Manter a saúde física e mental durante a adaptação a nova rotina tem sido um dos desafios ocasionados pelo distanciamento social. Pensando nisso, o Grupo de Pesquisa Estilo de Vida e Saúde (Pevs) da Universidade lançou o e-book Estratégias interprofissionais em saúde para lidar com o período da quarentena. O material reúne informações sobre temas como alimentação, exercícios físicos, mindfulness e estratégias voltadas para a saúde de crianças e adolescentes. O e-book pode ser acessado de forma gratuita neste link.

Elaborado por professores, doutorandos, alunos de graduação, bolsistas de iniciação científica e pesquisadores associados ao grupo de pesquisa Modificação do Estilo de Vida e Risco Cardiovascular (MERC) e ao Grupo de Pesquisa em Comportamento Alimentar (GPCA), o e-book foi desenvolvido a partir de estudos das áreas de Psicologia, Nutrição, Enfermagem e Biologia.

Para a professora Ana Feoli, coordenadora do Pevs, o material é uma forma de levar para a sociedade o conhecimento científico produzido na PUCRS. “Desde que entramos em quarentena nos questionamos sobre como poderíamos contribuir com o nosso conhecimento e produções para a sociedade neste período de distanciamento social. Foi a partir de muita troca entre os integrantes da equipe, cada um com a sua expertise, porém, com um olhar interdisciplinar, que elaboramos o e-book. Nossa essência é, além de fazer e produzir pesquisa, traduzi-la e transformá-la em ações para a promoção da saúde da nossa sociedade”, comenta.

A coordenadora do Pevs ainda destaca que mesmo toda a produção do material ocorrendo de forma online houve uma grande união da equipe. “Não medimos esforços para elaborar o material em um tempo rápido, aprendendo e desenvolvendo novas habilidades, como a editoração de imagens, por exemplo. Um espírito de equipe e de pertencimento à nossa instituição, à sociedade e ao grupo de pesquisa certamente foi marcante entre nós”, afirma a professora.

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O Pevs também disponibiliza gratuitamente o Planner de Hábitos e o e-book Tipos de Fome: sobre a fome e como lidar com ela, entre outros. Para conhecer todos os materiais acesse o site.

Abertura 20° Salão de Iniciação Científica, Pesquisa, PROPESQ, IC

Foto: Bruno Todeschini

Debatendo os desafios e perspectivas da pesquisa científica no Brasil, o 20º Salão de Iniciação Científica teve abertura oficial nesta segunda-feira, 23 de setembro. O evento ocorreu no Teatro do prédio 40 e contou com cerca de 500 pessoas, entre bolsistas e professores. A professora e pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Carla Bonan, ministrou uma palestra que trouxe para os ouvintes o desafio de compartilhar o conhecimento científico produzido na Universidade. “A sociedade brasileira ainda não tem conhecimento claro sobre o papel e os resultados da pesquisa científica. Temos o desafio de converter parte da produção em inovação social”, apontou.

Como parte dos esforços para atender esse desafio, a docente e pesquisadora também destacou o lançamento do Campus Living Lab. O projeto reúne nove iniciativas de impacto social e tecnológico desenvolvidas na Universidade, que estão espalhadas por diversos espaços da Instituição. Carla ainda ressaltou que a PUCRS possui qualidade e reconhecimento das pesquisas desenvolvidas. “Nós temos a melhor média nacional de avaliação dos Programas de Pós-Graduação”, afirmou, referindo-se à mais recente aferição quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A gestora também mencionou que a Universidade conta com aproximadamente 500 estruturas de pesquisas atendendo cerca de 700 bolsistas. O professor Júlio César Bicca-Marques, coordenador de Iniciação Científica, aponta que essa estrutura é resultado da maturidade conquistada ao longo das últimas décadas. “Nesse período, algumas mudanças ocorreram e a Iniciação Científica se tornou mais atrativa e mais acessível para os alunos”, ressaltou.

Abertura 20° Salão de Iniciação Científica, Pesquisa, PROPESQ, IC

Júlio César Bicca-Marques / Foto: Bruno Todeschini

Para Caroline Zilio Lopes, 21 anos, graduanda do 8º semestre de Ciências Biológicas, a experiência como bolsista mudou o direcionamento de sua carreira. “Eu já tinha atuado em outras áreas, mas agora meu ramo de pesquisa é microbiologia. Descobri que é isso que amo e é o que quero para a minha vida”, contou a estudante.

Outras experiências vividas por bolsistas estão reunidas no e-book comemorativo Salão de Iniciação Científica da PUCRS: 20 anos em 20 histórias de sucesso. A obra reúne as histórias de ex-bolsistas Alumni PUCRS que tiveram suas trajetórias impactadas pela Iniciação Científica. O jornalista José Botelho, a bióloga Tamiris Salla e a perita criminal Luiziana Schaefer estiveram presentes no evento e fizeram um bate-papo com os alunos. No e-book, além de suas experiências eles também contam quais conselhos dariam aos estudantes e bolsistas. A publicação é gratuita e está disponível neste link.

Nesta edição do Salão de Iniciação Científica, 648 trabalhos de todo Brasil serão apresentados entre os dias 24 e 27 de setembro. As bancas são abertas ao público e o calendário com as salas pode ser conferido aqui.

E-book do pesquisador André Salata retrata a percepção da população a respeito das classes sociais e econômicas no País

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

Quem faz parte da Classe Média no Brasil? Quem se percebe e é percebido como parte dela? O que é necessário para integrar-se à mesma? A partir desses questionamentos, o professor do curso de Ciências Sociais da Escola de Humanidades da PUCRS, e coordenador do Centro de Pesquisas em Democracia (CBPD), André Salata, pesquisou o tema por quatro anos. Sua tese, defendida em 2014, foi transformada no e-book A Classe Média Brasileira: posição social e identidade de classe. O livro está disponível para download neste link.

Além da percepção de que algo estava mudando no País em relação a questões econômicas e sociais, uma das motivações de Salata para o trabalho foi a divulgação de uma pesquisa publicada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), onde se afirmava que o Brasil havia se tornado, em 2008, um país de Classe Média. No estudo consta que, entre os anos de 2003 e 2008, devido aos avanços na economia e melhor distribuição de rendimentos, a maior parte da população brasileira já se encontrava em uma camada intermediária de renda, que seria a Classe C ou a Nova Classe Média. “O interesse do meu trabalho se dá em buscar saber como as pessoas percebem sua posição social em relação à Classe Média. Em vez de entrarmos na discussão a respeito da melhor definição de Classe Média ‘no papel’, analiso as atuais disputas em relação à sua redefinição”, explica. O professor também buscou verificar a imagem que os brasileiros têm da classe média, e o que consideram ser importante para que alguém faça parte desse grupo.

Durante a pesquisa, Salata misturou dados quantitativos e qualitativos. Na parte qualitativa, ele entrevistou moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que responderam a questões envolvendo renda familiar, escolaridade, consumo, renda, identidades, representações, valores e percepções. Metade dos entrevistados tinha nível socioeconômico típico do intervalo de renda “C”, enquanto a outra metade apresentava perfil socioeconômico mais próximo da camada “AB”. “Essa foi uma das partes mais relevantes do trabalho, quando pude conversar com as pessoas, conhecer suas histórias de vida. Também foi importante para compreender como os grupos percebiam sua posição social, reivindicando ou não fazer parte da Classe Média”, diz. “Para a grande maioria dos entrevistados, quem faz parte da classe média tem casa própria, carro, plano de saúde, viaja bastante e tem filhos em escolar particular”, afirma Salata.

Já a análise quantitativa avaliou dados do Survey Sobre a Classe Média Brasileira (Cesop-Unicamp), coletados pelo Ibope, que possui informações a respeito das identidades de classe e da percepção das pessoas sobre as características de quem integra aquela classe, já citadas anteriormente.

Por fim, o pesquisador concluiu que integram essa classe no País as camadas socioeconomicamente mais privilegiadas da população: aqueles que possuem educação superior, renda alta, plano de saúde, frequentam teatros, cinemas, e fazem viagens internacionais. “Assim, os ganhos na esfera econômica não teriam sido suficientes para garantir a incorporação, à Classe Média, daquele contingente de indivíduos e famílias que na última década ascenderam ao nível C de rendimentos”, afirma.