Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Francisco Sogari, 60 anos, cresceu ouvindo rádio no interior de Flores da Cunha e, posteriormente, assistindo à televisão. Começou a gostar de comunicação e seguiu esse caminho, graduando-se em Jornalismo na Faculdade de Comunicação Social (Famecos) em 1989. Antes disso, formou-se em Teologia, também na PUCRS. “Minha maior inspiração foi São Francisco de Assis”, revela. A fé sempre o acompanhou e, nos momentos mais difíceis, o ajudou a olhar para o próximo e assim seguir em frente. Foi em fevereiro de 2001 que viveu um dos episódios mais tristes que a vida poderia oferecer. Sua filha Gabriele, de seis anos, foi vítima fatal de atropelamento. A forma que Sogari e a esposa Iracema, junto ao filho João Filipe (de dois anos na época), encontraram de lidar com a dor foi a criação do Institutio Gabi. A ONG tem a missão de promover a inclusão social de pessoas com deficiência de baixa renda.

“Ela foi arrancada do nosso convívio por um motorista irresponsável. Na mesma época, perdi meus pais e meu irmão. Foi uma travessia muito difícil, mas a vida tinha que continuar. Com a fé em Deus e a solidariedade dos amigos enfrentamos a dor.”  Sogari foi religioso e sacerdote capuchinho. Atuou em Pelotas como diretor da Comunidade Formativa dos Freis Capuchinhos e, em Porto Alegre, na Comunidade Nossa Senhora das Graças, Vila São José, nas diversas atividades pastorais. Também desempenhou a função de coordenador da equipe da Missa da TV Difusora (hoje Bandeirantes).

Com o tempo, descobriu a importância e o poder dos meios de comunicação. “Os freis capuchinhos têm um portfólio amplo de atuação, dezenas de rádios e o jornal Correio Riograndense. Durante a Teologia fui percebendo que poderia evangelizar com maior amplitude usando os meios de comunicação. Outro fator que influenciou minha segunda graduação foi a percepção do papel ideológico da mídia, como o quarto poder”, conta.

Mudou-se para São Paulo em 1991 para fazer mestrado em Comunicação. Num primeiro momento, foi orientado para atuar nos meios de comunicação da Província Capuchinha, mas optou pelo ingresso imediato na pós-graduação. “Foi bastante difícil para mim ‘desobedecer’ a meus superiores e isso gerou uma ruptura. Decidi me afastar da comunidade religiosa para seguir os estudos. Ao término, acabei me desvinculando definitivamente”, lembra. No mesmo período, em 1992, conheceu a esposa Iracema.

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Atuou como assessor de imprensa da Diocese de Santo Amaro (SP), da Presidência da Câmara Municipal de SP e diretor de conteúdo de portal. Hoje, divide seu tempo entre a área acadêmica, é professor de Jornalismo na Braz Cubas desde 1999, e gestor da ONG Instituto Gabi. Auxilia ainda na comunicação de pastorais. “A sala de aula significa um espaço de construção do conhecimento, compartilhamento e facilitação. O professor tem uma função técnica, mas, acima de tudo, é um mestre que deve ensinar com a vida”, afirma.

A reportagem completa, publicada na edição n° 183 da Revista PUCRS, você acessa aqui.

Cão-guia, homem cego

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

Uma câmera que captura imagens sob a perspectiva de um cão-guia para auxiliar a movimentação de um deficiente visual é a base de um trabalho desenvolvido na Faculdade de Informática da PUCRS (Facin). Está sendo desenvolvido um sistema para que, de acordo com as imagens registradas por essa câmera, que estará presa ao cão, um áudio seja gerado em um equipamento no ouvido do deficiente visual. Os avisos seriam: tem um carro no caminho; o cão está bebendo; o cão está sendo alimentado; o cão está recebendo carinho; o cão está farejando algo. O trabalho, que integra o Núcleo Machine Inteligence and Robotics (MIR), da Facin, foi premiado em maio na Conferência Internacional de Redes Neurais 2017 na categoria Melhor Artigo de Estudante, no Alaska. O estudo é do mestrando Juarez Monteiro, aluno orientado pelo professor da Facin Rodrigo Barros. Também participaram do trabalho o professor Felipe Meneguzzi, o doutorando João Paulo Aires e o pós-doutorando Roger Granada.

Monteiro conta que o primeiro passo foi encontrar um banco de vídeos com ações de cachorros. Depois de coletar o material, a equipe construiu redes neurais. Agora que a rede neural está treinada ela pode ser utilizada. A próxima etapa da pesquisa será ter contato com os possíveis usuários para testar o aparelho e fazer os ajustes necessários.

O orientador, professor Barros, acredita que os trabalhos realizados com inteligência artificial na Academia têm que contribuir para a sociedade de alguma forma. Ele ressalta a importância do estudo: “Principalmente em cidades do Brasil, onde a mobilidade é complicada, desde as calçadas até a sinalização e iluminação para deficientes visuais”. Segundo ele, o software desenvolvido funciona como uma segunda visão, além do cão-guia. “Não queremos substituí-lo, mas transformá-lo em um cão-guia 2.0, digamos assim”, esclarece. Barros ainda destaca que o principal propósito é facilitar a vida do deficiente. “Ninguém quer inteligência artificial por inteligência artificial. Nós queremos para diversas tarefas, entre elas auxiliar na mobilidade de deficientes visuais”, finaliza.