Já imaginou fazer parte de um seleto grupo de formandos, cujo diploma é inédito no Brasil? É esse o caso dos 18 alunos do curso superior de tecnologia em Escrita Criativa, que, nesse sábado, 28 de julho, celebra a colação de grau de sua primeira turma de graduação. Lançado em 2016, o curso busca atender a necessidade do mercado de pessoas criativas e flexíveis, com perfil versátil e inovador, para exercer atividades que envolvam o texto criativo em suas diferentes manifestações. “Há muito tempo existe demanda para uma graduação em Escrita Criativa. Sabemos que muitos alunos iam para outros afins, como Letras ou Jornalismo, porque gostavam de escrever. Mas cada formação tem objetivos diferentes, e esta é voltada totalmente para quem quer criar usando a linguagem escrita”, explica o professor e coordenador do curso, Bernardo Bueno.
A versatilidade na aplicação dos conhecimentos adquiridos atrai diferentes perfis de alunos, desde aqueles que acabaram de sair do Ensino Médio, até quem busca uma segunda formação, interessados em tornar-se escritores, compositores e conquistar os mais variados níveis experiência. “O curso oferece uma série de experiências, orientações, práticas e ferramentas para os alunos, que podem atuar em profissões variadas. Eles podem ser escritores, revisores de texto, roteiristas, editores, criadores de conteúdo online, por exemplo, ou até trabalhar em uma área ou profissão que ainda não foi criada”, comenta o coordenador.
Interessada no curso de Escrita Criativa pela possibilidade de desenvolver suas capacidades como compositora, a aluna Beatriz Vieira, que já cursava Música na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), se surpreendeu com o “profundo mergulho no mundo literário”. “Tive que escrever textos que não tinha o costume de escrever – como roteiro para curta e longa metragens, textos teatrais e contos. Saí de alguém que acreditava escrever apenas poemas, para quem fez um TCC sobre contos. Me descobri contista dentro desse curso”, conta Beatriz.
No caso de Ana Luiza Furlanetto, o interesse em ingressar veio da expectativa de conhecer melhor o mercado editorial e aprimorar sua escrita. Ela explica que muitas pessoas têm vontade de se tornar escritoras, porém não sabem como transformar essa atividade em prática profissional, e o curso trouxe esse esclarecimento. “Não conhecia pessoas que desejassem levar a escrita para além de um passatempo. Ter professores pessoas com livros publicados, que fizeram da literatura sua profissão, foi extremamente inspirador”, ressalta Ana Luiza. Ela destaca também o contato com escritoras como Débora Ferraz e Conceição Evaristo, que estiveram na Universidade para ministrar palestras.
O clima participativo também foi frisado pelo professor e alunas ao longo dos cinco primeiros semestres da graduação, tanto na relação entre os estudantes e a coordenação, quanto entre os colegas. Ana Luiza conta que o compartilhamento dos textos e observações é uma prática comum e incentivada. “No início muitas pessoas ainda tinham receio de receber críticas, mas no decorrer do curso nós já discutíamos nossos textos e pedíamos a leitura sincera dos colegas. Essa troca de ideias é uma das partes que mais enriquece o texto”, explica ela.
Também de acordo com Bueno, o diálogo com os alunos foi muito importante no processo de implementação e avaliação de cursos novos como esse, e, como conta Ana Luiza, os professores constantemente buscaram essa interação para melhorar a qualidade das aulas. “Eles sempre ouviram nossas sugestões e se preocuparam em nos possibilitar a melhor experiência possível no curso de Escrita Criativa”, afirma Ana Luiza. Além disso, ao longo do curso, os alunos puderam organizar e participar e forma ativa de eventos literários, como Babuínos Bobocas Balbuciando em Bando, realizado pelos graduandos na livraria Saraiva do Shopping Praia de Belas, a Antologia Um da Escrita Criativa, que teve lançamento oficial dentro da PUCRS, e uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre e o Concurso Literário Rasuras.
Para o coordenador, a sensação é de sucesso e dever comprido. “Construímos uma relação muito legal, e é sensacional ver o crescimento dos alunos, o amadurecimento de seus textos, suas leituras e opiniões. É uma sensação de dever cumprido, junto com uma saudade, já agora, pelos alunos que se formam”, revela.