Na segunda feira, dia 4, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) realizou a primeira reunião da Comissão Assessora para Equidade, Diversidade e Inclusão (EDI), em formato híbrido. Na ocasião, foi assinado o Termo de Designação, dando posse aos integrantes. A reunião contou com a participação do professor da Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS Ângelo Brandelli, que é um dos representantes da comunidade científica da comissão junto com Maria Luiza Saraiva Pereira (UFRGS) e Milena Freire de Oliveira-Cruz (UFSM).
A Comissão EDI é fruto de uma Chamada Pública, com mais de 50 indicações da comunidade científica, que buscou trazer perfis de pesquisadores envolvidos com a promoção de equidade, diversidade e inclusão na atividade científica, tecnológica e acadêmica. O objetivo do grupo é gerar iniciativas que contribuam para a erradicação de preconceitos de raça, gênero, orientação sexual, condição física, idade, religião e demais formas de discriminação, bem como para o aumento da representatividade na produção do conhecimento científico.
“A comissão é uma estratégia inovadora da Fundação de Amparo do Rio Grande do Sul uma vez que poderá pensar as formas de ampliar a representação de grupos historicamente excluídos da ciência tanto do ponto de vista de quem faz a ciência quanto das comunidades aos quais ela pode vir a promover mudanças”, comenta Brandelli.
O diretor técnico-científico Rafael Roesler elogiou a riqueza dos diferentes perfis da Comissão e o fato de não serem integrantes das assessorias de avaliação de projetos, onde o olhar não é focado para temáticas como essa. “Aqui temos cidadãos e acadêmicos, profissionais que levam essa causa adiante, com diferentes enfoques, diferentes perfis de formação, de especialidade”, disse ele. Após a assinatura do termo de posse, os integrantes da Comissão fizeram uma breve apresentação da sua atuação e das temáticas que estão mais envolvidos.
Professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia, do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais, e do Programa de Pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), onde coordena o grupo de pesquisa em Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais e desenvolve pesquisas na área de diversidade sexual e gênero.
A professora Maria Luiza Saraiva Pereira é pesquisadora e tem se destacado na UFRGS como conselheira da universidade em órgão superior, e em comissões que diretamente tratam da elaboração e implementação de políticas de equidade racial, apontando a necessidade e as virtudes da inclusão da diversidade de pesquisadores. Maria Luiza participou de comissões de avaliação de autodeclarações de ingressantes nas graduações da UFRGS.
Milena é professora do programa de Pós-Graduação em Comunicação, onde compõe o GT de Ações Afirmativas. Atualmente coordena o Curso de Especialização em Estudos de Gênero, é membro do Comitê de Igualdade de Gênero da UFSM e embaixadora do Movimento Parent in Science (PiS). Tem experiência em projetos de pesquisa, ensino e extensão que abordam a temática da equidade e diversidade de gênero e interseccionalidades (principalmente raça e classe social). Coordena o Grupo de Pesquisa Comunicação, Gênero e Desigualdades (UFSM/CNPq).
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Uma luta histórica, a busca das mulheres pelo acesso a direitos civis, condições igualitárias de trabalho e representatividade política permanece sendo uma pauta atual. Definido como o Dia Internacional da Igualdade Feminina, 26 de agosto é uma data que reforça a necessidade de debate e de ações efetivas para o alcance da equidade nas mais diferentes esferas da sociedade.
Um dos âmbitos em que há maiores desigualdades de gênero, o mercado de trabalho ainda reflete a tardia inserção feminina. No Brasil, apenas há 58 anos as mulheres conquistaram o pleno direito, perante as leis brasileiras, de exercer uma profissão. A vitória, em 1962, ocorreu com a revogação do inciso VII do Artigo 242 do Código Civil brasileiro de 1916 – em que o trabalho feminino estava sujeito à autorização do marido.
“Estudos apontam que apesar das conquistas observadas nas últimas décadas, tanto em termos de direitos políticos quanto da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, desigualdades de gênero ainda persistem em vários aspectos da vida social, sendo o econômico talvez um dos mais visíveis. Dentro desse contexto, estão fenômenos como as diferenças salariais entre homens e mulheres que desempenham as mesmas funções; a segregação sexual no mercado de trabalho; a inserção feminina em empregos mais precários; bem como a sobrecarga nos trabalhos domésticos”, destaca a professora Patrícia Grossi, docente da Escola de Humanidades e pesquisadora na área de violência de gênero e políticas públicas.
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De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), elaborada no primeiro trimestre deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres correspondem a maior parte da população fora da força de trabalho (formal ou informal), sendo 64,5% das pessoas.
Por outro lado, 92% das mulheres realizam os afazeres domésticos do domicílio – a taxa masculina é de apenas 78,5%. “Um dos caminhos para superar a invisibilidade desse tipo de trabalho é mostrar o tempo gasto com as atividades domésticas, (como cozinhar, lavar roupas, limpar a casa, cuidar de crianças e idosos) e o quanto esses afazeres contribuem para a economia”, comenta Patrícia. A professora também destaca que um estudo realizado entre 2001 e 2010 no Brasil contabilizou o valor do trabalho doméstico. “A pesquisa apontou que esses afazeres correspondem a aproximadamente 12,76% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2004, por exemplo, representaram mais de 225 bilhões de reais. Desse total, 82% (cerca de R$ 185 bilhões) foram gerados pelas atividades desempenhadas por mulheres”, evidencia.
No entanto, segundo a PNAD Contínua, o rendimento médio mensal feminino é 21,3% menor. De acordo com levantamentos divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mesmo quando as mulheres são donas do próprio negócio elas recebem 22% a menos do que os homens.
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Na PUCRS e no Hospital São Lucas (HSL), ao todo, cerca de 52% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. “A Universidade vem trabalhando na busca pela equidade através de grupos de estudos, disciplinas sobre relações de gênero no âmbito da graduação e pós-graduação, cines-debates, workshops, participação no Comitê Impulsionador Gaúcho da Campanha He for She, promovida pela ONU Mulheres”, ressalta a professora Patrícia.
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