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Getúlio Lima, Klaus Hilbert, Édison Hüttner e Raquel Rech / Foto: Camila Cunha

Até o dia 31 de outubro, a escultura de uma Deusa Nimba estará exposta para toda a comunidade no saguão da Biblioteca Central da PUCRS, após as catracas. Trata-se de uma peça encontrada em Santo Ângelo, cuja identidade foi confirmada pelo coordenador do Núcleo de Estudos em Cultura Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) da Escola de Humanidades da PUCRSÉdison Hüttner. A exposição tem entrada franca e é aberta ao público. A abertura ocorreu nesta quarta-feira, 26 de setembro, e contou com a presença do pró-reitor de Graduação e Educação Continuada, Ir. Manuir Mentges, do assessor da Reitoria Solimar Amaro, do atual proprietário da peça, Getúlio Soares Lima, e da arqueóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Raquel Rech, que representou a superintendente do Iphan, Juliana Erpen.

Segundo o pesquisador, a peça em madeira foi produzida entre os séculos 18 e 19 por afrodescendentes brasileiros que conheciam a arte, escultura e rituais praticados pelo povo Baga/Nalu, da região do Oeste africano (Guiné, Guiné-Bissau). Huttner ressalta que é a primeira escultura do gênero encontrada em solo americano: “Esta descoberta indica a existência de rituais autênticos de religiosidade de afrodescendentes brasileiros”, afirma, lembrando que os rituais secretos eram realizados somente por homens, e eram proibidos pelo Governo.A peça foi localizada por um pescador na década de 80 no Rio Ijuí, após uma grande seca. Em 2016, em visita à cidade de Santo Ângelo, Hüttner obteve autorização do atual proprietário da peça, Getúlio Soares Lima, para que ela fosse estudada na PUCRS. A confirmação da origem da escultura veio após dois anos de estudos com a participação de Eder Hüttner, seu irmão, e Klaus Hilbert, coordenador do Laboratório de Arqueologia da Universidade. A estátua passou inclusive por uma tomografia no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer).

Deusa Nimba

Klaus Hilbert, Édison Hüttner e Éder Hüttner
Foto: Camila Cunha

Curiosidades sobre a Deusa Nimba

– A escultura tem 46,4 cm e 3,70 kg. Segundo os pesquisadores, estava presa em algum local para ser cultuada;

– Os estudos revelaram que a escultura foi esculpida num único troco de madeira por um artista afrodescendente que conhecia a tradição dos povos Baga ou Nalu da Guiné, Guiné Bissau, do Oeste da África;

– A Deusa Nimba era cultuada pela Sociedade Secreta Cimo, nas festas da semeadora e colheita do arroz vermelho (Oryza Glaberrima). Este arroz foi plantado no Maranhão e Bahia;

– Nimba é considerada a deusa da fertilidade e significa “alma grande”;

 Cada Nimba é uma peça única, com características que revelam a originalidade, a mão do artista e seu contexto. Portanto, a Nimba não é uma cópia idêntica de outra Nimba, não é uma réplica.

– A madeira esculpida é da árvore Guajuvira.

Origem da peça

Segundo os pesquisadores, são diversas as hipóteses de como a estátua pode ter chegado até o rio Ijuí. Conheça algumas delas:

-Em 1756, o exército português permanece acampado por oito meses em Santo Ângelo, com a presença de 190 escravos;

-Já em 1765, uma leva de negros da Guiné chega ao RS, vindos da Bahia;

-Mais tarde, em 1784, cerca de 13 mil escravos da Guiné vão para Buenos Aires pelos tratados de comércio entre as coroas ibéricas;

– Em 1814 havia nos Sete Povos Missioneiros 250 negros;

– Durante a Revolução Farroupilha – havia na Villa de Cruz Alta (RS) um quilombo. Na época a região das missões, inclusive Santo Ângelo (RS) pertencia a Cruz Alta. Havia quilombos no RS – com escravos da Guiné.

 

Deusa Nimba

Klaus Hilbert, Édison Hüttner e Éder Hüttner
Foto: Camila Cunha

A partir de 26 de setembro, uma descoberta histórica estará exposta para toda a comunidade no saguão da Biblioteca Central da PUCRS. Trata-se de uma Deusa Nimba encontrada em Santo Ângelo, cuja identidade foi confirmada pelo coordenador do Núcleo de Estudos em Cultura Afro-brasileiro e Indígena (Neabi) da Escola de Humanidades da PUCRS, Édison Hüttner. Segundo o pesquisador, a peça em madeira foi produzida entre os séculos 18 e 19 por afrodescendentes brasileiros que conheciam a arte, escultura e rituais praticados pelo povo Baga/Nalu, da região do Oeste africano (Guiné, Guiné-Bissau). Huttner ressalta que é a primeira escultura do gênero encontrada em solo americano: “Esta descoberta indica a existência de rituais autênticos de religiosidade de afrodescendentes brasileiros”, afirma, lembrando que os rituais secretos eram realizados somente por homens, e eram proibidos pelo Governo.

A peça foi localizada por um pescador na década de 80 no Rio Ijuí, após uma grande seca. Em 2016, em visita à cidade de Santo Ângelo, Hüttner obteve autorização do atual proprietário da peça, Getúlio Soares Lima, para que ela fosse estudada na PUCRS. A confirmação da origem da escultura veio após dois anos de estudos com a participação de Eder Hüttner, seu irmão, e Klaus Hilbert, coordenador do Laboratório de Arqueologia da Universidade. A estátua passou inclusive por uma tomografia no Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (Inscer).

Deusa Nimba Foto: Camila Cunha

Deusa Nimba
Foto: Camila Cunha

Curiosidades sobre a Deusa Nimba

– A escultura tem 46,4 cm e 3,70 kg. Segundo os pesquisadores, estava presa em algum local para ser cultuada;

– Os estudos revelaram que a escultura foi esculpida num único troco de madeira por um artista afrodescendente que conhecia a tradição dos povos Baga ou Nalu da Guiné, Guiné Bissau, do Oeste da África;

– A Deusa Nimba era cultuada pela Sociedade Secreta Cimo, nas festas da semeadora e colheita do arroz vermelho (Oryza Gulaberrima). Este arroz foi plantado no Maranhão e Bahia;

– Nimba é considerada a deusa da fertilidade e significa “alma grande”;

Cada Nimba é uma peça única, com características que revelam a originalidade, a mão do artista e seu contexto. Portanto, a Nimba não é uma cópia idêntica de outra Nimba, não é uma réplica.

Origem da peça

Segundo os pesquisadores, são diversas as hipóteses de como a estátua pode ter chegado até o rio Ijuí. Conheça algumas delas:

-Em 1756, o exército português permanece acampado por oito meses em Santo Ângelo, com a presença de 190 escravos;

-Já em 1765, uma leva de negros da Guiné chega ao RS, vindos da Bahia;

-Mais tarde, em 1784, cerca de 13 mil escravos da Guiné vão para Buenos Aires pelos tratados de comércio entre as coroas ibéricas;

– Em 1814 havia nos Sete Povos Missioneiros 250 negros;

– Durante a Revolução Farroupilha – havia na Villa de Cruz Alta (RS) um quilombo. Na época a região das missões, inclusive Santo Ângelo (RS) pertencia a Cruz Alta. Havia quilombos no RS – com escravos da Guiné.

Sobre a exposição

A peça estará no saguão da Biblioteca Central da PUCRS de 26 de setembro a 30 de outubro. A abertura oficial ocorre no dia 26 às 18h30min. A entrada é gratuita e a curadoria é dos pesquisadores Edison Hüttner, Eder Hüttner e Klaus Hilbert.