Foto: Bruno Todeschini - Ascom/PUCRS

Foto: Bruno Todeschini – Ascom/PUCRS

“Sou um filósofo sem sê-lo. Um sociólogo sem sê-lo. Sou um híbrido. Aprendo todos os dias lendo especialistas”. Assim Gilles Lipovetsky, filósofo francês recém integrado à PUCRS como Doutor Honoris Causa, descreveu a si mesmo, como um “aglutinador de pensamentos modernos”. Mas quem o conhece, estuda as suas obras ou assiste a uma de suas apresentações sabe que essa descrição está incompleta. A cerimônia em sua homenagem, ocorrida nesta quinta-feira, 19, no auditório do prédio 9, transformou-se em uma verdadeira aula proferida pelo personagem central do 13º Seminário Internacional de Comunicação, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS (PPGCom) ao longo dessa semana.

Presidido pelo Vice-Reitor, Evilázio Teixeira, no exercício da Reitoria, o evento foi prestigiado por autoridades universitárias, professores, estudantes e participantes do Seminário que está em curso na Faculdade de Comunicação Social. O professor do PPGCom Juremir Machado da Silva abriu os discursos ao proferir o laudatio em reconhecimento o homenageado. Ele lembrou a longa relação entre o pensador e a PUCRS, remontando aos anos 1990, em encontros e eventos sempre marcados pela “seriedade, a simpatia e o gosto pelo diálogo”, características inatas do professor francês. Citou que “o olhar generoso de Gilles Lipovetsky desvenda por trás dos discursos reiterativos sobre as crises a força da vida, o desejo de novas interações e relacionamentos, o combate aos preconceitos, a abertura à diferença e a busca de respeito à diversidade”. Juremir complementou sua fala dizendo que “o amor ao saber, a tolerância e a diversidade aproximam o filósofo francês e a PUCRS”.

Ao iniciar seu discurso, Lipovetsky questionou-se sobre o fato de poder estar sendo objeto de sua própria pesquisa, sobre o narcisismo, ao receber o título de Doutor Honoris Causa. Porém, refletiu que esse é um reconhecimento por sua carreira, promovida pelo meio acadêmico, e não uma autopromoção de imagem. Segundo ele, “manter esse tipo de tradição significa que somos filhos desse passado, desse legado milenar”. A respeito de sua atuação, disse fazer “uma filosofia social do presente, que procura compreender as tensões, os dilemas e os paradoxos de nossa época”. Ele acredita que “no nosso mundo, o mais importante para os intelectuais não é julgar. A tarefa deles é essencialmente compreender, para melhor ajudar a agir”.

Em referência aos recentes atos de terror que acometeram a França, o jihadismo e outras práticas de intolerância, afirmou que “o pensamento precisa se tornar uma arma para denunciar esse tipo de prática estabelecida hoje. A indignação pode ser compartilhada, mas não basta. Precisamos de luzes para ir além da fase emocional, para construirmos um futuro diferente”.

A manifestação do Vice-Reitor foi aberta com palavras de solidariedade ao povo francês e de inconformidade com os ataques de extremistas a Paris. Lembrou, ao dirigir-se ao homenageado, da origem francesa dos Irmãos Maristas, sob a liderança do então jovem Marcelino Champagnat, há mais de dois séculos.

Sobre Lipovetsky, referiu-se aos estudos em que ele trata do consumismo atual, “tentando entender a ambiguidade de uma época em que a felicidade é valor máximo, mas carrega consigo inúmeras aflições do espírito”. Disse que o filósofo “propõe a reavaliação da formação do indivíduo, com vistas ao fortalecimento da autonomia e da crítica, para que possa resistir à sedução da publicidade e do espetáculo”. Encerrou, citando que “a análise feita por Gilles, demonstra que vivemos numa sociedade paradoxal, que não se equilibra facilmente entre o materialismo e a espiritualidade”.
Sobre a obra de Lipovetsky
O filósofo francês Gilles Lipovetsky, teórico da hipermodernidade, é professor da Universidade de Grenoble, na França, e autor de obras como A Era do Vazio, O Luxo Eterno, O Império do Efêmero, A Felicidade Paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo, entre outras.

No livro A Era do Vazio, por exemplo, analisa a sociedade pós-moderna, marcada, segundo ele, pelo desinvestimento público, pela perda de sentido das grandes instituições morais, sociais e políticas. O professor também é crítico em relação a cultura cotidiana, da mídia, do consumo, da publicidade, que considera amplamente dominada pelo bem-estar individual, pelo lazer, o interesse pelo corpo, os valores individualistas do sucesso pessoal e o dinheiro.
O título
O título de Doutor Honoris Causa é o maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, concedido a personalidades que se distinguem pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

O professor de Direito Constitucional e ex-vice-reitor da Universidade de Coimbra José Joaquim Gomes Canotilhorecebeu o título de Doutor Honoris Causa pela PUCRS nesta segunda-feira, 16 de novembro de 2015. A cerimônia ocorreu pela manhã, e teve a presença do Reitor, Joaquim Clotet, do Vice-Reitor, Evilázio Teixeira, do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, convidado pela Universidade para reverenciar o convidado durante a cerimônia, entre outras autoridades.

Em seu discurso, Mendes registrou a importante contribuição de Canotilho para o Direito Constitucional. “Sou seu discípulo”, declarou ao lembrar que sua vasta obra foi citada como referência norteadora por sete vezes durante a ação penal 470, no julgamento do Mensalão, no STF. “Há muito reconhecemos a benfazeja influência de toda sua monumental obra, quer no nosso sistema jurídico, quer no arcabouço doutrinário e até no repertório jurisprudencial cotidiano” disse. Por fim, ressaltou que muitas das conquistas constitucionais no Brasil tiveram também por inspiração a pesquisa acadêmica e a vasta produção doutrinária do agraciado, como a Constituição de 1988. “Os bons resultados dessa Constituição vem garantindo, entre outros feitos, o maior interregno de rigidez democrática de toda a história republicana brasileira, que completa em breve 30 anos”.

Canotilho agradeceu a distinção e citou os presentes no evento, como sua esposa, Ana Maria Rodrigues, e os amigos Mendes e o professor da Faculdade de Direito Ingo Sarlet. Durante o breve discurso lembrou que o mundo vive atualmente sem a sabedoria da paz, tão necessária para o cumprimento das leis e da ordem e destacou a questão da responsabilidade social do jurista. Uma das suas principais obras, Constituição Dirigente e Vinculação do Legislador, de 1982, é considerada de grande prestígio entre os constitucionalistas brasileiros.

Por fim, Clotet lembrou as diversas parcerias entre a PUCRS e a Universidade de Coimbra, e destacou a relevante missão do Direito Constitucional, que protege e fortifica os direitos e os deveres da sociedade, afim de consolidar o exercício da justiça para todos os seus integrantes. “Felizes dos povos que contam com juristas e estudiosos dessa área de conhecimento. Nesse contexto sua conceituada produção científica tem sido de grande auxílio para estudantes, pesquisadores e profissionais ciências jurídicas, visando ao exercício da democracia e da cidadania. Por isso, em nome dos profissionais do Direito recebe os nossos agradecimentos”.

O título de Doutor Honoris Causa trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes

O filósofo francês Gilles Lipovetsky, teórico que trabalha com a hipermodernidade, recebe na próxima quinta-feira, 19 de novembro, o título de Doutor Honoris Causa pela PUCRS. A cerimônia será às 10h30min, no auditório do prédio 9 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). Professor da Universidade de Grenoble, na França, Lipovetsky é autor de obras como A Era do Vazio, O luxo eterno, O império do efêmero, A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo, entre outras.

No livro A Era do Vazio, por exemplo, analisa a sociedade pós-moderna, marcada, segundo ele, pelo desinvestimento público, pela perda de sentido das grandes instituições morais, sociais e políticas. O professor também é crítico em relação a cultura cotidiana, da mídia, do consumo, da publicidade, que considera amplamente dominada pelo bem-estar individual, pelo lazer, o interesse pelo corpo, os valores individualistas do sucesso pessoal e o dinheiro.

Além de receber a distinção, Lipovetsky participa do 13º Seminário Internacional de Comunicação, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS. Ele realizará uma palestra no dia 19, às 19h30min, no teatro do prédio 40. As inscrições já estão encerradas.

O título de Doutor Honoris Causa é o maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, concedido a personalidades que se distinguem pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.
Entrevista com Gilles Lipovetsky na Revista PUCRS nº 177

Na próxima segunda-feira, 16 de novembro, a PUCRS concede o título de Doutor Honoris Causa ao professor de Direito Constitucional e ex-vice-reitor da Universidade de Coimbra José Joaquim Gomes Canotilho. A cerimônia ocorre às 10h30min no auditório do prédio 9 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O professor será homenageado pela relevante contribuição para o Direito Constitucional e pela construção de sólidas pontes jurídico-culturais entre Portugal e Brasil. A honraria foi proposta pela Faculdade de Direito.

Canotilho recebeu o Prêmio Pessoa, em 2003, e também a Comenda da Ordem da Liberdade, em 2004, ambas em Portugal. É autor de um grande número de obras na área de Direito Constitucional. O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.

No dia 16 de novembro, a PUCRS concede o título de Doutor Honoris Causa ao professor de Direito Constitucional e ex-vice-reitor da Universidade de Coimbra José Joaquim Gomes Canotilho. A cerimônia ocorre às 10h30min no auditório do prédio 9 do Campus (avenida Ipiranga, 6681 – Porto Alegre). O professor será homenageado pela relevante contribuição para o Direito Constitucional e pela construção de sólidas pontes jurídico-culturais entre Portugal e Brasil. A honraria foi proposta pela Faculdade de Direito.

Canotilho recebeu o Prêmio Pessoa, em 2003, e também a Comenda da Ordem da Liberdade, em 2004, ambas em Portugal. É autor de um grande número de obras na área de Direito Constitucional. O título de Doutor Honoris Causa é concedido à personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. Trata-se da distinção honorífica de maior reconhecimento acadêmico de uma universidade, outorgado a quem reconhecidamente reúne tantas virtudes.