrição infantil e a Aids em crianças, que é muito prevalente. Sem dúvidas me ajudou a crescer muito como profissional”, afirma.

Na mala, muito conhecimento e aprendizado

Para Mathias Kunde, o intercâmbio ampliou seus conhecimentos culturais. Volto para casa trazendo na mala a sensação de não só ter evoluído como estudante, mas também como humano”, afirma o doutorando.

Com uma grande parte da população de Moçambique em extrema pobreza, Paula trouxe consigo um melhor olhar sobre o aspecto social que está por trás de cada paciente. “Lá, muitos estão em situação precária, e isso, somado à cultura e alguns tabus existentes, contribui para o adoecimento ou para o curso que a doença vai tomar, que geralmente é uma progressão até que se procure assistência médica”, explica.

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Yolanda está em Porto Alegre desde abril de 2019 / Foto: arquivo pessoal

Para Julia, esse intercâmbio aumentou sua bagagem cultural e o conhecimento médico. Alguns detalhes curiosos e bem regionais também chamaram a atenção da estudante, como a forma de lidar com a doença para o povo moçambicano. “Muitos buscam os curandeiros antes de procurar o médico. Tive várias experiências memoráveis”, comenta.

O olhar de quem é de lá, aqui

A moçambicana Yolanda Monteiro fez o inverso dos três estudantes. Em abril de 2019, veio de Moçambique para Porto Alegre, onde realiza estágio na área de gastropediatria do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL). “Fui recebida muito bem. Os preceptores estão sempre dispostos a ensinar e nos guiar, e a relação e o trabalho com os residentes também é excelente. Esse período aqui no Brasil está sendo muito bom, conheci pessoas, fiz amizades, visitei lugares novos e aprendi um pouco da cultura do Rio Grande do Sul”, destaca. Yolanda retorna a Maputo na última semana de março.

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Foto: Gilson Oliveira

Fundamental para estabelecer relações entre indivíduos, a memória de reconhecimento social é um mecanismo que contribui para a formação e o funcionamento de grupos sociais, essenciais para a organização da sociedade. Através da interação entre os pares, espécies como seres humanos e roedores desenvolvem comportamentos sociais ligados à adaptação e à sobrevivência.

Assim como em outras formas de aprendizado, as informações sociais recentes passam por uma etapa de consolidação, sendo processadas por diversas regiões do cérebro, dentre elas, o córtex pré-frontal. Além de ser crucial para a memória de reconhecimento, essa região desempenha um papel importante em aspectos da cognição, da atenção e da tomada de decisão. Alterações no córtex pré-frontal se associam a doenças como a esquizofrenia e os transtornos do espectro do autismo, que cursam com prejuízo do funcionamento social.

Lançando luz sobre os mecanismos envolvidos na memória de reconhecimento social, uma pesquisa desenvolvida pelo estudante Lucas Marcondes, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da PUCRS, pode auxiliar no entendimento de doenças neuropsiquiátricas que se caracterizam pela disfunção das interações sociais. “Para compreendermos o processo dessas doenças, primeiro é preciso analisar como o processamento de informações sociais ocorre fisiologicamente, quando tudo está bem. Por isso, investigamos a formação e a consolidação da memória de reconhecimento social através do córtex pré-frontal medial dos roedores, que são uma espécie sociável, assim como os humanos”, destaca Marcondes.

O estudo teve a coordenação das pesquisadoras Jociane de Carvalho Myskiw e Cristiane Regina Guerino Furini, professoras da Escola de Medicina da PUCRS. A pesquisa também contou com auxílio dos colaboradores do Centro de Memória, vinculado ao InsCer. O estudo foi publicado na revista internacional Neurobiology of Learning and Memory.

Descobertas do presente para entender o futuro

Principal neurotransmissor excitatório do cérebro, o glutamato é responsável pela comunicação entre os neurônios no sistema nervoso central. Uma das mais importantes descobertas da pesquisa está relacionada ao tempo de ação dos receptores de glutamato no córtex pré-frontal. No estudo, foram analisados os receptores NMDA e AMPA/cainato. Os pesquisadores descobriram que ambos os receptores são necessários durante a consolidação inicial da memória, mas que, três horas após o aprendizado, apenas os receptores AMPA/cainato são requeridos, deixando de serem necessários após seis horas.

“Essa descoberta pode fazer com o sistema dessa memória seja visto de uma forma mais ampla. Pesquisas voltadas ao tratamento das doenças neuropsiquiátricas poderão, inclusive, ter como base esses resultados para o desenvolvimento de procedimentos mais efetivos em relação a essas patologias”, ressalta Cristiane Furini.

Marcondes ainda frisa que o estudo auxilia a abrir o caminho para entender a evolução das interações sociais. “A forma como nos relacionamos hoje é totalmente diferente do que era anos atrás. Atualmente, vivemos muitas interações a distância, por meios digitais, e a maneira como o cérebro processa esse tipo de informação pode ser diferente. Certamente é um campo que ainda tem muito para ser descoberto”, afirma.

Segundo a professora Cristiane, é preciso estar atento às mudanças nas relações para compreender se geram benefícios ou prejuízos. “Nas redes sociais, muitas vezes, temos a interação visual, mas o contato físico, a presença do outro, acaba sendo deixada de lado. Em um outro estudo com roedores, publicado no ano passado, descobrimos, por exemplo, que a presença de um companheiro é benéfica para a resposta do cérebro a uma memória de medo”, completa.

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Visitantes foram recebidos no Salão Nobre da reitoria / Foto: Camila Cunha

Na terça-feira, 3 de dezembro, a PUCRS recebeu uma comitiva do Xiangya Hospital, da China. O objetivo da visita foi a assinatura de um convênio de cooperação entre a Universidade e o hospital, que é filiado à Central South University, visando o desenvolvimento de um Centro de Cirurgia Metabólica no país asiático. Para isso, o professor da Escola de Medicina da PUCRS e diretor técnico e coordenador cirúrgico do Centro da Obesidade e Síndrome Metabólica (COM), do Hospital São Lucas da PUCRS (HSL), Claudio Mottin, foi nomeado professor convidado na instituição chinesa.

Os visitantes foram recebidos no Salão Nobre da reitoria pelo reitor Ir. Evilázio Teixeira, que lembrou que a cooperação entre PUCRS e China se iniciou ainda em 2005, quando 43 estudantes do país vieram aprender português e comunicação na Universidade, onde ficaram por dois anos. Para o reitor, a assinatura desse convênio entre as instituições envolve, além da questão da cirurgia bariátrica, inovação (principalmente na área da saúde) e pesquisa.

O Xiangya Hospital tem mais de 100 anos de história e mais de 3 mil leitos de internação, sendo referência na China e conceituado no que diz respeito ao ensino de medicina. Segundo o seu diretor, Liu Weidong, essa parceria irá acrescentar ainda mais à Central South University. Ele também destacou a importância de poder formar cirurgiões nessa área no país e do intercâmbio entre alunos que o convênio irá possibilitar.

O professor Mottin disse estar grato com o convite e salientou que, em pouco tempo, a visita da comitiva chinesa abriu portas importantes para a pesquisa, destacando o compartilhamento de conhecimentos. Para o vice-reitor e diretor do Instituto do Cérebro (InsCer),  Jaderson Costa da Costa, essa parceria fortalece, principalmente, dois pilares: o acadêmico e o de desenvolvimento e negócios, considerando os altos investimentos da China em tecnologia e saúde. “Acredito que o BioHub e o Tecnopuc se encaixam muito bem nesse aspecto, assim como o InsCer”, comentou.

Conforme o diretor geral do HSL, Leandro Batista Firme, essa é uma grande oportunidade para trocas e inovação. “A parceria entre o Brasil e a China, estabelecida entre duas grandes instituições, fortalecerá o potencial técnico e humano, reforçando a representatividade do Hospital São Lucas, diante do cenário nacional e internacional na área da saúde. A integração de expertises possibilitará o compartilhamento de boas práticas entre as equipes técnicas e os hospitais”, declarou.

Antes da assinatura da parceria, Ir. Evilázio agradeceu a visita e ressaltou a importância dessa colaboração. “Para nós, mais importante que o convênio é que efetivamente possamos construir projetos juntos”, concluiu o reitor. Esse é o segundo convênio que a PUCRS assina com instituições de ensino da China, sendo o primeiro deles com a Universidade de Macau.

Além de Weidong, realizaram a visita os integrantes do Victor Medical Instruments Aileen Li, Karen Kang, Shihua Jiang e Paul Cantanhede. O diretor geral do HSL, Leandro Batista Firme; o coordenador de projetos do Biohub, Carlos Klein; e a coordenadora executiva do Escritório de Cooperação Internacional da PUCRS, Carla Cassol, também participaram da cerimônia.

Confira fotos da visita: