Manter uma rotina de sono nas férias é importante não só para as crianças mas também para os adultos. / Foto: Pexels

Durante os primeiros meses do ano, é comum que estudantes tentem aproveitar ao máximo o tempo de lazer antes do ano letivo começar. De folga da rotina escolar, eles acabam passando mais tempo acordados e virando a noite para assistir a filmes ou jogar videogame, por exemplo. No entanto, manter uma rotina de sono nas férias é importante e traz benefícios não apenas para crianças e adolescentes, mas também para os pais 

É preciso ficar alerta: segundo especialistas, a falta de uma rotina regular de sono pode atrapalhar o desenvolvimento dos estudantes. Segundo Magda Nunes, médica neurologista infantil do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer) e professora da Escola de Medicina da PUCRS, o sono é um ciclo biológico que funciona num padrão de 24 horas e o ideal é seguir esse padrão para evitar alterações no nosso organismo.  

“Como não temos os marcadores de levantar, ir à escola e fazer as atividades, as crianças e os adolescentes acabam dormindo mais tarde e também acordando mais tarde. Então o que se recomenda é que, pelo menos uma ou duas semanas antes do final das férias, já se comece a tentar voltar ao normal, ao ritmo de sono e horários de acordar e de dormir durante a semana.”  

Além de um mau desenvolvimento, um sono irregular pode causar alterações nas funções do organismo, o que pode acarretar um mau funcionamento de hormônios relacionados a questões metabólicas, como o hormônio da fome e o da saciedade. Uma má qualidade do sono também pode levar a sintomas perceptíveis em crianças e adolescentes, como alterações de humor, irritabilidade e desatenção.  

Como retomar a rotina de sono? 

A professora Magda Nunes ressalta que é importante cuidar para que a alimentação não seja muito pesada à noite para não atrapalhar a rotina de sono. / Foto: Bruno Todeschini

Para estabelecer e manter uma boa rotina de sono, é importante seguir alguns passos. De acordo com Magda, a chamada “higiene do sono” começa já na alimentação. “O ideal é evitar alimentos gordurosos e muito pesados durante a noite. Também é importante evitar bebidas com cafeína, como alguns chás, achocolatados e refrigerantes.”  

Além da alimentação, é importante começar a preparar o ambiente para o descanso após o jantar, diminuindo as luzes e ruídos externos. Fatores como um quarto limpo, arejado, em uma boa temperatura – nem frio demais nem quente demais, e uma cama bem-organizada também fazem parte desse processo. Para crianças e especialmente adolescentes, o uso das telas acaba sendo o grande “vilão” de uma noite mal dormida.  

“Quando falamos de telas, falamos de celular, televisão e computador. O recomendado é que, para crianças pequenas, esse uso de telas seja limitado durante o dia e que, durante a noite, os pequenos fiquem no mínimo duas horas longe das telas antes da hora de ir para a cama. Já para adolescentes, esse período tem que ser pelo menos de meia hora antes do horário do sono”, finaliza a professora.  

Qual a quantidade de sono ideal para cada faixa etária?  

Além de estabelecer a rotina também nas férias, pais e responsáveis precisam estar atentos ao tempo de sono de cada criança e adolescente. A recomendação da Cartilha da Semana do Sono 2020, que segue as orientações da organização internacional National Sleep Foundation, varia conforme a idade. Para os mais novos, entre 3 e 5 anos, o recomendado é de 10 a 13 horas de sono. Dos 6 aos 13 anos, a média já diminui – a indicação é de 9 a 11 horas de sono. Para os adolescentes entre 14 e 17 anos, a orientação é dormir entre 8 e 10 horas. 

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A natação é considerada um dos exercícios mais completos por movimentar bastante o corpo. / Foto: Gilson Oliveira

Cuidar da saúde é uma das metas mais citadas no começo de um novo ano. No entanto, priorizar o bem-estar físico e mental deve ser uma prática mantida ao longo de todos os meses. Mudar pequenos hábitos e adotar alguns cuidados pode ser um caminho para se manter saudável. 

O médico cardiologista Mário Wiehe, professor da Escola de Medicina da PUCRS, reuniu sugestões para auxiliar no cuidado com a saúde. Confira: 

1. Cuide do seu IMC

Manter o peso compatível com a sua altura, ou seja, não ultrapassar o Índice de Massa Corporal (IMC) de 27, previne várias doenças crônicas de elevada prevalência, como a diabetes, e a morbimortalidade associada com estes fatores de risco. Para calcular o IMC é preciso dividir seu peso (em quilos) pela sua altura (em metros) ao quadrado, ou seja: IMC = Peso ÷ (Altura × Altura). Caso o resultado for acima de 27, o indicado é procurar o acompanhamento médico de um especialista.

2. Alimente-se bem

Ter uma alimentação saudável é essencial para a saúde. Uma dica básica é reduzir a ingestão de produtos industrializados e conservados em sais de sódio, além de evitar ou reduzir a adição de sal (cloreto de sódio) aos alimentos. Saiba como se alimentar de forma saudável.

3. Faça exercícios

Mantenha ou comece a praticar atividades físicas aeróbicas por, pelo menos, 150 minutos por semana – ou seja, 3 sessões da 50 minutos. Exercícios em academia, funcionais ou resistidos (musculação) são complementos necessários para melhorar a autonomia, força muscular e a autoestima.  

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4. Procure reduzir ou eliminar maus hábitos

Entre as mudanças de hábitos de vida, a cessação do tabagismo tem lugar de destaque, reduzindo o risco de infarto, enfisema pulmonar, bronquite crônica e vários tipos de câncer, especialmente de pulmão, bexiga, laringe e esôfago. Evitar uso abusivo de bebidas alcoólicas, energéticos e refrigerantes também é benéfico para a saúde.

5. Pratique atividades que lhe proporcionem bem-estar

Iniciar ou manter atividades artísticas, hobbies, esportes coletivos e viagens de turismo geram bem-estar e contribuem para a saúde mental. Ter contato (mesmo que virtual) com amigos e desfrutar de momentos de lazer também são atividades que geram prazer e devem ter espaço na nossa rotina. Lembre-se de que o trabalho é importante em nossas vidas, mas em excesso pode desencadear doenças físicas e transtornos emocionais. Uma atividade que tem como objetivo promover momentos de relaxamento, bem-estar e conexão consigo mesmo é a meditação. Se essa prática ainda não está inserida no seu dia a dia, saiba como começar a meditar. 

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É preciso utilizar protetor solar todos os dias. / Foto: Envato

Desde a sua criação, em 2014, o Dezembro Laranja, fundado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), aproveita a chegada do verão para lembrar a comunidade da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele. Com o lema “Seu Sol, sua pele e sua proteção. Cada um com a sua prevenção”, a campanha deste ano busca alertar para a necessidade de cuidados permanentes de prevenção, seja nos momentos de lazer (na praia, nos parques, entre outros), mas também durante a rotina diária, como no deslocamento e no trabalho.   

A dermatologista e professora da Escola de Medicina da PUCRS Vanessa Cunha explica que, o Dezembro Laranja também coloca no centro dos debates os/as trabalhadores/as urbanos e rurais diariamente expostos aos raios solares em virtude de sua profissão.  

“Às vezes as pessoas acham que só precisam usar o filtro solar quando vão realmente se expor, seja em atividade física ou na beira da praia, mas a verdade é que o dano solar é cumulativo e todo sol conta”, enfatiza.  

A Dermatologista do Hospital São Lucas da PUCRS Giovana Fernsterseifer pontua que o uso do filtro solar é diário e independente da previsão do tempo, mesmo em dias nublados ou chuvosos. Por isso, é importante lembrar que o protetor solar é a principal medida de prevenção ao câncer de pele.  

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Você conhece a diferença entre melanomas e carcinomas?  

Existem dois tipos de câncer de pele, o melanoma e o carcinoma (também conhecido como não-melanoma). O melanoma é o menos frequente e, apesar de ter o pior prognóstico, tem chances de cura de mais de 90%, quando detectado precocemente. Ele acontece sobre os sinais acastanhados ou enegrecidos da pele, aquelas “pintas pretas”. Uma pinta preta pode já nascer como melanoma, assim como um sinal que a pessoa tinha previamente pode desenvolver o câncer. Já o carcinoma se divide em dois: basocelular e espinocelular.    

“Os carcinomas possuem maior associação com o raio ultravioleta A – aquela que é constante, desde que o sol nasce até se pôr. Este é o câncer de quem trabalha o dia inteiro exposto ao sol, como os agricultores. Também está associado ao sol voluntário, de exposição de praia, piscina e lazer pelo acúmulo dessa radiação no organismo”, explica Vanessa.   

A radiação ultravioleta B é aquela que deixa a pele vermelha, com o seu pico de intensidade ao meio-dia, e está associada ao melanoma. Ele é considerado o mais perigoso do corpo humano pois uma pequena lesão já pode ocasionar metástase (espalhar para todo o corpo) e a pessoa pode evoluir para óbito de forma rápida. A professora pontua que existe preocupação para orientar as pessoas a observarem sinais novos, pontos que mudaram de cor ou já nasceram diferentes – pontudos ou que sangram.  

Quem deve se preocupar com o câncer de pele?

Existem dois tipos de câncer de pele, o melanoma e o carcinoma. / Foto: Envato

Esta deve ser uma preocupação coletiva, não somente durante o Dezembro Laranja ou o verão. Assim, além de manter o uso do protetor solar nas expostas (30 minutos antes de pegar sol), é preciso estar consciente dos piores horários para se expor – dentro das possibilidades de rotina de cada um. De forma geral, a radiação é mais intensa das 10h até as 16h.   

“Uma evidência científica é que o câncer de pele é associado à exposição solar ocorrida até os 18 anos. Por isso, é importante observar a quantidade de sinais pretos. Na infância, a pele é fina e mais suscetível a ação do sol, por isso é importante evitar que bebês, crianças e adolescentes fiquem muito tempo no sol”, comenta a professora da Escola de Medicina 

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Diagnóstico  

A oncologista cutânea Giovana recomenda que as pessoas fiquem atentas às alterações da própria pele, façam um autoexame, observem seus sinais e, percebendo qualquer sinal de alerta (mudança do aspecto de pintas que já existem, sinais novos, bordas irregulares, mudança de cor, sangramento e ferida que não cicatriza), busquem um especialista.   

“Todos esses são sinais de alerta. Nestes casos, o paciente deve procurar o médico dermatologista. Para quem tem acesso, também é recomendado o exame anual, para que toda a pele seja olhada e os sinais revisados”.  

Tecnologia aliada à saúde  

A Escola de Medicina tem como diferencial o FotoFinder, um aparelho que faz o mapeamento digital dos sinais e pintas, aliando a tecnologia ao acompanhamento próximo dos especialistas.  

“Esses aparelhos fazem fotografias para o mapeamento e, quando a pessoa retorna, é feito um novo rastreio e com a grafia das lesões. O FotoFinder consegue identificar quais mudanças aconteceram, se são significativas e se algum sinal precisa ser retirado”, explica a professora Vanessa.  

Já o Hospital São Lucas possui dermatologistas especializados na área de oncologia cutânea (câncer de pele) e além do exame clínico da pele, também oferece a dermatoscopia.   

“Existe uma luz polarizada e toda uma técnica que, através deste exame, a gente consegue detectar alterações nos sinais que aumentam a suspeição e fazer o diagnóstico de uma forma precoce. Assim como os outros cânceres, faz diferença no prognóstico e aumenta as chances de cura”, pontua Giovana.  

Estude Medicina na PUCRS 

 A Escola de Medicina da PUCRS prepara os/as alunos/as com uma formação alinhada a conceitos contemporâneos de saúde, para além do conhecimento técnico para um diagnóstico certeiro. O curso prepara para lidar com as mais variadas situações do dia a dia da profissão, compreendendo as necessidades e individualidades de cada um, exercitando as relações interpessoais nos mais diversos âmbitos.  

Os/as futuros/as médicos/as são capacitados/as com conhecimentos multidisciplinares na área de Inovação em Saúde e Trabalho Integrado em Saúde. As áreas de atuação ao terminar o curso são muitas: hospitais, clínicas médicas, unidades básicas de saúde, unidades de pronto-atendimento ou emergências, laboratórios, indústrias farmacêuticas, universidades, entre outras.  

Conheça a Escola de Medicina da PUCRS

Agosto é o mês mundial do incentivo ao aleitamento materno/ Foto: Giordano Toldo

Essencial para a sobrevivência, a nutrição e o desenvolvimento nos primeiros meses de vida e no início da infância, o leite materno é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “alimento de ouro” para os bebês. Para conscientizar a população sobre a importância da amamentação, o Agosto Dourado marca a campanha mundial de incentivo ao aleitamento materno. Estabelecida em 1992 pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) é promovida em mais de 120 países entre os dias 1º e 7 de agosto, sendo o principal movimento em defesa do aleitamento.  

Mas, afinal, por que a prática do aleitamento é tão essencial? Caroline Abud é nutricionista materno infantil, pesquisadora e professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e da Escola de Medicina, e afirma que além da questão da saúde, a amamentação também traz benefícios psicológicos e de qualidade de vida. “A amamentação é uma das formas de estabelecimento de vínculo entre mãe e bebê”. 

Amamentação traz benefícios além da saúde 

A amamentação possui inúmeros benefícios para a saúde da criança como um todo. Caroline explica que o leite humano é um alimento completo e personalizado em termos de nutrientes, o que proporciona o adequado crescimento e desenvolvimento do bebê.  

“Há evidências associando a exposição ao leite humano (quanto mais prolongada, melhor) à prevenção de sobrepeso, obesidade e diabetes tipo II ao longo da vida, maior potencial intelectual, menos chances de má oclusão dental e até mesmo redução de mortalidade e morbidade no recém-nascido e lactante. Para as mães, os achados dos estudos consideram a prática como forma de prevenção de câncer de mama e ovário e contribuição para controle de natalidade”, pontua. 

O leite materno possui nutrientes específicos necessários para os bebês, que não podem ser nem mesmo replicados em formulações artificiais. Os principais componentes desse leite são carboidratos, proteínas, lipídeos (gorduras), vitaminas, minerais, compostos imunológicos e componentes que favorecem a melhor colonização de bactérias para o intestino. Todos esses componentes se fazem presentes no leite em proporções exatas, que variam conforme as etapas da vida da criança. Caroline destaca, inclusive, que uma dieta saudável por parte da mãe pode contribuir significativamente para a qualidade do leite. 

Fatores significativos contribuem para o desmame 

Falta de informação adequada e a ausência de uma rede de apoio contribuem para o desmame precoce/ Foto: Giordano Toldo

A nutricionista alerta que o desmame precoce, ou seja, quando as mães deixam de amamentar seus filhos, pode ser um fator de risco para alterações de saúde, crescimento e desenvolvimento da criança. Além disso, a alimentação do bebê em caso de desmame também é um fator determinante, com alguns aspectos a serem considerados, como a exposição precoce ao leite de vaca (antes dos 12 meses), alimentos ultraprocessados e açúcar (24 meses). Além disso, também é importante considerar os fatores socioeconômicos e de informação envolvidos. 

Apesar de tudo isso, Caroline deixa um alerta: 

“É importante olhar para essa questão com empatia, e que estes dados não levem as mães que não amamentaram por algum motivo a se sentirem menos mães ou como algum tipo de fracasso.” 

Caroline também destaca os principais motivos que levam mães a não amamentarem seus filhos. Um deles, que acaba permeando todos os outros, é a ausência de uma rede de apoio – que deve ser composta pela sociedade como um todo: familiares, amigos, profissionais de saúde, empresas. A pouca acolhida para com a mãe pode dificultar a produção de ocitocina, hormônio relacionado à ejeção de leite e que está ligado às emoções. 

Outro fator que pode contribuir é falta de informação assertiva em diferentes momentos (gestação, pós-parto imediato e ao longo do tempo de amamentação). Além disso, também há a questão de orientações inadequadas quanto ao início da alimentação complementar, que deve iniciar após os seis meses de vida, e também quanto ao manejo de intercorrências, como ganho de peso, problemas de pega, fissuras nas mamas. “Muitos profissionais acabam iniciando complementos de forma precoce, o que pode contribuir para menor produção de leite”, explica a pesquisadora. 

Há ainda a ação das indústrias alimentícias, que contribui para esse desmame. 

Em casos onde a mãe não pode amamentar diretamente, o bebê pode receber o leite ordenhado ou doado/ Foto: Giordano Toldo

“A indústria de fórmulas infantis, a propaganda abusiva de produtos alimentícios e dispositivos que podem favorecer ao desmame (bicos e mamadeiras por exemplo). Para isso temos normativas de controlam alguns aspectos relacionados a indústria e o quanto se atingem os vulneráveis (pais e crianças na primeira infância)”, pontua Caroline. 

A separação do binômio mãe/bebê, em casos de um nascimento prematuro, por exemplo, também pode ser um fator determinante. “Neste caso, assim que o bebê pode ser alimentado (muitas vezes não diretamente ao seio materno), ele pode receber o leite da mãe ordenhado, ou ainda, doado. Para esse processo existem os bancos de leite humano”, explica a docente. 

Entre as situações específicas que impedem que a mãe amamente seu bebê estão a presença do vírus HIV e HTLV, galactosemia (erro inato do metabolismo) e o uso de algumas medicações e drogas ilícitas. Nesses casos, é sempre importante consultar um médico para fazer as avaliações necessárias. 

Escola de Ciências da Saúde e da Vida promove evento em homenagem ao Agosto Dourado 

A Escola de Ciências da Saúde e da Vida promove, no dia 23 de agosto, o IV Encontro PUCRS em Homenagem ao Agosto Dourado. O evento, que acontece no auditório 202 do prédio 40, tem por objetivo compartilhar informação e conhecimento, além de proporcionar discussões relacionadas à importância do leite materno e prática da amamentação. Você pode encontrar mais informações sobre e o encontro e fazer sua inscrição aqui. 

A professora Caroline coordena o evento, que é realizado anualmente em apoio à Semana Mundial do Aleitamento Materno, e convida todos os alunos, profissionais e comunidade a participarem. 

Entendemos como nossa responsabilidade, enquanto universidade, promover a prática, por meio desta e outras ações de incentivo. Entendemos que quem participa carrega alguma informação importante a ser multiplicada, contribuindo assim para a formação da rede de apoio que queremos.”  

Colaboração da PUCRS com instituições de Moçambique e dos EUA promovem formação internacionalizada aos estudantes/ Foto: Divulgação

Entre as várias experiências que ajudam a compor a formação acadêmica de um estudante, a internacionalização é uma das mais enriquecedoras: além do contato com uma cultura e idioma estrangeiros, há o benefício do contato com a área de conhecimento/atuação do aluno em outro país, em um contexto social, cultural e econômico diferente. Essa é a proposta da Escola de Medicina da PUCRS, que possui um programa de colaboração internacional com duas instituições no exterior: o Hospital Central de Maputo, em Moçambique, e a Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos. O objetivo da iniciativa, que existe desde 2017, é fortalecer a formação humanizada dos estudantes, ampliar sua visão sobre os sistemas de saúde e promover a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais de diferentes países. 

Além dos benefícios para os alunos, a proposta é de melhorar, juntamente com a formação médica, as condições de saúde pública em locais extremamente necessitados. O decano da Escola, Leonardo Araújo Pinto, destaca a relevância do impacto social de iniciativas como essa: 

“Os estudantes têm a oportunidade de vivenciar desafios da saúde em contextos distintos, contribuindo para uma compreensão mais ampla das necessidades e realidades em diferentes países. Esses intercâmbios também trazem benefícios para a assistência médica local, ao trazerem perspectivas e conhecimentos internacionais que podem contribuir para a melhoria dos serviços de saúde oferecidos à população”, pontua. 

Como funciona o projeto 

As inscrições para o programa de colaboração internacional são realizadas por meio de editais internos. Os alunos/as da Escola de Medicina que desejarem participar devem estar cursando entre o 4º e o 6º ano da graduação, além de terem que passar pelos seguintes critérios de seleção: classificação por Coeficiente de Rendimento, avaliação do Currículo Lattes e uma entrevista. 

Os estudantes podem escolher o destino que desejarem, o intercâmbio na Califórnia ou em Moçambique – há um processo distinto para cada um dos dois. “Isso permite que os estudantes personalizem sua experiência de intercâmbio de acordo com seus interesses, objetivos e preferências individuais”, acrescenta Leonardo.  

Ao chegarem ao destino escolhido, são recepcionados pelo setor de internacionalização da PUCRS, onde são apresentados aos aspectos da cultura local e às oportunidades disponíveis na instituição em que atuarão. Então, são recebidos por um professor que irá orientá-los na prática observacional assistida.  

Estudantes brasileiros têm muito a aprender com a medicina dos Estados Unidos e de Moçambique/ Foto: Divulgação

Trocas internacionais de vivências e conhecimentos

Sendo Estados Unidos e Moçambique países tão distintos em aspectos culturais e socioeconômicos, não seria diferente com relação à Medicina. Tanto em termos de exercício da profissão quanto de sistemas de saúde, ambas as nações têm muito a ensinar aos estudantes da PUCRS. 

Os Estados Unidos são conhecidos pela adoção de tecnologias médicas avançadas, o que proporciona aos alunos um aprendizado sobre o impacto dessas inovações na prática clínica. Além disso, o sistema de saúde americano enfatiza a importância da abordagem no paciente, envolvendo-o na tomada de decisões e promovendo a medicina personalizada. Isso ensina aos estudantes sobre a importância da comunicação efetiva e do respeito às preferências e necessidades individuais dos pacientes. Há ainda o fato de que os EUA são líderes em pesquisa médica e desenvolvimento de tratamentos inovadores. “Os estudantes podem aprender sobre a condução de pesquisas clínicas de alta qualidade e como aplicar descobertas científicas na prática médica”, diz o decano. 

Moçambique representa um aprendizado relacionado a desafios. 

“O país enfrenta desafios relacionados a recursos limitados, infraestrutura e acesso a cuidados de saúde. Os estudantes podem aprender sobre como os profissionais médicos lidam com essas limitações e desenvolvem soluções criativas para fornecer cuidados adequados em ambientes com recursos limitados”, explica Leonardo. 

Outro aspecto importante é a valorização da medicina comunitária no país e a importância dada ao atendimento das necessidades de saúde da população local. Medicina preventiva, educação em saúde e engajamento comunitário estão entre os fatores que muito podem acrescentar aos estudantes em termos de aprendizagem. Além disso, Moçambique enfrenta desafios relacionados à saúde pública em geral, como doenças infecciosas e acesso limitado a serviços básicos de saúde. Nesse contexto, os estudantes podem aprender sobre estratégias de saúde pública, como vacinação em massa, controle de doenças endêmicas e programas de promoção da saúde. 

Se os estudantes da PUCRS podem aprender com a medicina americana e moçambicana, a recíproca é verdadeira: os alunos destes países também têm muito a aprender com a medicina brasileira. O principal ensinamento, talvez seja relacionado ao nosso sistema de saúde universal, mais conhecido como Sistema Único de Saúde (SUS). Os alunos estrangeiros têm a chance de aprender sobre os desafios da organização e implementação de um serviço de saúde que seja acessível a todos os cidadãos. 

Há outros aspectos que se destacam na medicina do nosso País. O Brasil é lar de uma série de doenças tropicais, como dengue, malária e febre amarela. A chamada medicina tropical, focada no diagnóstico, prevenção, tratamento e gestão dessas enfermidades, constitui importante aprendizado para os estudantes estrangeiros.  

Muitos aspectos da medicina brasileira são exemplo no exterior/ Foto: Divulgação

A integração entre a medicina tradicional e complementar também é uma longa tradição no Brasil – com a união entre a medicina indígena e a medicina popular, por exemplo. O professor explica que os alunos de Moçambique e dos EUA podem aprender ainda sobre a importância, benefícios e limitações da integração dessas práticas com a medicina moderna. 

Outro ramo da medicina que coloca o Brasil em destaque é o da cirurgia plástica. Nosso País é reconhecido internacionalmente por sua expertise em cirurgia plástica e estética. “Alunos e alunas podem aprender sobre as técnicas e abordagens utilizadas nessa área, bem como sobre a ética e os aspectos psicológicos envolvidos”, ressalta o decano. 

Leonardo frisa, por fim, a forte cultura de pesquisa do Brasil:  

O Brasil possui uma comunidade científica ativa e produtiva, com contribuições significativas em várias áreas da medicina. Os estudantes podem aprender sobre a importância da pesquisa científica, como desenvolver projetos de pesquisa e como aplicar os resultados na prática clínica.” 

Internacionalização é apenas um dos diferenciais da PUCRS 

O projeto de internacionalização traz uma série de benefícios para a carreira médica: experiências clínicas diversificadas, aprendizado multicultural, desenvolvimento pessoal e profissional, pesquisa e colaboração internacional e ampliação da rede profissional. Além de tudo isso, a Escola de Medicina da PUCRS possui uma série de outros diferenciais que contribuem para uma formação integral e multidisciplinar de seus estudantes: 

A estudante Laura Fillmann, da Escola de Medicina, passou três semanas em Los Angeles, atuando em dois estágios diferentes/ Foto: Arquivo pessoal

A aluna Laura Fillmann, realizou dois estágios durante as três semanas que passou nos Estados Unidos: o primeiro foi no centro obstétrico do hospital Cedars-Sinai, em Beverly Hills; o segundo foi com a equipe de cirurgia colorretal no hospital Ronald Regan, no campus da UCLA em Westwood. Ela afirma ter tido uma ótima experiência, destacando a oportunidade de atuar em excelentes hospitais e ver de perto o sistema de saúde americano. 

“Tive a oportunidade de ver coisas que aqui no Brasil eu não teria tanto acesso, como inúmeras cirurgias robóticas: hemicolectomia, retossigmoidectomia, amputação abdominoperineal, herniorrafia inguinal, gastrectomia. Também gostei muito de comparar as práticas estadunidenses com as que havia presenciado aqui no Brasil, às vezes chegando inclusive à conclusão de que fazemos certas coisas melhor! Outro ponto a destacar do estágio foi a universidade em si, fiquei muito impressionada com o campus da UCLA. Os prédios são lindos e a biblioteca parecia ter saído de um filme”, relata a estudante. 

Laura conta que um dos maiores desafios de adaptação para ela foi a questão das diferenças culturais – mas que pode contornar isso observando as ações de seus colegas da UCLA. “Percebia que existiam certos costumes em relação às práticas no hospital que eram diferentes das exigidas aos estudantes de medicina aqui no Brasil”. Segundo ela, os estudantes de lá recebiam uma exigência maior, além de ser um ambiente mais rígido e competitivo. 

Apesar disso, Laura exalta os aprendizados e boas experiências. 

“Tive a oportunidade der ver muitas coisas, considerando que eram dias longos e movimentados, com um grande volume de pacientes. Sempre que voltamos de um lugar tão prestigiado e competitivo, temos a nossa motivação renovada para estudar e nos dedicar ainda mais. Foi uma ótima experiência no geral, apesar de não isenta de dificuldades. Acho que muito mais do que a medicina em si, fui exposta a várias coisas fora da minha zona de conforto, que exigiram certas habilidades que eu percebi que não tenho, mas que me permitiu crescer como estudante e como pessoa”, pontua. 

Augusto Bressanim, participou do programa de colaboração internacional e visitou Maputo e Los Angeles/ Foto: Arquivo pessoal

Ao final de seis anos de curso, o aluno Augusto Bressanim, que participou do programa e visitou os dois países, afirma que foi a experiência mais transformadora de sua vida acadêmica. Em Moçambique, ele acompanhou o trabalho do Dr. Christopher Buck, pediatra americano que há mais de 10 anos trabalha junto ao governo moçambicano na criação de protocolos e estratégias em saúde pública. 

“Pude notar que o heroico trabalho do Dr. Chris mudou o rumo da vida muitas crianças por todo o país ao longo dos últimos anos. Quando voltei para o Brasil, percebi que a história dele, as crianças que acompanhei e a calorosa recepção por parte dos alunos, residentes e professores me ajudaram a encontrar o meu caminho na medicina: fazer pediatria, ajudar populações carentes e caso algum dia tiver a oportunidade, trabalhar com Global Health também”, conta Augusto. 

Sua estadia em Los Angeles também foi de muito aprendizado e novas amizades, além da honra por ter sido ensinado pela excelente equipe de professores da UCLA. 

“Durante meus quase três meses na UCLA, pude atender crianças de diversas origens, inclusive descendentes de brasileiros. Procurei fazer o meu melhor para contribuir com o andamento dos serviços de pediatria que me receberam e para ajudar os pequenos pacientes que ainda têm um longo futuro pela frente. Voltei com saudade e extremamente grato pelo suporte das pessoas que conheci. Trouxe também um sonho de continuar minha formação médica em território americano.” 

Augusto diz que educação de qualidade sempre foi uma prioridade em sua carreira – por essa razão ele escolheu a PUCRS, onde ele pode trabalhar com pesquisa, publicar artigos, escrever capítulos de livros, ministrar monitorias, realizar trabalho voluntário e participar de estágios internacionais. 

“Hoje vejo que essas valiosas experiências moldaram minha forma de pensar e meu futuro como médico. Atualmente sigo estudando com o objetivo de revalidar meu diploma e fazer residência médica em pediatria nos EUA e assim, continuar contribuindo com essa importante ponte que existe entre a PUCRS, UCLA e Moçambique”, conclui. 

Estude Medicina na PUCRS

espaço cuidar

Foi inaugurado o Espaço Cuidar, ambulatório do Hospital São Lucas destinado ao atendimento de colaboradores/ Foto: Divulgação | HSL

Já está em funcionamento no Hospital São Lucas da PUCRS (HSL) o Espaço Cuidar, um ambulatório que oferece atendimento com consultas e exames a preços diferenciados para colaboradores e estagiários/as da Universidade, do HSL, do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul e do Parque Esportivo. O objetivo é possibilitar um campo de prática para estudantes da área da Saúde com foco na humanização e a oferta de cuidado integral aos pacientes, integrantes da comunidade universitária.  

A iniciativa que começou com a atuação do hospital e de docentes e estudantes de graduação da Escola de Medicina, no segundo semestre deve contar também com o reforço de estudantes de graduação e da residência multiprofissional da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Com avaliação multidisciplinar, o Espaço Cuidar está localizado no 3º andar do HSL, no conjunto 317, e conta com ambulatórios de clínica geral, doenças renais, hipertensão, doenças do coração, diabete, obesidade, tabagismo e doenças pulmonares. Os exames solicitados em consultas serão realizados no Laboratório Clínico e no Centro de Diagnóstico por Imagem da instituição. 

“O Espaço Cuidar do HSL será mais um benefício muito importante para os colegas da PUCRS, em especial para aqueles que precisam de um atendimento especializado e terão isso a passos de distância, no nosso hospital que é uma referência em saúde no Estado e no País. Contar com o atendimento de nossos estudantes de Medicina e a supervisão direta de médicos renomados será uma oportunidade também para cuidarmos da nossa saúde – cada vez mais – de maneira preventiva, pensando no futuro. Uma oportunidade para cuidarmos da nossa saúde e do nosso bem-estar, destaca Isabel Degrazia, gerente de Gestão de Pessoas da PUCRS.  

Para agendar consultas, interessados/as devem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 3320-3354, por meio do ramal 3354 ou presencialmente no Espaço Cuidar. O pagamento tanto das consultas quanto dos exames poderá ser feito por meio de PIX, cartão de débito e crédito e desconto em folha de pagamento (exclusivo para colaboradores). 

Integração entre ensino e a promoção da saúde 

Integração entre ensino e serviço possibilita o desenvolvimento da educação interprofissional/ Foto: Divulgação | HSL

De acordo com o decano da Escola de Medicina, Leonardo Araújo Pinto, a integração entre o ensino e a assistência irá proporcionar benefícios ao aprendizado em temas importantes como diabetes, hipertensão e tabagismo. “Além do benefício para colaboradores, é um espaço de ensino em que professores médicos prestam assistência aos colaboradores ao mesmo tempo que ensinam estudantes, uma prática importante para a formação de médicos clínicos gerais”, explica.  

Andrea Bandeira, decana da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, destaca que essa integração entre ensino e serviço é muito relevante para a promoção da saúde e cuidado integral de colaboradores, além de possibilitar o desenvolvimento da educação interprofissional por meio do encontro e compartilhamento das diferentes profissões da área da saúde. 

“Acreditamos que juntos poderemos qualificar muito a atenção a saúde dos colaboradores além de fortalecer o trabalho colaborativo na área da saúde e a educação interprofissional, pois à medida que os estudantes têm a oportunidade de compartilhar conhecimentos e construir projetos terapêuticos conjuntos, quem ganha com isso é o colaborador que recebe uma atenção à saúde integral e mais segura”, afirma.  

A estudante de Medicina, Carolina Boff Comiran, afirma que o novo espaço possibilita a prática para um atendimento de excelência. “Aqui os estudantes atendem sem a presença de residentes, mas com a supervisão dos professores, e eu acho que é muito importante, pois isso nos deixa mais preparados e experientes para atender nossos pacientes com a qualidade que eles merecem”, completa. 

Referências na área da Saúde 

O diretor geral do Hospital São Lucas, Saulo Mengarda, destaca que a iniciativa visa uma entrega de excelência com um olhar voltado à comunidade universitária: “Teremos o acompanhamento de excelentes profissionais da área, que são referências em seus campos de atuação e também para os estudantes que estarão aprendendo enquanto cuidam da saúde de quem atua no dia a dia do hospital e da Universidade”, ressalta. Confira alguns dos profissionais que já são referência no Espaço Cuidar:  

Daniele Escouto: doutora em Medicina e professora da Escola de Medicina. Realizou programa de Doutorado Sanduíche no King’s College London e desenvolve projetos de pesquisa com ênfase em doenças hipertensivas gestacionais e epidemiologia. 

Andres Ferrari: doutor em Medicina, Tecnologia e Intervenção em Cardiologia e coordenador da área de Estimulação Cardíaca do Laboratório de Eletrofisiologia do Serviço de Cardiologia do HSL. Possui residência médica em Emergência Clínica, especialização em Clínica Médica pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Clínica Médica e especialização em Cardiologia pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de Cardiologia. 

André Zanella: doutor em Endocrinologia e membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Contempla o corpo clínico do Serviço de Endocrinologia do HSL, atuando como preceptor no ambulatório de tireoide. 

Gustavo Chatkin: médico pneumologista, membro do Serviço de Pneumologia do HSL e habilitado pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia em Prevenção e Tratamento do Tabagismo. É coordenador do Módulo de Emergências Respiratórias do curso de Pós-graduação da Sociedade Brasileira de Pneumologia. 

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O reitor, Ir. Evilázio Teixeira, e seu relações institucionais, Solimar Amaro, em visita ao dr. Yukio Moriguchi e sua esposa, Lia Moriguchi/ Foto: Nicole Almeida Flores

Aos 97 anos, Yukio Moriguchi acumula um extenso legado de contribuições tanto à PUCRS quanto à Medicina na América Latina. Recentemente, o reitor da Universidade, Ir. Evilázio Teixeira, se encontrou com o médico e ex-professor, fundador do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, o IGG. A visita foi feita como forma de agradecimento neste ano em que a PUCRS completa 75 anos de existência. 

O professor Moriguchi deu contribuições grandiosas não apenas à PUCRS, mas à Medicina e à saúde no Brasil. Visitar alguém que no alto dos seus 97 anos é capaz de nos receber com alegria, saúde e de maneira acolhedora, é também uma maneira de ter mais esperança na vida e no futuro. A PUCRS completa 75 anos em 2023 e queremos ressaltar e agradecer às pessoas que contribuíram com essa história, ele é uma delas”, destacou.

Uma carreira memorável 

Considerado o pai da Geriatria, Moriguchi dedicou quase 60 anos de sua vida ao estudo da longevidade e do envelhecimento saudável. O docente, que lecionou na Escola de Medicina da PUCRS até 2015, quando se aposentou aos 89 anos, implantou aqui a primeira disciplina de geriatria em uma faculdade de medicina na América Latina. Em 27 de novembro de 1973, fundou o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) da PUCRS, que completa 50 anos em 2023.  

Entre as muitas atividades realizadas no Instituto, está a recente pesquisa Avaliação do Programa de Incentivo à Atividade Física Para Idosos (PIAFI), que visa investigar os fatores que podem contribuir para o envelhecimento saudável. “O trabalho de investigação científica motivado pelo Dr., que nestas cinco décadas inspirou centenas de pesquisadores da PUCRS na busca por descobertas capazes de promover o envelhecimento saudável, não apenas se justifica, mas é louvável”, acrescenta o Ir. Evilázio. 

Entre os feitos memoráveis do ex-professor, estão seu período como conselheiro médico do Papa Paulo VI, de 1964 a 1967; além do recebimento da Comenda de Serviço Médico Humanitário, entregue a ele pelo próprio Imperador do Japão, seu país natal. Quem destaca – e se orgulha – da trajetória de Yukio é sua filha, Cristina Moriguchi. Seguindo os passos do pai na saúde e no ensino, ela é professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Ela conta que, nos primeiros anos do IGG, o nome era apenas Instituto de Geriatria – o “Gerontologia” foi introduzido mais tarde – até porque o tema era pouco discutido na época. 

Yukio Moriguchi

O dr. Yukio Moriguchi atuou como docente na Escola de Medicina da PUCRS/ Foto: Bruno Todeschini

“O conceito de prevenção para um envelhecimento bem-sucedido foi sendo introduzido aos poucos, num trabalho de ‘formiguinha’, com aceitação de muitas pessoas, mas sob olhares céticos de outros”, relata ela.

As raízes japonesas permanecem 

A trajetória de Yukio Moriguchi não teve um começo fácil: sua infância foi marcada pelo falecimento precoce da mãe, além dos horrores da guerra. Mais tarde, já na Universidade de Keio, em Tóquio, onde se formou em Medicina, também auxiliou seus irmãos mais novos em suas formações profissionais. “Após se formar médico em Keio, fez o doutorado na mesma universidade com um período de doutorado “sanduíche”, como chamamos agora. Nesse período, em Milão, conheceu pessoas que tiveram grande significado para ele, tanto pessoal quanto profissionalmente”, conta Cristina. 

Depois de concluir seu doutorado, Yukio fez uma viagem ao Brasil, a fim de se encontrar com um egresso da Universidade de Keio, já que era uma tradição visitar alguém formado na mesma instituição. Esse egresso era ninguém menos do que o avô materno de Cristina.

“Foi lá que ele conheceu a minha mãe, que morava em São Paulo. Ela se formou em História Natural na USP e trabalhava no Instituto Oceanográfico. Ela o levou para conhecer a cidade no carro dela e, assim, tudo aconteceu”, narra a professora. 

Após se casarem em Tóquio, Yukio e a esposa, Lia, moraram no Japão por cerca de dez anos e, então, decidiram se mudar definitivamente para o Brasil. O plano deles era se radicarem em São Paulo, para poderem ficar junto dos pais de Lia. No entanto, o Dr. Moriguchi precisaria fazer a revalidação de seu diploma para poder exercer a medicina no Brasil, o que, na época, era oferecido apenas nas universidades de Recife e Porto Alegre.

Eles visitaram as duas cidades e, no fim, decidiram vir para Porto Alegre, onde planejavam passar quatro anos e depois voltar para São Paulo. Porém, decidiram ficar depois que o Ir. José Otão convidou o Dr. Yukio, ao final de sua revalidação, para criar uma disciplina de Geriatria no curso de Medicina da PUCRS. “Os planos de Deus e os nossos, às vezes, são diferentes. E só entendemos depois, muito tempo depois”, reflete Cristina. 

Para a docente, a origem japonesa e a época vivida pelo pai em sua terra natal influenciaram tanto sua vida pessoal quanto a profissional – sua filha o descreve como um homem sério, rígido e trabalhador. Sua personalidade, segundo ela, não agradava a todos.  

“O meu pai é uma pessoa muito espiritualizada, católico, e sentia que quando estava sozinho, ou estava estudando ou rezando. Eu mesma fui aluna dele na pós-graduação e, apesar das aulas muito boas, imaginava quantos colegas deviam achar estranho certas exigências e atitudes dele. Nesses momentos, via ali um choque de culturas e de gerações. Eu poderia entender, mas ou outros não. Agora, acho que ele teve muita coragem e obstinação. Tenho muito orgulho pelo seu feito”, conclui.

Aos 97 anos, Moriguchi esbanja saúde 

Yukio e Lia Moriguchi com a neta, Clara, e a empregada, Sayuri/ Foto: André Ávila | Agência RBS

Em seus ensinamentos, Moriguchi sempre apontou três aspectos como fundamentais para garantir uma vida longa. O primeiro é a alimentação saudável, que deve ser balanceada e não conter consumo excessivo de gordura, sal e açúcar. O segundo, o repouso – recomenda que o necessário para um descanso adequado são oito horas de sono por dia. Por fim, atividade física é fundamental, pelo menos uma hora por dia. 

O professor, aos 97 anos, segue à risca suas próprias recomendações, mantendo uma rotina regrada. Acorda todos os dias às 6h30, toma um copo de leite morno e sintoniza no canal da NHK para acompanhar as notícias do Japão, das 7h às 9h.

O café da manhã, que vem logo em seguida, costuma ser uma tigela de arroz, de natto (alimento tradicional japonês feito de soja fermentada) ou um sanduíche. No almoço, também tem o costume de consumir pratos típicos de sua terra natal. À noite, come apenas uma maçã ou uma pera – segundo ele, deve-se passar um pouco de fome à noite para que se possa comer bem pela manhã. No tempo livre, lê livros e jornal, enquanto sua esposa, Lia, faz palavras-cruzadas e sudoku. Vai dormir às 22h, mas já está na cama desde as 20h. 

Os exercícios físicos não ficam de fora de sua rotina: além de caminhadas diárias de uma hora pelo apartamento onde mora, ele e Lia fazem fisioterapia duas vezes por semana com a neta, Clara Takako Moriguchi, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em entrevista à GaúchaZH, ela diz que o objetivo do tratamento é manter a força e a funcionalidade dos avós.  

Yukio e Lia, apesar da idade, são muito independentes: preparam as refeições sozinhos e conseguem realizar sozinhos tarefas como lavar a louça e tomar banho – é o que diz Sayuri Maruyama, que trabalha com o casal desde 2013, também em entrevista à GaúchaZH. Além de tudo, os dois tomam apenas remédio para pressão e vitaminas, a fim de evitar problemas de saúde.  

Legado na Medicina é hereditário 

Clara e Cristina não são as únicas descendentes de Moriguchi a continuar seu legado e seguir carreira na área da saúde. O filho mais velho do professor, Emilio Moriguchi, seguiu à risca os passos do pai e é geriatra assim como ele. Ele e Cristina têm outros dois irmãos, Inácio e Vicente, porém ambos seguiram na área da engenharia. “O assunto ‘saúde’ era recorrente nas conversas diárias e, naturalmente, Emilio começou a se interessar pela Medicina. Eu, que gostava muito de Química e Biologia, na época não me via trabalhando como médica e escolhi ser farmacêutica”, relata a professora. 

Emilio Moriguchi, filho mais velho de Yukio, continua o legado do pai na Geriatria/ Foto: Júlio Cordeiro | Agência RBS

Formado em Medicina pela UFRGS, Emilio concluiu o doutorado em concentração em geriatria na Universidade de Tokai, no Japão – onde nasceu e morou até os dez anos. Hoje, ele é professor de Geriatria na UFRGS e também é chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Além disso, também é diretor do Instituto Moriguchi, que fica em Veranópolis. 

O Instituto Moriguchi surgiu a partir de uma missão da qual Emilio foi incumbido por seus mentores na época em que retornou de seu pós-doutorado em Geriatria em Fellowship, nos Estados Unidos, em 1994. A missão era encontrar o local de maior longevidade no Brasil a fim de pesquisar o que é necessário para um envelhecimento saudável. A partir de dados do IBGE, descobriu que o município mais longevo do país era Veranópolis, no interior do Rio Grande do Sul. Lá, juntamente com outros especialistas, desenvolveu vários trabalhos de pesquisa na área da Geriatria e, em 2018, o Projeto Veranópolis, com o ficou conhecido, ganhou o reconhecimento do Ministério da Saúde para que fosse construída uma sede para o Instituto Moriguchi. 

Emilio contou, também em entrevista à GaúchaZH que sua escolha pela Geriatria ocorreu de forma natural, quando estava se formando na faculdade. Na época fazia residência em medicina interna, e percebeu que muitos dos pacientes internados eram idosos em condições difíceis e doenças concomitantes.  

“Naquela época, seus ensinamentos ainda eram inovadores e desafiadores. Ele foi o fundador da geriatria preventiva no Brasil, e também nos países africanos de língua portuguesa, por meio de programa da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Foi ele quem lançou a ideia de que a geriatria não era só atender aos idosos doentes, mas também – e ainda mais – trabalhar com as pessoas desde jovens e educá-las para um envelhecimento com saúde e qualidade de vida.”    

Foto: Cottonbro Studio/Pexels

Durante os primeiros meses do ano, é comum que estudantes tentem aproveitar ao máximo o tempo de lazer antes do ano letivo começar. Ficando fora da rotina escolar, eles acabam passando mais tempo acordados e virando a noite para assistir filmes ou jogar videogame, por exemplo. No entanto, manter uma rotina de sono nas férias traz benefícios não apenas para crianças e adolescentes, mas também para os pais. 

É preciso ficar alerta: para especialistas, a falta de uma rotina regular de sono pode atrapalhar o desenvolvimento dos estudantes. Segundo a médica neurologista infantil do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer) e professora da Escola de Medicina da PUCRS Magda Nunes, o sono é um ciclo biológico que funciona num padrão de 24 horas e o ideal é seguir dentro desse padrão para evitar alterações no nosso organismo. 

“Como a gente não tem aqueles marcadores de levantar, ir à escola e fazer as atividades, as crianças e os adolescentes acabam dormindo mais tarde e também acordando mais tarde. Então o que se recomenda é que, pelo menos uma ou duas semanas antes do final das férias, já se comece a tentar voltar ao normal, ao ritmo de sono e horários de acordar e de dormir durante a semana.” 

Além de um mau desenvolvimento, a falta de sono regular pode causar alterações nas funções de organismo, o que pode acarretar um mau funcionamento de hormônios relacionados a questões metabólicas, como o hormônio da fome e o da saciedade. Uma má qualidade do sono também pode levar a sintomas perceptíveis em crianças e adolescentes, como alterações de humor, irritabilidade e desatenção. 

Como retomar a rotina de sono? 

Professora Magda Nunes/ Foto: Bruno Todeschini

Para estabelecer e manter uma boa rotina de sono, é importante seguir alguns passos. Para Magda, a chamada “higiene do sono” começa já na alimentação. “O ideal é evitar alimentos gordurosos e muito pesados durante a noite. Também é importante evitar bebidas com cafeína, como alguns chás, achocolatados e refrigerantes.” 

Além da alimentação, é importante começar a preparar o ambiente para o descanso após o jantar, diminuindo as luzes e ruídos externos. Fatores como um quarto limpo, arejado, em uma boa temperatura – nem frio demais nem quente demais, e uma cama bem-organizada também fazem parte desse processo de higiene. Para crianças e especialmente adolescentes, o uso das telas acaba sendo o grande “vilão” de uma noite mal dormida. 

“Quando falamos de telas, falamos de celular, televisão e computador. O recomendado é que para crianças pequenas esse uso de telas seja limitado durante o dia e que, durante a noite, os pequenos fiquem no mínimo duas horas longe das telas antes da hora de ir para a cama. Já para adolescentes, esse período tem que ser pelo menos de meia hora antes do horário do sono”, finaliza a professora. 

Qual a quantidade de sono ideal para cada faixa etária? 

Além de estabelecer a rotina também nas férias, pais e responsáveis precisam estar atentos ao tempo de sono de cada criança e adolescente. A recomendação da Cartilha da Semana do Sono 2020, que segue as orientações da organização internacional National Sleep Foundation, varia conforme a idade.  

Para os mais novos, entre 3 e 5 anos, o recomendado é de 10 a 13 horas de sono. Dos 6 aos 13 anos, a média já diminui – a indicação é de 9 a 11 horas de sono. Para os adolescentes entre 14 e 17 anos, a orientação é dormir entre 8 e 10 horas.

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Desde 1988, a Editora Universitária da PUCRS (ediPUCRS) é comprometida com a publicação de obras de relevância científica, social, cultural, literária ou didática, das mais diversas áreas do conhecimento. A ediPUCRS realiza a publicação de 20 periódicos científicos sobre múltiplos assuntos, em mídia eletrônica no Portal de Periódicos da PUCRS, com livre acesso aos conteúdos apresentados.

Periódicos das áreas de Letras e Saúde

Livro da professora do curso de Letras foi destaque na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre

A atuação da Editora também tem como objetivo publicar obras sobre temas contemporâneos e/ou resultantes de pesquisas acadêmicas, com caráter de divulgação científica, de todas as áreas do conhecimento. O livro “Quem conta um conto…”, da professora do curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS Ana Márcia Martins da Silva, lançado durante a 68ª Feira do Livro de Porto Alegre é um dos exemplos.

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Todos os periódicos da ediPUCRS são membros do Committee on Publication Ethics (COPE) e contam com o Digital Object Identifier (DOI), código identificador importante para maior inserção, disseminação e divulgação dos periódicos. Conheça alguns dos periódicos nas áreas de Letras, Escrita Criativa e Saúde:

Conheça os periódicos de Letras e Escrita Criativa

BELT – Brazilian English Language Teaching Journal: A BELT apresenta artigos originais, resenhas de artigos, entrevistas e atividades didáticas relativos à área de Letras, abordando Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa e Portuguesa como línguas adicionais. Editor: Cristina Perna.

Letras de Hoje: A Letras de Hoje é responsável por apresentar artigos originais, resenhas de artigos, entrevistas e criação literária. Os temas abordados são relativos às áreas de Linguística, Teoria da Literatura, Literatura e Língua Portuguesa. Editores: Cláudio Primo Delanoy e Regina Kohlrausch.

Letrônica: A Letrônica traz textos originais, entrevistas e resenhas de livros acadêmicos relativos às áreas de Linguística e Literatura e suas interfaces. Editores: Maria da Glória Di Fanti e Pedro Theobald.

Navegações: A Navegações: Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa, instituída em 2007, é uma revista científica semestral que contém textos relativos à área de Literatura de Língua Portuguesa, sendo publicados artigos originais, entrevistas, resenhas. Editores: Alva Martínez Teixeiro e Paulo Ricardo Kralik Angelini.

Scriptorium: A Scriptorium é uma revista científica da Escrita Criativa e seu escopo primário é publicar textos relativos à área de Escrita Criativa, abordando como temáticas a literatura, a criação e a recepção literária, sendo publicados artigos e ensaios originais, traduções, resenhas literárias e textos literários como poesia, ficção e não ficção. Editor: Altair Martins.

Conheça os periódicos das áreas da Saúde

PAJAR – Pan-American Journal of Aging Research: A PAJAR (Pan-American Journal of Aging Research) é uma revista científica do Instituto de Geriatria e Gerontologia e do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da Escola de Medicina da PUCRS. Ela veicula textos inéditos relativos às áreas de Gerontologia e envelhecimento humano, sendo publicados artigos originais, artigos de revisão a convite da equipe editorial e editoriais. Editor: Alfredo Cataldo Neto.

Psico: A PSICO é uma revista científica do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS. A publicação disponibiliza textos relacionados à área da Ciência Psicológica, como artigos originais e revisões sistemáticas. Editoras: Adriane Xavier Arteche e Kátia Bones Rocha.

Scientia Medica: A Scientia Medica é uma revista científica da Escola de Medicina e do Hospital São Lucas da PUCRS. Com textos relativos às áreas de Medicina e de outras Ciências da Saúde, trazem enfoque interdisciplinar e possui abrangência regional, nacional e internacional, na medida em que artigos públicos originais, relatos de simulação realística e cartas ao editor. Editor: Manoel Antonio da Silva Ribeiro.

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Dia Mundial de Combate à AIDS

Boletim Epidemiológico tem aumento na taxa de incidência de HIV/AIDS em Porto Alegre / Foto: Anna Shvets/Pexels

Com o objetivo de acolher as pessoas que convivem diariamente com o HIV e ampliar a conscientização sobre o tema, é celebrado, nesta quinta-feira, o Dia Mundial de Combate à AIDS. De acordo com Diego Falci, coordenador médico do Serviço de Controle de Infecção do Hospital São Lucas da PUCRS, é fundamental que a população fique atenta ao avanço da doença no Brasil, conforme os dados divulgados no Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS de 2022, levantamento realizado pelo Ministério da Saúde.

Um dado da pesquisa destacado pelo infectologista e professor da Escola de Medicina aponta que Porto Alegre é a capital brasileira com o maior coeficiente de mortalidade, apresentando cinco vezes mais mortes por complicações da AIDS/HIV que o restante do País (em movimento de declínio). Além disso, a infecção por HIV, especialmente em gestantes, parturientes e puérperas, expõe uma taxa quase seis vezes maior do que a taxa nacional e duas vezes a do estado do Rio Grande do Sul. Assim, além de lembrar as mais de 40 milhões de vidas perdidas por doenças relacionadas à AIDS, de acordo com a UNAIDS, a data vem acompanhada deste balanço da AIDS, trazendo medidas de prevenção e tratamento a fim de acabar com a epidemia do HIV.

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Prevenção pré e pós-exposição ao HIV

Uma pessoa pode se expor de duas maneiras: ou um acidente ocupacional com material cortante, por exemplo, entrando em contato com o sangue de alguém que vive com o HIV, ou por exposição sexual (sexo sem o uso adequado de preservativo), além do sexo seguro ser incentivado em todas as campanhas como medida de prevenção, desde a instituição do Dia Mundial de Combate à AIDS, em 1988, a ciência evoluiu e traz novas formas de precaução. As mais atuais, segundo o médico, são as Profilaxias de Pré e de Pós-Exposição (PREP e PEP, respectivamente).

“Pessoas com maior risco e maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV podem fazer uso de medicação utilizada preventivamente de forma a diminuir a chance da infecção pelo HIV. O uso correto da PREP e PEP pode diminuir em mais de 80% o risco de infecção por HIV. Essa é uma medida importante que está sendo disponibilizada pelo Ministério da Saúde, após o atendimento de outros serviços de saúde públicos e privados para implementar essa medida de prevenção”, explica o infectologista.

Atualmente, mulheres com HIV têm condições de engravidar e ter bebês com segurança, pois com os tratamentos existentes é possível reduzir a zero a transmissão vertical através do tratamento da mãe e também da profilaxia do bebê. “A gente pode oferecer medicamentos para o bebê por um período curto, a ponto que, mesmo que eventualmente ele apresente um exame positivo, ele possa negativar esse exame de forma prática e não contrair infecção pelo HIV. Isso é possível com a tecnologia que nós temos hoje disponível”, destaca.

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Diferença entre HIV e AIDS

Observando que ainda existe um tabu a respeito do tema, resultando na confusão entre os termos, Diego Falci explica que o HIV é um vírus que se espalha através de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. Quando a pessoa desenvolve infecções oportunistas ou que eventualmente a imunidade dela tenha caído a níveis muito baixos, a gente caracteriza a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ou AIDS. Somente a partir dessa situação é possível dizer que a pessoa apresenta um quadro de AIDS – mas ela não deixa de ser uma pessoa vivendo com HIV, ela simplesmente apresentou aquele quadro compatível com AIDS.

Epidemia silenciosa

Depois de dedicar sua vida acadêmica a compreender o papel das redes de apoio para pessoas soropositivas, o professor e pesquisador da Escola de Humanidades da PUCRS, Francisco Kern, reflete sobre como a pandemia por Covid-19 colocou a sociedade em estado de alerta sobre “o inimigo invisível” – enxergar o outro como ameaça, já que não se pode enxergar o vírus.

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“Eu fiz uma pesquisa com mulheres soropositivas da forma como elas aderem o tratamento antirretroviral, em 2018, no presídio estadual de Guaíba. Lembro que todas elas eram apenadas por tráfico de drogas e uma delas, com quase 70 anos, dizia assim para mim: ‘Professor, a AIDS me condena mais do que o tráfico de drogas.’ O que isso significa? O preconceito continua. Nós continuamos vivendo o processo de discriminação principalmente quando o outro se torna uma ameaça para mim. Se você tem qualquer outra doença que não seja transmissível, você não é uma ameaça para mim”.

O docente explica que as pessoas que vivem com HIV/AIDS experimentam a invisibilidade da condição humana, onde elas não são enxergadas, não aparecem e não podem aparecer. Francisco reflete que é necessário tirar o foco da doença enquanto discriminação social, no sentido de que é preciso pensar em políticas públicas que garantam o acesso a cuidados, tratamento, vacinação, prevenção, entre outros, mas também assimilar o aprendizado de que o cuidado consigo mesmo e o outro é uma responsabilidade coletiva.

É possível sair do quadro da AIDS?

“Do ponto de vista conceitual, de modificação, a gente diz que essa pessoa tem AIDS e não é algo relacionado à condição atual daquela pessoa, mas uma classificação. Mas sim, ela pode sair da infecção e ela pode melhorar o seu sistema imunológico, ela pode recuperar o seu status imunológico. E isso a gente faz através do tratamento, o tratamento suprime o vírus e o sistema imunológico da pessoa vai se recuperando a ponto de ela se distanciar daqueles níveis compatíveis com AIDS, ela consegue melhorar as contagens dos linfócitos a ponto de elas ficarem normais”, conclui o infectologista

Assista a entrevista com o infectologista do Hospital São Lucas da PUCRS, Dr. Diego Falci:

 

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