Ar de Arte: projeto conecta pacientes em recuperação a artistas locais - Apresentações ao vivo de diferentes estilos musicais promovem o bem-estar de pessoas internadas no Hospital São Lucas da PUCRS e fomentam o mercado cultural

Rosana Hammarströn comenta que o projeto trouxe mais diversão para o seu dia a dia / Foto: Lucas Vilella

A arte está sempre presente nos mais diferentes aspectos da nossa vida, seja nos grafites nos muros da cidade, seja na música de fundo no supermercado ou até mesmo nos poemas escritos nas ruas. Muitas vezes, estamos tão habituados com a arte que ela passa despercebida. Da mesma maneira acontece com a respiração. É por isso que um projeto que vem acontecendo na Universidade recebeu o nome Ar de Arte. Ele busca lembrar que a arte é tão essencial quanto o ar para viver. 

A iniciativa é de professores e estudantes das Escolas de Medicina, Humanidades e integra as ações do projeto do CNPq Leitura, arte e prazer em espaços do Hospital São Lucas da PUCRS, e além disso, conta com o apoio da equipe do Instituto de Cultura da Universidade. Até o momento, a ação que planeja focar nos momentos em que a arte entra na vida das pessoas atenuando situações que muitas vezes parecem fora de controle – como doenças que surgem de forma inesperada -, já beneficiou pacientes das áreas da Oncologia, da Psiquiatria e da Hemodiálise do HSL.  

Além de promover o bem-estar, o entretenimento e uma recuperação mais tranquila, o projeto também valoriza a indústria cultural local, uma das áreas mais afetadas pela crise e pela instabilidade que se intensificaram na pandemia de Covid-19. O grupo de artistas que participa, com músicos de diferentes estilos, recebe um cachê para cada apresentação, que acontece semanalmente. Ou seja, todos interagem e se beneficiam. 15 tablets, pelos quais são transmitidas apresentações ao vivo por meio de videochamadas, também ficam à disposição para o acesso de playlists no YouTube com um vasto acervo que reúne vídeos de música, artes visuais, dança, curtas metragens e conversas.  

“A gente pensa mais na vida. A música traz muitas lembranças”, conta Flávia de Oliveira, uma paciente. “Traz alegria e ameniza o sofrimento. É uma forma muito gostosa de passar o tempo”, complementa Rosana Hammarströn, outra paciente. 

Um processo de resgate da identidade 

Ar de Arte: projeto conecta pacientes em recuperação a artistas locais - Apresentações ao vivo de diferentes estilos musicais promovem o bem-estar de pessoas internadas no Hospital São Lucas da PUCRS e fomentam o mercado cultural

Paciente Flávia de Oliveira aprova a ação cultural / Foto: Lucas Vilella

Isabela Bitencourt, aluna do curso de Medicina e participante do projeto, conta que teve uma das suas experiências de vida mais emocionantes. “Foi com uma paciente da UTI que eu acompanho. É um caso muito grave, ela usa máscara de oxigênio, está com hipoglicemia e mesmo com toda a fragilidade do quadro de saúde, em uma das lives, ela teve forças para conseguir cantar junto com a cantora e pedir músicas”, conta. 

Ela complementa que a paciente também se emocionou bastante e “conseguiu se reconectar com quem ela era antes de tudo isso, antes da doença. Esse resgate da dignidade é fundamental para o processo de cura ou de tratamento”. 

Entre os depoimentos, algumas das frases mais comuns são “assim me divirto um pouco, gosto de ver vocês”, “estou pronto para mais uma”, “hoje vou pedir música” e “legal, é rock do meu tempo”, conta Ivan Antonello, médico nefrologista no HSL, sobre as manifestações de pacientes que fazem uma ruptura no seu dia comum de diálise, presos às linhas de uma máquina: 

“Surpresos, recebem fones de ouvido e são embalados pela imagem e o som de um músico movimentando-se na telinha do computador. Lembram momentos bons de quando a música e a saúde eram parceiras. Percebem que também podem ser protagonistas ao escolherem a canção. E nós, acadêmicos, enfermagem e médicos nos alegramos com a alegria deles”.

Essa aproximação com pacientes também é uma oportunidade para a formação de estudantes: “Eles aprendem a escutar com mais atenção e nós sabemos que a doença não é tudo que o paciente traz consigo quando interna. Eles carregam sofrimentos que são particulares, individuais e têm causas próprias”, reforça. 

A cultura é o cultivo da vida 

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Ar de Arte leva mais cultura para pacientes do HSL / Foto: Lucas Vilella

Levar a arte para que as pessoas possam respirar e ter um pouco mais de paz em um momento tão difícil. Esse é um dos objetivos do projeto, afirma Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS. “Ele nasce da convicção de que a arte é, acima de tudo, uma forma de resistência e reexistência. A cultura é uma forma de nos humanizar, mas também de fortalecer em muitos momentos”, destaca. 

Já para Diego Lopes, um dos músicos da iniciativa, a sua participação é uma forma de devolver o bem que a música o faz. “Em cada época da minha vida eu tenho uma memória afetiva com grandes canções e isso faz parte da minha formação. Poder dividir essas memórias é uma satisfação pessoal muito grande”, reforça.  

Saiba mais sobre o projeto e conheça a equipe.  

Série Guaíba

Leonardo Machado e Ezequias Schafer/ Foto: Eduardo Amorim/Divulgação

Quatro professores da PUCRS participam da série Guaíba, onde as águas se encontram, gravada em 2018 e que será lançada na noite de hoje. Ao longo de seus 13 episódios, cada um com 26 minutos de duração, é contada a história de formação do Guaíba, sua evolução e a transformação das cidades ao seu entorno. Além disso, há uma atenção especial à necessidade de preservar a biodiversidade, além de políticas públicas que privilegiem a sustentabilidade ecológica de todos que vivem nessa região.

Para isso, foram coletados depoimentos de importantes pesquisadores de diversas áreas, entre eles os docentes Edison Hüttner, Luciano Zasso e Klaus Hilbert, da Escola de Humanidades; e Marcos Brandalise da Escola de Ciências da Saúde e da Vida. Com isso, a Universidade pôde oferecer conhecimentos em história, arqueologia, geografia e biologia, colaborando com a difusão do conhecimento.

Para o professor Hüttner, “o estuário do Guaíba, onde as águas se encontram, revela antigas lembranças de barcos e tripulantes, dos peixes, de ilhas e da formação das cidades. São águas que nutrem nossa cultura e história. As filmagens e os depoimentos da série trazem a esperança de preservar todas essas histórias, além das águas e de sua biodiversidade”.

O professor Luciano Zasso, por sua vez, conta que “a série reúne um conjunto de elementos que oportunizam ao público conhecer de maneira mais ampla e aprofundada esse valoroso manancial lacustre e seus diferentes aspectos de cunho geoambiental, social, histórico, econômico, entre tantos outros”. Ele destaca, ainda, que espera que essa produção “possa aproximar a população ao Guaíba no sentido de trazer conhecimento para que possamos nos envolver cada vez mais com esse ambiente de relevada importância e para que a população tenha condições de fazer uso responsável e sustentável deste riquíssimo ecossistema”.

Produção pode ser conferida na Fish TV

A série foi produzida por Carmem Curval, com direção de Pedro Zimmermann e pesquisa de Cristiano Goldschmidt, que foi responsável pelos depoimentos. Segundo ele, a participação dos pesquisadores foi fundamental para a produção, já que contribuíram com seus conhecimentos para que o projeto se concretizasse.

A produção será lançada nesta sexta-feira, 16/7, às 22h, na Fish TV (canal 58 da NET e da TV Claro e 162 da SKY).

Conheça iniciativas que visam auxiliar e dar protagonismo aos povos indígenas

Foto: Pixabay

Mais de 150 povos indígenas já foram infectados pela Covid-19, com 55.667 casos confirmados até a data de hoje, 18 de junho, de acordo com dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). No entanto, essa não é a única realidade que preocupa essas populações: disputas pelas terras, violência e dificuldades econômicas estão entre os problemas enfrentados pelos indígenas na atualidade.  

A partir das realidades vivenciadas por esses povos, estudantes e professores da Escola de Humanidades da PUCRS desenvolveram ações que têm os povos indígenas como protagonistas. Confira duas delas: 

Tecnologia aliada à prevenção 

Por meio de um projeto de extensão, o Núcleo de Estudos em Cultura Afro-brasileira e Indígena (Neabi) da PUCRS, ligado ao programa de Pós-Graduação em História, desenvolveu a iniciativa Tecnologia UV-C no auxílio ao combate à pandemia de Covid-19 em aldeias indígenasEssa ação visa capacitar agentes de saúde que atuam em comunidades das etnias Potiguara, Gavião, Tabajara e Tubiba Tapuya, no Ceará, a utilizarem um equipamento de luz ultravioleta, denominado UV-C INFO, na esterilização de ambientes 

Essa tecnologia é produzida pela Hüttech, empresa que integra o ecossistema do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc) e que realizou doações do equipamento para que pudesse ser utilizado nas comunidades. Sua ação consiste na quebra das ligações de DNA e RNA de fungos, vírus e bactérias pela radiação ultravioleta, esterilizando o ambiente. Dessa forma, o ar e as superfícies que contém uma boa iluminação para a ação do UV-C INFO ficam livres desses microrganismos que podem ser nocivos ao ser humano.  

O professor Edison Hüttner, um dos responsáveis pelo projeto, explica que essa iniciativa é importante pois os povos indígenas estão suscetíveis a diferentes enfermidades. “Não apenas o coronavírus acomete essas populações, mas bactérias e fungos, também. Por isso, disponibilizamos essa tecnologia aos agentes de saúde, para que as comunidades indígenas pudessem lutar contra a Covid-19, atuando na prevenção de forma mais efetiva”. 

Povos Indígenas por eles próprios 

Reunindo representantes de oito etnias indígenas (Kaigang, Xokleng-Konglui, Kaiapó, Boe Bororo e Terena, Suiá, Yawalapiti e Puyanawa) de quatro estados diferentes (Acre, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Pará), o Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUCRS (Caes) em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS e o Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA), realizou o evento Povos Indígenas por eles Próprios no dia 17 de junho.  A mediação do foi realizada pelo professor Hermílio dos Santos.

Na ocasião, o cacique Moritororeu Boe Bororo, do Mato Grosso, iniciou sua apresentação realizando uma saudação em sua língua nativa e relembrando o multiculturalismo dos povos indígenas brasileiros. Essa população não é homogênea e isso ficou nítido no evento, visto que cada etnia participante possuía uma língua própria pertencente a diferentes troncos linguísticos, como Pano, Aruak, Bororo e Jê. A resistência cultural desses povos também foi um dos assuntos abordados no encontro. 

Além disso, foi discutida a disputa pela terra, uma das principais lutas desses povos na atualidade. A ideia do encontro era observar a perspectiva indígena sobre esses temas, por isso, representantes de alguns dos povos do território indígena do Xingu puderam abordar a questão da extração ilegal de madeira na região, apresentando, além de dados, suas vivências e explicando a importância da relação dos indígenas com a terra em que habitam. Um relatório da ONU de 2018 já demonstrava que as regiões habitadas pelos nativos preservam mais o meio ambiente. 

Por fim, foram abordadas características culturais específicas das etnias participantes do evento e suas perspectivas futuras em relação a seus povos.  

Em breve, esse e outros encontros que discutiram questões indígenas com a presença desses povos, receberão legendas em língua inglesa e serão divulgados para acesso de todos os interessados.  

Dia Mundial da Educação: quem cuida de quem ensina?

Na pandemia, o trabalho de professoras e professores tem sido essencial para a continuidade do ensino / Foto: Katerina Holmes/Pexels

A pandemia impactou a vida de pessoas no mundo todo, cobrou reações imediatas das autoridades e exigiu da população força e resiliência. A área da educação também precisou se reestruturar e uma nova dinâmica de ensino ganhou espaço, expondo fragilidades e enfatizando desigualdades sociais. Durante este longo período de distanciamento social em que vivemos, já se somam 13 meses de aulas remotas, além de uma série de aprendizados e desafios enfrentados por professores e professoras, principalmente da educação básica. 

No Dia Mundial da Educação, celebrado neste 28 de abril, o contexto de dificuldade reforça a importância de ações que ampliem os investimentos em educação, valorizem os profissionais da área e democratizem o acesso aos ensinos básico, técnico e superior.  

Com o intuito de contribuir com essas reflexões, o estudo Impactos da Pandemia na Pessoa Docente, desenvolvido na Escola de Humanidades da PUCRS e coordenado pela professora Bettina Steren, junto com o seu grupo de pesquisa PROMOT (Processos Motivacionais em Contextos Educativos), identificou nuances da experiência pessoal e profissional dos professores e professoras durante esse período de crise. O grupo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS, um dos melhores do País, com nota 6 segundo a Capes, e referência internacional. 

A pesquisa ouviu mais de 200 participantes de dezenas de municípios do Rio Grande do Sul e de localidades de fora do Estado e do País, que responderam a um questionário online com 25 perguntas, em maio de 2020. O número mais expressivo de participantes é de docentes de escolas públicas (74,8%), que atuam no Ensino Fundamental (40%) e com mais de 15 anos de docência (36,6%). Eles também representam a maioria (93,6%) das instituições que adotaram o ensino remoto emergencial. 

Superando barreiras que não são físicas 

Dificuldade no uso de tecnologias, adaptação curricular, comunicação, sobrecarga de trabalho e realidade socioeconômica dos estudantes foram os desafios profissionais mais citados pelos participantes. Quando questionados sobre os desafios pessoais, os pontos que mais impactaram a atuação dos docentes foram a expectativa de atender às necessidades tanto dos estudantes e dos pais como das coordenações, e a dificuldade de cativar as turmas sem a possibilidade de contato físico proporcionado em sala de aula.  

De acordo com a pesquisadora, apesar dos obstáculos, os docentes seguem ativos buscando formas de minimizar os impactos negativos da pandemia no futuro dos estudantes – especialmente daqueles que possuem menos recursos:

“Há professores e professoras, juntamente com estudantes, buscando incansavelmente formas de manter o ensino e os processos de aprendizagem em ação. Na visão de docentes de escolas públicas e privadas, segundo dados da pesquisa, a experiência destes dois anos tem contribuído em certa medida para o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, assim como a valorização da escola e autoconhecimento emocional”

Perspectiva de superação e aprendizado também é apontada na pesquisa 

Um ano de conquistas e reconhecimentos para a PUCRS - Universidade ganhou prêmios e se destacou em diferentes áreas

O papel da Universidade é transformar o futuro ao lado da comunidade por meio do ensino / Foto: Bruno Todeschini

Além das dificuldades, os professores da educação básica também citaram os aprendizados desse período de docência remota. Dentre os aspectos profissionais, estão o acesso a novas tecnologias e metodologias de ensino, o aprimoramento do planejamento docente e o desenvolvimento profissional. Na perspectiva pessoal, empatia, autoconhecimento, planejamento e resiliência foram os aprendizados mais citados.  

Para o pós-pandemia, Bettina ressalta que as pesquisas sobre bem-estar e mal-estar docente apontam para a necessidade de valorização profissional, representada por melhores condições de trabalho, sejam elas referentes à infraestrutura das escolas, programas de formação docente continuada, aumento salarial, ações governamentais, respeito à trajetória e escuta de cada professor e professora:

“Os estudos indicam, também, a necessidade de institucionalização de redes de apoio nas comunidades escolares em parcerias com universidades e profissionais de diferentes áreas, como apoio psicológico, rodas de conversas e metodologias ativas na resolução de problemas e construção do conhecimento.    

Dia Mundial da Educação para além do ensino superior 

Para o professor e decano da Escola de Humanidades, Draiton Gonzaga, o Dia Mundial da Educação reforça que o presente e o futuro do País passam, necessariamente, pelas mãos de docentes que contribuem para a formação de cidadãos e cidadãs. Profissionais e cidadãos do futuro dependem de educação de qualidade para dar continuidade à sua trajetória no ensino superior nas mais diversas áreas e construir o amanhã, inclusive, como professores e professoras.  

E é a base para esse futuro que é moldada coletivamente no hoje, afirma Ana Soster, decana associada da Escola de Humanidades. “A Universidade exerce um papel fundamental na formação das pessoas que sonham em ensinar. É na interação com o ensino básico e com a comunidade que fortalecemos a função social da docência e contribuímos para as mudanças. No ambiente acadêmico, aprendendo a ensinar, é que compreendemos o quanto esse processo é permanente e contínuo”, destaca. 

Curso sobre migrações acontece nos dias 4 e 5 de maio de 2021

Curso de extensão gratuito sobre migrações contará com pesquisadoras da PUCRS e da Universidad de Granada, da Espanha / Foto: Sebastien Goldberg/Unsplash

Tema importante em pesquisas nas áreas de História e das Ciências Sociais, a migração é um conceito complexo de definir. De forma geral, trata-se do deslocamento geográfico de pessoas ou grupos sociais – o que inclui tanto indivíduos que migram de um país para o outro quanto aqueles que saem de suas casas e percorrem determinado trajeto todos os dias para trabalhar. Nesse sentido, não seria errado dizer que, em algum nível, salvo raras exceções, somos todos migrantes. 

Existem diferentes qualificações para esse fenômeno relacionadas ao tempo, forma, frequência e distância, por exemplo. Para aprofundar esse assunto a Escola de Humanidades promove, nos dias 4 e 5 de maio, o curso de extensão gratuito Contextos de Migração: Categorias que emergem desde distintos cenários. 

A atividade irá reunir pesquisadoras da PUCRS e da Universidad de Granada, da Espanha, propondo um diálogo entre seus caminhos de estudo e favorecendo pontos de intersecção. Para a mediadora do evento e bolsista de pós-doutorado pelo Projeto de Cooperação Internacional Migrações: Perspectivas Histórico-conceituais e Análise de Fenômenos Contemporâneos no âmbito do Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt)Cláudia Guedes, esta é uma oportunidade para que essa troca atravesse fronteiras para que, ao fim dos dois dias, os participantes tenham aprendido um pouco mais sobre o tema. 

Por que migrar? 

Economia, religião e desastres naturais são alguns dos motivos pelos quais as pessoas migram. Outro fator que desencadeia esse fenômeno é a tentativa de escapar de situações graves de conflito, guerra e fome, como o caso dos refugiados sírios em função da guerra civil iniciada em 2011. Ao mesmo tempo, há casos de migração no qual os indivíduos estão simplesmente buscando melhores condições de vida, seja em relação a trabalho, saúde ou bem-estar. 

Segundo Cláudia, pesquisas sobre o tema surgem quando a migração revela algum impacto ou esclarece uma composição social do presente. Tanto o caso da Síria quanto outros que chamam a atenção, como os africanos que migram para a Europa e os mexicanos que vão para os Estados Unidos, são exemplos do fluxo migratório do Sul em direção ao Norte do planeta – que gera muitos impactos conhecidos:  

“Podemos destacar o caráter marginal da inclusão destes grupos no território de destino, a dificuldade de integração e novos conflitos que podem vivenciar em um lugar no qual não se sentem bem-vindos”. 

Como exemplos de outros fluxos, a pesquisadora comenta sobre dois que serão debatidos no curso de extensão sobre migrações de caráter Sul-Sul: a migração haitiana no Chile e a chegada de palestinos no sul do Brasil. Em outra mesa, se discutirá nas práticas os programas de asilo europeus e migrações internas dos caboclos brasileiros. 

Desafios das migrações 

A partir das migrações, surgem outros temas e categorias para a pesquisa social, como pertencimento, gênero, racismo, identidade e colonização. Em muitos casos, os migrantes não são bem-vindos e acabam sofrendo preconceito – além dos outros inúmeros desafios que enfrentam ao chegarem a um lugar novo.  

Na Europa, os programas de asilo são frequentemente questionados. “Os governos mais progressistas tendem a apoiá-los e defendem seu aperfeiçoamento. Já os mais conservadores apresentam um discurso de ‘proteger’ sua população da invasão estrangeira. Na prática, de todas as formas, há muita contradição”, explica Cláudia. 

A pesquisadora acredita que falar sobre o tema, ler, ouvir especialistas, buscar entender melhor as migrações e até mesmo viajar contribui para favorecer a conscientização sobre a complexidade desse tema. “Vemos situações precárias de migrantes que deixam seu país de origem e são barrados na busca por integração em seu destino. E o que dizer daqueles que são deslocados de seu próprio território e deixados na precariedade para favorecer um grupo que chega depois?”, questiona. 

Confira detalhes do curso de extensão sobre migrações 

O curso de extensão gratuito Contextos de Migração: Categorias que emergem desde distintos cenários acontece nos dias 4 e 5 de maio, a partir das 18h. A atividade é promovida pelo grupo de estudos Movimentos Migratórios na América Latina: Uma perspectiva histórica do Programa de Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades. 

No dia 4 de maio, a mesa redonda será composta pela doutoranda em História da Escola de Humanidades Caroline Nunes e pela doutora em Estudos Migratórios pela Universidad de Granada (Espanha) Lissette Madriaga Parra. Já no dia 5, a mesa será formada pela doutoranda em Estudos Migratorios da Universidad de Granada Diana Garcés-Amaya e pela mestre em História pela PUCRS Milliann Carla Strona. A moderação será feita por Cláudia Guedes. 

Para participar do curso, é preciso preencher este formulário. 

Sobre Cláudia Guedes 

Cláudia Guedes é doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe e doutoranda em Ciências Sociais pela Universidad de Granada, Espanha (desde 2018). Bacharel em Ciências Sociais e mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atuou no exterior na Università di Pisa, na Universidad Nacional de Costa Rica e na Universidad de Granada. Tem experiência na área de Sociologia, Ciência Política e Relações Internacionais, com publicações e apresentações na área de desenvolvimento, políticas públicas, colonização. Nos últimos anos, estas questões têm como foco a questão indígena. 

Atualmente é pesquisadora visitante da Escola de Humanidades pelo PUCRS-PrInt, com bolsa Jovem Talento. Em sua pesquisa, investiga as origens indígenas ignoradas no Sul do Brasil e suas razões. O recorte geográfico escolhido é a região serrana catarinense, por sua relação com o tropeirismo e por características gerais que divergem de outros índices do estado. A pesquisa está prevista para ser concluída no mês de maio. 

Sobre o PUCRS-PrInt 

O Projeto Institucional de Internacionalização da PUCRS (PUCRS-PrInt) tem por objetivo desenvolver e integrar a dimensão internacional no âmbito do ensino de pós-graduação stricto sensu e da pesquisa da Universidade, visando a excelência acadêmica e soluções transformadoras para questões globais da sociedade.  

Ao todo são três temas prioritários que estão alinhados com os eixos temáticos de pesquisa e inovação previamente estabelecidos pela Universidade. Eles refletem problemas complexos da sociedade, nos quais a Universidade tem as competências necessárias para o aprofundamento e busca de alternativas que representem mudanças da realidade. Benefícios de mobilidade discente e docente para o Brasil e para o exterior estão disponíveis em editais de diferentes modalidades. Saiba mais acessando o site do projeto.

Draiton Gonzaga ao lado de Angela Merkel

Professor Draiton Souza com a Chanceler Federal da Alemanha, Angela Merkel.
Foto: acervo pessoal

O governo alemão concedeu ao decano da Escola de Humanidadesprofessor Draiton Gonzaga de Souza, a Ordem do Mérito Verdienstkreuz am Bande, homenagem que reconhece seu trabalho interdisciplinar em prol da cooperação entre Brasil e Alemanha. A cerimônia está prevista para acontecer presencialmente quando os protocolos sanitários permitirem, contando com a presença do embaixador alemão no Brasil, Heiko ThomsEm 2006Ir. Norberto Rauch, ex-reitor da PUCRS, também recebeu a Cruz do Mérito da Alemanha. 

A honraria foi instituída por Theodor Heuss, primeiro presidente da República Federal da Alemanha no pós-guerra, em 1951. A Verdienstkreuz am Bande é a única e mais alta condecoração civil do governo, outorgada por méritos obtidos na prestação de serviços para o bem comum. Para sua obtenção, são levadas em consideração realizações intelectuais, políticas, econômicas ou sociais, como também serviços prestados em benefício do país em áreas sociais, criativas ou de apoio à humanidade. 

“Essa honraria reconhece um trabalho que eu realizei em equipe, é impossível ganhar essa medalha sozinho. Eu fico feliz por ter a oportunidade de agradecer aos meus colaboradores e colaboradoras que auxiliaram nessa cooperação Brasil e Alemanha ao longo dos 23 anos de atuação. Esse é um trabalho que envolveu muitos atores, inclusive a PUCRS, que teve um papel fundamental, conta o decanoO professor acrescentou que ter sido condecorado com a Verdienstkreutz am Bande é um motor para que ele continue suas pesquisas. 

Conheça a trajetória acadêmica do professor Draiton Gonzaga 

Participe das aulas abertas gratuitas promovidas pela PUCRSComo forma de dar boas-vindas aos alunos e alunas no novo semestre letivo, além de apresentar os cursos e as Escolas a quem sonha em estudar em uma das melhores universidades da América Latina, a PUCRS promove uma série de Aulas Inaugurais abertas ao público.  

Os encontros serão realizados na modalidade online, de forma gratuita para a comunidade em geral, e contam com a participação de docentes que são referência nas diferentes áreas do conhecimento em que atuam para debater sobre temas da atualidade. Conheça as aulas e saiba como participar: 

A aula inaugural do curso de Relações Internacionais das Escolas de Humanidades, Direito e Negócios acontece no dia 15 de março, às 9h30min, pelo Zoom (ID 937 3666 6485). A palestrante convidada será Deisy Ventura, presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri) e professora de ética da USP. 

A aula aberta da Escola de Direito da PUCRS acontece no dia 16 de março, das 17h30min às 19h, pelo Zoom. E evento será mediado pelo professor Ricardo Lupion e contará com a participação de Flávia Fiorin, gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc; Leandro Pompermaier, líder do Tecnopuc Startups; e Ana Cecília, coordenadora acadêmica do Idear. Acesse o evento neste link!

A aula inaugural da Escola de Medicina acontece no dia 25 de março, às 18h, pelo Zoom (ID 945 5953 1467 e senha 325675). A professora Cristiane Furini, que também é pesquisadora do Centro de Memória do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), será a palestrante do encontro. 

A aula inaugural da Escola de Humanidades acontece no dia 30 de março, às 17h, pelo canal da PUCRS no YouTube. O reitor da Universidade, Irmão Evilázio Teixeira, será o convidado do encontro, mediado pelo decano e professor Draiton Souza.

A aula inaugural da Escola de Negócios acontece no dia 30 de março, às 19h15min, pela página da PUCRS no Facebook. O palestrante convidado será Marcos de Barros Lisboa, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). 

No dia 31 de março, quarta-feira, das 10h às 11h15, o curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS (Famecos) realizará a sua aula inaugural. A convidada é Andrea Siqueira, vice-presidente de Criação da BETC/Havas de São Paulo, uma das agências de origem francesa mais premiadas do mundo. Para acessar o evento, que acontecerá pelo Zoom, clique neste link! Caso você precise de atestado de participação, preencha o formulário disponível aqui.

A aula inaugural do curso de Educação Física da Escola de Ciências da Saúde e da Vida acontecerá no dia 31 de março, às 18h. Participarão do encontro Aline Wolf, coordenadora de Psicologia do Comitê Olímpico do Brasil (COB); Ana Sátila, atleta de canoagem; e Ronaldo Aguiar, coordenador de Fisioterapia do COB. O evento será transmitido pelo Facebook da Escola.

A aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Escola de Humanidades acontece no dia 14 de abril, às 19h30min, pelo Zoom. O convidado do evento será Josafá Carlos Siqueira, professor e reitor da PUC-Rio. Para acessar, clique neste link.

Acesse outras aulas gratuitas 

Já pensou em ter aulas totalmente gratuitas com professores/as de pós-graduação do PUCRS Online? Então confira como se inscrever nos cursos sobre Competências profissionais, emocionais e tecnológicas para tempos de mudança; Produtividade, gestão do tempo e propósito; Como alcançar seus objetivos profissionais e metas financeiras e Mentalidade do desenvolvimento contínuo. 

As aulas são ministradas por grandes personalidades contemporâneas, como a líder e ícone do empreendedorismo, Luiza Helena Trajano, e um dos maiores pensadores da atualidade, Leandro Karnal. 

Elas chefiam famílias, empresas e países. Elas aprendem, ensinam e pesquisam. Elas geram vidas, conhecimento e soluções. Elas trabalham, cuidam e inovam. E, por serem tantas e tão diversas, jamais caberiam apenas em uma data. Neste 8 de março, a PUCRS inicia um mês em homenagem a todas as mulheres contando parte da história e da contribuição de algumas delas que inspiram, transformam e impactam a realidade de muitas outras.

Instituído em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Internacional da Mulher marca as lutas e conquistas  na busca por igualdade de direitos e equidade de gênero em todos os âmbitos sociais. Empoderar mulheres que fazem a diferença para outras mulheres é fortalecer não só a elas, mas à toda sociedade.

A cada segunda-feira de março, a PUCRS trará em seus canais um recorte da trajetória de algumas mulheres que representam as muitas pesquisadoras, professoras, alunas, colaboradoras e gestoras que fazem parte da Universidade. Ao longo do mês, uma série de matérias contará parte da contribuição delas em áreas como a pesquisa científica, a promoção da saúde e da cultura. Independente da forma de atuação, o nosso respeito, carinho e agradecimento são direcionados para todas as diversas mulheres!

Leia também: Dia Internacional da Igualdade Feminina marca a luta por direitos e espaços 

Mulheres que empoderam, conheça Izete Bagolin

O protagonismo da mulher na sociedade ainda enfrenta barreiras sociais como a violência, a desigualdade de salários e a sobrecarga de trabalhos domésticos não remunerados. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as mulheres realizam três vezes mais trabalhos domésticos que os homens.

Apesar do excesso de jornadas de trabalho, são elas que conseguem gerar maior bem-estar para as famílias. De acordo com um estudo desenvolvido pela professora e pesquisadora da Escola de Negócios da PUCRS Izete Bagolin, as mulheres chefes de lares de famílias de baixa renda conseguem apresentar um melhor Indicador Multidimensional de Bem-Estar (Imbe).

O Imbe foi desenvolvido por Izete, com uma metodologia inspirada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A pesquisadora analisou condições envolvendo saúde, estilo de vida e felicidade, considerando que os indicadores variam da renda à satisfação com determinados aspectos da vida.

Leia mais: Famílias de baixa renda lideradas por mulheres vivem melhor 

Docente titular do Programa de Pós-Graduação em Economia do Desenvolvimento, Izete se dedica à pesquisa científica nas áreas de Economia da Pobreza, Desigualdade, Abordagem das Capacitações, Educação e Desenvolvimento Humano. Para a pesquisadora, a atuação científica pode inspirar outras mulheres.

“Acredito que podemos gerar inspiração de forma explícita e intencional, por meio das pesquisas e projetos desenvolvidos, ou movimentos, redes e organizações que participamos. Mas também podemos ser inspiração de forma não intencional, pelo exemplo de atuação, de dedicação, de produção acadêmica e de empatia. Ambas as formas são valorosas e a Universidade é um ambiente propício para isso”, destaca.

A pesquisadora também comenta sobre a importância de redes que fortaleçam, empoderem e deem visibilidade para o trabalho e a produção das mulheres em áreas que historicamente predominam homens, como é o caso da economia. “Com o passar do tempo, fui percebendo que as estudantes, tanto da graduação quanto da pós-graduação, manifestavam algumas das mesmas angústias e necessidades que eu tinha vivido na minha trajetória acadêmica. A partir disso, fui me tornando mais atenta e mais ativa. No ano passado, junto com alunas, ex-alunas e colegas de outras instituições, nós criamos uma rede chamada Conexão Mulheres e Economia. A iniciativa tem o objetivo de dar visibilidade ao trabalho das economistas, ser um espaço de compartilhamento de conteúdo, de experiências, de informações, e fortalecimento da profissão”, ressalta Izete.

Mulheres que lutam, conheça Patrícia Grossi

Uma das populações mais vulneráveis na sociedade brasileira, 75% da comunidade quilombola vive em situação de extrema pobreza, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. Dados da Fundação Palmares ainda destacam que 76% da população dessas comunidades não dispõem de coleta de esgoto, 63% vivem em casas com piso de terra batida, 62% não têm acesso a água encanada e 24% não sabem ler e escrever.

O projeto de pesquisa Mulheres quilombolas e acesso aos direitos de cidadania: desafios para as políticas públicas, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Violência (NEPEVI) e coordenado pela professora e pesquisadora da Escola de Humanidades da PUCRS Patrícia Grossi, propõe estratégias de enfrentamento frente à violação de direitos de cidadania a partir da perspectiva das mulheres quilombolas.

Além de artigos sobre diferentes perspectivas do tema, o projeto desenvolveu o App Quilombola, aplicativo com guia de políticas públicas para ampliação de acesso aos direitos de cidadania e promoção de equidade de gênero em quilombos de Porto Alegre e da região metropolitana.

Professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Patrícia concentra seus estudos nas áreas de violência de gênero e políticas públicas, as interseccionalidades de gênero, raça/etnia, classe social e geração; violência contra idosos, violência nas escolas, bullying, práticas restaurativas e cultura de paz.

Para a pesquisadora, o trabalho e a ação das docentes podem inspirar a trajetória de muitas mulheres. “Nós, como professoras da PUCRS, podemos contribuir para que nossas estudantes se sintam acolhidas, respeitadas em suas singularidades. Isso também favorece que elas possam acreditar no próprio potencial para alcançar seus objetivos e metas, enfrentando os medos e desafios e praticando o verbo esperançar, como nos ensina o Paulo Freire”, afirma Patrícia.

Reconhecimento e carinho para todas

Alguma mulher que atua na Universidade te inspira? Deixe sua mensagem de carinho para ela na caixinha dos stories do perfil da PUCRS no Instagram (@pucrs).

Série Challenges of Brazil Contemporary apresenta problemas sociais enfrentados pelo País

Série contou com financiamento Capes e foi gravada em diversos lugares do País / Foto: Reprodução/YouTube

Na última semana, durante a realização do IV Fórum de Sociologia da ISA (International Sociological Association), foi lançada uma série de vídeos sobre os principais problemas sociais do Brasil. Challenges of Contemporary Brazil (Desafios do Brasil Contemporâneo) é uma produção da Conta Pra Mim Filmes, com direção geral do professor Hermílio Santos, da Escola de Humanidades da PUCRS. Os seis episódios podem ser conferidos no site da ISA e no canal do Centro de Análises Econômicas e Sociais (Caes) no YouTube.

A série contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e foi gravada em lugares como o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e Brasília. Duas organizações do Rio Grande do Sul também são retratadas nos episódios: a União de Vilas da Grande Cruzeiro, na Nona Sul de Porto Alegre, e a Ocupação Mulheres Mirabal, na Zona Norte. Segundo Santos, os filmes têm o objetivo de apresentar, a partir da perspectiva brasileira, algumas questões relacionadas às temáticas principais do Fórum da ISA: democracia, meio ambiente, desigualdades e interseccionalidade.

Os temas dos episódios são Sociedade civil nas periferias e favelas da metrópoleSolidariedade comunitária em tempos de pandemiaMulheres negras, oportunidades e desafios no mercado de trabalhoPrecarização e alternativas na periferiaAmeaças aos povos indígenas e Meio Ambiente na encruzilhada.

Confira o teaser:

Saiba mais sobre a série Challenges of Contemporary Brazil e sobre o IV Fórum da ISA.

Leia também: Estudo analisa impacto do contato com outras civilizações na população indígena

IV Fórum de Sociologia da ISA acontece de 23 a 28 de fevereiroDe 23 a 28 de fevereiro acontece a quarta edição do Fórum de Sociologia da ISA (International Sociological Association), um dos principais eventos de sociologia do mundo. Programado para acontecer presencialmente em julho de 2020 na PUCRS, o evento precisou ser adiado em função da pandemia de Covid-19, e será realizado pela primeira vez de forma online. Em uma correalização da Universidade e da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), o fórum irá debater os desafios do século 21 divididos em quatro temáticas: democracia, meio ambiente, desigualdades e interseccionalidade.

Ao lado dos debates virtuais entre sociólogos de 125 países, o destaque deste ano será o lançamento da série Challenges of Contemporary Brazil (Desafios do Brasil Contemporâneo), composta por seis episódios que apresentam alguns dos principais problemas do Brasil na atualidade. Segundo o professor da Escola de Humanidades e presidente do comitê organizador local do fórum deste ano, Hermílio Santos, o objetivo dos vídeos é que, na impossibilidade de as pessoas virem para o Brasil para participar do evento, seja viável mostrar um pouco dos desafios enfrentados pelo País.

“Além de facilitar a presença de sociólogos brasileiros, realizar esse evento aqui seria uma oportunidade de mostrar nossa realidade para a comunidade internacional. A série foi um trabalho construído a muitas mãos, principalmente junto a colegas de Sociologia do comitê organizador local do fórum, para apresentar um recorte real do atual momento de temas críticos para a sociedade brasileira”, relata o professor.

Vídeos foram gravados em diferentes estados do Brasil

A série Challenges of Contemporary Brazil foi realizada pela produtora gaúcha Conta Pra Mim Filmes, com direção geral do professor Hermílio Santos, e contou com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A produção foi gravada em lugares como o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e Brasília. Duas organizações do Rio Grande do Sul também são retratadas: a União de Vilas da Grande Cruzeiro, na Nona Sul de Porto Alegre, e a Ocupação Mulheres Mirabal, na Zona Norte.

O professor conta que os filmes têm o objetivo de apresentar, a partir da perspectiva brasileira, algumas questões relacionadas às temáticas principais do evento, passando por assuntos como meio ambiente, populações indígenas, sociedade civil dentro das periferias, desafios de mulheres no mercado de trabalho, reinvenção dos brasileiros para vencer a pandemia e a solidariedade comunitária na crise. A série, que será lançada durante o fórum, estará disponível nos sites da ISA e da SBS.

Sociólogos brasileiros têm forte presença no fórum da ISA

O Fórum de Sociologia da ISA é um evento que acontece desde 2008 a cada quatro anos, já tendo passado pelas cidades de Barcelona, Buenos Aires e Viena. Segundo Santos, seria a primeira vez que Porto Alegre sediaria um evento dessa magnitude, realizado pela maior entidade internacional de profissionais e estudiosos da área. “A presença de sociólogos brasileiros em congressos sempre foi muito intensa. Na década de 1980, a ISA foi presidida por Fernando Henrique Cardoso e atualmente conta com outros brasileiros na presidência de alguns comitês da entidade”, conta o professor, que preside o comitê de Biografia e Sociedade.

Para o evento em Porto Alegre, eram esperadas cerca de 5 mil pessoas. “Mesmo que a PUCRS não receba o fórum de forma presencial, ela é correalizadora do evento. Isso é importante, pois mostra a relevância da nossa Universidade e chama a atenção para a nossa cidade”, destaca.

Santos ainda diz que o fato de a PUCRS ter sido escolhida como sede, disputando com as universidades de Moscou, Helsink e Lyon, é um grande reconhecimento tanto para a Universidade quanto para a participação da sociologia brasileira no contexto internacional. “A presença brasileira no fórum é bastante expressiva. Não só de professores, mas de doutorandos e mestrandos apresentando trabalhos”, conclui.

Saiba mais sobre o evento

IV Fórum de Sociologia da ISA acontece de 23 a 28 de fevereiro, reunindo mais de 800 sessões, mais de 3 mil artigos e sociólogos de 125 países. Os painéis irão explorar o mundo da pandemia e o mundo que pode surgir dela com base em pesquisas fundamentadas no campo e nos tópicos dos Comitês de Pesquisa, Grupos de Trabalho e Temáticos da ISA.

Além de Hermílio Santos, os professores da PUCRS André SalataEmil Sobotkka e Rodrigo Ghiringheli de Azevedo também irão coordenar sessões. O comitê organizador local ainda conta com o professor Rafael Madeira.

Dentro da programação do fórum, haverá a apresentação do documentário Infância Falada, fruto da pesquisa Infância e Violência: Cotidiano de Crianças Pequenas em Favelas do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, realizada pelo Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUCRS (Caes). O filme é dirigido por Santos e Kamila Almeida e produzido pela Conta Pra Mim Filmes. A exibição acontece na tarde de 27 de fevereiro.