Foram anunciados hoje (26/8) os semifinalistas do Oceanos – importante prêmio de literatura em língua portuguesa organizado pelo Itaú Cultural. Nesta edição, entre maio e agosto, um júri inicial, formado por 95 professores de literatura, críticos literários, escritores, poetas e jornalistas de cinco países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal), analisou 1.835 livros para eleger os 54 semifinalistas. Entre os autores de quatro continentes, publicados por 34 diferentes editoras, está Lucas Alves Litrento, vencedor da primeira edição do Prêmio Delfos de Literatura 2019, organizado pelo Instituto de Cultura da PUCRS

Sua obra intitulada TXOW, publicada pela Editora Universitária (Edipucrs), destaca-se pela força e riqueza da linguagem – que têm inspirações no estilo musical rap, na literatura brasileira, no falar cotidiano das ruas de Maceió -, e pela estrutura da obra, pensada e montada com cuidado para ser um livro de contos. Também chama atenção no trabalho do autor o modo como os textos ressoam entre si e como ele traz protagonismo para uma Maceió que não aparece nos guias turísticos.

Segundo o escritor Reginaldo Pujol Filho, que compôs o júri no prêmio Delfos, a obra de Lucas é literatura no estado puro de estranhamento, invenção, sensibilidade.

Lucas Litrento é o autor do livro vendedor da primeira edição do Prêmio Delfos / Foto: divulgação

“Os contos não se resumem a uma forma ou temática. Epígrafes, consagrações e citações já anunciam: convivem Racionais MC’s, Lygia Fagundes Telles, João Antônio, Djonga, Cortázar, Carol Rodrigues, crônica, conto, rap, mitologia, poesia. É possível dizer que nas vozes e nos enredos, as referências e os diálogos misturam-se, transformam-se de um texto a outro, numa escrita que é de Litrento. E é forte, ritmada, potente. É forte, ritmada, potente também pelo esforço de elaboração e recriação estética das vozes que pulsam o cotidiano de Maceió. Mais do que sotaque, a invenção nascida na fala das ruas e dos bairros renasce literariamente, às vezes com ares de experimentação, às vezes com lirismo, outras com humor agudo.”

Reconhecimento: classificação já é um grande prêmio

Entre os semifinalistas estão nomes já celebrados da prosa e da poesia, assim como autores estreantes. O Brasil está representado por 16 romances, sete livros de poesia e sete de contos, totalizando 30 obras. Portugal classificou 20 livros: oito romances, sete livros de poesia, três de crônicas, um de contos e uma dramaturgia. Dos países de língua portuguesa do continente africano – Angola, Cabo Verde e Moçambique –, foram eleitos três romances, um de cada país. Finalmente, o asiático Timor-Leste contou com um romance na lista. Conheça todas as obras finalistas.

Confira a live de lançamento: 

Lançamento TXOW, de Lucas Litrento – Prêmio Delfos de Literatura 2019

Primeiro Prêmio Delfos de Literatura

O prêmio é promovido pelo Instituto de Cultura da PUCRS em parceria com a Edipucrs. O objetivo é premiar uma obra literária inédita no gênero conto, destinada ao público adulto, escrita em língua portuguesa, por autores de nacionalidade brasileira ou estrangeira, desde que residentes no Brasil. TXOW foi escolhido por um júri composto na PUCRS e que considerou o livro muito além de uma reunião aleatória de contos. A obra foi descrita como “uma estrutura muito rica” por quem leu. Uma das maiores surpresas dos avaliadores foi descobrir a idade do escritor: apenas 22 anos.

Confira o novo site do Delfos, Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS

Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS / Foto: Camila Cunha

O novo site do Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural está no ar.  Inaugurado em 4 de dezembro de 2008, o acervo da PUCRS recebeu o nome Delfos, em referência ao Oráculo de Delfos da Grécia antiga, exatamente por abrigar diversos tesouros. Entre seus itens, é possível encontrar documentos referentes às áreas de Letras, Artes, Jornalismo, Cinema, História e Arquitetura. 

O Espaço abriga raridades, como originais de livros, correspondências de autores escritas de próprio punho, fotografias, documentos pessoais, como óculos e vestimentas, livros com anotações particulares, plantas de arquitetura, jornais antigos, documentos a respeito da imigração alemã no Rio Grande do Sul, quadros, entre outros. E a atualização do site facilita o acesso a esse conteúdo. 

Mais do que um acervo 

O Delfos tem como objetivo a promoção da cultura e a preservação da memória no que diz respeito aos documentos doados e é composto por documentos ligados à cultura gaúcha ou a escritores e escritoras, entidades ou autoridades representativas para o Estado do Rio Grande do Sul. 

Além de preservar, acondicionar e disponibilizar os materiais para pesquisaodres e pesquisadoras, frequentemente o espaço do Instituto de Cultura/Delfos acolhe lançamentos de livros, cursos, debates, sessões de autógrafos, entre outras atividades relacionadas à cultura. A divulgação de tais eventos ocorre pelos canais da PUCRS Cultura. 

Dia do Patrimônio Histórico Nacional: aprender com o passado é construir o futuro - Acervo do Delfos reúne obras e documentos que guardam diferentes memórias e permite o ensino sobre o que um dia a humanidade foi

Foto: Arquivo Delfos

Ao longo da história muitos bens materiais e imateriais, móveis ou não, foram destruídos ou se transformaram em ruínas, sem que pudessem contar o seu legado. Por isso, os acervos remanescentes ganham ainda mais importância e, com eles, o peso da responsabilidade de manter o passado vivo. No Dia do Patrimônio Histórico Nacional, 17 de agosto, os/as professores/ da Escola de Humanidades da PUCRS Gislene Monticelli, técnica em memória cultural do Espaço de Documentação e Memória Cultura (Delfos); Ricardo Barberena, diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, relembram a importância da data. 

Os patrimônios históricos permitem que tenhamos memória e identidade próprias, que nos diferenciam dos demais. A partir deles reconheçamos a importância da diversidade cultural no interior de uma população e dos demais povos”, destaca a professora Gisleneao reforçar que garantir a permanência de instituições que conservam a história nacional deve ser uma preocupação de todas as pessoas. 

A história em sala de aula     

A Educação Patrimonial, como a criação de roteiros culturais; visitas a museus, exposições e centros históricos; o manuseio de acervos, como livros e documentos, ajuda a resgatar memórias. “As histórias de vida, as tradições orais, as produções materiais que sejam típicas ou até mesmo diferenciadas podem ser valorizadas pela comunidade“, conta Gislene. 

“Um acervo é uma memória do futuro.” RICARDO BARBERENA. 

A partir do estudo de objetos, manuscritos, datiloscritosé possível prospectar várias chaves de entendimento para o amanhã. “Os acervos representam uma política da memória e da identidade. Tentamos construir uma narrativa que não seja baseada na ilusão da sincronicidade de um presente absoluto, como se não tivesse nenhuma conexão com o passado e o futuro. É como uma constelação historiográfica, com muitos desfechos do passado”, acrescenta Barberena. 

Por mais poético que pareça, para Barberena a negligência com o patrimônio histórico representa um vazio na memória pública e coletiva“Talvez uma das cenas mais tristes recentemente, que atravessam a nossa retina e a própria afetividade, assim como a forma de ser e sentir, seja o incêndio do Museu Nacional. Ver o acervo queimar é o fogo dos fósseis do futuro. 

Não fomos sempre do mesmo jeito, ainda que tenhamos tradições que são cultivadas.” GISLENE MONTICELLI. 

Dia do Patrimônio Histórico Nacional: aprender com o passado é construir o futuro - Acervo do Delfos reúne obras e documentos que guardam diferentes memórias e permite o ensino sobre o que um dia a humanidade foi

Foto: Arquivo Delfos

Se não houvesse os acervos, não existiria mais o acesso a grande parte do conhecimento obtido ao longo das gerações. “As pessoas que antecederam deixaram seus registros em sítios arqueológicos, livros, artes, cultura, arquitetura, até mesmo nos saberes e fazeres. E, muitas vezes, eram transmitidos apenas pela tradição oral”, enfatiza Gislene. 

Cuidar do que é nosso 

Em setembro de 2018 um incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruiu mais de 20 milhões de itens. O caso trouxe visibilidade para um problema recorrente: a falta de investimento na conservação de acervos. Apesar de ninguém ter se ferido, o acontecimento deixou marcas e sequelas para as futuras gerações que não poderão ter acesso as obras. A instituição, que tem mais de 200 anos de história, foi residência de um rei e dois imperadores. 

Sobre a data 

Criada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão que tem como principal meta proteger e preservar os bens culturais do País, o Dia do Patrimônio Histórico Nacional é celebrado em 17 de agosto. A data foi escolhida em razão do nascimento do historiador e jornalista Rodrigo Mello Franco de Andrade, Belo Horizonte, que morreu em 1969. 

Scliar

Scliar publicou mais de 70 livros. Crédito: Acervo Delfos

Em 23 de maio de 1937, nasceu o médico e escritor Moacyr Scliar (1937-2011), que conta com um acervo no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. Filho de imigrantes europeus, passou a maior parte de sua infância no Bairro Bom Fim, em Porto Alegre. No ano de 1962, formou-se médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e lançou seu primeiro livro (Histórias de um médico em formação), marcando o entrelaçamento dessas duas áreas que seguiriam juntas ao longo de sua vida: a escrita e a medicina.

Em sua carreira médica, Scliar dedicou-se principalmente ao trabalho na área da Saúde Pública, como médico sanitarista. Já na trajetória literária, publicou mais de 70 livros, entre gêneros como o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil e infanto-juvenil e o ensaio. Recebeu inúmeros prêmios de literatura, a exemplo dos quatro prêmios Jabuti (1988, 1993, 2000 e 2009). Além disso, muitas de suas criações foram publicadas em países como Inglaterra, Rússia, República Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda, Espanha e Portugal.

O acervo do Delfos

Nos primeiros anos da década de 2000, Moacyr Scliar entrou em tratativas com a PUCRS para que o Centro de Memória Literária da Faculdade de Letras fosse depositário de parte dos documentos que constituíam seu espólio. Entregou, na época, caixas com tais documentos, que posteriormente foram acondicionados em envelopes, classificados e catalogados. O acervo, atualmente, encontra-se sob os cuidados do Delfos (localizado no 7º andar da Biblioteca Central) e conta com 2.582 documentos catalogados, como manuscritos, datiloscritos, correspondências e recortes de jornal. Além disso, parte do acervo pode ser acessado online, através da plataforma Delfos – Digital.

Literatura e humanidade

Em sua crônica Juventude e Literatura, Scliar diz “O jovem escritor deve se humanizar. Aprender a conhecer e amar as pessoas”, fortalece sua opinião ao propor a mudança do lema “arte pela arte” por “arte pelo homem”. O conselho dado aos novos escritores foi levado a sério em sua própria produção, que demonstra um grande interesse por questões humanas, em diálogo constante com suas memórias, seu cotidiano como médico e sua condição de judeu e filho de imigrantes.

Sua sensibilidade estendeu-se também ao olhar que conservou, e que transmitiu através de seus escritos, da cidade de Porto Alegre. Declaradamente apaixonado pela capital gaúcha, explorou os mistérios e encantos da cidade. Em alguns casos, narrou situações reais, como na crônica A arte e a ciência dos boatos, que tem como pano de fundo de seu início os leões de bronze situados em frente ao prédio da Prefeitura da cidade. Em outros, criou narrativas ficcionais que se passam em Porto Alegre, como em seu primeiro romance, A guerra no Bom fim (1972)que conta com versões datiloscritas e com correções do próprio autor no Delfos – Digital.

Quer presente melhor para um escritor do que ser lido? Acesse a plataforma online do Delfos e confira a coleção do Moacyr Scliar sem precisar sair de casa.

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O autor abordou o impacto das redes sociais na literatura. Foto: Carol Vicari

O escritor paulista Julián Fuks lotou, na última sexta-feira, 12 de abril, o saguão da Biblioteca Central Ir. José Otão, quando defendeu, por mais de uma vez, o papel da literatura como um espaço de resistência e reflexão. O bate-papo, que estreou a primeira parceria entre a TAG – Experiências Literárias e o Instituto de Cultura da PUCRS, contou com a presença da escritora e colunista do jornal Zero Hora Julia Dantas e do escritor Reginaldo Pujol Filho.

Ao iniciar a conversa, respondendo sobre seu processo de escrita, Fuks contou que tende por dois caminhos em seus livros, o primeiro foca mais nas questões literárias de teoria e construção de romance. E, no segundo, o escritor gosta de dar destaque a questões políticas e como as reflexões de suas obras podem conversar com outros autores. “A literatura de distração não me interessa muito, o que me interessa é a literatura de reflexão. É possível tentar capturar um tempo sem datar os acontecimentos nem criar algo muito permanente”, argumentou. Mas, para as reflexões ganharem importância, ele acredita que a literatura precisa falar sobre sentimentos contemporâneos. Para ele, é preciso que o escritor esteja mais disposto a narrar sobre o tempo presente do que se propor a escrever sobre um futuro ou passado. “O que permanece na literatura? O que nós quereremos deixar para ser refletido? ”, perguntou o autor ao público presente.

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Julia Dantas, Julián Fuks e Reginaldo Pujol Filho. Foto: Carol Vicari

A travessia entre a ficção e a autobiografia

Para Fuks, o grande problema da literatura contemporânea de resistência é o narcisismo que certos escritores tendem a fazer, não conseguindo separar ficção de autobiografia. Para ele, as pessoas se importam tanto em escrever sobre si que esquecem de criar o outro. “É preciso entender que não só em nós mesmos conseguimos encontrar uma história persistente e interessante”, avalia.

Além disso, lembrou que tem sido cada vez mais comum os autores darem menos importância para os seus personagens. Alguns indícios dessa tendência é a criação de personagens com nomes em forma de siglas ou sem sobrenome. Mesmo destacando livros como Dom Quixote, em que o nome do protagonista está no título, acredita que essa prática tem sido cada vez menos comum.

A literatura de exposição

Quando questionado sobre o impacto das redes sociais na literatura, Fuks lembrou que as pessoas tendem a não mostrar tudo online. “Algo está sendo continuamente escondido quando a gente se expõem. A gente faz uma realidade e uma ‘persona’ online. A literatura tem o papel de expor o lado que ninguém vê“, ressaltou. “O que me incomoda é quando as pessoas falam do Eu, mas contando da tragédia alheia. Elas acabam precisando diminuir a voz do outro para falar sobre si mesmas”, comentou o escritor. Ele destacou que é preciso se aproximar das pessoas, mas sem deixar que o outro desapareça. Com isso, o escritor deu uma prévia sobre o seu próximo livro, em que pretende escrever sobre uma ocupação que conheceu em São Paulo.

 

 

 

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Inauguração da Rua da Cultura contou com apresentação da peça A Sbørnia Køntr’Atraka/Foto: Bruno Todeschini

Em um ano marcado pela inauguração da Rua da Cultura, um local que abriga atrações diversas, feiras, aulas abertas e shows, a PUCRS se firmou como um polo cultural. Foram mais de 80 atividades promovidas pelo Instituto de Cultura, com 243 artistas da música e do teatro, 47 escritores e 184 pesquisadores e alunos, dirigidas a um público de mais de 15 mil pessoas. Números que se traduziram no final de 2018 com a conquista do Prêmio Eva Sopher. A Fundação Theatro São Pedro concedeu a distinção pela primeira vez a três instituições e quatro personalidades.

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Reitor entrega Mérito Cultural a Fernanda Montenegro/Foto: Camila Cunha

Um dos grandes momentos do ano foi a presença da atriz Fernanda Montenegro na PUCRS. Depois de apresentar a leitura dramática de Nelson Rodrigues por ele mesmo, recebeu o Mérito Cultural, um dos momentos da comemoração dos 70 anos da Universidade.

Dentro das ações de extensão, destacou-se ainda a criação da Universidade Aberta da Terceira Idade, buscando contribuir para um melhor envelhecimento, por meio de um espaço cultural e educação continuada. O Open Campus, no dia 19 de setembro, permitiu que estudantes do Ensino Médio vivenciassem o ambiente acadêmico. Participaram de atividades divididas em quatro eixos: inspiração, experiência, formação e cultura. Foram 7,3 mil inscritos.

Open Campus, oficinas, alunos

Open Campus incluiu a realização de oficinas para alunos do Ensino Médio/Foto: Bruno Todeschini

Também teve grande adesão o Programa de Voluntariado, do Centro de Pastoral e Solidariedade, e foram intensificados relacionamentos com diplomados via Rede Alumni.

Com 38 anos de atuação, o Centro Vila Fátima, antes vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, passou a ser gerido pelo Hospital São Lucas. A meta é que se torne Centro de Estratégia de Saúde da Família.

Encerramento Inglês Unati

Pré-adolescentes trocam cartas com integrantes da Unati/Foto: Bruno Todeschini

Confira alguns dos destaques de 2018 na área da cultura:

Delfos, diplomado e doutorando recebem Prêmio Açorianos de Literatura

Projeto PUCRS Piano traz música para a comunidade

Fernanda Torres faz bate-papo com comunidade universitária

ATL House abre as portas na Rua da Cultura

PUCRS e Theatro São Pedro fazem parceria

Teatro profissional volta aos palcos da Universidade

Lançamento do livro O que resta das coisas e 10 anos do Delfos

10º aniversário do Delfos comemorado com lançamento do livro O que resta das coisas/Foto: Bruno Todeschini

Delfos recebe dois novos acervos

Primavera Literária Brasileira tem programação intensa

Soprano gaúcha Gabriella Di Laccio apresenta Affetti Barocchi

Livro sobre acervo de Caio F. Abreu comemora 10 anos do Delfos

Pianista húngaro executa obras de Liszt e Kodály

Feira PUCRS Cultura reúne artes, gastronomia e exposição

 

Confira alguns dos destaques de 2018 na área das ações comunitárias:

Haitianos têm aula de língua portuguesa

Entrega de doações da Campanha do Agasalho, Centro de Pastoral

Entrega de donativos a entidades/Foto: Bruno Todeschini

Campanha do Agasalho beneficia entidades

Mobilização pelos refugiados venezuelanos

Troca de alimentos por livros rende 1 tonelada de doações

Alunos da Unati trocam cartas em inglês com pré-adolescentes

Evento Rio Iluminado celebra compromisso com o meio ambiente

 

 

Lançamento do livro O que resta das coisas e 10 anos do Delfos

Fotos: Bruno Todeschini

A noite de celebração dos dez anos do Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS foi marcada pelo lançamento da obra O que resta das coisas (Zouk). A coletânea, organizada pelo coordenador-executivo, Ricardo Barberena, apresenta textos de 28 escritores convidados para escreverem sobre objetos do escritor Caio Fernando Abreu, morto em 1996, cujo acervo com mais de 9 mil documentos está preservado no Delfos.

“Esta é uma comemoração especial também pelos 70 anos do Caio e os 70 anos da Universidade”, lembrou Barberena no evento que reuniu 16 dos autores da obra e o público no 7º andar da Biblioteca Central, na noite da última terça-feira, para um sarau seguido de coquetel e sessão de autógrafos.

Casa do escritor

Lançamento do livro O que resta das coisas e 10 anos do Delfos

Ricardo Barberena organizou a coletânea de textos / Foto: Bruno Todeschini

O coordenador frisou que a PUCRS vive um momento especial. “Estamos dando uma guinada fortíssima para transformar a Instituição em um polo cultural, além de científico e tecnológico, onde as diferentes artes convivem num espaço aprendente. E o Delfos é a casa do escritor”, disse.

A ideia do livro nasceu da possibilidade de que itens do acervo de Caio F. como boina, notebook, álbum de bebê, máquina de escrever, baralho de tarô, carteira estudantil, LP e fitas cassete, não ficassem apenas numa gaveta de memórias, mas pudessem viver outros mundos.

Gatilho poético

“Selecionei os objetos a partir do potencial de escrita em cima deles. Não são apenas objetos, mas passaportes para ficcionalizações e memórias. Então optei pelos que pareciam ter uma história prévia, mas que são inacessíveis porque não temos mais o Caio para perguntar como ele se relacionava com eles”, conta Barberena.

Lançamento do livro O que resta das coisas e 10 anos do Delfos

Peças do acervo expostas no evento / Foto: Bruno Todeschini

A escolha de escritores como Verônica Stigger, Cintia Moscovich, João Carrascoza, Valesca de Assis, Marcelino Freire, Julia Dantas, Natália Polesso, Luisa Geisler, entre outros, seguiu um critério. O organizador do livro e diretor do Instituto de Cultura da PUCRS diz que convidou desde autores muito conhecidos até iniciantes, também pensando no gênero literário e na maior heterogeneidade possível. “Pensei em aproximar a escrita criativa deles a partir das peças do acervo do Caio, que foram um gatilho poético para que escrevessem com total liberdade”, finaliza Ricardo Barberena.

Confira como foi o processo criativo de alguns dos autores para o livro O que resta das coisas:

 Altair Martins

“O Caio me influenciou desde que comecei a ser leitor de literatura. Lia sobretudo autores gaúchos e o Caio estava naquele fascículo do IEL de autores gaúchos. Desde então, comecei a conhecer a literatura dele, de contos místicos e fantásticos. A ideia era que o objeto do livro te deixasse levar, tal como o Caio, em um devaneio. Que não precisasse ter ligação alguma com ele. A máquina de escrever tinha um aspecto tão infantil e de criança, que eu achei que essa máquina fosse uma criança. E no meu conto essa máquina é uma criança que faz a denúncia em uma escola, que foi tocada, já que as crianças não teriam a sobre valência sobre os adultos para poder gritar. Então, no meu conto, a máquina do Caio é uma criança que tenta gritar.”

Cintia Moscovitch

“Eu não sabia como ia fazer, porque um texto por encomenda é uma das coisas mais difíceis que conheço. No final, acabei escolhendo a bandana porque acho muito simpático e eu tinha uma coleção desses lenços. Cheguei num ponto em que pensei em desistir. Mas me lembrei de um conto do Caio que gosto muito, A morte dos girassóis. O Caio se dedicava a muitas coisas e, tardiamente, quando ele ficou doente e veio para Porto Alegre, cuidava do jardim da família. Ele adorava os girassóis, teve um girassol que ele salvou e colocou perto de um buda que herdou de um amigo. Então pensei em recontar a história do girassol. Pensei que seria uma história bonita para homenagear ele.”

Carlos Gerbase

“O Ricardo Barberena me mandou as fotos dos objetos por e-mail e a carteira estudantil me chamou atenção, porque mostrava o Caio muito jovem. Tentei lembrar do que a cidade me fazia lembrar daquele tempo, 1967. E aí lembrei do Café Rian, no centro da cidade. Lembro de ir lá quando era pequeno com meu pai e tentei imaginar o Caio (dez anos mais velho do que eu) naquele lugar. Então me imaginei adolescente, que não era eu, era o Caio, e ele olhando alguma coisa estranha, vendo umas pessoas e fazendo coisas que não imaginava.”

Natália Polesso

“As fitas cassete são os objetos em que me inspirei na relação do Caio com elas. Ouvindo o que ele ouvia e tentando dar esse tom mais poético das músicas das fitas. Tentei dar o ritmo das fitas ao conto. E o Caio é um personagem do meu conto. Ele me marcou muito, foi uma descoberta para mim nesse tipo literatura que arrebata. Foi com Caio que descobri o que quero ler, o que quero escrever e o que quero que as coisas sejam. Foi um escritor que me marcou no meu início de descoberta da literatura. Esse encontro de imagens de palavras meio inusitado, que é a mágica do Caio.”

Veja mais fotos do evento realizado no Delfos.

fernanda montenegro, medalha mérito cultural, polo cultural

Foto: Camila Cunha

Na noite da entrega do Troféu Mérito Cultural à atriz Fernanda Montenegro, em plenos festejos pelos 70 anos da PUCRS, a Universidade dava mais um largo passo para se firmar como um polo cultural, reconhecendo o legado de um ícone para a dramaturgia brasileira e atraindo a comunidade para o Campus. Na ocasião, a atriz fez a leitura dramática de Nelson Rodrigues por ele mesmo. Em entrevista à Revista PUCRS, Fernanda traduziu a importância do momento, destacando que “sem educação, a cultura não se fixa”. A reportagem completa está no link.

“O encontro com a cultura é fundamental na partilha do sensível e no combate ao analfabetismo afetivo. A partir de um vasto repertório cultural, tona-se possível viver os descolamentos do eu: viver outras alegrias, outras dores, outras angústias. Em última instância, entender melhor os traumas e tramas do outro. Assim, a arte é uma força de humanização e compartilhamento”, destaca o diretor do Instituto de Cultura, Ricardo Barberena.

Em novembro, serão vários eventos, entre recitais, Feira PUCRS Cultura e lançamento do livro O que resta das coisas, organizado pelo professor Barberena, com textos inspirados nos objetos de Caio F. Abreu, que estão no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. Em 2018, o público acadêmico e em geral pôde conferir diferentes atividades envolvendo literatura, teatro e música. O festival Primavera Literária Brasileira, criado na França, ocorreu pela primeira vez no País, trazendo nomes como o chileno Alejandro Zambra, o marroquino Abdellah Taïa e o brasileiro professor da Sorbonne Leonardo Tonus.

Rua da Cultura

Rua da Cultura, polo cultural

Foto: Bruno Todeschini

O ano foi marcado pela inauguração da Rua da Cultura, um espaço que une arte e entretenimento. Em uma área estratégica do Campus, com palco multiuso e cinema de rua, passou a ser um ponto de referência para espetáculos, feiras e ações ao ar livre. Nos seus 84 metros de extensão, tem arquibancada de dez andares e capacidade para 250 pessoas, restaurantes e bicicletário. Em um ambiente com árvores frutíferas e canteiro de plantas e temperos, a Rua da Cultura é um lugar também para descansar, tomar chimarrão, sentar na rede e estudar. A HTL House, um hub de inovação da Rádio Atlântida, integra o local.

Estão sendo resgatadas iniciativas como o Palco PUCRS, dando a oportunidade de se apresentarem bandas de integrantes da comunidade acadêmica.

Parceria de peso

Em 2018, foi firmada uma parceria da PUCRS com a Fundação Theatro São Pedro. A Universidade leva atrações ao Multipalco e artistas que se apresentam no Theatro São Pedro vêm para eventos na academia. Dentro desse intercâmbio, a partir de outubro, grupos teatrais estão ministrando oficinas gratuitas na PUCRS para a comunidade.

Uma história ligada à cultura

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Foto: Camila Cunha

Ao longo dos seus 70 anos, a PUCRS tem tradição em apoiar e promover eventos culturais, com grande presença na música. O Coral da Universidade existe há mais de seis décadas. Fez sua primeira apresentação no dia 30 de outubro de 1956, no Colégio Marista Rosário, que na época sediava a Universidade, sob a regência de Dinah Nery Pereira. Hoje, o Coral tem 49 integrantes entre 20 e 60 anos. Comunitário, é aberto à participação não só dos colaboradores da PUCRS, mas também da comunidade de Porto Alegre disponível para ensaios, apresentações e eventuais viagens. A regência é do maestro Marcio Buzatto, com preparação vocal da cantora lírica Cíntia de los Santos. As aulas de teoria musical e os reforços para aprender linhas melódicas são com a pianista Mariane Kerber.

Em média, são duas apresentações por mês. O coral também se apresenta fora da PUCRS. Neste ano, marcará presença em três festivais de coros (Santa Maria, Rolante e Nova Petrópolis) e em dois concertos no final do primeiro e segundo semestres: na Igreja das Dores e na Igreja Cristo Mestre.

Fez história na PUCRS o maestro Frederico Gerling Jr., que, a partir de 1978, idealizou e apresentou cantatas, recitais e oratórios. Sob o comando do Instituto de Cultura Musical, regeu montagens de ópera, como O Guarani, Carmen, La Traviata, A Flauta Mágica, La Gioconda e Viúva Alegre, sempre com a participação do Coral e Orquestra. Nesse período também foram marcantes as apresentações de concertos à comunidade.

PUCRS em Cena

Na década de 90, o PUCRS em Cena trouxe para a Universidade Paulo Autran, com Quadrante, Paulo Goulart, com O carteiro e o poeta, André Guedes e Lydia Troian, com As novas comédias da vida privada, de L. F. Verissimo, José Vitor Castiel, estrelando O marido do Dr. Pompeu, e Deborah Finocchiaro, com Pois é, vizinha.

Documentação e memória no Delfos

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Criado em 2008, o Delfos reúne acervos de escritores como Cyro Martins, Caio Fernando Abreu, Dyonélio Machado, Patrícia Bins, Carlos Urbim, Moacyr Scliar e Luiz Antonio de Assis Brasil, seu coordenador-geral. No Espaço, há documentos referentes às áreas de Letras, Artes, Jornalismo, Cinema, História e Arquitetura. Podem ser encontradas raridades, a exemplo de originais de livros, correspondências de autores, fotos, documentos pessoais, anotações particulares, jornais antigos e documentos a respeito da imigração alemã no Rio Grande do Sul.

Delfos

Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural / Foto: Arquivo PUCRS

A PUCRS receberá, na próxima quinta-feira, 11 de outubro, a doação de dois acervos: do arquiteto Vitorino Zani, já falecido; e do escritor e poeta Rossyr Berny. Os materiais ficarão no Delfos- Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS. A assinatura do termo de doação de Zani ocorre às 9h e a de Berny às 19h, no Instituto de Cultura da PUCRS , no 7º andar da Biblioteca Central Ir. José Otão, no prédio 16 do Campus (Av. Ipiranga, 6681 – Porto Alegre).

Na ocasião, Berny lançará seu novo livro, O Gemido Animal do Homem. Este é a 22º obra lançada pelo autor, que completa 42 anos de literatura.  Também haverá um bate-papo com o professor e crítico literário Eduardo Jablonski, autor da obra A Rebeldia Poética em Rossyr Berny e Jane Tutikian que reuniu 101 poemas escolhidos de Rossyr Berny. O acervo de Berny é composto de 22 livros impressos, 22 e-books, coleção de fotos, manuscritos e documentos digitalizados, além de vídeos.

Sobre os autores

Rossyr Berny nasceu em São Gabriel (RS). É professor, jornalista formado pela PUCRS e mestre em Teoria da Literatura. Em 42 anos de literatura, o escritor publicou livros de poemas e o romance-histórico Entreguem o matador à família do morto – Brasil 500 Danos e antologias como Construtores de precipícios, Amor tsunami e Vê-las à luz de velas – e alguns cantos escuros. Como tradutor, traduziu do Espanhol ao Português livros de poemas e contos de Carlos Pereira Higgie, Rubinstein Moreira e Néllida Marina H. Manfrú, todos uruguaios.

Vitorino Zani nasceu em Caxias do Sul em 1900 e faleceu em 1960. Foi um arquiteto, escultor e construtor brasileiro. Iniciou sua carreira como aprendiz de escultor em firmas de construção e decoração arquitetônica. Desenvolveu uma trajetória de grande atividade, projetando e construindo dezenas de igrejas no Rio Grande do Sul.

Entre seus projetos mais destacados estão as igrejas matrizes de São Geraldo, Sagrada Família, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora Auxiliadora e Santo Antônio do Pão dos Pobres em Porto Alegre, a antiga Matriz de São Luís Gonzaga em Novo Hamburgo e as matrizes de Garibaldi e Rolante. Zani é reconhecido como um dos mais importantes autores de edifícios sacros do estado na primeira metade do século XX.

Ronaldo Correia de Brito

Foto: Luiz Santos/Divulgação

O escritor cearense Ronaldo Correia de Brito participará de palestras sobre escrita criativa e lançará seu novo livro, Dora Sem Véu, na PUCRS. As atividades terão mediação do professor da PUCRS e escritor Altair Martins. A programação, com entrada franca e aberta ao público, ocorre nos dias 22, 23 e 24 de agosto no Instituto de Cultura, localizado no 7º andar da Biblioteca Central da PUCRS. Para participar, é necessário se inscrever pelo link  http://bit.ly/RonaldoCorreiadeBrito.

No dia 22 de agosto, às 19h30min, o bate-papo será sobre A arqueologia do romance Dora Sem Véu e, na sequência, ocorre a sessão de autógrafos do romance. Já no dia 23, no mesmo horário, a conversa gira em torno do tema Tramas do falar ao escrever. No último dia, 24 de agosto, também às 19h30min, a pergunta que norteará a discussão será O conto possui tamanho?

 

Sobre o autor e a obra

Autor de 11 livros, o escritor recebeu o prêmio São Paulo de Literatura, em 2009, pelo romance Galileia. Após, mais dois romances foram publicados: Estive Lá Fora, em 2012, e agora, Dora Sem Véu, livro no qual o autor volta ao agreste, universo de seus primeiros contos Faca (2003) e Livro dos Homens (2005).

Em Dora Sem Véu, Ronaldo retoma não exatamente o caminho da literatura regionalista da primeira metade do século passado, pois elege uma nova trilha, a do drama contemporâneo, recorrendo aos elementos formais da tragédia clássica para espelhar uma sociedade mítica, a sertaneja, em confronto com a modernidade laica.

Com traços dostoievskianos, em Dora Sem Véu, o escritor cria uma narrativa emocionante e multifacetada sobre o amor e a culpa. Sua personagem principal, Francisca, é uma mulher de meia-idade que vai com o marido explorar seu passado obscuro em busca da avó Dora que nunca conheceu. Nessa viagem reveladora, ambos irão enfrentar o amor, as suspeitas e a morte.